A fantasia e a realidade, as duas são importantes...mas não se misturam.
“Há que fazer a distinção entre cometa e meteoro. Os cometas não caem na Terra porque são compostos por pedaços de gelo e poeira. Os meteoritos, por sua vez, já podem cair. O caso mais recente foi na Sibéria, em 1908”, lembra Rui Agostinho. Pelo contrário, “um cometa, ou os seus fragmentos, desfazem-se ao entrar na atmosfera terrestre e não chegam a atingir o solo”. “As micropartículas de poeira que compõem o núcleo ficam dispersas na atmosfera”, refere.
A situação muda de figura, porém, quando o objecto em causa é um meteoro. “Como tem um núcleo sólido, a atmosfera não consegue destruí-lo, como faz aos cometas. O caso do meteoro de Tunguska, na Sibéria, foi o mais recente e explodiu antes de chegar ao solo. Outro caso muito conhecido foi o que deu origem à extinção dos dinossauros”, comenta Rui Agostinho, tranquilizando os portugueses: “Todas as noites, milhares deles acertam a atmosfera terrestre, mas são tão pequenos que não são perigosos e estão devidamente registados. A Terra tem cerca de 12 mil quilómetros e está a cerca de 150 milhões de quilómetros do Sol. As probabilidades de um meteoro acertar na terra são ínfimas.”
Em relação às previsões do francês Eric Julien, Rui Agostinho diz que “não têm qualquer credibilidade”, remetendo para os cientistas da NASA, especialistas na análise de NEO – Objectos Próximos da Terra: “Podemos estar todos descansados que o Apocalipse não é para já.”
Um desses especialistas é Don Yeomans, director do departamento NEO da NASA, que não deixa dúvidas em relação à ‘tangente’ do cometa 73P/Schwassman-Wachmann: “O fragmento mais próximo da Terra passou à distância de cerca de 9 660 000 quilómetros, o equivalente a mais de 25 vezes a distância da Terra à Lua.”
O cometa ‘apocalíptico’, descrito por Eric Julien, não pode ser visto a olho nu, de acordo com a NASA, ao contrário do Hyakutake e do Hale-Bopp. Recentemente, explica Don Yeomans, “o núcleo do cometa 73P/Schwassman-Wachmann dividiu-se em três partes”. “É uma rara oportunidade para se observar um cometa na recta final da sua vida”, afirma, acrescentando: “O máximo que se poderá ver, com auxílio de um telescópio, é uma bonita chuva de ‘meteoros’.”