Problemas com a alimentação do Dobermann

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Floijdt
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sábado jun 07, 2008 12:37 pm

Tendo sido solicitado para ajudar alguns proprietários que sentem problemas com a alimentação do seu Dobermann, geralmente porque não querem comer, decidi publicar o artigo que se segue com a finalidade de proporcionar aos donos, caso queiram, o meu método para ensinar os seus dobermanns a comer.

PROBLEMAS COM ALIMENTAÇÃO DO DOBERMANN

Ao contrário do que se possa pensar, é normal que os cães não saibam comer, não foram ensinados pela mãe, como acontece com os lobos que só saem da alcateia quando jovens adultos e, como tal, são ensinados pela mãe e pelos outros elementos, a caçar e, a comer o que irá restar, depois de os outros elementos de mais elevado estatuto se saciarem. Portanto, a comida é escassa e a disputa pela mesma renhida, assim, o jovem lobo terá que comer o mais depressa possível, sem levantar a cabeça e sem se distrair, senão poderá dar-se o caso de a mesma desaparecer levada por outro mais astuto.

É o trabalho da mãe loba e do resto da alcateia que terá que ser feito pelo dono, a partir do momento que leva o seu cachorro para casa. Para isso terá que observar três regras fundamentais:

1. Mentalizar-se que um cão é um cão e deverá ser tratado como tal. O maior erro dos donos é tentar humanizar os cães.
2. Um cão não necessita de variar de alimento, se a ração é de boa qualidade não há razão para lhe misturar o que quer que seja ou complementá-la com comida caseira.
3. A hora e o local da refeição são sagrados. Uma hora certa e um local recatado longe dos donos e de estímulos fortes para não distraírem o cão. Comer é comer, não é brincar.

Se é possuidor de um cão que não sabe distinguir o comer do brincar com a comida, ou se tem dificuldades em fazer com que o seu cão se alimente de forma que ache satisfatória (partindo do principio que é um cão saudável sem problemas fisiológicos), deixo aqui o meu método que resultou na perfeição com todos os meus Dobermanns:

- Durante dois dias coloca, no local predefinido, o recipiente da comida, mas sem um único grão de ração. Ao fim de cinco minutos vai tirar. No terceiro dia coloca ¼ da comida que deveria comer nesse dia. Ao fim de cinco minutos vai tirar o recipiente.
No quarto dia coloca ½ da comida desse dia. Cinco minutos depois tira.
No quinto dia ¾ da comida. Cinco minutos depois tira.
No sexto dia a totalidade da comida desse dia e retira o recipiente igualmente ao fim de 5 minutos.

Durante todas estas fases não se conversa com o cão nem se lhe dá atenção.

Não receie que o cão não morre, os lobos chegam a estar 15 dias sem comer.
Afinal, o que lhe estamos a “dizer” é que o recurso disponível, como na selva, não é um bem inesgotável e, como tal, temos que o aproveitar enquanto há.

A regra dos cinco minutos de tempo limite para comer contínua para sempre, mesmo depois de ele já saber comer. E igualmente nessa altura, se ele eventualmente, não colocar o nariz dentro do comedor assim que este lhe é colocado à frente, é imediatamente retirado e só comerá na refeição seguinte a mesma quantidade de comida e não acrescida com a da refeição anterior.

Este é um método infalível, vai ver que resulta e, no intervalo das refeições dê-lhe todo o carinho e atenção do mundo.


Nota: Como é óbvio, este método não se aplica só ao Dobermann, mas a todos os cães que não sabem comer.

Sílvio Pereira
Dobermann uma vez... Dobermann para sempre http://www.dobermann-pt.com/ccvl/
badias
Mensagens: 4
Registado: quinta nov 20, 2008 6:33 pm

quarta nov 26, 2008 9:54 am

Caro Sílvio,

Permita-me apenas alguns comentários extra
a acrescentar ao seu post com o qual concordo,
na generalidade.

Sinto na sua abordagem uma ligeira contradição
uma vez que justifica alguns comportamentos
que devemos ter para com os nossos cães
com o facto destes serem cães, descendentes de lobos.
Por outro lado, aconselha comportamentos que vão
completamente contra o comportamento selvagem dos lobos.

Por exemplo, "não há necessidade de variar a comida
se a ração for boa". Ou, "comer sempre à mesma hora".
Isto vai contra o comportamento natural do lobo e do cão.

Fazendo o paralelo com cães selvagens ou lobos, os nossos
cães devem aprender a comer quando se lhes puser a comida
à frente, independentemente da hora. Julgo que a "marcação" de
hora para comer pode facilitar a vida ao dono mas pode prejudicar
o cão que poderá não comer se os horários forem alterados.

Uma dieta apenas com ração está muito longe do que um cão
selvagem como o Dingo, por exemplo, ou do que um lobo,
têm na dieta. Um Dingo come de tudo, incluindo frutos, erva,
ovos, carnes, ossos, pele, etc.

Além disso, é opinião de muitos reputados criadores que a dieta
baseada exclusivamente em ração, por muito boa/cara que seja,
não é suficientemente boa do ponto de vista nutricional, além de
terem aditivos, no mínimo, indesejáveis e não simula convenientemente
a comida natural que o cão teria se fosse "selvagem".
Cães há que comerão melhor comida preparada pelo dono
do que qualquer ração.

Mas os nossos cães não são selvagens nem são lobos e também
devemos ter isso em consideração, pois alguns comportamentos
já são exclusivamente próprios dos cães domésticos e que já são
sua propriedade genética exclusiva.

Por outro lado, não concordo que a dificuldade em se
alimentarem possa resultar de não terem aprendido a comer na matilha,
ensinados pela mãe e pelos cães dominantes. A alimentação é
um instinto primário. Se os cães aprendem a comer
em matilha só poderá dificultar a alimentação quando estes
estiverem "isolados" na casa do novo dono e não o contrário.

A dificuldade eventual que um cão tem para comer
advém, geralmente, de:

1. Problemas físicos que eliminam directamente
(por exemplo, problemas de infecções na boca ou tumores) ou
indirectamente (por exemplo, problemas nas articulações levam
o cão a não fazer exercício) o apetite.

2. Problemas psíquicos que também eliminam o estímulo para
se alimentar. Estes problemas podem ser criados por solidão,
falta de competição na hora de comer, falta de exercício ou por
comerem antes de fazerem o exercício físico, maus tratos, falta de
outros estímulos físicos e mentais (por exemplo, é essencial um
cachorro brincar todos os dias), etc.

3. Não sentirem fome por comerem mais do que precisam nalgumas
ocasiões ou por beberem demasiada água.

Para despistar as maleitas do primeiro ponto tem que se verificar
regularmente o estado físico do cão, incluindo visitas ao veterinário
com alguma frequência, sobretudo enquanto cachorro.

Para que os problemas dos outros dois pontos não aconteçam
é importantissímo ser-se um bom dono e chefe de matilha
e que a vida do cachorro enquanto esteve no criador tenha sido
correctamente estimulante e fisicamente saudável.

Quando os problemas já estão instalados, existem técnicas e
comportamentos que ajudam, na maior parte dos casos, a debelá-los.
Mas não é uma ciência, até porque cada cão é um caso único...

Peço desculpa pela ousadia de ter colocado esta mensagem.
Queria apenas contribuir com a minha modesta opinião sobre
o assunto, ainda que aqui e ali possa não concordar inteiramente
com o Sílvio.

Cumprimentos aos membros do fórum.
--
Bruno Dias
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