Os criadores devem estar fiscalmente organizados e não só ...

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Moderador: Moinhodoceu

vitor_neto
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sexta mai 13, 2005 2:03 pm

Boa tarde

Na minha opinião, apesar dos criadores pagarem impostos ou não, acho que posso dizer com certeza que haverá sempre "bons" criadores e "maus" criadores. O facto de ter uma "venda a dinheiro" na mão relativa ao "negócio", para mim, conhecendo "Portugal" como conheço, não constitui uma garantia a 100%. Tudo depende da boa fé do criador. Quanto ao dizerem que o "valor cobrado" de imposto é "irrisório" (NOTA: quem paga esse imposto é o cliente, ou seja o consumidor final e não o criador. Este apenas recebe-o para o entregar ao Estado), também não concordo, pois para mim "todos" deviam pagar impostos. Se todos pagassem, todos podiam pagar menos e até talvez tivéssemos um país melhor. Já se sabe que o preço dos canitos iria aumentar significativamente (se houver impostos). Mas isso não é problema do criador, pois como referi acima, quem paga os impostos é o "consumidor final".

Mas há uma coisa que ainda não percebí. Se alguém me pudesse responder, agradecia. ;)

Se, por exemplo, eu for a uma loja de animais "comprar" um cãozinho, a mesma também não passa "venda a dinheiro"?.
Última edição por vitor_neto em sexta mai 13, 2005 10:04 pm, editado 1 vez no total.
Golden_
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sexta mai 13, 2005 3:36 pm

Boa tarde,
esta discussão teve os meus momento bons, e os menos bons, mas não deixou de ser interessante.

No entanto, uma vez que a informação controversa foi muita, será que algum dos entendidos na matéria, poderia fazer um pequeno apanhado, sobre o q efectivamente a lei prevê, quer para defesa dos criadores, quer para defesa dos consumidores, e já agora relativamente às lojas que vendem os cães?

Obrigada,
<p>Anita / AzulJasmim</p>
Vipdog
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sábado mai 28, 2005 2:15 am

28Mai2005; 03h12

Estimados foristas:

Recebi um e-mail de um amigo de Cascais a recomendar-me a visita a este forum, pois "devia ser a pessoa indicada para responder".

E já que tenho que estar acordado, pois está no meu turno de vigia a um Labrador em pós-operatório, é uma boa altura para tecer algumas considerações sobre este tema.

Até porque, como poderão verificar mais adiante, tenho conhecimento de causa e práctica no assunto.

Sou, juntamente com a minha mulher, Joana, sócio da firma Vipdog, Produtos e Serviços para Animais, Lda. NIPC 506595668.
No objecto social da firma, artº 2º, pode ler-se "criação e comercialização de cães". (DR de 29 de Junho de 2004, nº151, IIIª série).
Conforme as obrigações legais em vigor, dispomos de um canil vistoriado periódicamente, e certificado pela Direcção Geral de Veterinária (DGVet)com o nº PT 05 001 HFC 1,2.
Das ninhadas que fazemos (nunca mais de 4 por ano) os cachorros que vendemos são, para além dos (usuais?) registos no CPC, cópias dos exames a que foram submetidos os pais, vacinas, microchip, possuidores de algo que tem sido motivo de troça de inúmeros "criadores" (e alguns deles de renome): uma factura e um recibo passados em nome do dono, e onde é discriminada a raça, o sexo, o nº de microchip, o preço do cachorro, o IVA, e claro está o total a pagar (para além das outras coisas a que por lei deve constar de um documento desta natureza, como é óbvio).

Só para esclarecer algumas das pessoas que têm enviado mensagens para este tópico de discussão, ficam aqui algumas considerações:

Se não existe a profissão de criador, e o CAE para esta actividade se enquadra em designações um pouco vagas, é porque não há Criadores no nosso país que justifiquem a criação de um sub-grupo específico. Até porque os "criadores" não têm mostrado grande interesse de funcionar sem ser à margem da Lei.

Ainda acerca do CAE, devo esclarecer que o CAE é atribuido pela actividade desenvolvida onde se regista maior facturação. Se se desenvolver várias actividades, o CAE poderá inclusivamente não ter nada a ver com a criação de cães. Em termos legais, o que interessa verdadeiramente, é o que está estipulado no objecto social da firma, ou seja, o objecto social é que define as actividades económicas em que a firma poderá operar.

Existe uma certa confusão acerca do papel, ou missão, do CPC. Considerações sobre "o que deveria ser" de parte, a missão do CPC é a de efectuar os registos no Livro de Origens Português. ou seja, o CPC funciona meramente como um "notário".

A DGVet é a unica entidade nacional com competência legal para vistoriar, certificar e licenciar canis onde se faz "Hospedagem com Fins Comerciais", que é a designação genérica onde estão incluidos os canis de criação (com fins comerciais).
E já agora, a regra para destrinçar se são ou não comerciais é também ela muito simples: se existe criação e posterior venda, existe comércio.

Não existe nenhum "vazio legal" na matéria. Esta é, tal como muitas outras, perfeitamente clara e, inclusivé, alvo de uniformidade nos países da União Europeia. (A nossa legislação resulta da transposição para a Lei Portuguesa de uma Convenção Europeia).

Quanto às "condições necessárias exigidas"... É verdade que são, perdoe-se o pleunasmo, extremamente exigentes. Não deveriam ser? A preocupação da DGVet, antes do licenciamento de um criador, é a de verificar se este possui os conhecimentos técnicos e os meios necessários para poder exercer a actividade, com vista à salvaguarda do bem estar e sáude dos cães. E depois, de verificar periódicamente se os requesitos estão a ser cumpridos. As regras, sendo iguais (em princípio) para todos, são claras, lógicas e pertinentes. E digo em princípio, porque infelizmemente, debatemo-nos diáriamente com a concorrência ilegal quase generalizada em todas as áreas de actuação da nossa firma.

Ficamos apenas com o consolo de que, dentro de alguns anos, continuaremos a poder apresentar, e com orgulho, os nossos resultados, as declarações de inexistência de dívidas à segurança social e ao fisco, a mais absoluta transparência de actuação, ou seja aquilo que está descrito do nosso alvo: Procurar atingir niveis de excelência e qualidade em todas as áreas de actuação da nossa firma.
Os "outros", se entretanto não perceberem que as malhas se estão a apertar a cada dia que passa, não existirão, pura e simplesmente. (pelo menos com o à vontade e até algum desplante como vemos todos os dias...)

Em 2006 ficará concluida a tarefa que mereceu prioriade de actuação por parte da DGV (e bem!): a legalização dos canis municipais. A seguir vêm... os canis particulares.

Ponho-me à Vossa disposição para qualquer esclarecimento que desejem.

Pela Vipdog,

João Veiga da Fonseca
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Polly_Blue
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sábado mai 28, 2005 9:54 pm

Vipdog

não sou criador nem o pretendo ser. Apenas um amante de labs.
Amante mesmo pois a minha mulher diz que ligo mais aos cães do que a ela. :oops: :oops: :oops: :oops: (mas não é verdade) ;)

Só uma pergunta:

O vosso inicio de actividade foi como criadores ou como loja????
Polly_Blue
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sábado mai 28, 2005 10:02 pm

para as pessoas interessadas, o link que se segue é para zoos mas pode ser aplicados a canis:

http://www.min-agricultura.pt/oportal/e ... /DL_59.HTM
Vipdog
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terça mai 31, 2005 7:47 am

Peço desculpa mas nestas coisas de computadores sou um verdadeiro nabo...
Só agora é que reparei que a resposta que enviei no outro dia, foi parar a outro lado... Espero que desta é que seja.
Já agora, e se não resultar, mandem-me um e-mail a explicar o procedimento correcto!
Obrigado,

João

Caro Marco:

O nosso início de actividade foi como criadores e handlers profissionais, actividades que ocupam perto de 70% do nosso tempo de trabalho. Paralelamente, efectuamos a importação, distribuição e venda de produtos para animais de companhia.

Os Principais Dec.Lei em vigor que se aplicam ao assunto são os seguintes:

182/1993 de 14 de Maio - Classificação de actividades económicas
294/1998 de 18 de Setembro - Normas de protecção a animais em transporte
370/1999 de 18 de Setembro - Licenciamento de estabelecimentos comerciais
109/2000 de 30 de Junho - Segurança, higiene e saúde no trabalho
312/2003 de 17 de Dezembro - Detenção de Animais de Companhia
313/2003 de 17 de Dezembro - Sistema de identificação de Caninos e Felídeos
314/2003 de 17 de Dezembro - Programa Nacional de luta e vigilância epidemiológica da raiva animal e outras zoonoses
315/2003 de 17 de Dezembro - Convenção Europeia para a protecção de animais de companhia

Para alem destes ainda há uma série de Dec.Lei e Portarias que regulamentam uma miríade de promenores que são verificados, desde a altura a que devem ser colocados os extintores que são obrigatórios existir num canil, até à utilização de desinfectantes certificados. Tudo junto, são 3 (...) pastas A4 das grossas recheadas de legislação...

Para começar, sugiro a leitura atenta do Dec.Lei 315/2003, especialmente o Cap I, Artº 3º: Licença de funcionamento.


Em resposta a Victor Neto
"Se, por exemplo, eu for a uma loja de animais "comprar" um cãozinho, a mesma também não passa "venda a dinheiro"?."

É obrigatório, em todas as transacções comerciais, fornecer ao comprador uma prova da compra, passível de poder entrar em contabilidade. Pode ser uma "venda a dinheiro", ou uma "factura" e "recibo" após a confirmação do pagamento.

E isto é obrigatório, no caso em questão, seja a aquisição de um cachorro efectuada numa Pet Shop ou directamente num criador. Presumindo que estamos a considerar o comprador como o futuro dono, ou seja o consumidor final, o preço que é indicado deve obrigatóriamente já conter o IVA. (Ou seja, conversas do género "o preço é de 600 € (pausa) mais o IVA", são considerados como uma proposta ilícita à venda sem facturação).

Em qualquer dos casos, seria interessante que os futuros donos pensassem que, se os criadores ou lojas não lhes passam uma factura, a sua seriedade não será das melhores. E que quando se mete uma coisa em causa, é de considerar que noutros aspectos a bitola seja a mesma... Já experimentaram exigir um exame de DNA para determinação da paternidade a um criador? Especialmente quando se anuciam filhos de campeões? A resposta mais comum é, a par do ar ofendido, "eu sou uma pessoa séria!". Com certeza. Então se é sério, porque é que não factura uma venda e não cumpre as suas obrigações fiscais?

Entre hospedagem e criação, só de cães, são movimentados em Portugal anualmente perto de cinco milhões de Euro. Em economia paralela e ilegal. Mercado não lucrativo?

Posso dizer-vos, sem nenhuma vergonha, que entre o investimento efectuado nos progenitores, nos cachorros, e considerando também a quota parte na amortização das instalações e despesas de funcionamento, a média de custo por cachorro por nós vendido é de 400 €. E que todos os cachorros são vendidos com lucro. Continuamos sem perceber como é que há criadores que dizem que só têm prejuizos... E sem fazerem, nem de perto nem de longe, os investimentos em instalações exigidos por Lei...

Em jeito de nota final, deixo um link para um site que tem tudo a ver com o que aqui tem sido dito: o site da IGAE. (www.igae.pt)


Pela Vipdog,

João Veiga da Fonseca

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casadotrevo
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quinta jun 02, 2005 2:44 pm

Rep.
Última edição por casadotrevo em quinta jun 02, 2005 2:49 pm, editado 1 vez no total.
<p>Cumprimentos,</p>
<p>Diamantino</p>
casadotrevo
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quinta jun 02, 2005 2:48 pm

Vipdog Escreveu: Posso dizer-vos, sem nenhuma vergonha, que entre o investimento efectuado nos progenitores, nos cachorros, e considerando também a quota parte na amortização das instalações e despesas de funcionamento, a média de custo por cachorro por nós vendido é de 400 €. E que todos os cachorros são vendidos com lucro. Continuamos sem perceber como é que há criadores que dizem que só têm prejuizos... E sem fazerem, nem de perto nem de longe, os investimentos em instalações exigidos por Lei...
Olá, João. ;)

Isto, como cada um responde por si, eu passo a explicar-te, o porquê disto para mim ser um Hobbie que dá prejuízo.

1 - Só faço 2 ninhadas por ano.

2 - Tenho em casa cães que não uso para criar, porque só uso o que acho que tem muita qualidade, e os outros como seres vivos (e pelos quais tenho afeição), não são para deitar fora. Óbviamente dão-me prejuizo.

3 - Nunca nenhum dos meus reprodutores me foi dado. Alguns até foram comprados no estrangeiro a preço muito elevado.

4 - Todos os meus cães são alimentados a ração de alta qualidade, e têm todas as regalias que acho por bem.

5 - Gasto muito, mas muito dinheiro com as Exposições.

Isto é normal que assim seja porque nunca me meti nisto como um negócio. ;)
<p>Cumprimentos,</p>
<p>Diamantino</p>
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