A Displasia da Anca
Enviado: quinta jan 03, 2008 10:09 pm
DISPLASIA DA ANCA
GUIA PARA O CRIADOR E PROPRIETÁRIO DE CÃES
A displasia da anca é uma doença que afecta a articulação coxo-femoral , também
denominada da anca. Esta articulação é formada pela cabeça do fémur e a cavidade
acetabular dos ossos da bacia, e é responsável pela transmissão das forças da coluna
vertebral pelo membro posterior até ao solo quando o animal anda ou corre.
Para que esta articulação funcione correctamente é necessário que exista uma coaptação
perfeita das duas superfícies ósseas (redonda da cabeça do fémur e côncava do
acetábulo), mas também resistência dos tecidos moles envolventes como a cápsula
articular, ligamento redondo (liga a cabeça do fémur ao acetábulo, tal como a cápsula
articular), músculos e tendões que envolvem a articulação.
O que é a displasia da anca?
A displasia da anca é uma doença de biomecânica de desenvolvimento, isto é, o animal
nasce normal mas durante os seus primeiros meses de vida as articulações coxofemorais
sofrem alteração na sua forma devido a falta de coaptação entre as superfícies
ósseas originando deformação da cabeça do fémur. A falta de congruência articular
origina artrose o que em muitos casos é responsável pela dor e consequente claudicação
dos animais.
A falta de congruência das superfícies ósseas articulares deve-se a um processo de
maturação mais rápido do esqueleto relativamente aos tecidos moles (músculos, cápsula
articular, ligamentos) o que faz com que exista lassidão (falta de resistência) destes e
consequentemente incapacidade para manter o contacto normal entre as superfícies
ósseas da articulação.
Esta falta de resistência dos tecidos moles envolventes da articulação origina
precocemente sub-luxação articular (cabeça do fémur mal encaixada na cavidade
acetabular) e posteriormente lesões de artrose.
Quais as causas da displasia da anca?
A displasia da anca é uma doença hereditária e genética, embora alguns factores
ambientais possam contribuir para uma maior expressão da doença em animais com
genes para a displasia da anca.
Para o desenvolvimento da doença é necessário que o animal tenha genes para a
displasia da anca. Não se sabe ao certo quantos genes estão envolvidos, mas sabe-se que
são muitos, por isso é denominada de doença poligénica. Nas doenças poligénicas
quanto maior fôr o número de genes alterados herdados dos progenitores mais marcada
será a doença nos cachorros. No entanto, a questão não é tão simples uma vez que
alguns dos genes se combinam aleatoriamente e não de forma aditiva, embora num
número muito reduzido.
Os factores ambientais como excesso de peso, ração hipercalórica, curva de crescimento
muito acentuada, chão escorregadio e liso, excesso de minerais como o cálcio, excesso
de exercício, contribuem para exacerbar as alterações mas não são a causa da doença.
A displasia da anca aparece com igual prevalência em todas as raças?
A displasia da anca é uma doença que aparece mais frequentemente em raças de cães
médias e grandes, embora possa ocorrer em qualquer raça.
As raças mais predispostas são por exemplo S.Bernardo, Bulldog, Terra Nova, Retriever
do Labrador, Golden Retriever, Mastins, Pastor Alemão, Serra da Estrela, Rafeiro do
Alentejo, Shar-Pei, Akita, Setters, Cão Boieiro Suiço, Rottweiller, Dobermann, etc.
As raças pequenas são também atingidas embora pelo seu peso corporal em muitos
casos não manifestem sinais clínicos da doença.
Qual a importância de radiografar o meu animal?
Não existe nenhum teste genético para despistar um animal portador de genes para a
displasia da anca. O exame radiográfico, é hoje em dia considerado o meio de
diagnóstico que melhor permite despistar os animais que não tendo sinais clínicos de
displasia da anca têm no entanto lesões compatíveis com a doença, sendo essas lesões
um marcador da presença de genes para a doença.
Os animais devem ser radiografados aos 12 meses para raças médias e grandes e 18
meses raças gigantes. O Rottweiller sendo uma raça grande deve ser radiografado aos
18 meses. A partir dos 5-6 anos de idade a avaliação torna-se mais difícil uma vez que
podem existir lesões de artrose não relacionadas com displasia da anca. Por isso, para
efeitos de despiste de displasia da anca dever-se-á evitar submeter radiografias de
animais a partir desta idade.
Porquê anestesiar o animal para realizar o exame radiográfico?
A anestesia geral permite um relaxamento muscular total e dessa forma conseguimos
posicionar correctamente o animal para o exame. Caso contrário teremos de repetir
várias vezes a radiografia até obter um rx de boa qualidade. Sem um posicionamento
correcto é impossível atribuir uma classificação à radiografia.
Por outro lado o relaxamento muscular permite observar a lassidão da articulação com
maior facilidade e dessa forma sermos mais precisos na avaliação.
Qual o significado dos diferentes graus da classificação da displasia da anca?
Os graus atribuídos na classificação da displasia da anca em Portugal são os graus
definidos pela Federação Cinológica Internacional e que se identificam por letras: A, B,
C, D, E.
Os graus A e B são animais sem sinais radiográficos de displasia da anca, os graus C, D,
e E correspondem a animais com sinais de displasia da anca. O grau C corresponde a
displasia ligeira, o grau D displasia moderada e o grau E displasia grave.
Quais os graus de displasia da anca que posso usar na reprodução?
Em princípio só deveríamos utilizar na reprodução animais com graus A e B. De facto
só esses permitiriam reduzir significativamente o número de genes para a displasia. No
entanto, nalgumas raças o nível de displasia da anca é tão elevado que se eliminássemos
todos os animais com grau C ficaríamos com um conjunto de reprodutores muito
limitado. Nestes casos pode utilizar-se um dos progenitores com grau C embora o outro
deve ser A ou B. Esta é uma excepção não deverá ser a regra.
Qual a importância de reduzir a prevalência da doença?
Se utilizarmos na reprodução animais com displasia da anca a doença perpetua-se com
uma intensidade crescente devido ao efeito maioritariamente aditivo da combinação dos
genes e consequentemente animais com sinais mais marcados. Isto tem repercussões
individuais pelo sofrimento do animal envolvido e dos seus proprietários, maiores
despesas associadas à terapêutica e muitas vezes perdas de animais com características
excelentes em termos de beleza ou trabalho. Por outro lado, em termos populacionais de
uma raça conduz inevitavelmente ao retrocesso em termos de características da raça e
um esforço posterior muito maior para obter animais sem sinais de displasia da anca.
Qual a importância de se conhecer os graus de displasia nos animais presentes
num pedigree?
O reconhecimento do grau de displasia até à 3ª ou 4ª geração de um pedigree é muito
importante porque isso dá-nos a percepção do grau de probabilidade de ocorrência de
animais com displasia da anca.
Se eu dispuser de um cão classificado com grau B proveniente de pais e avós com graus
A e B provavelmente este animal disporá de muito poucos genes para a displasia da
anca. Se pelo contrário eu usar um reprodutor (macho ou fêmea) com grau B mas com
alguns dos antepassados com grau C e D a probabilidade de obter cachorros com
displasia da anca é francamente maior.
A inscrição dos graus de displasia nos pedigrees e a sua análise constitui um auxiliar
fundamental na selecção criteriosa dos reprodutores.
APMVEAC 2006
Fonte: Clube Português de Canicultura
GUIA PARA O CRIADOR E PROPRIETÁRIO DE CÃES
A displasia da anca é uma doença que afecta a articulação coxo-femoral , também
denominada da anca. Esta articulação é formada pela cabeça do fémur e a cavidade
acetabular dos ossos da bacia, e é responsável pela transmissão das forças da coluna
vertebral pelo membro posterior até ao solo quando o animal anda ou corre.
Para que esta articulação funcione correctamente é necessário que exista uma coaptação
perfeita das duas superfícies ósseas (redonda da cabeça do fémur e côncava do
acetábulo), mas também resistência dos tecidos moles envolventes como a cápsula
articular, ligamento redondo (liga a cabeça do fémur ao acetábulo, tal como a cápsula
articular), músculos e tendões que envolvem a articulação.
O que é a displasia da anca?
A displasia da anca é uma doença de biomecânica de desenvolvimento, isto é, o animal
nasce normal mas durante os seus primeiros meses de vida as articulações coxofemorais
sofrem alteração na sua forma devido a falta de coaptação entre as superfícies
ósseas originando deformação da cabeça do fémur. A falta de congruência articular
origina artrose o que em muitos casos é responsável pela dor e consequente claudicação
dos animais.
A falta de congruência das superfícies ósseas articulares deve-se a um processo de
maturação mais rápido do esqueleto relativamente aos tecidos moles (músculos, cápsula
articular, ligamentos) o que faz com que exista lassidão (falta de resistência) destes e
consequentemente incapacidade para manter o contacto normal entre as superfícies
ósseas da articulação.
Esta falta de resistência dos tecidos moles envolventes da articulação origina
precocemente sub-luxação articular (cabeça do fémur mal encaixada na cavidade
acetabular) e posteriormente lesões de artrose.
Quais as causas da displasia da anca?
A displasia da anca é uma doença hereditária e genética, embora alguns factores
ambientais possam contribuir para uma maior expressão da doença em animais com
genes para a displasia da anca.
Para o desenvolvimento da doença é necessário que o animal tenha genes para a
displasia da anca. Não se sabe ao certo quantos genes estão envolvidos, mas sabe-se que
são muitos, por isso é denominada de doença poligénica. Nas doenças poligénicas
quanto maior fôr o número de genes alterados herdados dos progenitores mais marcada
será a doença nos cachorros. No entanto, a questão não é tão simples uma vez que
alguns dos genes se combinam aleatoriamente e não de forma aditiva, embora num
número muito reduzido.
Os factores ambientais como excesso de peso, ração hipercalórica, curva de crescimento
muito acentuada, chão escorregadio e liso, excesso de minerais como o cálcio, excesso
de exercício, contribuem para exacerbar as alterações mas não são a causa da doença.
A displasia da anca aparece com igual prevalência em todas as raças?
A displasia da anca é uma doença que aparece mais frequentemente em raças de cães
médias e grandes, embora possa ocorrer em qualquer raça.
As raças mais predispostas são por exemplo S.Bernardo, Bulldog, Terra Nova, Retriever
do Labrador, Golden Retriever, Mastins, Pastor Alemão, Serra da Estrela, Rafeiro do
Alentejo, Shar-Pei, Akita, Setters, Cão Boieiro Suiço, Rottweiller, Dobermann, etc.
As raças pequenas são também atingidas embora pelo seu peso corporal em muitos
casos não manifestem sinais clínicos da doença.
Qual a importância de radiografar o meu animal?
Não existe nenhum teste genético para despistar um animal portador de genes para a
displasia da anca. O exame radiográfico, é hoje em dia considerado o meio de
diagnóstico que melhor permite despistar os animais que não tendo sinais clínicos de
displasia da anca têm no entanto lesões compatíveis com a doença, sendo essas lesões
um marcador da presença de genes para a doença.
Os animais devem ser radiografados aos 12 meses para raças médias e grandes e 18
meses raças gigantes. O Rottweiller sendo uma raça grande deve ser radiografado aos
18 meses. A partir dos 5-6 anos de idade a avaliação torna-se mais difícil uma vez que
podem existir lesões de artrose não relacionadas com displasia da anca. Por isso, para
efeitos de despiste de displasia da anca dever-se-á evitar submeter radiografias de
animais a partir desta idade.
Porquê anestesiar o animal para realizar o exame radiográfico?
A anestesia geral permite um relaxamento muscular total e dessa forma conseguimos
posicionar correctamente o animal para o exame. Caso contrário teremos de repetir
várias vezes a radiografia até obter um rx de boa qualidade. Sem um posicionamento
correcto é impossível atribuir uma classificação à radiografia.
Por outro lado o relaxamento muscular permite observar a lassidão da articulação com
maior facilidade e dessa forma sermos mais precisos na avaliação.
Qual o significado dos diferentes graus da classificação da displasia da anca?
Os graus atribuídos na classificação da displasia da anca em Portugal são os graus
definidos pela Federação Cinológica Internacional e que se identificam por letras: A, B,
C, D, E.
Os graus A e B são animais sem sinais radiográficos de displasia da anca, os graus C, D,
e E correspondem a animais com sinais de displasia da anca. O grau C corresponde a
displasia ligeira, o grau D displasia moderada e o grau E displasia grave.
Quais os graus de displasia da anca que posso usar na reprodução?
Em princípio só deveríamos utilizar na reprodução animais com graus A e B. De facto
só esses permitiriam reduzir significativamente o número de genes para a displasia. No
entanto, nalgumas raças o nível de displasia da anca é tão elevado que se eliminássemos
todos os animais com grau C ficaríamos com um conjunto de reprodutores muito
limitado. Nestes casos pode utilizar-se um dos progenitores com grau C embora o outro
deve ser A ou B. Esta é uma excepção não deverá ser a regra.
Qual a importância de reduzir a prevalência da doença?
Se utilizarmos na reprodução animais com displasia da anca a doença perpetua-se com
uma intensidade crescente devido ao efeito maioritariamente aditivo da combinação dos
genes e consequentemente animais com sinais mais marcados. Isto tem repercussões
individuais pelo sofrimento do animal envolvido e dos seus proprietários, maiores
despesas associadas à terapêutica e muitas vezes perdas de animais com características
excelentes em termos de beleza ou trabalho. Por outro lado, em termos populacionais de
uma raça conduz inevitavelmente ao retrocesso em termos de características da raça e
um esforço posterior muito maior para obter animais sem sinais de displasia da anca.
Qual a importância de se conhecer os graus de displasia nos animais presentes
num pedigree?
O reconhecimento do grau de displasia até à 3ª ou 4ª geração de um pedigree é muito
importante porque isso dá-nos a percepção do grau de probabilidade de ocorrência de
animais com displasia da anca.
Se eu dispuser de um cão classificado com grau B proveniente de pais e avós com graus
A e B provavelmente este animal disporá de muito poucos genes para a displasia da
anca. Se pelo contrário eu usar um reprodutor (macho ou fêmea) com grau B mas com
alguns dos antepassados com grau C e D a probabilidade de obter cachorros com
displasia da anca é francamente maior.
A inscrição dos graus de displasia nos pedigrees e a sua análise constitui um auxiliar
fundamental na selecção criteriosa dos reprodutores.
APMVEAC 2006
Fonte: Clube Português de Canicultura