sexta mai 21, 2004 4:49 am
Vou então dar o meu parecer quanto ao boxer como cão de trabalho:
É importante, antes de mais, definir de que "trabalho" falamos.
O Boxer é um cão extrovertido, ansioso e impulsivo.
Estas 3 caracteristicas, levam a um condicionamento grande no que diz respeito a tornar-se um campeão em provas de trabalho, mas não que dizer que não o consiga fazer.
Vamos então por partes.
Vou pegar em 5 grandes grupos de trabalho mundiais e analisar cada 1 deles separadamente.
1º Obedience: Na minha opinião, treinar um Boxer para uma prova de obediência é um atentado enorme á nobreza e energia de um Boxer. Por ser um cão que adora correr e dar liberdade total aos seus movimentos, a tensão da obediência torna-se um sofrimento grande e vai condicionar enormente o caracter do nosso animal. Efectivamente existem raças que o fazem muito melhor, como o grupo dos Retrievers.
2º RCI e/ou Mondioring: Julgo ser a 2ª modalidade para a qual o Boxer tem mais aptidão. E explico o porquê a 2ª e não a 1ª. O Boxer tem o corpo, a força e a agilidade perfeita para a prática destes desportos. Todavia, tem um enorme handicap em relação a outras raças como o Pastor Belga Malinois ou o Pastor Alemão: É prognata. O prognatismo acaba, desta forma, por ser prejudicial no sentido em que o tempo de mordida é francamente superior, para além das enormes bochechas demorarem tempo a levantar e se não forem levantadas... muitas vezes podem ser trincadas e ficar feridas o que leva o Boxer a ser, muitas vezes, preterido para competição em relação ás outras raças já citadas.
3º Busca e Salvamento: Definitivamente, o Boxer não é um nadador nato. Adora água, adora chafurdar na água, mas fora de pé... improvisa. Porém, em terra, na Alemanha já existem diversas brigadas "boxerianas" com resultados extremamente positivos, aliás, com resultados equiparáveis aos Rotts, Pastores e Retrievers. Vamos esperar para que o tempo nos dê uma resposta.
4º Caça: Aqui penso que existe falta de "investimento". Apesar de não termos referências internacionais de Boxers caçadores como, por exemplo, temos dos Dogues Argentinos, entendo que o Boxer é um cão com uma presa fantástica e que, em matilha, tem um comportamente igual ou melhor que o Dogue Argentino, sendo até, um cão mais veloz. Mas, mais uma vez, a questão da não utilização prende-se com o facto da forma como morde. A rapidez e eficiência da presa do Dogue Argentino é claramente superir á do Boxer.
5º Por fim, Agility: Esta será, no futuro, a prova onde o Boxer se tornará verdadeiro Rei. E explico porquê. Actualmente, os grandes Boxers de trabalho vivem todos praticamente com causa amputada, o que tira, á partida, grande gameness ao cão para um prova de agility, onde a cauda para além de equilibrar o cão, lhe dá uma melhor performance em curva. Mediante as novas leis internacionais, onde orelhas e caudas serão obrigadas a permancer como vêm ao mundo, ver-se-ão cada vez mais Boxers a obterem bons resultados em Agility, e no fundo, julgo que foi para o Agility que o Boxer, mais até que qualquer outro cão, nasceu. O Boxer vive para o desporto, para a corrida. Dar-lhe a oportunidade de correr livremente, muitas vezes "á toa", é o que ele adora. Saltar, resolver problemas é o que ele se sente bem a fazer. Ora, no agility, a unica coisa que temos de corrigir... é fazer com que deixe de correr "á toa", para passar a correr com um objectivo final. Vão ver, que daqui a uns bons 10 anos, o Boxers tornar-se-ão os Reis do Agility.
Em suma, podemos afirmar que o Boxer é um cão completo, no sentido de ter capacidade para desempenhar todas as funções que o dono pretender dele. Cabe ao dono, em ultima instancia, ter bom censo para escolher o que mais diverte o seu cão e não, como muitas vezes acontece, o que o dono mais gosta. O Boxer não é o tipo de cão que seja incentivado com comida. Essa é a via mais facil para obter algo de qualquer cão. Contudo, treinar um Boxer com estimulo para a brincadeira, com frustação, leva o cão a divertir-se mais, a cansar-se mais, e a entender que tudo o que faz com o dono é a mera cumplicidade brincalhona que dois grandes amigos têm um com o outro. Por fim, é importante lembrar, que, com estas palavras, não quero dizer que o Boxer não é um cão virtuoso. Pelo contrário. Para mim, é dos mais nobres e virtuosos cães que existem, não são é virtuosos nos parametros que estamos habituados. È virtuoso á sua maneira muito própria, e é isso que o torna Boxer e não outra raça qualquer. Numa escola, será aquele aluno extremamente inteligênte, mas que vai para a sala de aula distrair os colegas e incentivalos á desconcentração. No fim, os colegas chumbam porque se distrairam... ele passa da ano porque não é por estar distraido que vai chumbar...
È a velha história da lebre e da tartaruga... A lebre é convencida, goza com a tartaruga, e a tartaruga devagarinho lá vai andando. Mas ao contrário da história original, aqui, a Lebre ganha por ser melhor!