variações ao estalão

Este é o fórum dedicado exclusivamente à raça Boxer! Troque ideias e tire dúvidas sobre esta raça.

Moderador: JoanaGoncalves

pedrobaleia
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quinta set 21, 2006 10:43 am

abro este tópico para discutir a forma como acham que devem ser tratadas as diversas variações ao estalão que cada vez mais se vão observando nos boxers presentes nos ringues das exposições por esse mundo fora!

a título informativo fica o link para a página do boxer club onde está o estalão:

http://www.boxerclubportugal.com/boxer/ ... talao.html

agora ponho algumas questões sobre as quais gostava de ouvir as vossas opiniões:
COMPRIMENTO DO FOCINHO: comprimento da cabeça; o comprimento do focinho em relação ao comprimento do craneo como 1 a 2 (medido da ponta do nariz até ao ângulo interior do olho e desde o ângulo interior do olho até ao occiput, respectivamente).
no focinho residem algumas das divergências actuais, uns defendem que o focinho deve ser mais curto e largo (para melhorar a capacidade de mordida) outros defendem que deve ser mais comprido (diminuindo assim os possiveis problemas respiratórios).
a funcionalidade do cão deve estar em primeiro lugar na selecção, pelo que o dilema persiste, aumentar a capacidade de mordida pode prejudicar a respiração e por consequência a resistência ao cansaço, daí que seja fundamental cumprir o que vem no estalão, a proporção 1 a 2, e não permitir que entrem na linha reprodutiva os exemplares com alterações a este factor.
COMPORTAMENTO E CARÁCTER: O Boxer deve possuir nervos sólidos, ser confiante, tranquilo e equilibrado.
outra questão que cada vez mais é posta em causa, quando assistimos nos ringues a "brigas" de cães que por vezes chegam a vias de facto, e os juizes presenciam a são coniventes com estas situações! se o boxer deve possuir nervos sólidos, devia aguentar em ringue a pressão da presença de outros exemplares, e mais importante ainda, a pressão a que estão muitas vezes sujeitos os handlers!
no estado em que as coisas estão, quase corremos o risco de ver o nosso cão avaliado como amorfo, se não tenta entrar em conflito com o cão do lado...
TAMANHO: Machos 57 a 63 cms; femeas 53 a 59 cms.

PESO: machos mais de 30Kgs para uma altura à cruz de cerca de 60 cms; femeas aproximadamente 25 Kgs para uma altura à cruz de cerca de 56 cms.
as maiores alterações ao estalão que vão sendo aceites como normais, enquadram-se nestes aspectos (tamanho e peso), cada vez mais vamos vendo nos ringues, cães com medidas muito acima dos limites impostos no estalão, e muitas das vezes esses são os que acolhem as melhores opiniões da parte dos juizes! parece-me por isso, que uma de duas medidas terá de ser tomada, ou se altera o estalão, permitindo cães maiores que os permitidos actualmente (no estalão), ou se começam a penalizar os cães em ringue com medidas acima (ou abaixo) destas!
o curioso, é que actualmente, penalizam-se facilmente os cães "abaixo" do estalão e não se penalizam os "acima" do estalão!

espero por mais opiniões!
AcTiOnGiRl
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quinta set 21, 2006 12:56 pm

no focinho residem algumas das divergências actuais, uns defendem que o focinho deve ser mais curto e largo (para melhorar a capacidade de mordida) outros defendem que deve ser mais comprido (diminuindo assim os possiveis problemas respiratórios).
a funcionalidade do cão deve estar em primeiro lugar na selecção, pelo que o dilema persiste, aumentar a capacidade de mordida pode prejudicar a respiração e por consequência a resistência ao cansaço, daí que seja fundamental cumprir o que vem no estalão, a proporção 1 a 2, e não permitir que entrem na linha reprodutiva os exemplares com alterações a este factor.

Eu pessoalmente, defendo uma meia medida.
Não defendo os "focinhos de labrador" e também não defendo os "focinhos de buldogue" :roll: se é que me fiz entender 8)

no estado em que as coisas estão, quase corremos o risco de ver o nosso cão avaliado como amorfo, se não tenta entrar em conflito com o cão do lado...
:lol: :D
o curioso, é que actualmente, penalizam-se facilmente os cães "abaixo" do estalão e não se penalizam os "acima" do estalão!
Mas então o estalão existe para que? :roll:
Os Boxers são frequentemente descritos como os filósofos entre os cães, talvez porque às vezes parecem sonhadores e distraídos.
marina81
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sexta set 22, 2006 10:06 am

ao meu ver... acho que algumas coisas deveriam ser revistas... mas não podemos fazer grande mudança no estalão porque pode ser correr o risco de perder algumas caracteristicas fundamentais pra o aperfeiçoamento da raça.

a nivel de exposições... acredito k nem sempre estes padrões são respeitados e muitas vezes deve haver classificações pra cães fora deste padrões..... mas acho k cabe aos juizes respeitarem o estalão, realmente não o fazem , ai sim, deveriam fazer as devidas altereações pra todos os cães estarem ao mesmo nivel( a nivel do estalão).

mas se todos gostam de boxer, como eu.... tou me a cagar pro estalão... amo todos os boxers , que entre ou não no estalão da raça,...

um abraço
Marggo
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sexta set 22, 2006 11:00 am

Eu acho estas questões um pouco "sensiveis" de discutir...

Os boxers americanos têm os ficinhos mais compridos que os outros... E no entanto, não estão fora do estalão... Acho eu

Por acaso, se fosse na Atibox, gostava de saber como eram avaliados...

Seriam avaliados "normamente" porque eram americanos, ou eram desclassificados por terem o focinho comprido?? :o :o

Deveriamos esperar respostas de alguém mais entendido no assunto... ;)

8)
N0kas
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sexta set 22, 2006 12:35 pm

Marggo, o estalão americano tem umas nuances que diferem um pouco do estalão da FCI, pois eles adaptaram-no ao estado dos boxers americanos... O AKC é um organismo quase independente nestas coisas, eu pessoalmente não concordo muito, pois se o estalão é dito internacional não deveria ser alterado só porque estamos na América! :evil:

E depois os cães americanos só tem em vista a beleza, nunca o trabalho, e o que tenho retido do que falo com criadores americanos é que eles estão muito desleixados a nível de saúde (demais)... e o que acontece é que cerca de 60% dos boxers americanos(EUA, Canadá e América do Sul) neste momento sofrem de problemas cardiovasculares...

No que respeita ao estalão, bem, o estalão tem de ser respeitado por um lado, mas temos de ver que as raças vão evoluindo ao longo dos anos, senão neste momento teríamos boxers como existiam nos anos 30 (andam por aí muitos exemplares que parece que não passaram dessa época, principalmente os que provém de cruzamentos não seleccionados, pois as falhas vem ao de cima...)... Pelo que podemos reter é que, por exemplo, hoje em dia pegamos num macho com 8 anos, e a maior parte deles são obsoletos face aos machos actuais, não deixando de ser bonitos, obviamente... depois temos as "lendas"... boxers que se dizem quase perfeitos e que marcam, pelas suas qualidades de reprodução, as gerações vindouras... para exemplificar, com a "ascensão" do Teck dell Colle dell Infinito muita coisa mudou a nível quer de qualidade de criação, quer de ideal de boxer!

Uma evolução, que tem também dado muita polémica, é a cabeça... Uma coisa tem de ser referida e SEMPRE SEMPRE respeitada, as proporções da cabeça de um boxer, independentemente das tendências que possam vir a surgir, tem de se reger pelo cubo, ou seja, tem de apresentar sempre inserção correcta num cubo, sendo tão alta e larga como comprida, e o focinho por si também tem de apresentar quase tanto de altura como largura e comprimento. o problema aqui é que os criadores (seleccionadores) buscam, dentro da variedade normal dentro do estalão, variedade essa perfeitamente aceitável, um ideal que lhes pareça mais bonito, e nem todos tem o mesmo gosto...
Pegando neste "gosto pessoal", relembro que por exemplo os italianos preferem, de uma forma geral, uma cabeça mais estilizada e elegante, a fugir para a altura, mas nunca deixando de parecer imponente, e por isso larga, e respeitam sempre a forma cúbica do focinho... Se formos a pegar na dita "cabeça alemã" apercebemo-nos que preferem cabeças um pouco mais "pesadas", não tão altas, mas bastante mais largas com um maxilar pronunciado, tudo naquelas cabeças tende para a potência de maxilar, sem o focinho ser demasiado curto... Temos todavia criadores que apreciam mais a hipertipicidade de focinho, em que a cabeça pode ou não ser de um estilo marcado, sendo por isso uma cabeça "normal", mas apresentando um focinho demasiado curto, com excessivo prognatismo e maxilar muito subido... temos um bonito exemplo desta cabeça, o famoso Sherpa des Jardins de Passiflore...

Hoje em dia os juízes, e mesmo os criadores, andam a fugir todos para esta hipertipicidade, em que as características do boxer, como o nome do termo indica, tendem para o exagero, ou seja, demasiado fortes, peito demasiado descido, corpo demasiado curto, tamanho exagerado, focinho demasiado curto, cabeça mais pesada... O que se põe em causa aqui é se isso pode ser feito livremente ou se as pessoas devem ter mais cuidado na selecção dos cães... Pessoalmente acho que os valores superiores do estalão, no que respeita ao tamanho, estão ajustados, e que as pessoas deveriam buscar, quando tem uma femea grande (como é o meu caso), um macho mediano ou mais baixo para cruzar, pois nós temos boxers e não dogues alemães! A alterar seria talvez o valor inferior pois hoje em dia verifica-se que não há, ou quase não há, fêmeas e machos que apresentem os valores minimos, quanto mais a tolerância abaixo disso... em suma, devemos alterar no estalão os aspectos que hoje em dia se tornaram ridiculos visto não existirem cães que apresentem essas características... se TODOS os machos, por exemplo, atingem valores minimos de altura de 59cm, porque existir um estalão que compreende machos com altura de 57cm, ainda pra mais com 2 ou 3 cm de tolerância para baixo??? Todas as características que hoje já não fazem sentido, é justo e correcto que sejam rectificadas...

Felizmente ou infelizmente chegámos a um momento de homogeneidade em ringue nos boxer, ou seja, praticamente todos os exemplares encontram-se dentro do estalão ou compreendem as chamadas tolerâncias (todos os cães, mesmo o mais bonito de todos, apresenta defeitos e exageros/falhas, mas há que avaliar não o cão aos bocadinhos mas sim o que esses mesmo defeitos provocam no conjunto, temos sempre de avaliar o cão como um todo e não só a cabeça, o peito, o comprimento, etc,etc)... digo infelizmente porque algumas homogeneidades apresentam-se "deturpadas"... eu que ando a "focinhar" nestas coisas há uns anos, pois tenho pretensão, se o sucesso me bafejar :roll:, vir um dia a ser juíza desta raça (mas não fiquem já com esperanças que eu não lambo botas a ninguém nem deixo que mas lambam, sou má como as cobras! :lol: ) apercebo-me, por exemplo, que muitos, mas mesmo muitos cães apresentam um mal que é considerado defeituoso... são vazios, ou seja, o focinho apresenta estreiteza face à cabeça, sendo o defeito minorizado pelo excessivo encurtamento, ou seja, um focinho curto disfarça (e em muitos casos bastante bem) o estreitamento do mesmo... e não estou a falar de cães razoáveis, nem de cães "excluídos", estou a falar de cães de topo que, fora este "petit problem" são magníficos, muitos deles sagrados campeões e óptimos reprodutores... E o que fazer neste caso? É aí que a criação racional e a selecção de exemplares toma forma e assume grande responsabilidade... pois por muito bom que seja o cão, se queremos "limpar" uma ninhada nossa deste problema, nunco devemos cruzar tal animal com um exemplar que apresenta o mesmo defeito, com o risco dos filhos virem com aspecto menos vistoso que qualquer um dos pais, mostrando notoriamente o defeito que era disfarçado nos seus progenitores... isto é um tiro no escuro pois ainda não temos a capacidade de "Deus" e não adivinhamos como vai ser a ninhada, mas o simples facto de se estudar o tipo de cruzamento já vai ajudar, e muito, uma evolução no bom sentido da raça...

Eu falei neste exemplo para mostrar mais claramente o que se deve, ou deveria, realizar no mundo da criação, mas em todos os aspectos isto é estudado, e digo mesmo em todos, daí um bom criador estar sempre em cima do acontecimento no que respeita a cruzamentos, machos, seus descendentes, características, etc... para não fazer "burrada" no dia em que decidir cruzar a sua cadela... pois o LOP e os títulos ganhos pelo cão não influenciam absolutamente NADA uma boa criação... um bom reprodutor não implica ser um coleccionador de títulos, e vice-versa... um bom reprodutor é aquele, macho ou fêmea (estas sempre postas de parte mas nunca nos podemos esquecer que o valor genético é 50-50, ou seja, ambas as partes contribuem igualmente para a criação), que cria descendência igual ou melhor que ele, com os defeitos minorizados e as qualidades magnificadas. Não digo que um bom reprodutor não tem filhos com defeitos, digo sim que um bom reprodutor apresenta pelo menos metade da sua ninhada com qualidades iguais ou superiores ao seu progenitor...

Esta questão é de maior importância quando nos debruçamos sobre oestalão da raça pois um sumo não se faz sem fruta, ou seja, os cães que por aí aparecem em ringues pela europa fora, e as prórpias alterações que temos visto ao longo dos tempos, resulta desta mesma situação acima descrita, pou seja, é uma questão de escolha de reprodutores para a criação, e se queremos estabelecer novos parâmetros no boxer, ou manter os antigos, devemos sempre pensar na problemática da criação seleccionada de forma correcta e racional... só assim podemos afirmar-nos como bons amantes da raça, pois preservamos as suas características!!!

O Pedro referiu um aspecto para mim também bastante importante no estalão, o "carácter" do boxer... ora bem, Pedro, naquilo que te referes a "nervos sólidos" tens de pensar que o boxer é um bichinho que, por muitas voltas que dermos à coisa e por muito que o tentemos moldar ao conceito do boxer actual (cão de companhia), o boxer é um animal rústico, possante, com um temperamento NATURALMENTE dominante face aos seus congéneres... Daí todos dizer-mos que o boxer é "teimoso"... Ele não é teimoso, ele gosta é de dominar, só que obviamente que ele, uma vez que identifica o seu dono como líder, não vai andar a desafiá-lo...
Um boxer, face a outro boxer, naturalmente que o seu temperamento NATURAL e dominante vem ao de cima, e disputa, pois está ali um rival nato e instintivo... agora os nervos sólidos não se podem aplicar aqui, ou podem, dependendo do ponto de vista... brincando um pouco com o termo, um boxer com nervos sólidos face a um "rival" nunca se vai rebaixar, é tenaz e poderoso o suficiente para entrar em disputa pela dominância, e daí devemos aplaudir bastante a solidez dos seus nervos :D Agora se tivermos em vista a situação actual do boxer, que por meio da sociedade se tornou um cão "lulu", de compahnia, esquecendo as pessoas que o seu objectivo não é esse, caso contrário, estaria, tal como os dálmatas, no grupo 10... um cão com nervos sólidos seria como? Passivo? Teria "solidez" suficiente para lhe "passar ao lado" um companheiro de equipa?... Para mim um boxer com nervos sólidos nunca desiste, mostra tenacidade em tudo, no trabalho, na companhia com os donos, no enfrentamento com outros cães, sem recuar, hesitar ou "quebrar"... a menos que o líder o obrigue a tal, e é aí que, novamente, nós, os donos, temos o dever e a responsabilidade de actuar... um cão com nervos sólidos e devidamente educado, nem que seja um cão potencialmente perigoso, à ordem do dono deve imediatamente ceder e não partir para a disputa... claro que isto muitos pensarão "impossível"... mas um cão com nervos sólidos, e um dono igualmente "sólido", seja em nervos seja em atitude, fazem uma equipa perfeita para que tal resulte...

Acho que já me alonguei demais mas gosto de debater estas coisas :oops:

Espero que a minha opinião sirva para reflectir, e espero respostas ;)

Ana
CindelP
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Boas,
pedrobaleia Escreveu: uns defendem que o focinho deve ser mais curto e largo (para melhorar a capacidade de mordida)
Eu gostava era de saber, como é que um chanfro mais curto aumento a capacidade de mordida ....

a funcionalidade do cão deve estar em primeiro lugar na selecção, pelo que o dilema persiste, aumentar a capacidade de mordida pode prejudicar a respiração e por consequência a resistência ao cansaço, daí que seja fundamental cumprir o que vem no estalão, a proporção 1 a 2, e não permitir que entrem na linha reprodutiva os exemplares com alterações a este factor.
Se as pessoas trabalhem os cãezinhos, se fossem com eles para o campo, se os testassem na medida do possivel, estas questões eram escusadas, pois os proprios cães acabariam por se selecionar a eles proprios.

nanci
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sexta set 22, 2006 1:19 pm

Espero que a minha opinião sirva para reflectir, e espero respostas
Ana,
Como sempre aprendi contigo ;) :lol:
Os Boxers são frequentemente descritos como os filósofos entre os cães, talvez porque às vezes parecem sonhadores e distraídos.
pedrobaleia
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sexta set 22, 2006 2:15 pm

CindelP escreveu:
Boas,

pedrobaleia escreveu:
uns defendem que o focinho deve ser mais curto e largo (para melhorar a capacidade de mordida)


Eu gostava era de saber, como é que um chanfro mais curto aumento a capacidade de mordida ....

Se as pessoas trabalhem os cãezinhos, se fossem com eles para o campo, se os testassem na medida do possivel, estas questões eram escusadas, pois os proprios cães acabariam por se selecionar a eles proprios.
está-se a caminhar nesse sentido, com os ZTP e com as exigências para considerar um cão apto para reprodução, claro que o trabalho é árduo e há muitas formas de contornar estes testes...
mas no futuro penso que teremos boxers cada vez mais funcionais, assim os criadores sejam sérios e verdadeiramente amantes da raça!

ana:

eu compreendo que o cão queira mostrar a sua dominancia em ringue, percebo até que o cão seja "mentalizado" para a competição, o que não compreendo é que se chegue por vezes a "vias de facto", porque nesses casos, para além da falha do handler, que não controlou o seu cão, há também um problema de desobediência com o cão!
a ideia que tenho (e peço desde já desculpas se estou enganado...) é que uma das provas do ZTP, é o cão estar num grupo de pessoas, e à passagem de um outro exemplar, ele tem de se manter calmo, vigilante, mas calmo! logo, em ringue devia ser muito semelhante...
N0kas
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sexta set 22, 2006 2:39 pm

Pois agora tocou num ponto "sensível" da questão Pedro...

1) Quantos donos estão aptos a controlar o seu cão? (nem dou percentagens pra não desmoralizar... eu falo em donos, não em treinadores, é que há casos em que o treinador até controla, mas temos o ridiculo dele controlar e o dono, por n ter participado na aprendizagem do cão, não conseguir fazer nenhum...)

2) Quantos cães estão devidamente treinados, dos que EVENTUALMENTE até tiverem treino? (esta percentagem consegue ainda ser mais assutadora que a anterior)

3) Quantos donos acham que o facto do seu cão estar a atirar-se pra cima do nosso é algo que deve ser evitado??? É que esta última questão, apesar de parecer ridícula, tem o seu sentido... há por aí dezenas de pessoas que acham "piadinha" ao facto do seu mais que tudo de 4 patas ter "garra" pra morder no cão do vizinho... e só se ralam quando atinge as vias de facto, isto se o vizinho se passa da cabeça, porque se for um molengas dizem desculpa e ainda se vem rir por trás!!!

Por isso referi, e acho que referi bem, termos um cão com nervos sólidos, com um dono igualmente de nervos sólidos...

Eu tenho uma fera em casa e não o nego, mas esforço-me para que ela sociabilize com outras fêmeas (ela só n gosta de fêmeas e de cães reinvidicativos), e por exemplo na exposição de Aveiro, FORA DE RING, ela esteve À TRELA em contacto com a Dorsia de Vila Trancoso, e para meu espanto quem não achou piada foi a Dorsia e não ela... mas imediatamente tanto eu como os donos soubemos impor-nos (AHA!!! Imposição de liderança, é algo importante!) e a coisa não foi adiante pois tanto a minha como a Dorsia baixam a bolinha...

Eu acho de uma total irresponsabilidade ver um dono a não fazer nada quando o seu cão se encontra virado agressivamente a outro em ring... isso n mostra falha no cão, que como já disse, é por instinto NORMAL, mas falha do dono...
CindelP
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pedrobaleia Escreveu:
Eu gostava era de saber, como é que um chanfro mais curto aumento a capacidade de mordida ....
Ainda não percebi ... de que maneira um chanfro curto (seja largo ou estreito) aumenta a capacidade de mordida
eu compreendo que o cão queira mostrar a sua dominancia em ringue, percebo até que o cão seja "mentalizado" para a competição, o que não compreendo é que se chegue por vezes a "vias de facto", porque nesses casos, para além da falha do handler, que não controlou o seu cão, há também um problema de desobediência com o cão!
a ideia que tenho (e peço desde já desculpas se estou enganado...) é que uma das provas do ZTP, é o cão estar num grupo de pessoas, e à passagem de um outro exemplar, ele tem de se manter calmo, vigilante, mas calmo! logo, em ringue devia ser muito semelhante...
A questão aqui, antes demais, é que o boxer é uma raça de trabalho. Como qualquer raça de tabalho, tem que ser relativamente dominante e seguro de si. Essa mesma dominancia, como é logica reflete-se na disputa de espaço para com outros cães - especialmente os do mesmo sexo.

Como tal, os expositores utilizam esta faceta dos cães para os melhor exporem em ringue/exposição.
Se nesses eventos, os expositores não conseguem controlar os cães, a culpa recai nos mesmo e não nos canitos

Diz e bem, que nas provas de trabalho o condutor deverá ter 100% controlo sobre o exemplar, e tem!

A questão aqui, é que nas expos utilizam - e repetindo-me novamente - essa faceta para melhor os apresentarem, enquanto nas provas de trabalho tal faceta é canalisada para outros aspectos.

Não percebo qual a confusao aqui

nanci
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pedrobaleia
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sexta set 22, 2006 5:15 pm

repetida...
Última edição por pedrobaleia em sexta set 22, 2006 5:17 pm, editado 1 vez no total.
pedrobaleia
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sexta set 22, 2006 5:15 pm

cindelp escreveu:
Ainda não percebi ... de que maneira um chanfro curto (seja largo ou estreito) aumenta a capacidade de mordida
se considerarmos a mesma massa muscular a exercer força numa mandíbula mais curta e mais larga, penso que teremos uma força maior com sensivelmente a mesma área de pressão(menos comprimento, mas mais largura...), mas esta opinião é baseada num pensamento que tem em atenção apenas a física, pelo que em termos de canicultura poderei estar a dizer uma barbaridade...

ana:

eu até consigo desculpar os donos ou hanlers que entram num ring sabendo que numa situação de stress não conseguirão controlar o cão, o que me custa aceitar e desculpar, é um juiz que permite este tipo de confrontação em ringue sem expulsar os donos/handlers e consequentemente, os cães, ainda que um ou mesmo os dois cães sejam belíssimos exemplares!!
N0kas
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sábado set 23, 2006 11:13 am

Um juíz pode e deve fazê-lo sempre que o assunto chegue a vias de facto! O problema é que não o fazem, e até há casos mais graves que nem esses são considerados...

Um cão rosnar ou mesmo tentar atacar o outro em ring e o dono puxá-lo imediatamente e pedir desculpa não só ao dono do cão mas aos espectadores e membros do ring é algo que deve ser perdoado... porque dentro de rings, principalmente quando são pequenos, estas coisas acontecem...

Agora o cão chegar a vias de facto é caso para expulsão porque por muito próximos que os cães se encontrem, a menos que uma coleira se parta, os donos conseguem efectivamente evitar o conflito... se não evitam das duas uma, ou estão a olhar pra ontem ou são tótós!!!

O que eu acho também igualmente grave é o cão atacar o juíz, mesmo que seja por um momento... e o juíz não fazer nada... Porque uma coisa é um cão, devido à rivalidade natural da espécie, disputar com outro cão a supremacia... outra coisa é tentar morder no juíz quando este se aproxima... e eu já vi casos destes! :o Porque um cão que o faz ou é desconfiado, ou tem medo da "mão humana", ou é agressivo... e qualquer um destes componentes de carácter são reprováveis na raça!!!


Quanto ao focinho vs. trabalho:

Deixe-me dizer-lhe Pedro que um focinho demasiado curto só prejudica o trabalho... Vamos por partes:

Um focinho mais curto e largo EM RELAÇÃO ÀS RAÇAS CANINAS GERAIS, ou seja, um focinho mais curto e mais largo que o standard canino geral (um cão mais assemelhado morfologicamente ao lobo é o dito geral) vai efectivamente criar mais potência na mordida tendo em conta a área abrangida pelo maxilar....

Agora um focinho mais curto EM RELAÇÃO AO BOXER é totalmente diferente! Não nos podemos esquecer de duas coisas muito importantes caracterizantes da raça:
1º) É um molosso braquicéfalo, sendo que o aspecto molossóide já vai aumentar a largura natural do focinho e cabeça e a braquicefalia vai encurtar o comprimento.
2º) É prognata, havendo um desvio natural do maxilar inferior para a frente relativamente ao superior.

O que acontece num cão com estas características quando lhe encurtamos o focinho???

O cão, pelas características naturais em que se insere a raça no 1º ponto (molossóide e braquicéfalo) vai aumentar grandemente a área de mordida relativamente a um pastor alemão, por exemplo...

Mas POR OUTRO LADO, o prognatismo vai "estragar" a pintura pois quanto mais desvio existir, mais dificuldade vai o cão apresentar na capacidade de presa, porque a dentição inferior não consegue encaixar na superior... experimente bater palmas com uma mão aberta e outra fechada, não batendo os dedos de uma na outra, e verifique se o efeito é tão satisfatório como quando bate com as duas mãos abertas.... na dentição do boxer é o que acontece, os dois maxilares não conseguem trabalhar em equipa se um estiver muito "desencaixado" do outro.

Quando encurtamos o focinho do boxer, esta situação, ao invés de se tornar vantajosa vai tornar-se cada vez mais prejudicante... se tivermos um cão com 1 dedo de focinho contra 4 dedos de maxilar inferior, onde é que acha que ele agarra alguma coisa??? Pode até ter o focinho mais largo do mundo, mas tudo lhe cai da boca como se estivesse untado em óleo!!!

Por isso o prognatismo no boxer se quer com um ideal de 1cm, mais do que 2cm é considerado prejudicante... o que se verifica cada vez mais não é um encurtamento para implementar melhor mordida, mas para hipertipar o boxer... facto este que tem a ver com estética somente e nunca com trabalho... a situação encontra-se tão problemática hoje em dia precisamente porque os boxers hipertipados, mesmo que seja só de focinho, não conseguem ter sucesso no trabalho...
pedrobaleia
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sábado set 23, 2006 12:12 pm

ok então! ignorância minha, mas o facto é, que os focinhos estão muitas vezes curtos demais, e os cães com esses focinhos mais curtos (hipertípicos...) continuam a entrar em ringue e a ganhar prémios!!
N0kas
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sábado set 23, 2006 12:35 pm

Pois mas pelo que tenho falado com outros criadores e pelo que tenho visto a nível de objectivos de selecção, principalmente agora em que os clubes, criadores e a comunidade em geral está a "abraçar" o trabalho (finalmente, pois os boxers SÃO cães de trabalho), é que se está a tentar combater essa tendência... ou pelo menos existe forte preocupação em combatê-la...

Eu tive oportunidade de debater um pouquinho isto com a juíza da Monográfica deste ano, visto ser alemã e os alemães serem sempre muito virados para a funcionalidade do cão, para além de terem muita rigorosidade no julgamento de cães e o que ela me disse é que de forma geral a Europa está a aperceber-se do exagero da hipertipicidade nos cães e na limitação que isso causa a nível de funcionalidade, pelo que ela consegue avaliar a nível geral nas novas gerações de boxers, isto é, neste momento, e relembro que não estou a falar de Portugal mas sim na Europa generalizada os cães jovens apresentam menos hipertipicidade em relação aos pais e avós, o que indica que os criadores estão a tentar equilibrar a balança, pois neste momento temos grandes e bonitos campeões que pelas suas características exageradas não são capazes de realizar trabalho que se iguale aos títulos de beleza que têm. CLaro que isto passa também por um "refazer de mentalidades" em que não só os criadores têm de se convencer que estamos a chegar ao 80, como os juízes têm de contribuir julgando favoravelmente os exemplares mais equilibrados... coisa que é mais difícil porque está de momento tudo demasiado enraizado na cabeça das pessoas :roll:

Pegando na minha cadela, ou melhor na mãe dela... A mãe da minha cadela apresenta por exemplo hipertipicidade a nível de comprimento de chanfro e no tamanho, ou seja, é demasiado curta e demasiado grande... Felizmente o criador teve o bom senso de contrabalançar a situação cruzando-a com um cão que apresenta chanfro mais comprido, menos prognatismo e tamanho relativo mais inferior... o resultado é que, apesar de alguns filhos apresentarem ainda características hipertípicas, como é o caso da minha cadela, a maioria foi "corrigida" e podem considerar-se cães equilibrados, tendo sido eliminada em grande parte a hipertipicidade...

Em suma, se queremos ter bons cães de trabalho, se queremos que eles realizem o ZTP em condições, temos de começar a esforçar-nos por seleccionar características que o facilitem, pois ninguém faz milagres, e um cão de chanfro demasiado curto não consegue realizar presa em condições...
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