Nutrição do ferret para uma saúde perfeita
Este texto é baseado num artigo escrito por Thomas R. Willard, mestre e PhD em nutrição animal e bioquímica. O nutricionista, com mais de 24 anos de experiência na indústria de rações, explica os motivos pelos quais ferrets não devem ser alimentados com ração de gato, e fornece informações para uma dieta saudável para o ferret.
Ao longo dos últimos cinco anos, muitos artigos foram escritos (alguns disponíveis na Internet) sobre a alimentação de ferrets. Infelizmente, nem toda informação tem sido correta, ou tenha qualquer embasamento científico. Às vezes, as informações não possuem base nem no senso comum nutricional, ao contrário, são suposições e recomendações que beiram ao ridículo.
Recomendações como dietas vegetarianas, ração de baixos teores de gordura, carne crua ou cozida, misturada com leite e pão, rações de gato (e de filhotes de gato) e até mesmo biscoitos de cachorro têm sido recomendados para ferrets. Pior, existem de fato recomendações incentivando a inclusão de vegetais, frutas e uma série de suplementos com virtual abandono dos requisitos alimentares reais do ferret.
Tendo isto em mente, vamos rever alguns princípios da ciência da nutrição, que esperamos vão dispersar essas recomendações esotéricas.
Que tipo de alimentos estão disponíveis?
Você já sabe que os ferrets são muito bonitinhos, e se você possui um, dois ou mais, não precisa de outra fonte de diversão. Muitos de vocês sabem que ferrets são estritamente carnívoros, o que significa que precisam de uma alimentação diária baseada em carne para a sua sobrevivência. Apenas este fato já deveria ser suficiente para esclarecer que ferrets não precisam de alimentos como uvas passas, bananas e maçãs, ou proteínas vegetais como farinha glúten de milho e farinha de soja. Evite alimentos com pedaços de frutas secas, especialmente maçãs. Um pedaço de fruta seca grande o suficiente pode causar bloqueio intestinal.
Existem rações de ferret que possuem estes ingredientes. Elas podem ser mais baratas que outras rações de ferret, mas não recomendo que sejam usadas, principalmente se forem a principal ração usada. Proteínas vegetais são muito mais baratas que carne. Por isso, muitas empresas produzem a ração baseada no preço, não na qualidade ou valor nutritivo. Tenho fortes suspeitas que muitas empresas jamais realizaram um estudo controlado de longo prazo sobre a alimentação do ferret. De outra forma, perceberiam que os ferrets não sobreviveriam com a ração deles sem suplementos.
Rações para gatos adultos e filhotes freqüentemente contém muitos desses ingredientes de baixa qualidade. E falando de rações de gato, um ponto importante a notar é que elas nunca foram formuladas, testadas, nem aprovadas cientificamente para a alimentação de ferrets.
Nos Estados Unidos, não havia ração específica para ferrets antes de 1990. Muitos donos de ferrets bem como veterinários recomendavam a ração de gato. E note que sempre foram recomendadas as rações do tipo "premium". Como os ferrets precisam de alimento com uma quantidade maior de proteína de origem animal, bem como índices altos de gordura, estas foram as únicas opções para os donos de ferret. Infelizmente, devido à falta inicial de uma ração específica, muitos donos de ferret e até alguns veterinários acreditam que ainda hoje esta seja uma recomendação satisfatória. Enfaticamente falando, não é!
Adicionalmente, há alguns especialistas em ferrets que recomendam ração de gato, pois acreditam que o ferret precisa de uma variedade de formatos, sabores e fontes de proteína, ou acreditam que ração de gato fornece uma ração mais balanceada para o ferret que as testadas e aprovadas rações específicas para ferret. Também estão errados.
De que forma o ferret difere do gato?
Fisiologicamente, ferrets são muito diferentes dos gatos. Eles possuem uma anatomia digestiva completamente diferente. Consequentemente, eles têm uma necessidade nutricional completamente diferente. Considere por um momento as diferenças entre cachorros e gatos. Todo mundo sabe que gatos são fisiologicamente diferentes dos cachorros. Gatos são obrigatoriamente carnívoros enquanto os cachorros não são. Cachorros até podem comer ração de gato, mas gatos não comem ração de cachorro. Da mesma forma, gatos não podem ser alimentados com ração de cachorro, mesmo que seja ração super premium. Se um cachorro é alimentado com ração de gato por um período mais longo, desenvolverá uma série de deficiências nutricionais.
Ferrets têm mais diferenças na anatomia do seu sistema digestivo que gatos diferem de cachorros. Dessa forma, deveria ser de fácil compreensão que as necessidades nutricionais dos ferrets são bem diferentes dos gatos. É essa unicidade fisiológica que dita as necessidades nutricionais de um ferret.
Quais são essas diferenças que tornam os ferrets tão únicos e torna a alimentação tão diferente da dos gatos? Para iniciar, todos os outros animais domésticos possuem um ceco, ou cécum, que ajuda na digestão de carboidratos e alimentos fibrosos. O ceco é algo como uma bolsa que fica entre o intestino grosso e delgado. Ele contém bactérias e enzimas que auxiliam na digestão dos alimentos citados.
Cachorros possuem um ceco relativamente grande, e podem digerir entre 25 e 45% dos carboidratos complexos encontrados na ração. Gatos possuem um ceco menor, mas podem digerir entre 15 a 35% dos componentes da ração. Ferrets, pelo outro lado, não possuem ceco, nem as enzimas e bactérias normalmente encontradas aí, ambos necessários para a digestão de fibras e carboidratos complexos. Conseqüentemente, eles podem digerir menos que 5% destes carboidratos.
Mais uma diferença anatômica importante é que o cólon (porção do intestino grosso, entre o ceco e o reto) do ferret constitui apenas 5% do trato digestivo. Na maioria dos outros animais, ele representa pelo menos 20% ou mais.
Em todos os outros animais, o cólon contém dobras microscópicas e estruturas capilares, que auxiliam na absorção de nutrientes no cólon. A ausência dessas dobras e filamentos no ferrets reduz dramaticamente a área e eficiência de absorção do intestino grosso.
O gato possui um cólon significativamente mais longo, possuindo tanto as dobras como os filamentos, aumentando assim a capacidade de absorção. Gatos evoluíram de ancestrais que viviam no deserto que possuem a capacidade de reabsorver água no seu metabolismo, bem como os nutrientes nela contidos. Gatos podem reabsorver 60 a 70% da água contida no seu trato digestivo, permitindo-lhes beber apenas 7% do seu peso em água diariamente.
Ferrets, pelo outro lado, podem reabsorver menos que 10% de água e nutrientes que chegam até o cólon, aumentando a necessidade de reposição de água para 12% do seu peso corporal a cada dia. Os nutrientes dissolvidos na água que chega até o cólon também são absorvidos de forma limitada. Este fato é evidente a todos que já observaram algum ferret. Ferrets bebem água por 15 vezes ou mais durante o dia. Quando ficam sem água, ficam rapidamente desidratados e podem facilmente morrer de ataque cardíaco, especialmente quando se encontrarem num ambiente quente e fechado.
A terceira diferença significativa entre ferrets e gatos é a duração da digestão. Quando um gato come a sua ração, esta leva aproximadamente 7 horas atravessar o organismo. Em comparação, este mesmo processo leva apenas 3,5 a 4 horas no ferret. Um gato precisa apenas duas a três refeições por dia, enquanto que o ferret precisa ter comida à disposição permanentemente.
Como estas diferenças gastrointestinais afetam os requisitos alimentares do ferret?
Vamos considerar as duas categorias principais de nutrientes, proteínas e gorduras, e como elas diferem em rações de gato e de ferret.
As fontes de proteína e requisitos de qualidade são significativamente diferentes entre rações de gato e de ferret. Gatos, como ferrets, são carnívoros, como dissemos anteriormente. Porém, o nível de proteína e requisitos de qualidade são bem mais altos para ferrets por causa do seu sistema digestivo pouco eficiente, pelas diferenças anatômicas e metabolismo, como descritos anteriormente. Como demonstrado, o ferret possui um sistema digestivo menos eficaz que o gato. Dessa forma, ele precisa de um nível mais alto de proteína do que o necessário para um gato.
O nível ideal para ferrets ativos ou em fase de crescimento é de 36 a 37%. Mas isto vale apenas se a proteína for de alto valor biológico (ou BV, significando que pode ser digerida facilmente e utilizada pelo animal para criação de músculos e corpos firmes). Gatos precisam apenas de 30 a 32% de proteína para satisfazer as suas necessidades nutricionais. Mesmo assim, o nível de atividade de um gato, mesmo quando filhote, não é nada quando comparado ao ferret.
Quando as fontes de proteínas numa ração de ferret são analisadas, é necessário procurar por ingredientes que possuem alto valor biológico e que sejam de origem animal. Encontram-se nessa categoria farinhas de subprodutos de frango tipo premium, ovo, derivados de ovo, frango, fígado de frango e farinha de fígado.
Geralmente, quando uma ração possui de 38 a 40% de proteína ou mais, isso quer dizer que a qualidade dessa proteína ou valor de BV são baixos, e que o ferret não será capaz de digerir essa ração muito bem. Quando um ferret recebe dessa ração, terá que comer mais dela logo em seguida, criando um volume maior de fezes e uma qualidade de vida inferior para o animal. Adicionalmente, o custo para o consumo diário dessa ração será mais alto do que se estivesse dando uma ração de qualidade específica para ferret. Em outras palavras, apenas um índice mais alto de proteína não é necessariamente melhor!
Quando considerar essas rações de altos teores de proteína, veja os ingredientes. Muitas rações contém farinha de aves, farinha de carne, farinha de carneiro, farinha de soja ou de glúten de milho como principais fontes de proteína. Todos esses ingredientes têm um baixo valor biológico e não são indicados para ferrets.
A mais importante consideração a seguir, após a análise das fontes de proteína, é o nível dos ingredientes primários de proteína na composição. Isto pode ser determinado olhando a relação de ingredientes da embalagem. Observa-se a listagem no idioma original do fabricante, não da etiqueta traduzida, que geralmente lista - por algum motivo esotérico - a composição do produtos numa ordem completamente diferente. Ingredientes como farinha de arenque, peixe seco, farinha de peixe, farinhas de osso e de carne, bem como farinha de carneiro não deverão estar listados como um ou mais dos três primeiros ingredientes da ração. O valor biológico desses materiais é normalmente mais baixo que os listados no parágrafo anterior. Assim, rações com essas fontes primárias de proteína devem ter um índice de 40% ou superior para fornecer o mesmo nível de proteína e aminoácidos essenciais que as rações de 36% de proteína que obtém sua proteína principalmente de subprodutos de frango e ovos. Em outras palavras, uma ração de 36% de proteína que tem como fontes primárias de proteína farinhas de subprodutos de frango e ovo, tendo estes produtos como sendo como sendo dois dos três primeiros ingredientes, é melhor sob ponto de vista nutricional que uma ração de 40% de proteína ou superior, que usa farinha de arenque, farinha de aves, farinha de carne, farinha de soja,milho moído ou carne de peixe, com dois desses itens listados entre os três primeiros ingredientes. Tanto é verdade que o excesso de proteína precisa ser eliminado pelo rim, aumentando a produção de urina.
Agora vamos considerar o nível de gordura requerido pelo ferret para perfeita saúde e nutrição. A quantidade de gordura ideal na ração para uma boa condição da pelagem e do couro, atividade, saúde e bom estar deverá estar entre 22 a 25%. Ferrets necessitam de níveis mais elevadas de energia em forma de gordura que outros animais de companhia, parcialmente por causa do seu curto trato digestivo, e em parte também pelo seu nível de atividade e metabolismo mais elevado.
Esta é uma outra grande diferença entre ferrets e gatos. Gatos vivem bem com uma ração de apenas 8% de gordura, porém um ferret iria morrer por causa de deficiências de energia calórica, ácidos graxos essenciais e vitamínicas. Esta é outro motivo pelo qual rações de gato obrigatoriamente precisam ser complementados com condicionadores para o couro e pêlo, além de vitaminas, minerais e gorduras, quando oferecidas para ferrets.
Mesmo que algumas rações premium de gato tenham níveis de gordura de até 22%, não recomendo o seu uso a longo prazo. Rações com níveis de gordura abaixo dos 20% só devem ser dados para ferrets adultos mais velhos e menos ativos. Mesmo que alguns ferrets possam ganhar peso à medida que ficam mais velhos e se tornam menos ativos, não se deve baixar o nível de gordura sem balancear também os níveis de proteína, vitaminas e minerais, pois isto poderá ser perigoso para o ferret mais idoso.
Quais as melhores fontes de gorduras para ferrets?
Ao avaliar uma quantidade de gordura na ração de ferret, deve-se exigir gordura de galinha ou aves como sendo a fonte de energia primária, e esta deve estar listada entre os primeiros quatro ingredientes. Estas são fontes de energia de fácil digestão e adequados para o paladar do ferret. Fontes de gordura de qualidade inferior como gordura animal, graxa branca ou sebo não são recomendados em absoluto, e não devem fazer parte de uma ração de qualidade. Devido à má digestibilidade e falta de balanceamento de óleos essenciais e graxos ômega, os ferrets que comem este tipo de ração terão pelagem ensebada, além de um couro seco e escamoso.
Se ferrets podem digerir apenas carboidratos simples, quais ingredientes são as melhores fontes?
Rações que contenham dois ou mais carboidratos, como farinha de milho, farinha de soja, arroz integral, arroz de cervejeiro, milho, trigo ou farinha de trigo entre os quatro primeiros componentes da ração não devem ser consideradas como sendo de qualidade adequada para ferrets. Além disso, a digestibilidade de carboidratos simples e complexos será inferior nestas rações. Estes ingredientes, quando encontrados em altos níveis na ração, podem causar fezes moles e outros problemas de digestão em alguns ferrets.
Farinha de arroz e de batata são outras fontes de carboidratos simples, ambos de alta digeribilidade e palatibilidade, e providenciam uma textura adequada para uma ração crocante. Apesar de milho, trigo, farinha de trigo, arroz, arroz de cervejeiro, arroz integral, cevada ou grão de milho serem boas fontes de carboidratos digeríveis, eles não devem aparecer antes do quinto ou sexto elemento no rótulo. Níveis elevados desses amidos geralmente significam uma ração de qualidade pobre e reduzida digestibilidade, causando um volume maior de fezes.
Por que demorou tanto tempo para desenvolver uma ração balanceada para ferret?
Os donos de ferret mais velhos que tenham vivido os anos 60 e 70 devem lembrar que nesta época nem ração de gato existia. Na verdade, a primeira ração seca extrusada moderna disponível no supermercado foi ração de cachorro, e mesmo essa não havia sido inventada antes dos anos 50. Rações de gato só apareceram no final dos anos 60 e meados dos anos 70 nos supermercados.
Antes deste tempo, muitos donos de gato alimentaram seus animais com ração de cachorro. E qual não foi a surpresa, após algumas visitas aos veterinários, que se descobriu que eles tinham que dar suplementos para as dietas dos gatos, incluindo vitaminas, minerais e carne fresca ou leite, para deixar a ração mais adequada nutricionalmente para o gato.
Apenas no final dos anos 70 se compreendeu as necessidades nutricionais dos gatos. E este conhecimento foi adquirido por fabricantes de ração responsáveis que realizaram estudos, e fundaram projetos de pesquisa coletivos a longo prazo, procurando obter as necessidades nutricionais do gato. Até então não existia uma ração balanceada nutricionalmente para o gato, e este processo todo levou entre 20 a 25 anos para ser completado.
Ferrets foram domesticados há mais de 2000 anos, e de acordo com algumas fontes, até antes dos gatos. Eles tem sido animais de estimação e de trabalho. Ferrets também já foram usados como animais em laboratório para estudos relacionados com doenças por muitos anos, e eles têm substituído os gatos em muitos projetos de pesquisa.
Mas os ferrets só se tornaram um animal de estimação em massa no final dos anos 80. Este é o motivo pelo qual, além de uma falta de dados de pesquisa definitivos, o desenvolvimento de rações adequados aos requisitos do ferret foram atrasados. Foi apenas em 1989 que o Dr. James Fox publicou o seu livro "Biology and Diseases of the Ferret", onde vários dos requisitos nutricionais do ferret foram listados.
Mesmo que o Dr. Fox não tenha fornecido recomendações específicas dos níveis de nutrientes, ele forneceu orientações gerais baseadas em dietas de ferret disponíveis naquele tempo. Partindo desta informação, em 1992, comecei a avaliar diversos ingredientes e dietas formuladas para determinar o nível de nutrientes necessário para o ferret. Este processo demorou mais de dois anos, e apenas em 1994 as pesquisas foram terminadas e uma nova ração foi introduzida ao mercado, a Totally Ferret. Esta foi a primeira ração de ferret disponível comercialmente que havia sido testada em ferrets e provou ser nutricionalmente completa e balanceada, fornecendo todos os nutrientes necessários para filhotes em fase de crescimento, adultos e fêmeas grávidas e em fase de amamentação.
Os dados destes testes foram apresentados em duas conferências de veterinários, uma em 1994 e a outra em 1997. Conheço apenas mais uma outra ração cujo fabricante alega que tenha sido desenvolvida com estudos de alimentação a longo prazo.
Por que não alimentar o ferret com ração de gato?
Cobrimos aqui em detalhes as diferenças entre gatos e ferrets, e como elas se refletem nos requisitos alimentares. Também demonstramos o motivo pelo qual não podem e não devem receber ração de gato.
Usando as informações disponíveis neste artigo, bem como nos livros citados abaixo, você pode fazer uma opção baseada em informação, e você tem uma opção. Como dito, existem pelo menos duas rações tipo premium, testadas e aprovadas para ferrets, então você não precisa dar ração de gato para o seu ferret. Pode ser que você tenha que fazer alguma pesquisa, procurar algumas comunidades de donos de ferret ou outras associações de ferret, mas por favor não faça a bobagem de dar uma ração que não tenha sido testada em ferret, e que não satisfaça os requisitos estritamente carnívoros dele.
Você poderá ler mais na outra parte desses documentos, Análise de rações tendo em vista as necessidades nutricionais do ferret.
A tradução e publicação deste artigo no ILMF foi pessoalmente permitida pelo Dr. Thomas R. Willard. Caso você tiver dúvidas quanto à alimentação, você pode contactá-lo, em inglês, pelo endereço de e-mail
[email protected].
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Referências bibliográficas
The Pet Ferret Owner's Manual, de Judith A. Bell
Biology and Diseases of the Ferret, de James G. Fox
Ferrets, Rabbits and Rodents: Clinical Medicine and Surgery, de Elizabeth V. Hillyer
A Pratical Guide to Ferret Care, de Deborah A. Jeans
Ferrets USA Magazine
The F.A.I.R. Report, de Mary Van Dahm