MANUAL PARA A CRIAÇÃO DE CÂES!
Para saber-se o mais menor...
Aprender a conhecer a genética e os seus princípios é um dever para todo aquele que quer dedicar-se a criar animais, sejam eles periquitos ou cães. Graças à esta ciência, o novato guardar-se-á em colocar as suas esperanças num nível demasiado elevado e não terá nenhuma veleidade que o deixe imaginar que uma raça pode ser melhorada logo na primeira ninhada de forma capital e definitiva; e não se perderá também em caminhos que pode evitar. Infelizmente, esta ciência da transmissão dos caracteres hereditários não é muito aprimorada pelos criadores e até mesmo pelos supervisores de criação dos clubes das diferentes raças. Não é por falta de interesse, mas o profano tem por vezes dificuldade em assimilar o vocabulário complicado dos geneticistas, dos cientistas que cuidam do estudo da hereditariedade. Durante toda a sua escolaridade, o mais comum dos mortais quase nunca ouviu falar das leis da hereditariedade, até mesmo nos cursos de biologia da escola primária. Os peritos dos exames para juízes do CPC, dar-se-ão certamente conta de que há ainda neste domínio todo um campo de actividade a explorar; ao qual é necessário dar-se inicio com prudência. Não sou geneticista e sem a experiência que adquiri, nunca teria ousado falar de genética neste artigo. O objectivo deste meu artigo é destacar alguns princípios de genética. Sou apenas um criador com alguma prática que se dirige o mais humildemente possível a um outro criador, com pouco ou nenhuma experiência.
A metade da beleza passa pela boca.
Não devemos tomar este provérbio muito a risca. Esta expressão “passa pela boca” não contempla única e exclusivamente o alimento; este é certamente muito importante, mas mais importantes são as condições em que o cachorro é gerado, vê a luz do dia e cresce. É este o ambiente, o meio primordial e que determina o valor futuro de um cão como indevido de exposição ou de utilidade.
O que possa faltar ou falhar a um jovem cão durante os 6 primeiros meses da sua existência tarde ou nunca mais se ira poder proporcionar-lhe, sendo isto por vezes impossível de se corrigir.
O ambiente do jovem cão exerce a sua influência já aquando do acasalamento dos seus pais; as condições nas quais se encontram os progenitores aquando deste acto constituem um factor essencial do meio, que marca esta jovem vida no seu começo.
Importantes também como factores ambientais são o alimento e os cuidados à mãe gestante durante as nove semanas seguintes; são decisivas para o desenvolvimento dos cachorros. Muitos defeitos que o criador considera como congénitos ou hereditários são devidos na realidade a más influências do meio. É evidente que o estado dos cachorros a nascença é a resultante de dois factores decisivos: hereditariedade e influência do meio. As patas tortas, por exemplo, podem ser devidas ao raquitismo, que não é hereditário; trata-se de uma doença de carência por defeito de alimento e de cuidados; mas as patas tortas podem também ser uma disposição hereditária; não servindo então de nada dar cálcio e vitaminas. Os criadores de Teckel e de Baixotes parecem disso terem algum conhecimento; este carácter hereditário é também o privilégio de outras raças. Um forte parasitismo intestinal da mãe durante a gestação pode provocar uma intoxicação parasitária por sua vez já grave em cachorros a nascença; morrendo então estes durante os primeiros dias da sua existência por uma infecção anódina. O criador fala então de “hereditariedade letal"; isto existe indubitavelmente, mas já voltaremos a falar disso mais tarde.
Até as deformidades não são necessariamente defeitos hereditários; podem ser devidas à influência do meio (rabo defeituoso, ausência de um membro, etc....), das doenças virais da cadela, por exemplo a hepatite, podem ser transmitidas aos cachorros e perturba-los gravemente. Os médicos falam então embryopathie. Quando aparecem defeitos congénitos, o criador tem sempre tendência a considera-los como hereditários e a tornar o macho como responsável, desde que este não lhe pertença. Continua sendo penoso confessar que algo nos escapou e que com isso, cometeu-se uma falta!
A sabedoria popular ensina-nos duas noções primordiais em criação: o completo desenvolvimento de um animal é devido numa metade aos cuidados; e na outra metade, raramente se diz, o mesmo escapa à nossa influência. Quando se fala de metade, não é necessário ser-se muito exigente do ponto de vista da aritmética; é exactamente o que animal recebe dos seus antepassados, suas disposições, sua personalidade, que os seus pais lhes transmitem; sob a influência do meio, elas são activadas durante o desenvolvimento do indivíduo e com isso ficam aparentes. É necessário fazer uma estrita distinção entre o exterior de um cão, a sua aparência, o seu fenotipo em linguagem genética, e o que ele recebe dos seus antepassados e transmite aos seus descendentes, tais como a sua constituição genética, a sua bagagem hereditária, o seu gênótipo.
Sigam os próximos capítulos contínua brevemente --»

Assinado o autor: WUSV