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Enviado: terça fev 03, 2004 7:33 pm
por daktari
CRIADOR É FACIL INTITULAR-SE.
Quem tem uma cadela em cio, certamente arranjará um cão para a fecundar.
Nove semanas depois é um criador de cães....
Até parece uma receita culinária!
Se fosse assim tão simples não seria necessário escrever este artigo. Não devemos confundir criar cães , com multiplicar cães.
Ser criador significa
Ø Melhorar uma raça, agora e sempre.
Ø Não poupar tempo, nem trabalho.
Ø Ter amor aos animais.
Como é óbvio, ser criador não é trabalho fácil. Antes de mais é indispensável amar os animais, sem o que não conseguiríamos o objectivo primordial. Esse sentimento não pode ser fraco, mas sim poderoso, porque por vezes terá que haver vítimas. Mas esta carolice também não deve ser cega de forma a impedir o criador, no seu interesse, presente e futuro, de agir pelo bem da raça que escolheu.
Para além do amor dispensado a todos os animais, o criador deve ser capaz de eliminar imparcialmente um cachorro, que à nascença apresente defeitos.
Talvez deva ainda, no interesse evidente dos próprios cachorros a criar, suprimir animais de perfeita saúde, quando a ninhada for excessivamente numerosa, o que nem sempre é fácil tendo em conta que poderá acontecer eliminar por vezes um ou mais cachorros de grande valor em prejuízo de outros, que poderão mais tarde revelar anomalias.
Criar cães com um objectivo bem definido exige do criador uma certa dureza, ao contrário dos seus próprios sentimentos para com os seus protegidos. Assim aquele que recuar perante esta dureza não terá estofo de criador. À sua firmeza de carácter será ainda posta a rude prova, aquando da colocação dos cachorros por si criados em boas mãos, pois as experiências com alguns com alguns proprietários de jovens cães são muitas vezes ocasião de depressão e dissabores. Julga-se ter encontrado o dono que convinha, mas, semanas depois, verifica-se o contrário o cão que criámos com todos os cuidados estragou-se por mimos de um proprietário ignorante, que agora já não gosta dele. Porém, o cão com a sua percepção também já não lhe corresponde. E, regra geral, o proprietário vai exigir ao criador, que retome o cão que ele estragou, pedindo-lhe um preço superior ao da compra, pois «não se tratou um cão todo este tempo por nada». Inútil fazer entender a esses proprietários, que a culpa não é do cão, mas sim deles. Que não se devolve um cão trocando-o como a um objecto qualquer. Melhor dizendo, não entendem que um cão não é uma mercadoria, mas sim um ser vivo, que tem direitos e perante quem tem obrigações. Este género de dificuldades repugnam, por vezes, muito bons criadores. È pena! Talvez fossem estes os melhores criadores.
Quando criamos cães devemos saber suportar os homens, juízo seja feito, no entanto, e com satisfação, que é graças aos cães, que também concretizamos agradáveis relações, tendo a oportunidade de travar conhecimento com grande número de gentis pessoas.
Deve ainda o criador a quem acontece ter algum êxito, suportar a inveja sentida por aqueles colegas que nada conseguirão por incapacidade própria e que procurarão possivelmente prejudicá-lo. Certos criadores só se refazem disto com dificuldade, acabando às vezes por virar a costas à Cinologia, cheios de amargura e com certa estupefacção.
O criador tem ainda o dever de habituar os cachorros a serem asseados desde tenra idade a fim de evitar que eles cresçam como “porquinhos”, consagrando também grande parte do seu tempo à limpeza do canil e a pentear e escovar os cães.
É necessário, não só aos cachorros como também ao criador, dispor de imenso espaço, pois os animais dejectam várias vezes ao dia, o que implica ter o criador que se baixar e voltar a baixar-se multiplicando assim o seu trabalho, não sendo este de modo algum indicado a pessoas com saúde delicada.
O criador deve ele mesmo, cuidar dos cachorros desde muito cedo. O contacto com o homem é dos mais importantes para o desenvolvimento psíquico do cão, sendo-lhe esta ocasião proporcionada pelos cuidados corporais diários. Escovar e pentear, quanto mais não seja, uma ninhada de 5 ou 6 cachorros, controlando cada um deles uma vez por dia, toma-lhe muito tempo. Quem não dispõe desse tempo não deverá dedicar-se à criação de cães.
A criação de uma ninhada não se faz sem problemas . Apresentam-de variados variadíssimas dificuldades começando talvez pelo nascimento, seguindo-se os cachorros que adoecem e morrem, e alguns que também se desenvolvem mal. Todos estes factores fazem parte da criação e aquele que não quiser admitir isto nunca será um verdadeiro criador.
Mas isto não acaba aqui!
Não sendo a perfeição uma dádiva do céu, ainda não aconteceu um criador nato cair do céu.
Ter vontade de aprender cada vez mais é essencial para que o criador adquira os seus galões. Está claro que alguns pretendem já tudo saber após terem criado com algum êxito uma ou duas ninhadas, profetizando os seus conselhos a torto e a direito, sendo o verdadeiro entendido aquele que, mesmo após dez ninhadas, revê o seu julgamento, modificando a sua opinião, no caso desta se revelar errada, conversando com outros criadores e tirando partidos disso. Será sempre este criador um estudioso da literatura respeitante à criação, comparando sempre os seus cães com os dos outros e evitando tomadas de posição.
Tudo isto se pode abarcar, se tivermos muito boa vontade. No entanto, saber diferenciar intuitivamente o essencial é um dote, que não se possui, mas que se pode cultivar.
Na sua área o criador é um artista comparável a um escultor, que vê no bloco de pedra a estátua já realizada. Pois ao primeiro golpe de vista o criador deve captar o que determina o valor de um cão, sabendo diferenciar particularmente, se este ou aquele cão é precioso ou não para a sua criação. Aquele que é dotado para a criação ainda será falado daqui a alguns anos nos meios da canicultura como um grande perfeccionista da raça.
Você não tem esses dotes? Não desencoraje!
Nem todos os cães são campeões, assim como os criadores também não o são. O nível de uma raça depende da qualidade média dos criadores, daqueles que com zelo e dedicação compreendem que se deve manter e reforçar o que com talento criativo foi feito pelos outros. Sem esta média o criador mais dotado trabalha no vazio. Como o escultor precisa de um bloco de pedra bruta para a sua obra, assim o criador de elite tem de começar com o material de criação que existe, fazendo progredir a raça tanto quanto melhor for a matéria prima de base. O pequeno criador que põe essa matéria –prima à disposição, tem tanto valor quanto o criador experiente que fixa a meta a atingir.
As boas intenções de nada servem se não se dispuser de espaço suficiente para passar à execução dos seus projectos de criação. È ser optimista e idealista se pensar criar a primeira ninhada em casa, no seu lar. Nada resiste à actividade dos cachorros em crescimento. Nem os tapetes, nem o jardim, e muito menos o protagonista dessa ideia. Neste caso, qualquer criador teria arruinado os seus projectos se não construísse um canil provisório para esta primeira ninhada e um definitivo para as seguintes. Não pode ser de outra maneira, mesmo com raças pequenas! É necessário aos jovens cães estarem ao ar livre. Faz-lhes falta o contacto com a natureza e não podemos, nem devemos criá-los como flores de estufa. Tal como para as crianças, é vantajoso que os cachorros estejam em contacto com todos os tipos de bactérias e vírus, de forma a que façam as suas doenças de infância enquanto são jovens e não quando forem adultos. Eles ficarão assim imunizados e ao abrigo de muitos problemas.
Da mesma forma, os cães em crescimento devem acostumar-se desde a mais tenra idade, ao clima das quatro estações, ora molhando-se, ora suportando o sole o frio. Eles terão o beneficio de tudo isto mais tarde.
É também importante para o criador participar num grande número de exposições no seu país, assim como no estrangeiro, com cães por ele criados. Claro que isto implica o dispêndio de muito tempo e dinheiro. Tendo esta regra já feito as suas provas, o bom criador deve cingir-se a uma só ninhada por ano, por cadela, não fazendo reproduzir antes dos vinte e quatro meses de idade e não permitindo a sua cópula com cães machos de idade inferior. Previamente o criador terá tomado conhecimento se existem prescrições de criação elaboradas e estabelecidas pelo clube especializado da raça que o interessa, pois grande parte destes clubes editaram regulamentos restritivos e cuidam que eles sejam observados e respeitados. Não pretendo aqui julgar se este ou aquele dirigismo é necessário ou não, quero simplesmente acreditar que esses regulamentos foram estabelecidos no interesse da raça, para a sua continuidade e progresso, inclinando-me perante o facto de que, se estes não forem cumpridos e respeitados, nenhum certificado de ascendência será obtido.
Não será talvez o caso no nosso país, visto ainda se admitirem em Portugal e no Clube Português de Canicultura cães de R.I. (Registo inicial), não se fazendo um controlo rigoroso das ninhadas, e não sendo também obrigatória a tatuagem nos cães de raça por parte dos criadores aquando da inscrição inicial desses no L.O.P (Livro de origens Português).Pois a identificação na maioria dos casos só é praticada após a venda dos cachorros, sendo os compradores da altura então obrigados a procederem a identificação dos seus animais em virtude de existirem exigências impostas pelo CPC só aquando dos pedidos de transferencia de propriedade assim como para na obtenção do LOP definitivo nesse mesmo órgão por parte dos supostos interessados. Tudo isto não faz muito sentido pois na verdade se controle houvesse teria de ser os criadores a proceder a identificação dos seus produtos aquando do nascimento dos mesmos e não os compradores a faze-lo após aquisição desses. Será isto uma lacuna provisória? O futuro nos dirá!
Por várias razões é desaconselhável praticar a criação de cães de “ raça pura, mas sem pedigree”(?!), como se pode por vezes ler nalguns anúncios. O que poderá significar « raça pura, mas sem pedigree»?
A pureza de uma raça deve precisamente ser notificada e comprovada pelo certificado de ascendência. Aquele que o não tem não pode pretender sem mais que o seu cão seja de raça pura.
Com a organização cinológica actual que é bastante restrita, é praticamente impossível tomar parte numa prova de trabalho com um cão sem documentos comprovativos de ascendência, assim como participar numa exposição de beleza com esses mesmos exemplares, sendo ainda invalidados os descendentes de tais animais, que como é obvio também não irão conseguir os seus pedigrees.
Devemos ainda desconfiar daqueles que não registam todos os cachorros de uma ninhada, fazendo venda dos mesmos, assim como daqueles que nas suas instalações possuem exemplares não registados. Fariam melhor estes comerciantes de cães procurar outro ramo mais lucrativo.
Julgo eu que é lógico que tal não entre no âmbito do criador sério e que sito nem sequer seja por ele considerado.
Na altura da reprodução da sua cadela, esta anuncia-se aos cinólogos responsáveis da sua zona e em tempo oportuno segundo as directivas de criação, ela confirma-se conscientemente.
Na maior parte do tempo os órgãos dos clubes existem para dar conselhos ao principiante e se necessário ajudarem-no. Por isso é de grnde vantagem para o criador fazer parte dessas organizações, tornando-se sócio, como membro activo.
É pena que alguns criadores façam pouco caso das leis da hereditariedade, dando assim muitas vezes origem à multiplicação de taras graves dos progenitores através da sua reprodução, não tendo aqueles feito um estudo de ascendência suficientemente aprofundado. Mas diga-se que a responsabilidade é também dos juizes de exposições para os quais julgar não é fácil, podendo acontecer por vezes atribuírem prémios a cães de inferior bagagem genética em prejuízo de outros, que ficam relegados para segundo plano e que muitas vezes poderão ser melhores transmissores das características genéticas que interessam a uma raça.
Que me perdoem os que com artigo se sentiram lesados, mas não foi com outro objectivo senão o de diferenciar os bons criadores dos maus, tendo, de certeza absoluta, omitido focar muitos outros problemas neste artigo.
Por Vitor Manuel Dos Santos Oliveira (criador de cães). :!:

criador é facil intitular-se!

Enviado: quarta fev 04, 2004 12:25 pm
por mjoaomarques
Olá,

Aqui está um tema polémico. :)

Não é que eu não concorde com o que disse, no geral. Mas, particularmente, devo dizer-lhe que sempre comprei os meus cães a produtores. Isto não pelo preço, até porque existem muitos produtores a pedirem tantos pelos seus animais como criadores, mas pelo tipo de cães que eu procuro. Assim,
daktari Escreveu: Ser criador significa:
Ø Melhorar uma raça, agora e sempre.
Ø Não poupar tempo, nem trabalho.
Ø Ter amor aos animais.
...
Sim, teoricamente é isso mesmo. Mas há que considerar o seguinte e sempre falando de pa:
1º O mau trabalho de criadores conhecidos quanto ao carácter dos cães. Têm cães lindos por fora mas muitos deles medrosos, apáticos, submissos. Aliás já referi inúmeras vezes que quando procuro um novo cachorro começo sempre pelas visitas a criadores de destaque e acabo sempre por comprar cães em produtores. Porque, pessoalmente, necessito de um cão para determinada função e portanto não me importo que ele não seja um campeão de beleza, importo-me sim é que ele pudesse vir a ser um campeão de trabalho. É verdade que o melhor dos cachorros pode vir a ser estragado pela forma como os donos o tratam mas também é verdade que se os progenitores, principalmente se a mãe, é medrosa, apática e submissa os filhos não podem vir a ter grandes aspirações.
Claro que com isto não quer dizer que escolho progenitores tendo em vista só o carácter. Tanto é que os meus cães têm sempre óptimo pedigree por um dos lados, quase sempre o do pai. ;)

2º Por outro lado, compreendo perfeitamente que quem é dono de uma cadela que acha o máximo, queira ter descendência, pelo menos uma vez(eu própria já tive essa vontade inúmeras vezes). Se tiver o cuidado de verificar que a cadela não tem problemas de saúde e se se dirigir a um criador de confiança ( que não veja só o interesse em ganhar o dinheiro da cruza e que tenha a frontalidade de recusar o seu reprodutor se achar que a fêmea é mesmo má) para o ajudar a escolher um progenitor que possa colmatar as falhas que ela tem, não vejo o que vá prejudicar a raça com isso.

Quanto ao resto do post do daktari, tenho que comentar alguns pormenores dos quais discordo mas ficará para mais tarde.

criador é facil intitular-se!

Enviado: quarta fev 04, 2004 5:10 pm
por mjoaomarques
Bem mais uns comentários,
daktari Escreveu: ...
Talvez deva ainda, no interesse evidente dos próprios cachorros a criar, suprimir animais de perfeita saúde, quando a ninhada for excessivamente numerosa, o que nem sempre é fácil tendo em conta que poderá acontecer eliminar por vezes um ou mais cachorros de grande valor em prejuízo de outros, que poderão mais tarde revelar anomalias.
Este seu parágrafo, para mim, é de bradar aos céus. No meu conceito de criador ideal está uma pessoa responsável que tomou em consideração todos os infortúnios capazes de ocorrer e estar preparado para superá-los. Há que estar preparado inclusivamente para a morte da progenitora e, nesse caso, ter programado as coisas de modo a substituir a mãe na criação de 12 ou 13 cachorros. Aliás uma das minhas preocupações fundamentais, quando estou à procura de um cachorro, é escolher uma pessoa (produtor, neste caso) que tenha disponibilidade total para a ninhada.

daktari Escreveu: Por várias razões é desaconselhável praticar a criação de cães de “ raça pura, mas sem pedigree”(?!), como se pode por vezes ler nalguns anúncios. O que poderá significar « raça pura, mas sem pedigree»?
A pureza de uma raça deve precisamente ser notificada e comprovada pelo certificado de ascendência. Aquele que o não tem não pode pretender sem mais que o seu cão seja de raça pura.
Provavelmente eu seria uma dessas pessoas porque é o que eu faço com os meus persas. Note-se que eu não me considero criadora mas passo a explicar o meu ponto de vista e opção:

Se fosse obrigatório a todas as raças (gatos inclusive) uma avaliação dos indivíduos e mediante o sucesso em determinados parâmetros ser então passada uma confirmação de raça e/ou um apto de cria, então assim que nascessem pedia logo o registo no LOP para todos eles. Como não é assim, e para evitar que pessoas desinformadas ou sem escrúpulos possam adulterar a raça e como os meus progenitores têm qualidade suficiente para procriar (foram comprados a criadores experientes e que sabiam que eu provavelmente optaria por fazer uma ou duas ninhadas com eles), como eles só saiem de minha casa devidamente identificados (microchip) e já com as vacinas todas (3,5 meses) dá-me tempo para poder dividi-los em categorias (o preço é diferente para cada categoria, claro) e só pedir registo no LOP para os que eu sei que estão plenamente de acordo com o padrão. É claro que os compradores dos meus gatos sabem o que estão a comprar, não há enganos, até porque os meus gatitos são vendidos mediante contrato e recibos. O contrato (que especifica o animal não só pela fotografia mas também pelo nº do chip) é entregue aquando a reserva para que o futuro dono tenha tempo de o estudar e tirar as suas dúvidas. Depois ainda de o levar poderá desistir da compra por um período de quinze dias, caso o animal esteja em boas condições, claro.
daktari Escreveu: Com a organização cinológica actual que é bastante restrita, é praticamente impossível tomar parte numa prova de trabalho com um cão sem documentos comprovativos de ascendência, assim como participar numa exposição de beleza com esses mesmos exemplares, sendo ainda invalidados os descendentes de tais animais, que como é obvio também não irão conseguir os seus pedigrees.
Bem, em provas de trabalho são aceites cães srd. E uma pessoa que quer levar o seu cão a concursos de beleza, concerteza sabe que é necessário o seu cão estar registado no LOP ou em caso de ignorancia, acredito que a pessoa que lhe está a vender o animal o informe.
Com os gatos não há provas de trabalho e qualquer gato pode entrar em concursos de beleza. Concorrem é em classes distintas. Por exemplo, um dos meus gatinhos vendidos sem registo que não faria "carreira" como persa obteve boas classificações na classe domésticos.

Resumindo, há criadores e criadores como há produtores e produtores. Não se pode generalizar. Quem compra tem por obrigação de saber um mínimo sobre a raça pretendida, visitar várias pessoas, seleccionar primeiro as que lhes dão garantia de saúde dos cachorros, ver o comportamento dos progenitores (em destaque o da mãe), as condições em que têm os seus animais, o tempo que lhes dispendem e em caso de dúvida não comprar. É preferível esperar mais um pouco, aprofundar mais os conhecimentos no aspecto em que lhe surgiu a tal dúvida para que possa dizer que fez uma compra consciente.

Para finalizar, quero ainda frisar que não é por ter tido muito boa impressão do criador/produtor X, aquando da compra do seu animal que numa próxima vez recorra a ele sem considerar outros. E vice-versa. Já me surprendi com evoluções muito agradáveis e muito desagradáveis numa mesma pessoa. Embora isto tenha sido dito de modo implícito pelo Sr. Vítor achei por bem reforçar.

Enviado: quarta fev 04, 2004 6:54 pm
por pedromoreira
Boa Tarde
Seria possivel explicarem-me qual a diferença entre criador de animais e produtor ?

Obrigado
Ana Paula Moreira

responder a Maria João

Enviado: quarta fev 04, 2004 6:57 pm
por daktari
Sem comentários pois de momento vou deixar a suas observações e o meu artigo a avaliação de quem percebe e de quem sabe . Mas desde já posso–lhe adiantar que irei debater consigo futuramente algumas das questões por si aqui levantadas tais como a de ter uma mãe substituta para os cachorros assim como a questão dos registos sendo estes dois pontos na minha opinião de uma total aberração tais procedimentos devem ser penalizados pois os mesmo não entram nem podem ser aceites numa canicultura oficial como é desejável mas a seu tempo logo lhe irei explicar o porque desta minha afirmação.
Quanto as provas de trabalho referia-me as impostas pela WUSV sendo estas o RCI e o SchH as quais lhe garanto eu que animais sem registo de origens ou seja sem pedigree não podem participar. Pois as provas a que a senhora quis aqui certamente referir-se tem como objectivo o da diversão e da ocupação lúdica tanto para os animais como para os donos mas não tem estas certamente a finalidade que exige a selecção e o apuramento das raças pondo a prova a capacidade e o caracter dos animais em causa, visto serem estes terem de ser alvo de selecção qualificação que lhes permita uma valorização para a procriação.
Logo irei continuar mas por agora tenho que me ficar por aqui.
Saudações.
Vitor Oliveira

responder a Ana Paula Moreira

Enviado: quarta fev 04, 2004 7:13 pm
por daktari
[quote=pedromoreira]
Boa Tarde
Seria possivel explicarem-me qual a diferença entre criador de animais e produtor ?

Obrigado
Ana Paula Moreira
[/quote]

Resposta do Vitor
No meu conceito o criador é aquele que cria com objectivos bem definidos no intuito de melhorara a raça. Sendo o produtor um multiplicador de cães sem ética alguma e sem objectivos bem definidos. Pois este limita-se a por ou mundo animais sem para tal ter grande escrúpulos quanto a qualidade dos mesmos.

Vítor Oliveira.

responder a Maria João

Enviado: quarta fev 04, 2004 9:40 pm
por daktari
Responder a Maria João.
Não faz sentido criar cães sem registo e sem o rigor da selecção para o apuramento de uma raça. Multiplicar sem critérios e de uma forma desenfreada qualquer pessoa sabe faze-lo e terá essa capacidade! Agora quando se trata de seleccionar subentende-se eliminar acabar com! Não vejo outra forma de o conseguir ou de o fazer se não eliminar uns em proveito de outros. Seleccionar supõe escolher rejeitando e eliminando aquilo que não serve! Pode me dizer a senhora como pratica a selecção e o apuramento nos seus gatos se ao que parece conserva-os a todos dando origens ao aviltamento dos mesmos sem a dita selecção? Pois tal como na natureza aqui o criador substituindo-se a mesma deve destruir ou eliminar aqueles que não servem os seus fins! Ou será que nunca ouvido falar na selecção natural exercida pela mãe natureza onde os mais fracos e os menos adaptados não tem lugar sendo os mesmos cruelmente eliminados muitas vezes antes mesmo da idade adulta e da reprodução, encontrando os mesmos a morte que a dita natureza lhes impõe e reserva. Quanto aos cães sem caracter que a senhora mencionou , pensei que já tivesse percebido que os mesmos não são pelos verdadeiros criadores tidos em conta e que certamente esses serão certamente alvo de eliminação por parte dos ditos criadores. Pois o pastor alemão que eu defendo e sendo o mesmo digno de tal denominação tem de ser um animal completo tanto em beleza como em caracter tal como acontece nos critério de selecção e criação da WUSV. Pois pensei já ter sido suficientemente e bastante explicito quanto a isso. Mas visto ser necessário reforçar as minhas opiniões quanto a isto, vou então aqui tentar faze-lo dizendo que nem o pastor alemão sem as características anatómicas e morfológicas contempladas pelo o estalão da raça é um verdadeiro pastor nem aquele que tem as ditas características sem possuir ou fazer mostra do caracter requerido. Pois o estalão da raça descreve pormenorizadamente ambas as condições o qual não devera certamente lhe deixar duvidas quanto a isso. Parece-me a senhora Maria João algo perdida quanto aos temas por min abordados neste fórum, pois desde o inicio da minha participação deste que não tenho tido outro objectivo senão o de alertar para o que em Portugal esta a acontecer com a raça . Pois de ano para ano Portugal esta cada vez mais longe das imposições necessárias que visam manter e aumentar as características e a qualidade do PA ,a qual só pode ser conseguida através da selecção.
Pois sem selecção não há raça pura, visto que com o passar do tempo as mesmas características podem vir a afastarem-se cada vez mais daquilo que é o Pastor alemão verdadeiro se não tomar-mos cuidado com as mesmas. Mais a frente irei novamente debater estas questões!
Obrigado
Vítor Oliveira

responder a Ana Paula Moreira

Enviado: quarta fev 04, 2004 10:12 pm
por mjoaomarques
daktari Escreveu: ...
No meu conceito o criador é aquele que cria com objectivos bem definidos no intuito de melhorar a raça.
Sim, idealmente o meu conceito de criador também é este.
daktari Escreveu: Sendo o produtor um multiplicador de cães sem ética alguma e sem objectivos bem definidos. Pois este limita-se a por ou mundo animais sem para tal ter grande escrúpulos quanto a qualidade dos mesmos.
Bem para mim este é o pior conceito de produtor mas que os há, há. Sinceramente, não me revejo neste conceito de produtor, por isso a minha chamada de atenção para os compradores, indicando que há criadores e criadores tal como há produtores e produtores.

responder a Maria João

Enviado: quarta fev 04, 2004 11:03 pm
por mjoaomarques
daktari Escreveu: Agora quando se trata de seleccionar subentende-se eliminar acabar com! Não vejo outra forma de o conseguir ou de o fazer se não eliminar uns em proveito de outros. Seleccionar supõe escolher rejeitando e eliminando aquilo que não serve!
Então para que estamos a tentar que a APCPA siga as regras da WUSV? Para que servem a confirmação ou o apto de cria? Para angariar mais fundos para a Associação? Nesse caso bastava eutanasiar os não idealmente perfeitos e estava o assunto arrumado.

Para mim a eliminação de seres vivos, só tem lugar a fim de não prolongar o sofrimento por doença ou malformação não curáveis.

daktari Escreveu: Pode me dizer a senhora como pratica a selecção e o apuramento nos seus gatos se ao que parece conserva-os a todos dando origens ao aviltamento dos mesmos sem a dita selecção?
Claro que conservo todos os meus gatos. :o Pois se são saudáveis.
Como faço a selecção? Exactamente não registando os que fogem ao standard. Vendo-os como animais de companhia, gatos de estimação e que ao contrário dos cães sem registo, podem também ter carreira em exposições de beleza.

Claro que se houvessem regras (por exemplo só seriam registados os gatinhos oriundos de progenitores que tivessem tido Bom ou Muito Bom numa exposição) eu registava-os todos.
daktari Escreveu: Pois tal como na natureza aqui o criador substituindo-se a mesma deve destruir ou eliminar aqueles que não servem os seus fins! Ou será que nunca ouvido falar na selecção natural exercida pela mãe natureza onde os mais fracos e os menos adaptados não tem lugar sendo os mesmos cruelmente eliminados muitas vezes antes mesmo da idade adulta e da reprodução, encontrando os mesmos a morte que a dita natureza lhes impõe e reserva.
Uma coisa é estarmos a falar na Natureza onde são eliminados os que não têm condições de sobrevivência. Outra coisa bem diferente é eliminar animais saudáveis, por capricho do Homem, só porque não obedecem a regras de beleza/comportamento criadas por alguém.
daktari Escreveu: Quanto aos cães sem caracter que a senhora mencionou , pensei que já tivesse percebido que os mesmos não são pelos verdadeiros criadores tidos em conta e que certamente esses serão certamente alvo de eliminação por parte dos ditos criadores.
Oh, sr. Vítor não me venha com histórias. Pois nas exposições a que fui, muitos dos cães mostravam-se tímidos, medrosos e submissos.
daktari Escreveu: Pois o pastor alemão que eu defendo e sendo o mesmo digno de tal denominação tem de ser um animal completo tanto em beleza como em caracter tal como acontece nos critério de selecção e criação da WUSV. Pois pensei já ter sido suficientemente e bastante explicito quanto a isso. Mas visto ser necessário reforçar as minhas opiniões quanto a isto, vou então aqui tentar faze-lo dizendo que nem o pastor alemão sem as características anatómicas e morfológicas contempladas pelo o estalão da raça é um verdadeiro pastor nem aquele que tem as ditas características sem possuir ou fazer mostra do caracter requerido. Pois o estalão da raça descreve pormenorizadamente ambas as condições o qual não devera certamente lhe deixar duvidas quanto a isso.
Por isso a minha menção de que há criadores e criadores.
daktari Escreveu: Parece-me a senhora Maria João algo perdida quanto aos temas por min abordados neste fórum, pois desde o inicio da minha participação deste que não tenho tido outro objectivo senão o de alertar para o que em Portugal esta a acontecer com a raça . Pois de ano para ano Portugal esta cada vez mais longe das imposições necessárias que visam manter e aumentar as características e a qualidade do PA ,a qual só pode ser conseguida através da selecção.
Pois sem selecção não há raça pura, visto que com o passar do tempo as mesmas características podem vir a afastarem-se cada vez mais daquilo que é o Pastor alemão verdadeiro se não tomar-mos cuidado com as mesmas. Mais a frente irei novamente debater estas questões!
Obrigado
Vítor Oliveira
Não estou nada perdida. Pois se até acho que as regras da WUSV (ou equivalentes, adaptadas a cada raça) deveriam estender-se até ao mundo dos felinicultores.

responder a Maria João

Enviado: quarta fev 04, 2004 11:15 pm
por CasadeAnaval
daktari Escreveu: Pode me dizer a senhora como pratica a selecção e o apuramento nos seus gatos se ao que parece conserva-os a todos dando origens ao aviltamento dos mesmos sem a dita selecção? Pois tal como na natureza aqui o criador substituindo-se a mesma deve destruir ou eliminar aqueles que não servem os seus fins! Ou será que nunca ouvido falar na selecção natural exercida pela mãe natureza onde os mais fracos e os menos adaptados não tem lugar sendo os mesmos cruelmente eliminados muitas vezes antes mesmo da idade adulta e da reprodução, encontrando os mesmos a morte que a dita natureza lhes impõe e reserva.
Bem, então tenho orgulho de NÃO ser criador na acepção da palavra defendido pelo Daktari.

Primeiro porque não praticamos selecção natural, alás a selecção natural ou sobrevivência dos mais aptos tem todo o sentido na natureza, não aqui onde criamos animais com determinadas caracteristicas, não há uma selecção natural mas sim uma selecção artificial daquilo que mais nos interessa. Quanto aos cães fora do estalão faz-se uma coisa chamada esterilização dos mesmos antes de os oferecer a pessoas seleccionadas que pagam a mesma como contrapartida. Abater animais saudáveis só porque não têm o SUPOSTO potencial é a mentalidade que existia nos anos 60 e que pensava estar em extinção
:o

Multiplicadores existem e sempre existirão, não nos livraremos deles, desiludam-se, um bom criador esteriliza so animais menos bons que tem e oeferece-os ou então vende-os mais baratos esterilizados, não abate os seus cães que nem sejam estrelas em nome da raça, que muitas vezes ñem em nome da raça é mas sim do suposto nome do seu canil e da alegada fama.
Isto na minha opinião, acho que esteve muito mal.

responder a Maria João

Enviado: quarta fev 04, 2004 11:28 pm
por mjoaomarques
CasadeAnaval Escreveu: ...
Multiplicadores existem e sempre existirão, não nos livraremos deles, desiludam-se, um bom criador esteriliza so animais menos bons que tem e oeferece-os ou então vende-os mais baratos esterilizados, não abate os seus cães que nem sejam estrelas em nome da raça, que muitas vezes ñem em nome da raça é mas sim do suposto nome do seu canil e da alegada fama.
Isto na minha opinião, acho que esteve muito mal.
Palavra que até pensei nisso. Só que implicava ficar com eles mais uma quantidade de meses a ganhar-lhes amor e carinho e sei perfeitamente que após todo esse tempo nunca os cederia por muita certeza que tivesse que seriam tão bem tratados como em casa.

responder a Maria João

Enviado: quarta fev 04, 2004 11:32 pm
por CasadeAnaval
Maria João, viu aquela foto que coloquei do D A branco ao meu lado no forum dos cães na pergunta sobre animais surdos ? Teria sido abatido por outro criador. A questão é que criamos e damo-os antes de os esterilizar, o que se passa é que damos somente a amigos da familia de plena confiança que depois os trazem quando têm idade.

Enviado: quarta fev 04, 2004 11:53 pm
por Pedra
O que na vossa opinião faria um verdadeiro criador, ao saber que um cachorro seu, filho de pais controlados e testados, e aptos para criar, com 2 anos fosse considerado displasico?
Isabel

responder a Maria João

Enviado: quinta fev 05, 2004 10:05 am
por mjoaomarques
CasadeAnaval Escreveu: Maria João, viu aquela foto que coloquei do D A branco ao meu lado no forum dos cães na pergunta sobre animais surdos ? Teria sido abatido por outro criador. A questão é que criamos e damo-os antes de os esterilizar, o que se passa é que damos somente a amigos da familia de plena confiança que depois os trazem quando têm idade.
É a situação ideal. :lol:

Quer na venda, quer na doação tenho muito cuidado na escolha dos futuros donos dos meus animais, sejam eles nascidos em casa ou recolhidos (gatos, cães, coelhos, passarinhos, ...), por isso não os cedo nem a todos os familiares nem a todos os amigos. Salvo raras excepções, não parte de mim a proposta da doação, são as pessoas que me pedem um animal. Se eu aceito o acto de doar deixo que a pessoa escolha o animal que pretende. Ou seja, posso dar-me a esse luxo porque não sou criadora.
Agora o que acontece é que não existe muita gente no meu leque de amigos e família próxima a quem eu ceda (doação ou venda) os meus animais. Lembrem-se que eu vivo numa zona rural onde a mentalidade de ter animais em casa e sujeitá-los a trato especial é uma aberração.

Enviado: quinta fev 05, 2004 10:18 am
por mjoaomarques
Pedra Escreveu: O que na vossa opinião faria um verdadeiro criador, ao saber que um cachorro seu, filho de pais controlados e testados, e aptos para criar, com 2 anos fosse considerado displasico?
Isabel
Bem, essa situação deve ser raríssima, não? Para mim o criador ideal faria:
- O cão pertence ao criador.
Nesse caso seria mais uma animal de estimação.
- O cão tinha sido vendido
Depende da situação. Mas suponhemos que o comprador no acto da compra tinha pretendido apenas um animal de estimação. Devido à raridade da situação e ao bom nome do afixo devolvia o dinheiro da compra ou oferecia outro cachorro dependendo da vontade do comprador. Em contrapartida o comprador teria que me dar garantias de que não usaria o animal como reprodutor.