dirofilariose: o que é!
Dirofilariose / Doença do Verme do Coração / Doença do mosquito / Heartworm
Se tem um cão decerto quererá aprender um pouco sobre as principais doenças que poderá vir a ter e se existe algo que possa fazer para as evitar.
Para além das doenças virais e parasitárias intestinais dos cães existem ainda as doenças transmitidas por mosquitos, entre as quais a Dirofilariose. Muitas pessoas desconhecem esta doença, e quanto ouvem falar dela pela primeira vez já é tarde de mais.
A Dirofilariose é uma doença muito comum e que existe em zonas húmidas e com águas paradas (arrozais, pântanos). A doença é transmitida por um mosquito, que ao picar num animal inocula uma larva de um parasita, a Dirofilaria immitis, que lentamente vai dirigir-se ao coração. Quando a larva atinge o coração instala-se e cresce, até ficar do tamanho de uma lombriga normal. Se a doença progredir o coração pode ficar infectado com muitas destes “vermes” que se vão reproduzir largando microfilarias (larvas-filhas) para a circulação. Ou seja, se um segundo mosquito alimentar-se do sangue de um cão doente vai ficar infectado com microfilarias e tornar-se um perigo para outros cães que em seguida for picar.
Os donos não notam que o cão tem parasitas no coração. Por vezes só passado 4 anos é que o cão começa a ficar doente! O que é que o dono poderá notar? O cão começará a ter os sintomas de um doente cardíaco, uma vez que o coração vai ver-se atrapalhado para funcionar e ao mesmo tempo servir de casa para tantos vermes. As mudanças poderão ser muito graduais. O cão começa a parecer mais velho do que realmente é, cansando-se por tudo e por nada. Poderá também começar com uma tosse estranha, como se tivesse uma pequena espinha entalada na garganta. Existem ainda outros sintomas possíveis, mas de uma forma geral, sempre que notar algo estranho no seu animal de estimação deverá levá-lo ao veterinário. Se o cão não for tratado para a doença acabará por falecer, para além de enquanto estiver doente constituir um perigo para os outros cães das redondezas, que terão mais probabilidade de adquirir a doença.
Para saber se o seu cão tem ou não a doença, deverá levá-lo ao veterinário para que seja recolhidas uma ou duas gotas de sangue. Existem várias técnicas para detectar a doença. A mais barata é observar directamente o sangue ao microscópio para procurar as microfilarias. Esta técnica poderá não resultar, uma vez que nem sempre há microfilarias em circulação (ou seja, o cão pode ter a doença mas não se ver nada ao microscópio). Existem outras técnicas mais fiáveis, pela detecção de antigénios, por métodos de concentração ou ainda por PCR.
Se o cão tiver a doença, existe tratamento (que mata as larvas alojadas no coração e em circulação). Porém, o tratamento é caro e muitas pessoas não têm disponibilidade para o fazer. Para além disso, em casos em que a doença está num estado muito avançado ou em casos em que o cão já não é novo, o tratamento poderá resultar na morte do animal, uma vez que o medicamento é muito agressivo. Deste modo cada animal doente deverá ser avaliado individualmente para que o protocolo seja adaptado à gravidade da situação.
Existe uma maneira simples de prevenir a doença, através da administração de comprimidos, que de uma forma geral, para além de prevenirem a dirofilariose servem como desparasitantes intestinais. Estes comprimidos profilácticos não devem ser administrados sem que se tenha a certeza que o animal não tenha a doença. É perigoso para um cão doente tomar este tipo de comprimidos, poderá resultar em choque.
Alguns produtos de aplicação tópica que servem para controlar as carraças e as pulgas também repelem mosquitos, mas não repelem todos os mosquitos nem nada que se pareça. A melhor forma de prevenir é mesmo comprar os comprimidos de prevenção, cujo princípio activo é a Ivermectina, a Milbemicina-oxima ou a Moxidectina. Se não consegue dar os comprimidos com uma base regular porque não tem disponibilidade poderá optar por injecções subcutâneas de 6 em 6 meses (libertação lenta do composto).
Os gatos também podem ter a doença, mas não a apanham tão facilmente como os cães. A morte dos gatos por dirofilariose manifesta-se de forma mais repentina, muitas vezes o dono não repara em qualquer sintoma. Também existem comprimidos preventivos para gatos.
Agora as boas notícias, a dirofilariose não constitui um perigo para o Homem!
Ana Paula Ribeiro, Médica Veterinária