Colaboradores com pouca formação existem em qualquer ramo. Nas pet shops, na minha opinião, acontece por que têm uma variedade enorme de produtos e espécies de animais, a maioria são funcionários e quase nunca um responsável está presente para tirar dúvidas que requeiram mais esperiência.
Os funcionários, na sua generalidade são jovens, o que por si só, impossibilita dominar conhecimentos sobre alguns animais. Aquariofilia, na sua forma mais básica, requer alguns conhecimentos básicos de biologia e química. Ora, há gente que nunca sequer ouviu falar de nitritos, quanto mais de osmose! Então se entrarmos no campo da água salgada, aí um logista convém mesmo ter bons conhecimentos de biologia, química e ecossistemas aquáticos, pois tudo passa por aí!
Por alguma razão as casas de aquariofilia mais bem sucedidas são geridas por sócios, não têm funcionários. Aliás, são eles próprios! São pessoas que percebem e conseguem transmitir os seus conhecimentos, tirando as dúvidas aos clientes. Julgo que o caminho correcto passa por aí.
Depois, há lojas com répteis e outros exóticos..., há que perceber alguma coisa sobre os mesmos. Lâmpada de IV num terrário não basta! E há que informar ao cliente sobre as exigências dos mesmos. A moda das iguanas foi fruto de má informação das lojas. Com 2 anos, uma iguana é, na maioria dos casos, inapropriada para um apartamento, já que o terrário deverá ter dimensões, normalmente incomportáveis para a comum das habitações.
Uma apaixonado por répteis encontrará uma solução para isso, mas na maioria dos casos não acontece, pois as pessoas acabam por entregá-las no jardim zoológico, pois "não sabiam que cresciam tanto"!
Isto para dizer que, se não somos especialistas, mais vale não nos metermos em determinados ramos. Na loja onde trabalho, não temos água salgada nem temos répteis expostos (à excepção de tartatugas aquáticas). Exactamente por que não somos especializados nesse campo. Deixamos isso para as lojas de exóticos. Foi uma opção, que pode até fazer com que se perca alguns potenciais clientes, mas julgamos ter sido a mais acertada.
Cães e gatos em recintos fechados também não temos. A legislação existente é muito exigente ( Legislação lá isso temos muita, aplicá-la é que nem sempre é fácil. E muita dela está inadequada à realidade ) e se é para ter as coisas é para as cumprir. Chegou-se à conclusão que não seria viável. Optámos por disponibilizar somente por encomenda.
Perdemos dinheiro com isso? Sim perdemos. São opções...
Claro que, em Portugal, o cliente que visita uma Pet Shop, na maioria dos casos, pensa que está a entrar num jardim zoológico. A quantidade de clientes que entra "só para ver" é inimaginável (maioria das vezes para mostrar os animais aos filhos ou netos).
Como tal, não me parece correcto criticar a maioria das lojas por terem alguns animais, mesmo que não percebam muito, pois o público muitas vezes é que procura isso.
Dizer que as lojas não deveriam ter animais, é o mesmo que dizer: "deveria ser proibido vender tabaco!". Então, se há milhares de pessoas que fumam, alguém vai deixar de vender?
O mesmo se passa para uma loja. Loja de animais somente com produtos não atrai 1/10 dos clientes, comparativamente a uma que tenha animais. Por que, quer se goste ou não, é disso que a maioria dos clientes vai à procura. O cliente compra o animal, compra os produtos e, se gosta, volta para comprar mais. É um negócio como todos os outros.
Desde que seja feito em condições, não creio que haja algum problema. Além de que existe a DGV para verificar falta de condições. E existe um alvará que, supostamente, todas as lojas deveriam de ter.
Relativamente aos criadores colocarem cães nas lojas, não vejo isso como sendo sinal de melhor ou pior qualidade do exemplar em si. O tempo das "vacas gordas" já lá vai. Contam-se pelos dedos os criadores que, em Portugal, planeiam as ninhadas de forma a terem as crias todas vendidas mesmo antes de elas nascerem.
A grande parte tem de recorrer ao comércio das lojas para escoar os animais. O grande público tem contacto é com lojas e não com criadores. Além de que, os melhores criadores pedem exorbitâncias por um bom exemplar, que muitas vezes nem sequer está nos planos do futuro dono, que só quer um animal que cumpra o estalão da raça e não tenha problemas. Se é filho de campeão ou neto, muita gente não se importa e nem exige essa mais valia, pois nem têm planeado fazer criação com os mesmos.
E o negócio dos criadores teria muito que falar, mas o tópico não é disso que trata.
Normalmente só gosto da falar da experiência que tenho, mas pelo que tenho reparado, Portugal ainda tem de evoluir muito no que diz respeito a animais. Se é verdade que algumas lojas possam não ter funcionários adequados ou com os mínimos conhecimentos, também é verdade que há clientes que não deveriam ter animais.
Já perdi muitas horas com acções pedagógicas na loja, a tentar "meter na cabeça" das pessoas coisas que devem e não devem fazer, recomendar o que devem melhorar nas condições do animal em questão.... mas é complicado.
A maioria continua a só levar a sério cães e gatos (muitos nem isso! ), julgando que um simples hamster, canário, peixe cometa ou chinchilla pode ser tratado de qualquer maneira, por que a vida até está cara e eles (os animais) dão muita despesa para se entrar em "luxos".
- Ora, entenda-se "luxo", como sendo a recomendação do logista para que o cliente abandone o "globo", para passar para um aquário rectangular, de maior capacidade, que por sinal até vai oferecer melhores condições e manutenção menos regular.
- Veja-se o luxo, aconselhar o cliente a oferecer ao seu roedor uma gaiola mais espaçosa ou uma alimentação mais equilibrada, com ingredientes de qualidade superior à que consome.
- Entenda-se como luxo, explicar ao cliente que uma ração premium não tem os mesmos ingredientes que uma vendida numa grande superfície. E que se calhar é por isso que o animal está a vomitar ou com o pêlo em mau estado.
- Entenda-se como luxo, tentar fazer ver o cliente que, cuidar bem de uma tartaruga não será, certamente, comprar uma tartarugueira em rim de 20 cm e atirar para lá camarões e esperar depois que ela seja muito feliz. Lá por que o animal só vale 7 ou 8€, não significa que tenha de comer o pior que existe no mercado e crescer nesse habitáculo.
Quando as pessoas não têm mais possibilidade, enfim, mal o menos, tratem-nos da melhor forma. Podem não ter o melhor, mas ao menos cumpre-se os mínimos.
Agora, ver clientes a barafustar por que as lojas são caríssimas, o animal é só despesas, a manifestar-se por mais 2 ou 3 euros num produto que fará toda a diferença..... para depois, meia hora mais tarde, vê-los a beber uma bela aguardente a seguir à refeição no restaurante mais próximo, ou ver a dona da cadela que "não tinha dinheiro para comprar uma saca de Purina Pro Plan", a sair do cabeleireiro com uma bruta permanente e umas unhas de gel de fazer parar o trânsito.... sinceramente, não há pachorra!
E atenção.. não se pense que isto é uma raridade! Pelo contrário, é a maioria! E nem sempre são as pessoas mais simples. Pois esses clientes, muitos dão o que têm e o que não têm para poder proporcionar o melhor para os animais. São clientes que compreendem que, se os têm é para os cuidar bem, pois ninguém os pediu que tomassem conta deles, certo?
Mas infelizmente é assim a realidade. Então agora em período de contenção económica ( claro que sobra sempre dinheiro para o último modelo do IPhone 3G ....), os coitados dos pássaros, quase nem direito a papa têm.
Comem a mistura mais barata e já vão com sorte!
Quem ganha com isto são as grandes superficies... que se tomarem atenção, nem sempre têm os produtos mais baratos. Basta começar a reparar. Claro que, temos de comparar produtos equivalentes. E quando os há...
Aproveito para agradecer a quem tem participado neste tópico
