Torre dos Tombos

[colette]

Não vejo nem deixo de ver.
Não sou fiscal nem inspector. Passo-me dos carretos, sem dúvida, mas fico calada, até porque não se trata dos meus filhos. Se fossem, seria diferente, e pode ter a certeza que levariam no crânio. Mas tenho sorte nesse aspecto - e em muitos outros - e, passe a imodéstia, todos escrevem muito bem.
Mas reconheço que tem alguma razão: ler é muito útil. Mas nada substitui um bom professor ou uma boa professora.
Pode parecer bizarro, mas esta é uma das poucas situações que me deixa indignada. Não temos que ser um poço de erudição em matéria linguística, nem utilizar palavras caras, mas é nossa obrigação saber alinhavar duas frases seguidas, na nossa língua-pátria, sem erros de ortografia, com sujeito, predicado e complemento directo, e fazendo as concordâncias necessárias. Tão simples. Muitas vezes basta escrever como se fala.

[Tassebem]

Bingley, eu disse «entre muitas outras asneiras». Já se sabe que a maioria das crianças e jovens (e adultos) de hoje lêem pouco, vivemos num mundo de imagens e ler torna-se uma grande seca. Até os manuais escolares têm de estar cheios de bonecada, numa tentativa de os tornar mais atractivos.

Sabendo-se disso, uma forma de corrigir os erros numa fase inicial (que é a melhor) seriam os ditados, sim. É claro que, se uma pessoa tem bons professores, pais que falem um bom português e corrijam os filhos e propensão para a leitura, os ditados não farão muita falta... Mas eu ainda os fiz em casa à minha filha, e mais: convidei a demitir-se uma professora de primária que ela teve e que sistematicamente corrigia as palavras certas que ela escrevia nos testes para erros.

[GEOGOLA]

Ou seja: a desgraça total.
Até os meninos de Angola e de Moçambique, que andam nus, e frequentam uma escola ao ar livre, sem condições (pelos parâmetros europeus) escrevem melhor a lingua de Camões do que os nossos meninos, cheios de mordomias, magalhães e outras tecnologias.

Escola em Angola, com todos os parâmetros que mencionou...
Só faltou mencionar que os alunos estão com fome, assim como os professores

[LuluB]

Ou seja: a desgraça total.
Até os meninos de Angola e de Moçambique, que andam nus, e frequentam uma escola ao ar livre, sem condições (pelos parâmetros europeus) escrevem melhor a lingua de Camões do que os nossos meninos, cheios de mordomias, magalhães e outras tecnologias.

Escola em Angola, com todos os parâmetros que mencionou...
Só faltou mencionar que os alunos estão com fome, assim como os professores

Mas nem por isso os professores deixam de ensinar bem e os alunos de aprender com proveito.

Cá também há alunos com fome, mas professores, tanto quanto se saiba, não. Mas não os crucifiquemos. Na sua generalidade, eles esforçam-se por ensinar bem, muitos deles fazendo tábua rasa das directivas do Ministério da tutela.

Que, quanto a mim, é o cancro responsável por esta catástrofe a que assistimos - ou melhor, lemos.

[GEOGOLA]

Escola em Angola, com todos os parâmetros que mencionou...
Só faltou mencionar que os alunos estão com fome, assim como os professores

Mas nem por isso os professores deixam de ensinar bem e os alunos de aprender com proveito.

Cá também há alunos com fome, mas professores, tanto quanto se saiba, não. Mas não os crucifiquemos. Na sua generalidade, eles esforçam-se por ensinar bem, muitos deles fazendo tábua rasa das directivas do Ministério da tutela.

Que, quanto a mim, é o cancro responsável por esta catástrofe a que assistimos - ou melhor, lemos.

Quando referi que tanto alunos como professores estão com fome, era com o intuito de dar a conhecer em que moldes se ensina/aprende. Em Angola é vulgar mencionar, que uma escola onde professor e aluno estão de barriga vazia, não se aprende nem ensina.

Quanto ao nosso país, o problema reside no facilitismo e na teoria do deixa andar. Os resultados estão à vista, a geração está à rasca não só em saídas profissionais, mas também na forma como trata, entre outras coisas, a língua Portuguesa.

[LuluB]

Eu acho que o facilitismo e o deixa-andar são produtos de políticas educacionais erradas e inquinadas por interesses que nada têm a ver com a educação e o ensino.

E não é de agora, embora só falemos do que estamos a ver acontecer hoje, como é natural.

[KavakoSilva]

Errado:

"Já se sabe que a maioria das crianças e jovens (e adultos) de hoje lêem pouco"

"Pode parecer bizarro, mas esta é uma das poucas situações que me deixa indignada."

Correcto:

"Já se sabe que a maioria das crianças e jovens (e adultos) de hoje lê pouco"

"Pode parecer bizarro, mas esta é uma das poucas situações que me deixam indignada."

[Chamarrita]

Para mim o grande problema é, e sempre será, a ignorância e a nivelação pela mediocridade. As reclamações que mais ouço dos alunos são "isso dá muito trabalho", "para que é que precisamos de saber/fazer/saber fazer isso" e tudo o que obrigue a usar o recheio do crânio é uma seca. A minha queixa é que as crianças sofrem precocemente de "obesidade cerebral", desconcentram-se devido ao excessivo consumo de açúcar e padecem de todas as consequências da aceleração em que vivemos. Não é possivel andar em simultâneo na horizontal e na vertical, então tudo se aborda pela rama, nada se aprofunda e em geral a vida é-lhes facilitada porque custa menos fazer por eles do que ensinar a fazer.

Dino, que colecção fantástica! Há algumas que realmente não alcanço...
Uma das minhas favoritas é o "romédio". LOL.
E com o que já aqui li, vou escrever uma frase:
Hesisto, logo exito.

[GEOGOLA]

A título de exemplo da politica de facilitismo e deixa andar, nos meus tempos de ensino preparatório, um colega de turma no sétimo ano, não era capaz de ler fluentemente duas palavras seguidas!

Acresce a isto, nunca ter repetido qualquer ano, somente no sétimo acharam que deveria chumbar... Das coisas mais incríveis do nosso sistema de ensino

[Patadas]

Ainda tenho colegas que não sabem ler chavo de português, nem a tabuada nem somas simples sabem fazer!
O futuro está em esquecer, não lembrar

[Chamarrita]

Pois se fosse hoje, teria passado. Os meninos estão cheios de doenças, e é comum ver, numa turma de 27 ou 28 alunos, cinco ou seis com "dislexia/disortografia", o que faz com que não sejam penalizados pelos erros ortográficos. Sem penalização, a bem dizer, não acho que possam ser corrigidos, mas isto sou eu, que tenho a mania.

Mas devo dizer que a melhor que vi até hoje foi de um caso de "perturbação de comportamento de oposição" (e mais não sei quê que não me lembro), que significa que a criancinha é teimosa que nem uma mula e só faz o que lhe dá na gana.

[LuluB]

A título de exemplo da politica de facilitismo e deixa andar, nos meus tempos de ensino preparatório, um colega de turma no sétimo ano, não era capaz de ler fluentemente duas palavras seguidas!

Acresce a isto, nunca ter repetido qualquer ano, somente no sétimo acharam que deveria chumbar... Das coisas mais incríveis do nosso sistema de ensino

Do nosso sistema de ensino, diz muito bem.

[Patadas]

Basicamente, significava que o miúdo podia fazer o que queria sem ser repreendido.
Hoje em dia arranjam doenças para tudo, aposto que duas chapadas bem dadas por pais firmes, nada disso acontecia!

[colette]

É verdade, passou-me o "m" do deixam. Mea culpa.
A propósito, de acordo com o desacordo ortográfico "leem" já não leva acento circunflexo. Não que me importe com tal coisa. Continuo a escrever como dantes.

No que respeita aos meninos de Angola é triste que passem fome. Porque em Angola, se não fosse por culpa de quem governa, nenhum menino (nem nenhum professor), necessitaria de passar fome. Não há nada que não medre naquele país.
Mas, ao menos, passam fome ao ar livre, com o sol a brilhar e quentinhos durante todo o ano. Ou quase todo. Há os meses de cacimbo em que o Sol brilha menos.
Mas essa é outra conversa que não cabe aqui nos Tombos.

[nicasxi]

Acabei de ler num outro sitio :
" É esse os pirito"