Torre dos Tombos

[Bondage2010]

Amígdala ficou amidala?
O Egipto ficou Egito, mas os egípcios não passaram a ser Egícios??

[marianamar]

Não Bondage, agora devem ser egitanos

[marianamar]

«Há dias, na televisão, duas doutas meninas diziam, sorridentes, que os professores estão “inevitavelmente receptivos” ao Acordo Ortográfico (AO). Não espantaria se dissessem, em seguida, que os antigos condenados também estavam “inevitavelmente receptivos” ao patíbulo. O sorriso nos seus rostos dizia tudo. Recordam-se da TLEBS, aquela coisa cujo nome lembrava algo a cair por umas escadas abaixo? Pois a TLEBS foi dar ao AO. O que até faz sentido: TLEBS, AO. Primeiro a queda, depois o grito. O pior virá quando as doutas meninas tiverem de enfrentar as pequenas feras da sua aula. “S’tôra, porque é que quem nasce no Egito se chama egípcio e não egitiano?” Ou: “Porque é que eu escrevo concessão e leio concessão e escrevo conceção e leio concéção? E porque é que temos de escrever conceptual se conceção [a palavra mãe] não tem p?” “O que é corréu, é alguém que corre muito e foi parar ao tribunal por causa disso?” E logo as meninas, inevitavelmente “recetivas”, dirão: “Cale-se, menino. É assim mesmo, é a lei.”

Com o passar do tempo, porque a ortografia serve a fonética, sinalizando os vãos e desvãos da fala, ouviremos coisas destas: “A menina vai ao esp’táculo?” “Não, q’rido, o âtor é pouco conc’tivo e o esp’táculo tem pouca âção, uma má persp’tiva. E os bilhetes são para um s’tôr péssimo, não se vê nada.” “Mas ao menos vai à reç’ção antes, não?” “O quê, com aquelas coisas penduradas no têto, com a sala com aquele aspêto? Vá sozinho, tenho outras opções.” “Opções? Mas esse pê não é contra a nova ortografia?”

Em 1988, num interessante ensaio intitulado Que Futuro para a Língua Portuguesa em África?, o emérito africanista Manuel Ferreira escrevia que “os Cinco” [países africanos] partiam “do princípio de que a língua é um facto cultural”, transformando o português “no plano da oralidade e no plano da escrita”. Para ele, o futuro seria assim: “A língua não é de nenhum para ser de todos. Não há por conseguinte um patrão. Todos são patrões. E se há uma língua, que é a língua portuguesa, há várias normas e logicamente umas tantas variantes: a variante da Guiné-Bissau, a variante de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe, a variante de Angola, Moçambique, do Brasil, da Galiza, de Timor-Leste, a variante de Portugal.” Isto escreveu um homem culto e inteligente. Nessa altura já se discutia por aí o desastre que mais tarde a ignorância fez lei: o trambolhão nas escadas (TLEBS) e o grito na queda final (AO). A língua feriu-se. Ou pior.

Quando Olavo Bilac escreveu que a língua portuguesa era a “última flor do Lácio, inculta e bela”, sendo “a um tempo, esplendor e sepultura”, adivinhava a propensão dos vindouros para a sepultura (a unificação falsa) em detrimento do esplendor (a diversidade óbvia, respeitadora das diferenças evolutivas). Assim está a flor do Lácio moribunda, porque a fizeram rejeitar todas as suas filhas legítimas (aquelas de que falava Manuel Ferreira) e trocá-las por um bastardo analfabeto. Porque não é português de Portugal (o europeu), nem do Brasil (essa variante viva e criativa), nem das Áfricas ou longínquos Orientes. Chamemos-lhe acordês, mescla intragável a que nunca estaremos “recetivos”.»

Excelente artigo de Nuno Pacheco no P2 do Público de 4/07/2011

Fantástico.
Estou a citar para o trazer para a última página.

[dinodane]

Valha-nos a Santa...

hiquitaçao

ezactamente as que ezistem em varios paises apenas por eronia.

[Tassebem]

Acho que já nem todos os santos podem valer à língua portuguesa.

Não gosto de dizer isto, mas dantes quem escrevia assim não passava da primária.

[Herp]

Eu também ando possesso, terei que escrever a minha tese segundo o acordo ortográfico.

Já enviei um e-mail ao conselho científico para que me seja possibilitada a hipótese de escrever em português correcto (com a devida nota: esta tese NÃO foi escrita segundo o acordo ortográfico), mas não me responderam ainda

Tanto quanto sei, e pelo menos na minha universidade, os "linguístas" estão quase todos contra o acordo, e a universidade só obriga as teses a serem escritas segundo o acordo por imposição de uma reunião do conselho de ministros do ano passado.

[Tassebem]

Isso é estranho, por enquanto ainda não é obrigatório escrever de acordo com o Desacordo Ortográfico. Fez bem em escrever ao conselho científico.

[Herp]

Afinal a reunião do conselho de ministros é já deste ano. Pode ler aqui a tal obrigatoriedade

[GallaeciaB]

este acordo patético só poderia ter saído da mão duma cambada de eunucos.

[tiabela]

este acordo patético só poderia ter saído da mão duma cambada de eunucos.

[Bingley]

Pois, é já para o ano que temos que usar o Acordo em textos oficiais

Só espero que arranjem corrector ortográfico actualizado para o Word, eu não sei escrever na lingua do acordo e o corrector que temos não nos deixa escrever certas palavras que passarão a ser correctas

[Tassebem]

No passeio a fumar..estava uma doida a olhar. Passou um caniche e começou a ...

[LuluB]

No passeio a fumar..estava uma doida a olhar. Passou um caniche e começou a ...

Qual a admiração, Tassebem?

O post já foi reportado, mas a Moderação só se preocupa com os clones. As ordinarices e provocações são para deixar impunes.

[LuluB]

No passeio a fumar..estava uma doida a olhar. Passou um caniche e começou a ...

Já percebi.

Olrik escreveu, noutro tópico:

«Já a Lumaria sentada no passeio a fumar cigarros é completamente externa á canicultura, ao comissariado de ringue ou a juíza de exposições.»

Mas continuo a não perceber o que tem isto a ver com este tópico.

Peço à moderação que edite.

Já reportei, vamos lá a ver quando é que a Moderação se decide a atender à melhoria de ambiente do fórum...

[xPauloSantos]

Que raios... ou ando out ou estou completamente loiro.

Mas que raio tem a ver a Lumaria com o fumar no passeio, o fumar no passeio com expos e tudo isso junto com o tópico da torre dos tombos ???