De novo os funcionários públicos

[Chamarrita]

claro que não se dá por satisfeito, e é claro que quando a escolha é entre "nada" e "alguma coisa", para quem não tem heranças outras fontes de rendimento, escolhemos "alguma coisa". Isto quando temos escolha. Há pessoas excluidas por terem habilitações "a mais"! E as especializações amarram-nos a uma profissão, impedem-nos de desempenhar outras. Há algo de profundamente errado quando há pessoas mal pagas por terem poucas habilitações académicas, e pessoas que procuram um trabalho qualquer com um canudo na mão, já para não mencionar os "estagiários" a desempenhar funções que nada têm a ver com a profissão escolhida... E quanto ao desempenho, nivelamo-nos pela mediocridade. Eu sou funcionária pública, servidora do estado, professora; as progressões na carreira estão "congeladas", o modelo de avaliação é uma palhaçada e todos os dias tenho à minha frente crianças e adolescentes que passam 8 horas ou mais na escola, e são obrigadas a estudar até ao 12º ano ou até terem 18 anos... para quê? onde os vão pôr depois? que vai ser deles?

A verdade é esta: não há lugar para todos, e somos cada vez mais; e quando lhes perguntamos o que querem ser quando crescerem, acreditem que nenhum responde "funcionário público".

[drilldown1]

A actividade é importantíssima sim, não há dúvida nenhuma. é um trabalho exigente a nível de qualificações, formação, postura, resistência ao stress, etc.
No entanto, a precariedade e a exploração dos trabalhadores nos call center das grandes empresas portuguesas É A REGRA, e não a excepção. Diz-me por favor quais são as empresas que usam quadros próprios nos callcenter... todas as empresas recorrem ao outsourcing, às CRH, Newtime, Tempoteam desta vida. Vais a uma loja PT, tens à tua frente um desgraçado da CRH, ligas para o 16200, outra explorada até ao tutano pela Manpower, todos a auferir 485.00.
Lamento Paulo mas infelizmente sei bem do que falo.

Podia começar pela minha, mais as outras na mesma área da minha, mas julgo que será mais fácil para ti enumerares as excepções, já que, se conheces bem, deverás certamente saber onde estão as excepções à regra que apontaste.

Falar de PT, ZON, TV Cabo, e outras idênticas, é falar exactamente daquilo que já atrás referi.

Ainda assim admito que o futuro passa eventualmente pelo Outsourcing, se faz sentido ou não, não disponho de mecanismos para fazer essa avaliação, mas que é o futuro, isso é.

Quanto a ganhar 485 euros...

Já tinha escrito aqui uma série de argumentos que até considerava válidos, mas resolvi resumir.

Vai lá dizer àqueles que nem um emprego conseguem arranjar para meter um pão na mesa, que há malta a ser explorada nos call center’s a ganhar 485 euros

Muitos dos que engrossam as filas dos desmpregados, foram dispensados dos callcenters, alguns após trabalharem 10 anos, sempre com o mesmo ordenado mínimo.

As TT e empresas de autsourcing de poucos em poucos anos mudam de nome (fuga aos impostos e ...etc)

Não é só PT, ZON, TV Cabo, mas tb hospitais, bancos, ministérios e direcções como por exemplo a Direcção Geral de Contribuições e impostos, a EDP, CTT, CP e por aí fora.

A Gestão dos trabalhadores é feita por TTs e autsourcings, que para apresentarem o produto final com lucros, os trabalhadores são tratados como outrora os escravos.

Esta é a realidade, não é por negar, que a situação é outra!

[Arguidaa]

A história que aqui corre dos trabalhadores do privado receberem "debaixo da mesa" é uma completa absurdidade.
Gostava de saber qual a empresa privada que paga aos empregados por debaixo da mesa e justifica a saída de capitais sem motivo.

Tenho uma amiga que trabalha no privado e na empresa onde trabalhava, na folha estava declarado que ela ganhava x e por fora davam-lhe mais. Isto é um facto. Como justificavam a saída de capitais? Pura e simplesmente porque há quem consiga fugir aos impostos, não passando facturas ou vendas a dinheiro sempre que quem compra não peça recibo.

Já os funcionários publicos...tiveram na globalidade sim, benesses porque no inicio os seus salarios eram inferiores. A certa altura isso acabou, os salarios do privado foram equilibrando-se pela função pública.

Posso dar um exemplo de benesses. As cooperativas que havia de consumo com bens bem mais baratos para os funcionários...certas empresas que garantiam aos funcionarios e seus familiares até aos 25 anos de idade um fantástico seguro de saúde que cobria literalmente tudo.

Sou funcionária pública (ou era, visto que o governo despromoveu uma grande parte dos funcionários públicos a simples empregados que trablham para o estado) e nunca tive benesses, nem conheço onde trabalho quem tenha tido dessas benesses. Cooperativas?? As únicas que conheço são as cooperativas agrícolas, onde para se ir tinha que se ser associado, e muito dificilmente os funcionários públicos (a menos que fossem funcionários públicos agrícolas) podiam ter acesso a essas benesses...

Seguro de saúde???? Gostaria de saber que empresa é essa que dão seguros de saúde assim tão fantásticos para poder ir trabalhar para lá...

Já os funcionários publicos...tiveram na globalidade sim, benesses porque no inicio os seus salarios eram inferiores. A certa altura isso acabou, os salarios do privado foram equilibrando-se pela função pública.

Diz que os salários dos funcionários públicos eram inferiores. E que os salários do privado se foram equilibrando com os destes... Quer dizer que os fp não ganham assim tão bem como quer fazer transparecer... Pelos menos a grande maioria...

O facto de durante muitos anos ser quase impossivel despedir alguémd a função publica a menos que tivesse cometido algo tão grave como assassinar o chefe

Acha que todos os funcionários que foram processados eram assassinos???
Houve quem fosse posto fora por muito menos... E já agora, para que fique esclarecido, bastava um funcionário ter 5 faltas injustificadas para ter um processo disciplinar em cima.[/quote]

Ambv e não concorda com o que pus a bold????

Sabe, é que no privado "bastam" 3 (TRÊS) faltas injustificadas para se ter um processo disciplinar e despedimento com justa causa.

Ah pois é ... o privado é que é bom.

Não digo que é bom ou mau, assim como não digo que o funcionalismo público seja bom ou mau mas, sejamos imparciais e assumamos que ambos têm as suas coisas boas e más.

[Chamarrita]

verdade seja dita: ser funcionário público ainda é um pouco melhor do que empregado por conta de outrém no privado... mas não por muito tempo mais, já que os modelos das empresas privadas estão a ser aplicados às empresas do estado, as perdas de "regalias" são generalizadas. O problema é que não há qualquer motivação para fazer os sacrifícios exigidos; onde encontram mais "mole", carregam...

[perapado]

Tenho acompanhado o tópico e, concordo com quase tudo o que li. Os funcionários públicos, há muitos anos atrás, tinham sim regalias que os "outros" não tinham (ADSE, por exemplo, que na altura era fantástica). Toda a gente queria ser FP, Bancário ou Delegado de Propaganda Médica Isto, no século passado
Não irei alongar-me mas sem dúvida que, tal como um forista aqui postou, nos tempos que correm, é melhor pouco que nada. Sempre fui apologista disto. A fome é dura e com escravatura, exploração... é preciso é pão para pôr na mesa.

[xPauloSantos]

Muitos dos que engrossam as filas dos desmpregados, foram dispensados dos callcenters, alguns após trabalharem 10 anos, sempre com o mesmo ordenado mínimo.

As TT e empresas de Outsourcing de poucos em poucos anos mudam de nome (fuga aos impostos e ...etc)

Não é só PT, ZON, TV Cabo, mas tb hospitais, bancos, ministérios e direcções como por exemplo a Direcção Geral de Contribuições e impostos, a EDP, CTT, CP e por aí fora.

A Gestão dos trabalhadores é feita por TTs e Outsourcings, que para apresentarem o produto final com lucros, os trabalhadores são tratados como outrora os escravos.

Esta é a realidade, não é por negar, que a situação é outra!

Mas essa realidade nunca foi negada.

O que foi dito por mim, é que, a precariedade no que a call centers diz respeito, não é a regra mas sim a excepção.

No entanto e como também já referi, para lá se caminha... porquê ?

Porque o que conta hoje em dia são os numeros, nada mais que os numeros.

Mas não se julgue que isto se aplica apenas a call centers, num futuro próximo, aplicar-se-á a qualquer área de negócio... ou alguém acha que as empresas do futuro e os novos modelos de gestão são vocacionados para a vertente humana ?

[Acena]

São focados nos resultados. Os alunos de gestão e economia aprendem isso logo no primeiro ano, nas primeiras aulas. Primeiro os alunos estranham, depois entranha-se.

[xPauloSantos]

São focados nos resultados. Os alunos de gestão e economia aprendem isso logo no primeiro ano, nas primeiras aulas. Primeiro os alunos estranham, depois entranha-se.

yep.

Tenho dúvidas é se o rresultado final é tão satisfatório quando se olha apenas para numeros esquecendo a vertente humana, de que quando se olha para os dois em simultâneo.

Para mim não dá... sei o que valem os numeros, mas sem uma equipa motivada e orientada para os resultados...

[Acena]

De uma forma geral, sem dúvida que compensa investir-se nas pessoas e as pessoas merecem e têm direito a esse investimento, aliás não consigo olhar para ninguém sem pensar que são pessoas acima de tudo. Mas é muito difícil encontrar-se o equilíbrio porque por um lado o mercado é uma selva, por outro lado os trabalhadores são muito complicados (porque são pessoas ).
Agora se não é esta selva que queremos, já é outra conversa…

[xPauloSantos]

De uma forma geral, sem dúvida que compensa investir-se nas pessoas e as pessoas merecem e têm direito a esse investimento, aliás não consigo olhar para ninguém sem pensar que são pessoas acima de tudo. Mas é muito difícil encontrar-se o equilíbrio porque por um lado o mercado é uma selva, por outro lado os trabalhadores são muito complicados (porque são pessoas ).
Agora se não é esta selva que queremos, já é outra conversa…

É um facto.

O meu director de RH costuma dizer-me que, isto cá dentro é uma selva.

Eu respondo-lhe que, toda a boa selva tem o seu Leão.

É necessário encontrar o equilibrio entre os numeros e o factor humano, pois sem este ultimo, tenho sérias dúvidas se os numeros se manterão num nivel aceitavel por um longo periodo de tempo.

Até à data a minha aposta nas pessoas, tem resultado e os numeros que apresento, vão ao encontro daquilo que são as minhas expectativas baseadas nos objectivos da empresa. Enquanto assim for, não penso mudar a postura.

[Acena]

O meu director de RH costuma dizer-me que, isto cá dentro é uma selva.

Eu respondo-lhe que, toda a boa selva tem o seu Leão.

É necessário encontrar o equilibrio entre os numeros e o factor humano, pois sem este ultimo, tenho sérias dúvidas se os numeros se manterão num nivel aceitavel por um longo periodo de tempo.

Até à data a minha aposta nas pessoas, tem resultado e os numeros que apresento, vão ao encontro daquilo que são as minhas expectativas baseadas nos objectivos da empresa. Enquanto assim for, não penso mudar a postura.

E faz muito bem em investir nas pessoas. Até porque tal como disse, apesar do desemprego, não é fácil encontrar as pessoas certas, os bons colaboradores são de grande valor para a empresa.

E pronto, já temos 3 governantes a renunciarem ao subsídio de alojamento (1 sem casa própria declarada em Lisboa), não chegaram à conclusão que era imoral, o que acho assustador mas adiante. Curioso é que Miguel Macedo fez questão de frisar que ele declarou tudo, eu fiquei a pensar se não estaria a mandar indirectas aos seus colegas…

[LuluB]

...E pronto, já temos 3 governantes a renunciarem ao subsídio de alojamento (1 sem casa própria declarada em Lisboa), não chegaram à conclusão que era imoral, o que acho assustador mas adiante. Curioso é que Miguel Macedo fez questão de frisar que ele declarou tudo, eu fiquei a pensar se não estaria a mandar indirectas aos seus colegas…

O que só prova que há sempre algo que o cidadão, esmifrado ou não, pode fazer: denunciar, não ficar calado, e não se limitar a queixar-se entre os amigos.

[xPauloSantos]

Continuo sem perceber como é que se permite a titulares de cargos públicos, receberem um ordenado e ao mesmo tempo, auferirem uma pensão de reforma.

Assunção Esteves, a actual Presidente da Assembleia da República reformou-se ao 42 anos, com a pensão mensal (14 vezes ano) de € 2.315,51.

Fica o Diário da República de 30/07/1998 para vossa informação.

Para que saibam ainda, a Senhora Assunção Esteves recebe ainda de vencimento mensal (14 vezes ano) € 5.799,05 e de ajudas de custas mensal (14 vezes ano) € 2.370,07. Aufere, portanto, a quantia anual de € 146.784,82.

Ou seja, recebe do erário público, a remuneração média mensal de € 12.232,07 (Doze mil, duzentos e trinta e dois euros, sete cêntimos).

Relembramos que também tem direito a uma viatura oficial de BMW a tempo inteiro!"

[Bondage2010]

Já todos sabiamos destas injustiças de pensões e roubos legais e sempre permitimos ou deixamos andar...só agora que nos querem comer o que já não temos é que andamos a bufar, mas até agora era deixa andar, e eles claro iam andando se não se tivesse levantado a lebre os outros tambem achavam bem terem o subsidio de alojamento e tendo casa embora não sendo residencia oficial em Lx

[xPauloSantos]

Já todos sabiamos destas injustiças de pensões e roubos legais e sempre permitimos ou deixamos andar...só agora que nos querem comer o que já não temos é que andamos a bufar, mas até agora era deixa andar, e eles claro iam andando se não se tivesse levantado a lebre os outros tambem achavam bem terem o subsidio de alojamento e tendo casa embora não sendo residencia oficial em Lx

Em parte é verdade, mas por outro lado e sempre que se falava nisto, nem que fosse esporadicamente, eles próprios estavam-se bem lixando.

Não nos podemos é esquecer que estamos a atravessar um período especialmente sensível e que tudo pode servir de rastilho, daí que, eles próprios estão mais sensíveis a estas situações e ninguém quer ficar com a batata quente nas mãos.

Há pois que aproveitar este tempo, para expormos, bufarmos ou lá o que quer que seja, pois a sem vergonhice e a imoralidade tem de ter um fim.