GSfanatic Escreveu:...No entanto, gostaria de assinalar que o Dicionário Houaiss levanta um problema interessante quanto à ambiguidade dos termos concreto e abstracto: substantivo concreto é definido como um «substantivo real», e substantivo abstracto, como «substantivo imaginário». Se a questão se coloca entre saber o que é imaginário e real, fácil é de ver que uns dirão que as palavras em foco são substantivos concretos («Deus, os anjos e as almas são reais»), enquanto outros os considerarão abstractos, porque lhe dão um estatuto imaginário. No contexto da educação religiosa e entre quem seja crente, as palavras em discussão são tão concretas e reais como o pão quotidiano. Numa perspectiva não-religiosa, aceita-se que os substantivos Deus/deus, anjo e alma sejam quer concretos quer abstractos.
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Bem, acho esta explicação no mínimo confusa e até um pouco ridícula: "substantivo imaginário"?
Não há substantivos imaginários, e atribuir tal adjectivo a coisas tão concretas e nada imaginárias, como os substantivos, ao senhor Houaiss, um dos pais do famigerado Acordo Ortográfico, diz muito a respeito da qualidade do linguista e da sua obra.
Os substantivos abstractos são as ideias, e tudo o que não tem um corpo definitivo, com peso e... substância palpável. Torcendo um bocado a definição, sim, poder-se-á dizer que um ideal religioso, político ou moralista será um substantivo abstracto, mas imaginário????
No plano ortográfico, pois que é dele que aqui se trata, neste monumental desvio ao tema inicial do tópico, os anjos, arcajos, santos e demais figuras religiosas, quando referidos globalmente, grafam-se com minúscula. Quando nos referimos a algum em específico, temos de escrever com maiúscula inicial: Santo António, São José, Arcanjo São Gabriel, Anjo da Morte, e por aí fora, pois são os seus nomes, nos quais se incluem as suas respectivas qualidades.
No capítulo das ideias, coisas incorpóreas mas nem por isso menos substantivos, também diz a regra que têm de ser escritos com maiúscula: Iluminismo, Socialismo, Ateísmo, Judaísmo, Capitalismo, etc. Mas os substantivos concretos deles derivados não merecem tanto: cristãos, ateus, socialistas, etc. Os iluministas têm mesmo de ser distinguidos conforme o contexto, pois os pintores de iluminuras da Idade Média também são chamados de iluministas.
Enfim, em gramática e ortografia existe um nunca acabar de questões e regras, mas a imaginação pouco cabimento tem nelas...