LuluB Escreveu:Já tinha prometido a mim mesma não voltar a intervir neste assunto
oh... Peço desculpa, não me apercebi que este diálogo a incomoda

se não se importa, eu queria responder, tentarei ser breve.
LuluB Escreveu:
Não concordo. Admitir que não somos obrigados a amar a língua que bebemos no leite da mãe (passe o estafado da imagem) é admitir que não amamos nada do que nos está no sangue, admitir que não nos amamos sequer a nós próprios.
É um argumento válido para uma sociedade monoétnica e monocultural num mundo ideal onde toda a gente gosta do lugar onde vive, dos pais que tem, conhece a herança cultural e histórica e tem orgulho nela. O que nem sempre é assim.
Eu consigo imaginar que para algumas pessoas língua estrangeira soa melhor. Por outro lado, poucas pessoas que aprendem a língua inglesa pensam na sua beleza e riqueza. Pensam é no prestígio, na possibilidade de viajar ou de obter um trabalho melhor, enfim, consideram-na uma ferramenta muito útil que vale a pena dominar. Neste caso a língua inglesa, reduzida à uma centena de palavras e clichés, é vítima da sua "utilidade".
Para algumas pessoas, como diz, será assim. Para a maioria, é uma questão de moda, de sujeição a um colonialismo cultural. O que as pessoas aprendem não é o inglês europeu, é o americano, fascinadas pelo modo de vida daquele país, que desde o meio do século passado se tem esforçado - e conseguido - dominar com a sua cultura. E dele só aprendem uma linguagem deturpada
Concordo, embora eu não subestimava os ingleses, especialmente em contexto português. Ainda há uns 3 meses eu ouvi um inglês a queixar-se que ele vive aqui já há 16 anos e os "estúpidos que o rodeiam" ainda mal falam inglês. Ele próprio nem tentou se expressar em português.
Não percebo como se possa pôr a comunicação à frente do seu meio, a escrita ou a verbalização. Uma má escrita (ou um mau discurso), desorganizada e cheia de erros de ortografia e sintácticos não consegue comunicar nada de útil, e em não poucos casos obriga a pedir-se à pessoa que se explique melhor escrevendo e/ou falando como deve ser.
Isso só acontece quando comunicam as pessoas dos diferentes círculos culturais. Dentro destes círculos as pessoas entendem-se às mil maravilhas (dentro do possível), tem a ver com os códigos culturais.
É uma conversa interessantíssima, mas para mim já é um bocadinho complicado mante-la por escrita. Se quiser um dia continuar convido-a para um chá (ou café)
E, a propósito:
"...acho normal haverem pessoas" está errado. O verbo, nestes casos, é sempre usado no infinitivo: "acho normal haver pessoas".
Obrigada
