Alice esperou 38 anos para matar o marido

[LuMaria]

Teve 38 anos para largar o agressor.
Tenho uma amiga que leva na cara há 12 anos e ainda hoje diz que gosta dele e que ele não tem culpa e que há alturas em que é o melhor marido do mundo. Vai matá-lo um dia? É provável.

Ainda há muito a mania de que "entre marido e mulher não metas a colher", mas isto é um crime público, e qualquer pessoa o pode denunciar. É o seu dever como cidadã, e como amiga. E se estiverem crianças envolvidas, eu não pensava duas vezes.

Sem duvida. Mas até os próprios pais já foram chamados de mentirosos na esquadra de policia. Porque não, às vezes exalta-se mas nunca lhe tocou com um dedo.
Cai é muitas das vezes das escadas abaixo.
Porque o ama. Porque as crianças precisam do pai. Porque às vezes é um excelente marido. Porque, porque, porque...

[ziggy]

Lembro-me sempre de uma senhora amiga da minha avó contar a história de quando se casou no princípio do século XX, o marido ao fim de um mês e tal de casameto ter ameaçado que lhe batia por uma desavença qualquer. Ela disse-lhe que se ele lhe ia bater, que tinha a opção de a matar ou de aprender a dormir de olhos abertos. O marido nunca lhe bateu, e viveram felizes mais de sessenta anos até ele morrer.

[LuMaria]

Lembro-me sempre de uma senhora amiga da minha avó contar a história de quando se casou no princípio do século XX, o marido ao fim de um mês e tal de casameto ter ameaçado que lhe batia por uma desavença qualquer. Ela disse-lhe que se ele lhe ia bater, que tinha a opção de a matar ou de aprender a dormir de olhos abertos. O marido nunca lhe bateu, e viveram felizes mais de sessenta anos até ele morrer.

A isto chamo, uma Grande Mulher!

[Acena]

Nenhum dos dois é inocente, um agride e o outro gosta de ser agredido.

É difícil a quem está numa situação destas virar costas e recomeçar a partir do zero? Sim, é. Mas há quem o faça. Só que desses casos ninguém fala.

Gosta de ser agredido?

[LuMaria]

Nenhum dos dois é inocente, um agride e o outro gosta de ser agredido.

É difícil a quem está numa situação destas virar costas e recomeçar a partir do zero? Sim, é. Mas há quem o faça. Só que desses casos ninguém fala.

Gosta de ser agredido?

Se não gostasse punha termo imediato não?

[Tassebem]

Nenhum dos dois é inocente, um agride e o outro gosta de ser agredido.

É difícil a quem está numa situação destas virar costas e recomeçar a partir do zero? Sim, é. Mas há quem o faça. Só que desses casos ninguém fala.

Gosta de ser agredido?

Se não gostasse punha termo imediato não?

LuMaria, tanta atenção que se tem dado ultimamente na comunicação social a este problema, tantos programas em que há testemunhos na primeira pessoa de mulheres que sofrem este problema, e como pode dizer que elas gostam de ser agredidas?

[LuMaria]

Nenhum dos dois é inocente, um agride e o outro gosta de ser agredido.

É difícil a quem está numa situação destas virar costas e recomeçar a partir do zero? Sim, é. Mas há quem o faça. Só que desses casos ninguém fala.

Gosta de ser agredido?

Se não gostasse punha termo imediato não?

LuMaria, tanta atenção que se tem dado ultimamente na comunicação social a este problema, tantos programas em que há testemunhos na primeira pessoa de mulheres que sofrem este problema, e como pode dizer que elas gostam de ser agredidas?

Hoje em dia dá-se atenção desmesurada a tudo.

Que diz de uma mulher que chama os pais mentirosos na esquadra de policia e vive há 12 anos com quem a esmurra quase diáriamente, dizendo que coitadinho não tem culpa e o ama imenso?

[Acena]

Nenhum dos dois é inocente, um agride e o outro gosta de ser agredido.

É difícil a quem está numa situação destas virar costas e recomeçar a partir do zero? Sim, é. Mas há quem o faça. Só que desses casos ninguém fala.

Gosta de ser agredido?

Se não gostasse punha termo imediato não?

Não, as vítimas de violência doméstica têm um medo irracional pelo agressor, juntamente com a violência física há sempre violência psicológica. O agressor controla a vítima.

È verdade Tassebem, fala-se muito deste assunto. Além de a própria mulher agredida se culpabilizar parte da sociedade também lhe atribui a culpa.

[LuMaria]

É. Há também uma certa necessidade de florear tudo hoje em dia. Ir ao cerne da questão mete medo.

[Tassebem]

Nenhum dos dois é inocente, um agride e o outro gosta de ser agredido.

É difícil a quem está numa situação destas virar costas e recomeçar a partir do zero? Sim, é. Mas há quem o faça. Só que desses casos ninguém fala.

Gosta de ser agredido?

Se não gostasse punha termo imediato não?

LuMaria, tanta atenção que se tem dado ultimamente na comunicação social a este problema, tantos programas em que há testemunhos na primeira pessoa de mulheres que sofrem este problema, e como pode dizer que elas gostam de ser agredidas?

Hoje em dia dá-se atenção desmesurada a tudo.

Que diz de uma mulher que chama os pais mentirosos na esquadra de policia e vive há 12 anos com quem a esmurra quase diáriamente, dizendo que coitadinho não tem culpa e o ama imenso?

E, neste caso, toda a atenção é pouca.

Digo que é uma mulher com medo, subjugada, destruída. Não digo que só pode gostar de levar pancada.

[Acena]

É. Há também uma certa necessidade de florear tudo hoje em dia. Ir ao cerne da questão mete medo.

Onde é que vê floreados? Qual é o cerne da questão?

[Claudiaf7]

Pode-se julgar linear a situação de uma mulher sofrer de violência doméstica e não denunciar o agressor. Pensa-se, se não denuncia é porque gosta, ou, é tão facil denunciar, é só ir à policia.
Não. Não é. Primeiro de tudo, o agressor, faz a pessoa sentir que merece a agressão, faz sentir que a culpa é da agredida, que de algum modo fez algo que justificasse o murro ou o estalo.
Para além disso, isola a pessoa das companhias, dos amigos, muitas vezes da própria familia.
Pode muitas vezes ameaçar, se me denunciares mato-te.
E depois, não é só isso...é que uma pessoa sente-se confinada aquela situação, sente que merece, porque a nossa auto-estima está tao em baixo, que acabamos a pensar que merecemos o que temos e que não somos dignas ou capazes de arranjar melhor.
É muito dificil mesmo.

[Claudiaf7]

Pode-se julgar linear a situação de uma mulher sofrer de violência doméstica e não denunciar o agressor. Pensa-se, se não denuncia é porque gosta, ou, é tão facil denunciar, é só ir à policia.
Não. Não é. Primeiro de tudo, o agressor, faz a pessoa sentir que merece a agressão, faz sentir que a culpa é da agredida, que de algum modo fez algo que justificasse o murro ou o estalo.
Para além disso, isola a pessoa das companhias, dos amigos, muitas vezes da própria familia.
Pode muitas vezes ameaçar, se me denunciares mato-te.
E depois, não é só isso...é que uma pessoa sente-se confinada aquela situação, sente que merece, porque a nossa auto-estima está tao em baixo, que acabamos a pensar que merecemos o que temos e que não somos dignas ou capazes de arranjar melhor.
É muito dificil mesmo.

[LuluB]

Quando disse que as vítimas gostam de ser vítimas, não falei por acaso, nem no ar. Gostam, sim, apesar de esse gosto nunca ser admitido nem confessado.

Viver uma situação dessas dá uma importância que a pessoa nunca deve ter tido ou sentido que tinha. Aparece alguém que a ama a ponto de a espancar? Que bom ser amado assim! Ele até é bonzinho, lá no fundo, tem é aqueles repentes. E é bom pai, embora às vezes também pregue uns tabefes aos filhos, mas aí entro eu, valente e leoa a defender as minhas crias. Fico cheia de nódoas negras, com um olho inchado e fechado, cheia de golpes e feridas, mas sou muito boa mãe, defendi-as. Ele é que se irritou, mas no geral é bom pai e bom marido, se o não fosse eu não o teria escolhido. Às vezes tem o defeito de beber um bocadinho a mais, mas qual é o homem que o não faz?

Etc., etc.

O domínio pelo terror e a subjugação a esse terror têm milhentas de razões, desde as culturais até à psicológicas. Podemos tentar arranjar desculpas e soluções para ajudar a vítima, mas se esta não estiver disposta a fugir ao seu carrasco, nada feito. E tudo pode acabar em assassinato real, pois o outro, o impalpável, o de uma personalidade, já há muito foi cometido.

[Tassebem]

Quando disse que as vítimas gostam de ser vítimas, não falei por acaso, nem no ar. Gostam, sim, apesar de esse gosto nunca ser admitido nem confessado.

Viver uma situação dessas dá uma importância que a pessoa nunca deve ter tido ou sentido que tinha. Aparece alguém que a ama a ponto de a espancar? Que bom ser amado assim! Ele até é bonzinho, lá no fundo, tem é aqueles repentes. E é bom pai, embora às vezes também pregue uns tabefes aos filhos, mas aí entro eu, valente e leoa a defender as minhas crias. Fico cheia de nódoas negras, com um olho inchado e fechado, cheia de golpes e feridas, mas sou muito boa mãe, defendi-as. Ele é que se irritou, mas no geral é bom pai e bom marido, se o não fosse eu não o teria escolhido. Às vezes tem o defeito de beber um bocadinho a mais, mas qual é o homem que o não faz?

Etc., etc.

O domínio pelo terror e a subjugação a esse terror têm milhentas de razões, desde as culturais até à psicológicas. Podemos tentar arranjar desculpas e soluções para ajudar a vítima, mas se esta não estiver disposta a fugir ao seu carrasco, nada feito. E tudo pode acabar em assassinato real, pois o outro, o impalpável, o de uma personalidade, já há muito foi cometido.

Não concordo nada. O que a vítima deve sentir-se é absolutamente sem importância, mesquinha, um capacho humano, merecedora até (como já foi referido) da pancada que leva -- e, como tal, incapaz de dar um passo para sair da situação. Algumas acabam por conseguir dá-lo, mas as histórias que tenho ouvido mostram bem como é difícil.