
Ó... ó... ó forista, onde é que estava no 25 de Abril?
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é retórica não é? 

An ye harm none, do what ye will
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- Localização: os meus e os que são meus temporariamente :)
Eu comemoro sempre - na rua ou em casa, sózinha ou acompanhada.
Para mim é mais um aniversário na família.
Foi o dia que fez com que eu não conhecesse as prisões do Estado Novo.
O meu pai já tinha o dia marcado para a PIDE o ir buscar: 27 de Abril de 1974 (como soubémos mais tarde).
Recordo sempre este dia com muita emoção, principalmente desde que não o tenho ao meu lado.
De manhã a minha mãe proibiu-me de sair.
Como a minha estação de rádio era o Rádio Clube Português assim que ouvi o 1º comunicado pedi, supliquei, chorei mas não a consegui demover a deixar-me sair.
Então usei uma prática de quando era mais miúda.
Saltei pela janela (morávamos num r/c) só que tinha 13 anos, 1, 71 de altura e já não devia fazer daquelas coisas
Em 2 minutos estava ao pé cinema Tivoli, na Av. da Liberdade, e não via ninguém, nem dum lado nem do outro. Até que olhei lá para o fundo, zona dos Restauradores e vejo algumas pessoas a correr. E desci a avenida, passei pelos Restauradores, fui até ao Rossio e ouço barulho mais lá em baixo, no Terreiro do Paço.
Ainda desci até meio da Rua do Ouro, mas apercebi-me de tropas (armas) e arrepiei caminho, subi para o Chiado e juntei-me às pessoas que já andavam por ali.
Assisti à célebre foto do PIDE com as calças nos tornozelos, ouvi o tiro saído da PIDE e que matou uma pessoa, estive no Largo do Carmo, fiz parte da festa.
O pior foi quando cheguei à noite a casa.
O meu pai nessa altura estava a trabalhar no Algarve e a minha mãe estava num estado de pré-colapso.
Eu entro em casa, dou-lhe um cravo e levo uma estalada
Já tinha ligado para a polícia, hospitais, bombeiros e até para os militares
Passados dia, depois do susto já amenizado, já contava a minha aventura com orgulho.
Eu é que andei uns dias a disfarçar o vermelho na cara (ela quando batia levantava vento
).
E também ouvi a canção do Paulo de Carvalho
Tinha o hábito de ler até às tantas, já deitada, a ouvir o Rádio Clube Português quase em surdina para não fazer barulho, e a canção passou.
Achei perfeitamente normal, afinal tinha ganho o Festival da Canção desse ano.
Quando soube que foi uma das canções que deu o sinal para o início do movimento achei graça à coincidência
Depois foram tempos atribulados, novos, muito mexidos...
olhando para trás não os trocava por nada deste mundo
Para mim é mais um aniversário na família.
Foi o dia que fez com que eu não conhecesse as prisões do Estado Novo.
O meu pai já tinha o dia marcado para a PIDE o ir buscar: 27 de Abril de 1974 (como soubémos mais tarde).
Recordo sempre este dia com muita emoção, principalmente desde que não o tenho ao meu lado.
De manhã a minha mãe proibiu-me de sair.
Como a minha estação de rádio era o Rádio Clube Português assim que ouvi o 1º comunicado pedi, supliquei, chorei mas não a consegui demover a deixar-me sair.
Então usei uma prática de quando era mais miúda.
Saltei pela janela (morávamos num r/c) só que tinha 13 anos, 1, 71 de altura e já não devia fazer daquelas coisas
Em 2 minutos estava ao pé cinema Tivoli, na Av. da Liberdade, e não via ninguém, nem dum lado nem do outro. Até que olhei lá para o fundo, zona dos Restauradores e vejo algumas pessoas a correr. E desci a avenida, passei pelos Restauradores, fui até ao Rossio e ouço barulho mais lá em baixo, no Terreiro do Paço.
Ainda desci até meio da Rua do Ouro, mas apercebi-me de tropas (armas) e arrepiei caminho, subi para o Chiado e juntei-me às pessoas que já andavam por ali.
Assisti à célebre foto do PIDE com as calças nos tornozelos, ouvi o tiro saído da PIDE e que matou uma pessoa, estive no Largo do Carmo, fiz parte da festa.
O pior foi quando cheguei à noite a casa.
O meu pai nessa altura estava a trabalhar no Algarve e a minha mãe estava num estado de pré-colapso.
Eu entro em casa, dou-lhe um cravo e levo uma estalada

Já tinha ligado para a polícia, hospitais, bombeiros e até para os militares

Passados dia, depois do susto já amenizado, já contava a minha aventura com orgulho.
Eu é que andei uns dias a disfarçar o vermelho na cara (ela quando batia levantava vento

E também ouvi a canção do Paulo de Carvalho

Tinha o hábito de ler até às tantas, já deitada, a ouvir o Rádio Clube Português quase em surdina para não fazer barulho, e a canção passou.
Achei perfeitamente normal, afinal tinha ganho o Festival da Canção desse ano.
Quando soube que foi uma das canções que deu o sinal para o início do movimento achei graça à coincidência

Depois foram tempos atribulados, novos, muito mexidos...
olhando para trás não os trocava por nada deste mundo

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Pequebrado o teu Pai ía ser preso a 27 de Abril?Pequebrado Escreveu:Eu comemoro sempre - na rua ou em casa, sózinha ou acompanhada.
Para mim é mais um aniversário na família.
Foi o dia que fez com que eu não conhecesse as prisões do Estado Novo.
O meu pai já tinha o dia marcado para a PIDE o ir buscar: 27 de Abril de 1974 (como soubémos mais tarde).
Recordo sempre este dia com muita emoção, principalmente desde que não o tenho ao meu lado.
De manhã a minha mãe proibiu-me de sair.
Como a minha estação de rádio era o Rádio Clube Português assim que ouvi o 1º comunicado pedi, supliquei, chorei mas não a consegui demover a deixar-me sair.
Então usei uma prática de quando era mais miúda.
Saltei pela janela (morávamos num r/c) só que tinha 13 anos, 1, 71 de altura e já não devia fazer daquelas coisas
Em 2 minutos estava ao pé cinema Tivoli, na Av. da Liberdade, e não via ninguém, nem dum lado nem do outro. Até que olhei lá para o fundo, zona dos Restauradores e vejo algumas pessoas a correr. E desci a avenida, passei pelos Restauradores, fui até ao Rossio e ouço barulho mais lá em baixo, no Terreiro do Paço.
Ainda desci até meio da Rua do Ouro, mas apercebi-me de tropas (armas) e arrepiei caminho, subi para o Chiado e juntei-me às pessoas que já andavam por ali.
Assisti à célebre foto do PIDE com as calças nos tornozelos, ouvi o tiro saído da PIDE e que matou uma pessoa, estive no Largo do Carmo, fiz parte da festa.
O pior foi quando cheguei à noite a casa.
O meu pai nessa altura estava a trabalhar no Algarve e a minha mãe estava num estado de pré-colapso.
Eu entro em casa, dou-lhe um cravo e levo uma estalada![]()
Já tinha ligado para a polícia, hospitais, bombeiros e até para os militares![]()
Passados dia, depois do susto já amenizado, já contava a minha aventura com orgulho.
Eu é que andei uns dias a disfarçar o vermelho na cara (ela quando batia levantava vento).
E também ouvi a canção do Paulo de Carvalho![]()
Tinha o hábito de ler até às tantas, já deitada, a ouvir o Rádio Clube Português quase em surdina para não fazer barulho, e a canção passou.
Achei perfeitamente normal, afinal tinha ganho o Festival da Canção desse ano.
Quando soube que foi uma das canções que deu o sinal para o início do movimento achei graça à coincidência![]()
Depois foram tempos atribulados, novos, muito mexidos...
olhando para trás não os trocava por nada deste mundo








Tem graça que eu também ouvi "E Depois do Adeus" mas não dei importância pois como dizes e bem, tinha ganho o festival e estava sempre a passar na rádio.


Não sei se alguém deste fórum chegou a ir visitar a "reconstituição" do Posto de Comando na Pontinha. Foi arrepiante ver como com tão "parcos" meios ... se conseguiu derrubar um regime.

Tinha 10 anos. Estava no , na altura, 1º ano do ciclo preparatório.
Do prédio onde morava via-se as traseiras da minha escola. Foi de lá que recebi o aviso que não havia escola nesse dia.
Foi nessa altura que se fez luz na cabeça da minha avó e desde aí passou todo o dia em ansias e aflições.
O meu irmão vinha na coluna militar comandada pelo capitão Salgueiro Maia.
Nessa altura compreendi a razão de todos os secretismos que havia lá em casa, quem eram as pessoas estranhas que se fechavam no quarto a conversar com o meu irmão. Porque não podia eu cantar na rua as musicas que ouvíamos baixinho no giradiscos.Ou comentar os livros que estavam na parte da estante que era fechada à chave.
Desde esse dia acabaram-se, lá em casa, portas fechadas e cadeados...
Do prédio onde morava via-se as traseiras da minha escola. Foi de lá que recebi o aviso que não havia escola nesse dia.

Foi nessa altura que se fez luz na cabeça da minha avó e desde aí passou todo o dia em ansias e aflições.
O meu irmão vinha na coluna militar comandada pelo capitão Salgueiro Maia.
Nessa altura compreendi a razão de todos os secretismos que havia lá em casa, quem eram as pessoas estranhas que se fechavam no quarto a conversar com o meu irmão. Porque não podia eu cantar na rua as musicas que ouvíamos baixinho no giradiscos.Ou comentar os livros que estavam na parte da estante que era fechada à chave.
Desde esse dia acabaram-se, lá em casa, portas fechadas e cadeados...

Dedico esta assinatura a quem lhe "acentar" a carapuça :
"Quem nasce lagartixa, nunca chega a jacaré, por muito que se inche .... " By , um amigo muito querido ...
"Dogs are better than human beings because they know but do not tell."
— Emily Dickinson
À espera que os frangos que o Terug, o Paulo Santos e o Zefe andam a virar, fiquem prontos.
... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
"Quem nasce lagartixa, nunca chega a jacaré, por muito que se inche .... " By , um amigo muito querido ...
"Dogs are better than human beings because they know but do not tell."
— Emily Dickinson
À espera que os frangos que o Terug, o Paulo Santos e o Zefe andam a virar, fiquem prontos.
... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
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A pergunta era onde estava...Terugkeren Escreveu:?
eu estava nos "tin-tins" dos meu Pai (desculpem a vulgaridade

nasci em finais 75
eu ainda nem era um projecto... estava o meu pai nas ÁFRICAS e a minha mãe aqui no Norte... sei que se não fosse o 25 de Abril eu não estava cáVandocasmm Escreveu:A pergunta era onde estava...Terugkeren Escreveu:?
eu estava nos "tin-tins" dos meu Pai (desculpem a vulgaridade)
nasci em finais 75

«None are more hopelessly enslaved than those who falsely believe they are free»
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- Localização: Micas Maria, Tobias Manuel, Lolita, *Ratatui* *Tucha Maria*
Pois, aqui a je, tinha 1 anos e 4 meses mal feitos... infelizmente, não me lembro de nada - mas digo que adorei ler as histórias de quem acompanhou de perto um dia destes!
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The little creature said, “Dear Lord,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">There’s not one name left for me.”</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The Father smiled and softly said,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">“I’ve left you ’til the end.</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">I’ve turned my own name back to front,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">And called you Dog, my friend!”</p>
<p> </p>
<p><a href="http://chamaram-mesafira.blogspot.com/" ... om/</a></p>
<p><a href="http://www.patavermelha.com/">http://ww ... /</a>
</p>
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<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">There’s not one name left for me.”</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The Father smiled and softly said,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">“I’ve left you ’til the end.</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">I’ve turned my own name back to front,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">And called you Dog, my friend!”</p>
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<p><a href="http://chamaram-mesafira.blogspot.com/" ... om/</a></p>
<p><a href="http://www.patavermelha.com/">http://ww ... /</a>
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Algumas das reuniões para a preparação do 25 de Abril foram realizadas lá em casa.
Aliás, é uma das coisas que a minha Mãe ainda hoje, passados 37 anos não perdoa ao meu Pai.
Segundo ela, ele tinha e tem todo o direito a ter os seus ideais mas, não tinha o direito, de pôr a família em risco como o fez.
Por causa do meu Pai nós éramos seguidas pela PIDE. O maior receio da minha Mãe é que nos raptassem para o obrigar a "render-se".
Lembro-me de no dia das reuniões lá em casa jantarmos mais cedo e irmos para a cama também mais cedo. Lembro-me de acharmos estranho o meu Pai que nunca tinha sido pessoa de sair, ter passado a sair imensas noites. Também nunca foi do género de receber visitas lá em casa ... ou pelo menos, uma data de homens com "canudos" nas mãos que eram mapas.
Lembro-me de variadíssimas vezes as minhas irmãs e eu irmos para trás dos cortinados para tentar escutar o que eles diziam ... mas nadinha.
Falavam muito baixinho. Lembro-me duma noite em que estávamos nessas "escutas" uma das minhas irmãs perguntar: Será que o Pai está metido nalguma revolução??? Ao que as outras duas disseram: Estás parva, então não vês o que o Pai diz à Anica quando ela aparece com os panfletos clandestinos que distribuem no liceu?

Lembro-me duma vez ir para o liceu com uma minha colega e amiga e a minha Mãe ter ido à janela e ter visto que a PIDE nos seguia. Morávamos num 10º andar e a ela começou aos berros para eu voltar para casa. Eu ía para casa e ela mandava-me seguir.
Já estava farta de andar de lá para cá e resolvi ir para o liceu não sem antes parar na Sul-América (pastelaria ao lado do liceu) para comprar um bolo. Nisto apareceu a Guida, a minha vizinha do 6º andar que, quando me viu disse: Vai depressa para o liceu que a tua Mãe está lá lavada em lágrimas. Larguei tudo, desatei a correr e, quando lá cheguei, estava a minha Mãe sentada numa cadeira, rodeada de gente, branca que nem cal das paredes e lavada em lágrimas. Quando me viu abraçou-se a mim e ... ainda chorava mais. Deu a desculpa de que os homens das oficinas nos tinham seguido.

Outra vez vinha com essa minha amiga das aulas e parámos no prédio em frente do meu ... o PIDE também parou e ficou ali especado. Eu como é óbvio não sabia que era PIDE ... para mim era um homem que nos tinha vindo a seguir.
Tinha tido ginástica e não fiz mais nada. Tirei os ténis do saco, fiquei com um, dei outro à Elsa e pedi-lhe para me acompanhar até ao prédio e esperar que eu me metesse no elevador. De seguida que correrre até casa dela que eu ligaria passados 10 minutos. Caso não estivesse eu de imediato ligaria para a polícia.
São tantas e tantas lembranças ... mas talvez uma das que me marcou mais, foi no dia 27 de Abril a minha Mãe foi-nos pôr e buscar ao liceu e nessa tarde, quando ela e eu tentámos entrar no prédio ... apareceu-nos um PIDE á frente que era um autêntico "armário" (esse eu já conhecia)
que nos barrou a entrada no prédio. A minha Mãe ficou em pânico e lembrou-se desta: Ó Né ... esqueci-me de comprar manteiga ... vamos ali abaixo ao Sr. Manel e nisto ... desatámos as duas a correr para o prédio de trás onde pedimos ajuda. 
Nesse mesmo 27 de Abril quando o meu Pai veio dormir umas horitas, quando pretendeu sair a minha Mãe disse-lhe que ligasse a pedir segurança pois tinhamos a PIDE lá em baixo. O meu Pai dizia que eram manias dela e então, ela resolveu vir cá abaixo com a empregada para confirmar ... não é que eram mesmo.
Desatou a fugir e então lá o conseguimos convencer a ligar para a Cova da Moura a pedir que alguém o fosse buscar. Para nosso espanto esse alguém (que nós pensávamos que seria um carro) ... eram camionetas e camionetas cheias de soldados.
Cercaram o prédio todo mais as redondezas e ninguém entrava no prédio sem se identificar. Apanharam dois PIDES escondidos atrás do prédio e no dia 28 de Abril fui para o liceu com essa minha amiga mais 4 soldados a escoltarem-nos munidos de G-3 com cravos pendurados.


Segundo ela, ele tinha e tem todo o direito a ter os seus ideais mas, não tinha o direito, de pôr a família em risco como o fez.

Por causa do meu Pai nós éramos seguidas pela PIDE. O maior receio da minha Mãe é que nos raptassem para o obrigar a "render-se".

Lembro-me de no dia das reuniões lá em casa jantarmos mais cedo e irmos para a cama também mais cedo. Lembro-me de acharmos estranho o meu Pai que nunca tinha sido pessoa de sair, ter passado a sair imensas noites. Também nunca foi do género de receber visitas lá em casa ... ou pelo menos, uma data de homens com "canudos" nas mãos que eram mapas.


Lembro-me de variadíssimas vezes as minhas irmãs e eu irmos para trás dos cortinados para tentar escutar o que eles diziam ... mas nadinha.




Lembro-me duma vez ir para o liceu com uma minha colega e amiga e a minha Mãe ter ido à janela e ter visto que a PIDE nos seguia. Morávamos num 10º andar e a ela começou aos berros para eu voltar para casa. Eu ía para casa e ela mandava-me seguir.



Outra vez vinha com essa minha amiga das aulas e parámos no prédio em frente do meu ... o PIDE também parou e ficou ali especado. Eu como é óbvio não sabia que era PIDE ... para mim era um homem que nos tinha vindo a seguir.


São tantas e tantas lembranças ... mas talvez uma das que me marcou mais, foi no dia 27 de Abril a minha Mãe foi-nos pôr e buscar ao liceu e nessa tarde, quando ela e eu tentámos entrar no prédio ... apareceu-nos um PIDE á frente que era um autêntico "armário" (esse eu já conhecia)


Nesse mesmo 27 de Abril quando o meu Pai veio dormir umas horitas, quando pretendeu sair a minha Mãe disse-lhe que ligasse a pedir segurança pois tinhamos a PIDE lá em baixo. O meu Pai dizia que eram manias dela e então, ela resolveu vir cá abaixo com a empregada para confirmar ... não é que eram mesmo.





Última edição por Arguida em terça abr 26, 2011 8:45 am, editado 2 vezes no total.
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pertenço ao baby boom pós-revolução.... pela minha parte, acho que foi portanto espectacular! 

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Beeem... aí está grande estiloArguida Escreveu:Apanharam dois PIDES escondidos atrás do prédio e no dia 28 de Abril fui para o liceu com essa minha amiga mais 4 soldados a escoltarem-nos munidos de G-3 com cravos pendurados.![]()

A manif/festa foi bonita hoje, em Coimbra. É bom vir para a rua no 25 de Abril, e ouvir as histórias de tempos idos, e discutir os tempos que aí vêm.
Eu como nasci na década de 80, nasci em liberdade e não posso dar mais contributo além do que me foi contado pelos meus avós do que era viver em Ditadura e opressão... Vejo o acontecido em 25 de Abril com orgulho! Assim como li algumas das intervenções com um sorriso e que apenas junto: "Viva a liberdade, Viva Portugal" 
Infelizmente parece que é necessário outra "revolução" para que se acabem com os problemas de sempre (e que perduram desde sempre): Desigualdade "gritante" de direitos, cunhas, favores, compadrios, ingerências, incompetência, etc.
O nosso País tem capacidade para mais que isto, basta que se mudem mentalidades (do deixa andar, do "lixar o estado", etc.), que se façam os esforços necessários e não deixem esse mesmo esforço apenas para o contribuinte! Parafraseando Salgueiro Maia: "(...)vamos acabar com o estado a que chegámos!"
Os bancos e todos aqueles que contribuíram para a crise em que mergulhamos que façam a sua parte também!
Acabe-se com os ordenados principescos de gestores públicos: Premeie-se quem merece ser premiado e puna-se quem é incompetente! Sou a favor de gestores bem pagos (no máx. 5000€/mês) e que ganhem prémios de percentagem do lucro que a empresa que gerem consegue obter.
Acabe-se com os Institutos e empresas públicas "fantasma" que pouco ou nenhum contributo dão ao Estado...
Aumente-se a participação do Estado em lugares estratégicos: Energia, Água e Telecomunicações de forma a dar poder de decisão a quem de direito e que se acabe com concertações em subidas ininterruptas de preço;
Reforma na Justiça era para ontem! Com a Justiça que temos (morosidade, incompetência e preços praticados) esta não serve toda a gente. E sem uma Justiça capaz não existe Democracia! Assim como nunca poderemos ter uma Economia forte sem a mesma!
Reformas na Educação e Saúde: E estas reformas não são privatizações que nada mais acrescentam do que desigualdades de tratamento! Acabe-se com o facilitismo no Ensino em prol das Estatísticas, acabe-se com os Hospitais Empresa... Sou a favor de um hospital bem gerido, com os recursos ideais para funcionar em pleno. Acabe-se com os lóbis da Saúde (farmacêuticas) e Educação (editoras)! É aqui que o Governo deve ter mais "mãos largas", no entanto controlando sempre a despesa.
Reformas Sociais: Acabe-se com o Rendimento Mínimo a pessoas que podem muito bem estar no mercado de trabalho, com tanto para fazer neste País (trabalho não falta: limpeza das florestas por exemplo), porque há-de estar alguém a receber para não fazer nada? Não se compreende como existem reformas de menos de 100€ e existe gente a subsídio de inserção com 300€; Acabe-se com os falsos recibos verdes e a precariedade; Sou a favor de medidas que aumentem, sim, a verdadeira flexibilidade no emprego (dando ao empregador o direito de descartar incompetentes), mas que ao mesmo tempo também proteja o trabalhador de forma a que não seja explorado por gananciosos!
Que se cumpra Abril!

Infelizmente parece que é necessário outra "revolução" para que se acabem com os problemas de sempre (e que perduram desde sempre): Desigualdade "gritante" de direitos, cunhas, favores, compadrios, ingerências, incompetência, etc.
O nosso País tem capacidade para mais que isto, basta que se mudem mentalidades (do deixa andar, do "lixar o estado", etc.), que se façam os esforços necessários e não deixem esse mesmo esforço apenas para o contribuinte! Parafraseando Salgueiro Maia: "(...)vamos acabar com o estado a que chegámos!"
Os bancos e todos aqueles que contribuíram para a crise em que mergulhamos que façam a sua parte também!
Acabe-se com os ordenados principescos de gestores públicos: Premeie-se quem merece ser premiado e puna-se quem é incompetente! Sou a favor de gestores bem pagos (no máx. 5000€/mês) e que ganhem prémios de percentagem do lucro que a empresa que gerem consegue obter.
Acabe-se com os Institutos e empresas públicas "fantasma" que pouco ou nenhum contributo dão ao Estado...
Aumente-se a participação do Estado em lugares estratégicos: Energia, Água e Telecomunicações de forma a dar poder de decisão a quem de direito e que se acabe com concertações em subidas ininterruptas de preço;
Reforma na Justiça era para ontem! Com a Justiça que temos (morosidade, incompetência e preços praticados) esta não serve toda a gente. E sem uma Justiça capaz não existe Democracia! Assim como nunca poderemos ter uma Economia forte sem a mesma!
Reformas na Educação e Saúde: E estas reformas não são privatizações que nada mais acrescentam do que desigualdades de tratamento! Acabe-se com o facilitismo no Ensino em prol das Estatísticas, acabe-se com os Hospitais Empresa... Sou a favor de um hospital bem gerido, com os recursos ideais para funcionar em pleno. Acabe-se com os lóbis da Saúde (farmacêuticas) e Educação (editoras)! É aqui que o Governo deve ter mais "mãos largas", no entanto controlando sempre a despesa.
Reformas Sociais: Acabe-se com o Rendimento Mínimo a pessoas que podem muito bem estar no mercado de trabalho, com tanto para fazer neste País (trabalho não falta: limpeza das florestas por exemplo), porque há-de estar alguém a receber para não fazer nada? Não se compreende como existem reformas de menos de 100€ e existe gente a subsídio de inserção com 300€; Acabe-se com os falsos recibos verdes e a precariedade; Sou a favor de medidas que aumentem, sim, a verdadeira flexibilidade no emprego (dando ao empregador o direito de descartar incompetentes), mas que ao mesmo tempo também proteja o trabalhador de forma a que não seja explorado por gananciosos!
Que se cumpra Abril!

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Mas que citação minha foi esta? Eu não escrevi nenhuma mensagem com um ponto de interrogação!!Vandocasmm Escreveu:A pergunta era onde estava...Terugkeren Escreveu:?
eu estava nos "tin-tins" dos meu Pai (desculpem a vulgaridade)
nasci em finais 75
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x 2nicasxi Escreveu:Nessa altura compreendi a razão de todos os secretismos que havia lá em casa, quem eram as pessoas estranhas que se fechavam no quarto a conversar com o meu irmão. Porque não podia eu cantar na rua as musicas que ouvíamos baixinho no giradiscos.Ou comentar os livros que estavam na parte da estante que era fechada à chave.
Desde esse dia acabaram-se, lá em casa, portas fechadas e cadeados...

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O 25 foi se calhar, bom em alguns aspectos como o fim da censura e afins.
Mas eu tenho amigos que perderam terras e que não as voltaram a ver. Histórias incríveis de como, com caçadeira em punho, voltaram a rehaver as suas preciosas herdades pelo que tanto trabalharam para desenvolver.
O meu avô, (pessoa em quem confio muito) era cirurgião na altura teve de ir a correr para o hospital em que trabalhava em Lisboa e lá ficou a cuidar de dezenas de feridos até a revolução acabar.
É que a revolução não passou só em Lisboa, e houve perigo iminente de possibilidade do regime comunista para Portugal. E eu não gosto de comundas.
Para muita gente não foi e não é razão para celebrar.
Mas eu tenho amigos que perderam terras e que não as voltaram a ver. Histórias incríveis de como, com caçadeira em punho, voltaram a rehaver as suas preciosas herdades pelo que tanto trabalharam para desenvolver.
O meu avô, (pessoa em quem confio muito) era cirurgião na altura teve de ir a correr para o hospital em que trabalhava em Lisboa e lá ficou a cuidar de dezenas de feridos até a revolução acabar.
É que a revolução não passou só em Lisboa, e houve perigo iminente de possibilidade do regime comunista para Portugal. E eu não gosto de comundas.

Para muita gente não foi e não é razão para celebrar.
<p> Os melhores Cumprimentos,</p>
<p> Peixazul (Peixinho para alguns)</p>
<p> Peixazul (Peixinho para alguns)</p>
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Pois eu tinha 9 anos quando se deu a revolução de 25 de Abril, e lembro-me que nesse dia a minha falecida avó não me deixou ir à escola, o que na altura achei óptimo
, e quando lhe perguntei porquê, respondeu-me "houve uma revolução", "oh avó o que é uma revolução?" perguntei eu...
Disse-me que eu era muito nova para perceber, e ficámos assim...
Recordo-me das conversas em tom de voz baixo da minha mãe, da sua felicidade nesse dia, e de ter pensado "isto deve ser uma coisa boa, a minha mãe está toda contente".
Claro que com o passar dos anos pude perceber a verdadeira dimensão do acontecimento...
Se foi bom ou mau? Depende do ponto de vista...

Disse-me que eu era muito nova para perceber, e ficámos assim...
Recordo-me das conversas em tom de voz baixo da minha mãe, da sua felicidade nesse dia, e de ter pensado "isto deve ser uma coisa boa, a minha mãe está toda contente".
Claro que com o passar dos anos pude perceber a verdadeira dimensão do acontecimento...
Se foi bom ou mau? Depende do ponto de vista...