Assassinaram o Cronista social mais famoso do país

Conversas sobre outras temáticas e o que não se enquadrar em nenhuma outra secção.
Charlie2
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quarta jan 12, 2011 2:49 pm

BrownEye Escreveu:Como já é habitual em mim, vou dispersar um pouco...

Acho linda a amizade da parvónia portuguesa, acho fantástico todo o carinho e compreensão que têm por todos os filhos da terra e ajudam nos momentos mais difíceis, quanto mais não seja com uma palavra amiga:

http://www.independentedecantanhede.com ... &Itemid=41

Terras de gente boa, de bons costumes e grandes raízes.
é belíssimo mesmo. Que «pacovice pegada».
 «None are more hopelessly enslaved than those who falsely believe they are free»
nicasxi
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quarta jan 12, 2011 3:10 pm

Bom...
Pensando...
Hoje , assim , caído do nada aparece um documento escrito e assinado pelo velho cronista , convenientemente, para ser lido depois da sua morte, onde é feito um balanço de vida e de onde sobressai uma ideia : a ânsia de imortalidade e o conhecimento da morte eminente.
De facto uma morte natural não dava enfase nenhum ao personagem. Ao invés de uma morte assim.... teatral e em " grande"... :roll: Que está a dar que falar.
Depois vem um suicidio.... falhado.... :roll:
Dedico esta assinatura a quem lhe "acentar" a carapuça :
"Quem nasce lagartixa, nunca chega a jacaré, por muito que se inche .... " By , um amigo muito querido ...



"Dogs are better than human beings because they know but do not tell."
— Emily Dickinson

À espera que os frangos que o Terug, o Paulo Santos e o Zefe andam a virar, fiquem prontos.
... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
jofelix
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quarta jan 12, 2011 3:12 pm

nicasxi Escreveu:Bom...
Pensando...
Hoje , assim , caído do nada aparece um documento escrito e assinado pelo velho cronista , convenientemente, para ser lido depois da sua morte, onde é feito um balanço de vida e de onde sobressai uma ideia : a ânsia de imortalidade e o conhecimento da morte eminente.
De facto uma morte natural não dava enfase nenhum ao personagem. Ao invés de uma morte assim.... teatral e em " grande"... :roll: Que está a dar que falar.
Depois vem um suicidio.... falhado.... :roll:
Daqui a pouco estás a dizer que o CC contratou o RS para atingir a tal... "imortalidade" :)
« Se ouvir, esqueço, mas se vir, nunca mais esqueço » (Confúcio) http://www.youtube.com/watch?v=8n2WKBoA9gY&aia=true
nicasxi
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quarta jan 12, 2011 3:16 pm

jofelix Escreveu: Daqui a pouco estás a dizer que o CC contratou o RS para atingir a tal... "imortalidade" :)
:lol: :lol: :lol: :lol: :lol:
Que nem um Romeu e Julieta... :lol: :lol: :lol:
Dedico esta assinatura a quem lhe "acentar" a carapuça :
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BrownEye
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quarta jan 12, 2011 3:20 pm

Charlie2 Escreveu:
BrownEye Escreveu:Como já é habitual em mim, vou dispersar um pouco...

Acho linda a amizade da parvónia portuguesa, acho fantástico todo o carinho e compreensão que têm por todos os filhos da terra e ajudam nos momentos mais difíceis, quanto mais não seja com uma palavra amiga:

http://www.independentedecantanhede.com ... &Itemid=41

Terras de gente boa, de bons costumes e grandes raízes.
é belíssimo mesmo. Que «pacovice pegada».
É não é?
ziggy
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quarta jan 12, 2011 3:31 pm

É muito bom. Vou já mostrar às minhas filhas, e avisá-las para terem muito cuidado com as "malhas dos homossexuais". E com as rendas, e os bordados então, nem se fala... Nada de lavores homossexuais cá em casa para ninguém.
sofiaabreulopes
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quarta jan 12, 2011 3:31 pm

acabei de dar com este texto, quanto a mim, fabulástico - mas opiniões são o que são - esta tb é a minha:

Paulo Pinto
"Mas será que ninguém vê qual o verdadeiro culpado nesta história toda!!? Sim claro que é o C Castro! Estragou a vida do rapaz... Vai ser julgado quem menos culpa tem!!!!"
Desconto de tempo: Detestava o Carlos Castro, era-me profundamente repulsiva aquela pose emproada e vaidosa, aquele tom convencido e arrogante, aquela postura intriguista, mundana, fútil. Personificava o que sempre execrei nos media: a vantagem do meio de comunicação para promover a imbecilidade; aquelas crónicas da Daniela, aqueles juízos idiotas, as elegantes vs. as pirosas em sentenças verrinosas, gratuitas, vazias, alinhadas nas revistas apenas para promover a má-língua e a intriga, o lado mirone que habita em cada um de nós. Sempre me irritaram as loas que cantavam ao seu trabalho, disfarçando as futilidades sob a capa do "controverso", do "polémico", do "não ter papas na língua". Até ouvi vários designá-lo por "jornalista". Fim de desconto.
Confesso que foi com um sorriso que recebi o cochicho, há dias, da sua morte. Julguei que estivessem a brincar comigo. Quando percebi que a pessoa que acabara de me dar a notícia não estava a gracejar, o sorriso desapareceu, sobretudo quando ouvi o comentário final: "sim, ia com um puto de 20 anos, já se sabe...". Depois, o espanto e o choque com o caso, as circunstâncias e os pormenores macabros do assassinato. Por fim, a indignação com o processo de lavagem do alegado assassino. Esta lavagem não decorre da existência de dúvidas, suspeitas de encobrimento ou incriminação por terceiros ou, sequer, atenuantes (acidente, legítima defesa, etc.); decorre, tão-somente, do facto de Carlos Castro ser homossexual e de ter uma relação com o alegado assassino. E isto, aos olhos do Portugal de 2011, quase 40 anos depois do 25 de Abril, o país que pertence à Europa Comunitária há mais de 20 e que se considera um farol de humanismo e de tolerância no mundo, é ainda algo que as pessoas não aceitam, não engolem e não perdoam. E que, em última instância, acaba por imputar uma "culpa" e um "merecimento" à vítima.
A frase que transcrevo acima não é um resmungo qualquer. É o comentário mais votado à notícia do Correio da Manhã do "não sou gay nunca mais". O mais votado, por larga margem, praticamente o dobro dos votos do que se lhe segue. Curiosamente, o que consta no cabeçalho da edição online de hoje como "o mais votado" tem cerca de 1/3 dos votos daquele, mas é igualmente significativo: "O Renato matou-o fisicamente e o carlos castro matou o miudo psicologicamente.Isso tambem é crime".
Já se sabia que os portugueses não são especialmente tolerantes com as diferenças, apesar de toda a prosápia nacionalista que nos inculcou a ideia de sermos abertos, tolerantes e de brandos costumes; e que a homossexualidade, apesar das recentes vitórias no campo político-legislativo, não é coisa facilmente aceite. Não nos devemos deixar, nunca, enganar pela ilusão "legal" e não subestimar o fosso entre legislação e prática. Este caso é particularmente assertivo: um homem foi morto, após espancamento prolongado, e posteriormente alvo de mutilação; era um sexagenário, e o autor do crime, um jovem forte e robusto. Até aqui, nada a apontar. O pormenor que faz toda a diferença é que tinham uma relação, e que um deles era um homossexual assumido. E aqui é que tudo fica, subitamente, transfigurado e o assassino passa miraculosamente a quase-vítima: um jovem bom ("de ouro", como disse a mãe - que queria a imprensa que ela dissesse?), belo, estudioso, "normal", trabalhador, que tinha um sonho de vingar na vida e de fazer carreira de modelo; infelizmente, essa carreira, tortuosa, não era fácil; ter-se-á envolvido com um decano das lides, influente e bem relacionado; viajaram juntos; os amigos deste disse que ele estava "apaixonado". A velha história do "subir na horizontal", tantas vezes propalada, cochichada, intrigada, quando está em causa uma mulher jovem e um homem poderoso, certo? Errado. Porque isso é quando se trata de uma mulher e um homem, ora pois, algo aceite socialmente; entre dois homens é uma abominação, como profere o Levítico.
O aspecto mais interessante, o traço mais relevante desta história horrível é, precisamente, o que envolve o preconceito homofóbico. Digam-me lá, eram dois adultos, certo? A sua relação não estava inquinada por nenhuma "contaminação" externa, digamos, relação laboral, hierarquia de serviço, etc. (segundo algumas informações, foi o jovem Renato Seabra quem procurou o Carlos Castro), correcto? Então porque carga de água é que o cronista de fofocas teve "culpa", "matou o miúdo psicologicamente" ou "estragou a vida ao rapaz"? Eu sei a resposta. É que, no fundo, apesar de toda a apregoada "tolerância", uma boa parte dos portugueses tem ainda uma homofobia latente e entranhada: o Renato foi "corrompido" pelo velho devasso, obrigado, constrangido, chantageado ou simplesmente instigado a actos abomináveis em troca de ajuda na tal carreira de modelo; o que ele fez (matá-lo) não se perdoa, mas compreende-se e desculpa-se (passe a contradição), afinal qualquer homem-que-é-homem reagiria assim (ou deveria) perante um atentado semelhante; os pormenores gore do olho arrancado a saca-rolhas são apenas excessos de um macho ofendido na sua virilidade. Digamos que o Renato estava disposto a muito para subir na carreira, mas há limites para tudo. Há certamente quem pense que o Renato deveria ser libertado e, quem sabe, recompensado, sempre seria uma forma de conter a bicheza que prolifera por aí.
Há, porém, um comentário na mesma notícia que revela algo de mais sinistro: alguém que diz que todos temos filhos e netos e que, portanto, com "telhados de vidro". Assim, ninguém gostaria que semelhante coisa "nos" acontecesse; não o assassinato, presume-se; mas sim esta "corrupção" que é, afinal, vista como a causa de tudo. É a insinuação velada, confusa e muito comum, de misturar homossexualidade com pedofilia (afinal, tudo perversões, certo?): chamá-lo repetidamente de "o rapaz", "o rapaz", como se fosse um moço de 14 anos e não um homem adulto. Isto eleva a questão a outros patamares, com o efeito assumido de favorecer e desculpabilizar a "vítima".
Evidentemente, nada disto estaria em causa se o Castro fosse um velho babado por saias e o Renato, uma cheerleader de formas redondas. Nesse caso, a relação seria apenas mais uma "subida na horizontal" (bocejo!). E se ocorresse um homicídio, ninguém viria em socorro da autora, decerto que seria uma assassina interesseira, uma *** ladra que esteve meses a chular o pobre velhinho apaixonado e iludido e que tentou, decerto, um qualquer "golpe do baú" (provavelmente com um parceiro por trás pois, já cá se sabe, as mulheres não são muito inteligentes) que correu mal. Assim não, é apenas uma história, simultaneamente trágica e moralizante, de "uma vida perdida" de um jovem iludido, um aviso a todos os jovens para não se deixarem seduzir por iguais enganos e a confirmação da "violência da comunidade homossexual" (como o inefável Arroja defendeu, num post que, por pudor, me recuso a indicar), embora o gay é que tenha sido assassinado, mas que interessa isso? No fundo, estava a pedi-las, não estava?
P.S. - desculpem o desabafo extra, mas o Renato é "uma vida perdida"? mas um preto escarumba da Cova da Moura que mate alguém não é isso, pois não? é apenas um assassino que merece a pena mais pesada possível, e isto porque infelizmente em Portugal foi abolida a pena de morte, certo?


texto publicado num Blog
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The little creature said, &ldquo;Dear Lord,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">There&rsquo;s not one name left for me.&rdquo;</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">The Father smiled and softly said,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">&ldquo;I&rsquo;ve left you &rsquo;til the end.</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">I&rsquo;ve turned my own name back to front,</p>
<p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">And called you Dog, my friend!&rdquo;</p>
<p>&nbsp;</p>
<p><a href="http://chamaram-mesafira.blogspot.com/" ... om/</a></p>
<p><a href="http://www.patavermelha.com/">http://ww ... /</a>&nbsp;
</p>
<p>&nbsp;</p>
nicasxi
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quarta jan 12, 2011 3:34 pm

LuMaria Escreveu: E
Imagina que morre alguém dos mimos ou alguém que posta aqui há anos. A quem vais dar relevância? De quem vais sentir pena? Do desconhecido dos mimos que nem sabes quem é?
Se o desconhecido dos mimos for um inocente que não tem culpa da tacanhez de pensamento que o rodeia.
Se o desconhecido , só for isso mesmo , mas por ter esse nome e a coberto disso lhe continuarem a infligir sofrimento, o continuarem a violentar e punir atrozmente pela simples razão de ser de um determinado sexo.
Se o o forista que posta aqui há anos for um filho da mãe sem escrupulos e não se inibir de o mostrar....
De quem achas, tu, que eu vou ter pena ?
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... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
dinodane
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quarta jan 12, 2011 4:58 pm

unha Escreveu:Também fiquei muito chocada com esta noticía ,e coitado do CC ninguém merece uma morte destas, tenho pena do CC ,e esse Rapaz tem que pagar. E acho que ele não tem como escapar á prisão onde ele está suponho que não sai mais de lá, assim se dá cabo da vida porque o CC foi morto barbaramente, mas ele não se safa á morte e naquelas prisões. com o rigor que lá há matam-no...
A pena de morte foi abolida no Estado de NY...

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

LuluB
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quarta jan 12, 2011 5:03 pm

dinodane Escreveu:
unha Escreveu:Também fiquei muito chocada com esta noticía ,e coitado do CC ninguém merece uma morte destas, tenho pena do CC ,e esse Rapaz tem que pagar. E acho que ele não tem como escapar á prisão onde ele está suponho que não sai mais de lá, assim se dá cabo da vida porque o CC foi morto barbaramente, mas ele não se safa á morte e naquelas prisões. com o rigor que lá há matam-no...
A pena de morte foi abolida no Estado de NY...
A Unha não se estava a referir à pena de morte estatizada, oficial. Falou da morte que pode ser (e é, em muitíssimos casos) infligida pelos outros presos. A frase final é explícita, à maneira da Unha, claro, mas mesmo assim clara.

Deixem de a perseguir, por favor, nem todos têm o dom da escrita ou da expressão verbal igual ao nosso.
<p>Ol&aacute;, eu sou a Bronkas de outros f&oacute;runs e aqui j&aacute; fui a LucNun. :mrgreen:</p>
<p>&nbsp;</p>
<p><strong>Cada vez me conven&ccedil;o mais que h&aacute; pessoas que t&ecirc;m o intestino ligado &agrave; testa.</strong> - "By" algu&eacute;m que tem ambas as coisas no seu devido lugar. :mrgreen:</p>
dinodane
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quarta jan 12, 2011 5:05 pm

sofiaabreulopes Escreveu:acabei de dar com este texto, quanto a mim, fabulástico - mas opiniões são o que são - esta tb é a minha:

Paulo Pinto
"Mas será que ninguém vê qual o verdadeiro culpado nesta história toda!!? Sim claro que é o C Castro! Estragou a vida do rapaz... Vai ser julgado quem menos culpa tem!!!!"
Desconto de tempo: Detestava o Carlos Castro, era-me profundamente repulsiva aquela pose emproada e vaidosa, aquele tom convencido e arrogante, aquela postura intriguista, mundana, fútil. Personificava o que sempre execrei nos media: a vantagem do meio de comunicação para promover a imbecilidade; aquelas crónicas da Daniela, aqueles juízos idiotas, as elegantes vs. as pirosas em sentenças verrinosas, gratuitas, vazias, alinhadas nas revistas apenas para promover a má-língua e a intriga, o lado mirone que habita em cada um de nós. Sempre me irritaram as loas que cantavam ao seu trabalho, disfarçando as futilidades sob a capa do "controverso", do "polémico", do "não ter papas na língua". Até ouvi vários designá-lo por "jornalista". Fim de desconto.
Confesso que foi com um sorriso que recebi o cochicho, há dias, da sua morte. Julguei que estivessem a brincar comigo. Quando percebi que a pessoa que acabara de me dar a notícia não estava a gracejar, o sorriso desapareceu, sobretudo quando ouvi o comentário final: "sim, ia com um puto de 20 anos, já se sabe...". Depois, o espanto e o choque com o caso, as circunstâncias e os pormenores macabros do assassinato. Por fim, a indignação com o processo de lavagem do alegado assassino. Esta lavagem não decorre da existência de dúvidas, suspeitas de encobrimento ou incriminação por terceiros ou, sequer, atenuantes (acidente, legítima defesa, etc.); decorre, tão-somente, do facto de Carlos Castro ser homossexual e de ter uma relação com o alegado assassino. E isto, aos olhos do Portugal de 2011, quase 40 anos depois do 25 de Abril, o país que pertence à Europa Comunitária há mais de 20 e que se considera um farol de humanismo e de tolerância no mundo, é ainda algo que as pessoas não aceitam, não engolem e não perdoam. E que, em última instância, acaba por imputar uma "culpa" e um "merecimento" à vítima.
A frase que transcrevo acima não é um resmungo qualquer. É o comentário mais votado à notícia do Correio da Manhã do "não sou gay nunca mais". O mais votado, por larga margem, praticamente o dobro dos votos do que se lhe segue. Curiosamente, o que consta no cabeçalho da edição online de hoje como "o mais votado" tem cerca de 1/3 dos votos daquele, mas é igualmente significativo: "O Renato matou-o fisicamente e o carlos castro matou o miudo psicologicamente.Isso tambem é crime".
Já se sabia que os portugueses não são especialmente tolerantes com as diferenças, apesar de toda a prosápia nacionalista que nos inculcou a ideia de sermos abertos, tolerantes e de brandos costumes; e que a homossexualidade, apesar das recentes vitórias no campo político-legislativo, não é coisa facilmente aceite. Não nos devemos deixar, nunca, enganar pela ilusão "legal" e não subestimar o fosso entre legislação e prática. Este caso é particularmente assertivo: um homem foi morto, após espancamento prolongado, e posteriormente alvo de mutilação; era um sexagenário, e o autor do crime, um jovem forte e robusto. Até aqui, nada a apontar. O pormenor que faz toda a diferença é que tinham uma relação, e que um deles era um homossexual assumido. E aqui é que tudo fica, subitamente, transfigurado e o assassino passa miraculosamente a quase-vítima: um jovem bom ("de ouro", como disse a mãe - que queria a imprensa que ela dissesse?), belo, estudioso, "normal", trabalhador, que tinha um sonho de vingar na vida e de fazer carreira de modelo; infelizmente, essa carreira, tortuosa, não era fácil; ter-se-á envolvido com um decano das lides, influente e bem relacionado; viajaram juntos; os amigos deste disse que ele estava "apaixonado". A velha história do "subir na horizontal", tantas vezes propalada, cochichada, intrigada, quando está em causa uma mulher jovem e um homem poderoso, certo? Errado. Porque isso é quando se trata de uma mulher e um homem, ora pois, algo aceite socialmente; entre dois homens é uma abominação, como profere o Levítico.
O aspecto mais interessante, o traço mais relevante desta história horrível é, precisamente, o que envolve o preconceito homofóbico. Digam-me lá, eram dois adultos, certo? A sua relação não estava inquinada por nenhuma "contaminação" externa, digamos, relação laboral, hierarquia de serviço, etc. (segundo algumas informações, foi o jovem Renato Seabra quem procurou o Carlos Castro), correcto? Então porque carga de água é que o cronista de fofocas teve "culpa", "matou o miúdo psicologicamente" ou "estragou a vida ao rapaz"? Eu sei a resposta. É que, no fundo, apesar de toda a apregoada "tolerância", uma boa parte dos portugueses tem ainda uma homofobia latente e entranhada: o Renato foi "corrompido" pelo velho devasso, obrigado, constrangido, chantageado ou simplesmente instigado a actos abomináveis em troca de ajuda na tal carreira de modelo; o que ele fez (matá-lo) não se perdoa, mas compreende-se e desculpa-se (passe a contradição), afinal qualquer homem-que-é-homem reagiria assim (ou deveria) perante um atentado semelhante; os pormenores gore do olho arrancado a saca-rolhas são apenas excessos de um macho ofendido na sua virilidade. Digamos que o Renato estava disposto a muito para subir na carreira, mas há limites para tudo. Há certamente quem pense que o Renato deveria ser libertado e, quem sabe, recompensado, sempre seria uma forma de conter a bicheza que prolifera por aí.
Há, porém, um comentário na mesma notícia que revela algo de mais sinistro: alguém que diz que todos temos filhos e netos e que, portanto, com "telhados de vidro". Assim, ninguém gostaria que semelhante coisa "nos" acontecesse; não o assassinato, presume-se; mas sim esta "corrupção" que é, afinal, vista como a causa de tudo. É a insinuação velada, confusa e muito comum, de misturar homossexualidade com pedofilia (afinal, tudo perversões, certo?): chamá-lo repetidamente de "o rapaz", "o rapaz", como se fosse um moço de 14 anos e não um homem adulto. Isto eleva a questão a outros patamares, com o efeito assumido de favorecer e desculpabilizar a "vítima".
Evidentemente, nada disto estaria em causa se o Castro fosse um velho babado por saias e o Renato, uma cheerleader de formas redondas. Nesse caso, a relação seria apenas mais uma "subida na horizontal" (bocejo!). E se ocorresse um homicídio, ninguém viria em socorro da autora, decerto que seria uma assassina interesseira, uma *** ladra que esteve meses a chular o pobre velhinho apaixonado e iludido e que tentou, decerto, um qualquer "golpe do baú" (provavelmente com um parceiro por trás pois, já cá se sabe, as mulheres não são muito inteligentes) que correu mal. Assim não, é apenas uma história, simultaneamente trágica e moralizante, de "uma vida perdida" de um jovem iludido, um aviso a todos os jovens para não se deixarem seduzir por iguais enganos e a confirmação da "violência da comunidade homossexual" (como o inefável Arroja defendeu, num post que, por pudor, me recuso a indicar), embora o gay é que tenha sido assassinado, mas que interessa isso? No fundo, estava a pedi-las, não estava?
P.S. - desculpem o desabafo extra, mas o Renato é "uma vida perdida"? mas um preto escarumba da Cova da Moura que mate alguém não é isso, pois não? é apenas um assassino que merece a pena mais pesada possível, e isto porque infelizmente em Portugal foi abolida a pena de morte, certo?


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Bullseye!

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

dinodane
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quarta jan 12, 2011 5:07 pm

LuluB Escreveu:
dinodane Escreveu:
unha Escreveu:Também fiquei muito chocada com esta noticía ,e coitado do CC ninguém merece uma morte destas, tenho pena do CC ,e esse Rapaz tem que pagar. E acho que ele não tem como escapar á prisão onde ele está suponho que não sai mais de lá, assim se dá cabo da vida porque o CC foi morto barbaramente, mas ele não se safa á morte e naquelas prisões. com o rigor que lá há matam-no...
A pena de morte foi abolida no Estado de NY...
A Unha não se estava a referir à pena de morte estatizada, oficial. Falou da morte que pode ser (e é, em muitíssimos casos) infligida pelos outros presos. A frase final é explícita, à maneira da Unha, claro, mas mesmo assim clara.

Deixem de a perseguir, por favor, nem todos têm o dom da escrita ou da expressão verbal igual ao nosso.
Eu não estou a perseguir ninguém, estou a corrigir informação factual e se a Unha queria dizer isso ou não só ela poderá explicar... :roll:

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

BrownEye
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quarta jan 12, 2011 5:08 pm

Comparações descabidas...
BrownEye
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quarta jan 12, 2011 5:21 pm

Eu também acho super querido o carinho fofinho entre membros cá da arca...
Será pacóvice?
dinodane
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quarta jan 12, 2011 5:28 pm

BrownEye Escreveu:Comparações descabidas...
Comparações pertinentes, na minha opinião, claro. :)

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

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