Alice esperou 38 anos para matar o marido

Conversas sobre outras temáticas e o que não se enquadrar em nenhuma outra secção.
Claudiaf7
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sexta mar 11, 2011 3:17 pm

LuluB Escreveu:Quando disse que as vítimas gostam de ser vítimas, não falei por acaso, nem no ar. Gostam, sim, apesar de esse gosto nunca ser admitido nem confessado.

Viver uma situação dessas dá uma importância que a pessoa nunca deve ter tido ou sentido que tinha. Aparece alguém que a ama a ponto de a espancar? Que bom ser amado assim! Ele até é bonzinho, lá no
Desculpe Lulu, mas sou obrigada a discordar.
Também não falo por acaso, falo infelizmente pelos piores dos motivos.
Apesar de ser nova, quando era ainda mais nova passei por uma situação deveras complicada. E não, não há nenhum gosto a admitir no ser agredida.
LuMaria
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sexta mar 11, 2011 3:24 pm

Acena Escreveu:
LuMaria Escreveu:É. Há também uma certa necessidade de florear tudo hoje em dia. Ir ao cerne da questão mete medo.
Onde é que vê floreados? Qual é o cerne da questão?
São duas faces da mesma moeda. Ambos têm problemas psicológicos. Ambos são doentes e por isso vivem anos e anos debaixo deste jogo.
No fim a vitima é igual ao agressor e mata-o ou acaba por o agredir também. A violência está patente nos dois. Bem como a pouca auto-estima. Juntos, completam-se. São fracos.
<p> At&eacute; Sempre... A quest&atilde;o n&atilde;o &eacute;, eles pensam? Ou, eles falam? A quest&atilde;o &eacute;, eles sofrem!&nbsp;</p>
<p>Tourada n&atilde;o &eacute; tradi&ccedil;&atilde;o, &eacute; crueldade- Assine aqui, divulgue e ajude a acabar com esta viol&ecirc;ncia</p>
nicasxi
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sexta mar 11, 2011 3:28 pm

Este assunto tem tanto de delicado como ambiguo.
São tantas e tantas as razões que levam uma vitima a ficar calada.
O ser humano tem capacidades inacreditáveis de suportar as mais diversas adversidades, adaptar-se a elas e por fim reagir, ou não.
Eu não consigo , de modo nenhum , condenar esta mulher por ter feito o que fez. Se o fez tarde ou cedo ? Isso dependeu da capacidade dela.
Assim como não condeno as e os ( que tambem os há , e muitos ) que não reagem.
Condeno quem está na porta ao lado, ou é da familia e sabe que é assim e nada faz. Montados naquela velha e estupida máxima " entre marido e mulher.... " preferem fechar os olhos e deixar andar .... até que se dão estes desenlaces e toda a gente corre . Ora para um lado, ora para o outro. E toda a gente opina e diz que fazia e isto e aquilo.... certo, certo é que quando o puderam fazer .... ficaram cegos e surdos.
Dedico esta assinatura a quem lhe "acentar" a carapuça :
"Quem nasce lagartixa, nunca chega a jacaré, por muito que se inche .... " By , um amigo muito querido ...



"Dogs are better than human beings because they know but do not tell."
— Emily Dickinson

À espera que os frangos que o Terug, o Paulo Santos e o Zefe andam a virar, fiquem prontos.
... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
Acena
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sexta mar 11, 2011 3:29 pm

LuluB Escreveu:Quando disse que as vítimas gostam de ser vítimas, não falei por acaso, nem no ar. Gostam, sim, apesar de esse gosto nunca ser admitido nem confessado.
Claro, mas a LuluB não lê mentes, é a sua opinião. No entanto é desmentida por quem trabalha na área da violência doméstica, se há coisa de que se envergonham as vítimas é precisamente de serem vítimas.

Bem, sugiro que quem pretende ajudar um amigo, familiar ou conhecido se informe com quem lida com estes casos, pois pelo que se vê neste tópico, a falta de informação ainda é muita.
O que não fazer
Se o/a seu/amigo/a ou familiar está a ser vítima de violência doméstica ajude-o/a a procurar apoio (contacte a APAV: 707 2000 77 ou através da Rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima [email protected]), mas NÃO FAÇA o seguinte:
• dizer à/ao seu/sua amigo/a o que fazer: a decisão é sempre da vítima;
• dizer-lhe que ficará desapontado/a se o seu/sua amigo/a não fizer o que lhe disse para fazer ou se voltar para o/a agressor/a;
• fazer comentários que possam culpabilizar a vítima por ser vítima;
• tentar fazer "mediação" entre a vítima e o/a agressor/a;
• confrontar o/a agressor/a, porque pode ser perigoso para si e também para a vítima.

Ajudar como amigo/a ou familiar uma vítima de violência doméstica não significa ter de resolver pelos próprios meios a situação ou salvar a vítima. Por outro lado, é importante estar consciente que deixar uma relação violenta pode ser difícil, perigoso e demorar tempo.

Por que uma vítima se mantém numa relação violenta
Existem várias razões para uma vítima se manter numa relação violenta, mesmo que estas possam parecer estranhas para quem não é vítima:
• muitas das vítimas gays e lésbicas podem reconhecer o comportamento do/a seu/sua namorado/a ou companheiro/a como violento. Todavia, poderão conceber a violência doméstica apenas como problemática das relações hetero pelo que não se reconhecem como vítima de violência doméstica;
• recear ser discriminado/a se se assumir como vítima de violência doméstica ao procurar ajuda e apoio;
• ter esperança que a situação se vá resolver com o/a seu/sua parceiro/a e que ele/a mudará e deixará de ser violento/a;
• desejar continuar a investir neste relacionamento (dependência emocional, dificuldade em aceitar que a relação não resultou);
• não querer deixar a casa, os seus pertences, os filhos ou animais de estimação;
• temerem a reacção do/a agressor/a se abandonarem a relação;
• estarem dependentes económica ou financeiramente do/a agressor/a;
• não querer perder o estatuto social ou económico;
• sentir vergonha de que as outras pessoas saibam que é vítima de violência doméstica;
• não se sentirem com forças suficientes para enfrentar a situação de ruptura.”

http://www.apav.pt/lgbt/menuami.htm

Resumindo, informem-se com quem sabe e não se deixem ir nestas falsas verdades absolutas e julgamentos ridículos do século passado. :)
Lucci
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sexta mar 11, 2011 4:00 pm

Só posso dizer pobre da Sra que nunca chegou a viver, que provavelmente nunca teve um momento de felicidade verdadeira.

Não posso esquecer que estamos a tratar de uma sra de 72 anos na altura, em que viveu " em outros tempos" em que a violência era "permitida" e se levavam porrada era porque mereciam.

Pobre da Sra que depois de tanto tempo provavelmente ainda vive em pânico.
Matar é o último acto destas relações, se não houver interferências externas.

Matou, mas não a consigo condenar, nem mto menos dizer que provavelmente gostou. não acredito nisso.

Ainda hoje uma mulher que eventualmente tenha 3 ou 4 namorados seguidos é uma P###, já foi rodada, uma homem que tenha 3 ou 4 amantes é um garanhão!!!

è esta a nossa mentalidade!!!
Claudiaf7
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sexta mar 11, 2011 5:01 pm

Estas situações são sempre delicadas. Não dá para aplaudir o que a Senhora fez, mas sinceramente, também não a consigo recriminar.
colette
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sexta mar 11, 2011 5:27 pm

Ela só se atrasou 38 anos.
Isso havia de ser comigo. Se o meu marido alguma vez me tivesse tocado nem que fosse com uma flor, talvez desse a primeira porque me apanhava desprevenida. Mas à segunda era logo com uma cadeira pelos c..... abaixo e rua com ele, mais fechaduras mudadas.
<p>Au d&eacute;but, Dieu cr&eacute;a l'homme. Mais en le voyant si faible, il lui fit don du chien. (Toussenel)</p>
Claudiaf7
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sexta mar 11, 2011 5:37 pm

colette Escreveu:Ela só se atrasou 38 anos.
Isso havia de ser comigo. Se o meu marido alguma vez me tivesse tocado nem que fosse com uma flor, talvez desse a primeira porque me apanhava desprevenida. Mas à segunda era logo com uma cadeira pelos c..... abaixo e rua com ele, mais fechaduras mudadas.
Também penso o mesmo. 8)
nicasxi
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sexta mar 11, 2011 5:41 pm

colette Escreveu:Ela só se atrasou 38 anos.
Isso havia de ser comigo. Se o meu marido alguma vez me tivesse tocado nem que fosse com uma flor, talvez desse a primeira porque me apanhava desprevenida. Mas à segunda era logo com uma cadeira pelos c..... abaixo e rua com ele, mais fechaduras mudadas.
:lol: :lol: :lol: :lol:
Coitado do Mr J. cheio de boas intenções , com um bouquet de flores todo bonito e tungas.... levava logo com uma cadeira... :lol: :lol: :lol:
Dedico esta assinatura a quem lhe "acentar" a carapuça :
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... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
colette
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sexta mar 11, 2011 5:50 pm

Se ele me oferecesse flores, desconfiava logo que alguma coisa estava mal.
<p>Au d&eacute;but, Dieu cr&eacute;a l'homme. Mais en le voyant si faible, il lui fit don du chien. (Toussenel)</p>
LuMaria
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sexta mar 11, 2011 6:23 pm

Acena Escreveu:
LuluB Escreveu:Quando disse que as vítimas gostam de ser vítimas, não falei por acaso, nem no ar. Gostam, sim, apesar de esse gosto nunca ser admitido nem confessado.
Claro, mas a LuluB não lê mentes, é a sua opinião. No entanto é desmentida por quem trabalha na área da violência doméstica, se há coisa de que se envergonham as vítimas é precisamente de serem vítimas.

Bem, sugiro que quem pretende ajudar um amigo, familiar ou conhecido se informe com quem lida com estes casos, pois pelo que se vê neste tópico, a falta de informação ainda é muita.
O que não fazer
Se o/a seu/amigo/a ou familiar está a ser vítima de violência doméstica ajude-o/a a procurar apoio (contacte a APAV: 707 2000 77 ou através da Rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima [email protected]), mas NÃO FAÇA o seguinte:
• dizer à/ao seu/sua amigo/a o que fazer: a decisão é sempre da vítima;
• dizer-lhe que ficará desapontado/a se o seu/sua amigo/a não fizer o que lhe disse para fazer ou se voltar para o/a agressor/a;
• fazer comentários que possam culpabilizar a vítima por ser vítima;
• tentar fazer "mediação" entre a vítima e o/a agressor/a;
• confrontar o/a agressor/a, porque pode ser perigoso para si e também para a vítima.

Ajudar como amigo/a ou familiar uma vítima de violência doméstica não significa ter de resolver pelos próprios meios a situação ou salvar a vítima. Por outro lado, é importante estar consciente que deixar uma relação violenta pode ser difícil, perigoso e demorar tempo.

Por que uma vítima se mantém numa relação violenta
Existem várias razões para uma vítima se manter numa relação violenta, mesmo que estas possam parecer estranhas para quem não é vítima:
• muitas das vítimas gays e lésbicas podem reconhecer o comportamento do/a seu/sua namorado/a ou companheiro/a como violento. Todavia, poderão conceber a violência doméstica apenas como problemática das relações hetero pelo que não se reconhecem como vítima de violência doméstica;
• recear ser discriminado/a se se assumir como vítima de violência doméstica ao procurar ajuda e apoio;
• ter esperança que a situação se vá resolver com o/a seu/sua parceiro/a e que ele/a mudará e deixará de ser violento/a;
• desejar continuar a investir neste relacionamento (dependência emocional, dificuldade em aceitar que a relação não resultou);
• não querer deixar a casa, os seus pertences, os filhos ou animais de estimação;
• temerem a reacção do/a agressor/a se abandonarem a relação;
• estarem dependentes económica ou financeiramente do/a agressor/a;
• não querer perder o estatuto social ou económico;
• sentir vergonha de que as outras pessoas saibam que é vítima de violência doméstica;
• não se sentirem com forças suficientes para enfrentar a situação de ruptura.”

http://www.apav.pt/lgbt/menuami.htm

Resumindo, informem-se com quem sabe e não se deixem ir nestas falsas verdades absolutas e julgamentos ridículos do século passado. :)
Correcto. A ter em conta. Mas primeiro é preciso que a vitima se deixe ajudar e queira ajuda.
Há pessoas que simplesmente não querem.

As que querem, as que procuram, não andam a matar pessoas.
<p> At&eacute; Sempre... A quest&atilde;o n&atilde;o &eacute;, eles pensam? Ou, eles falam? A quest&atilde;o &eacute;, eles sofrem!&nbsp;</p>
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aisd
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periquito FALCANITO

sexta mar 11, 2011 7:11 pm

Parece impossível que, perante uma história destas, haja quem desculpe o homem e diga que a mulher até gosta de ser espancada...
Pessoas assim são igualmente responsáveis pela quantidade de mulheres abusadas e maltratadas da nossa sociedade.

Não percebem que a mulher - por motivos económicos, porque de vez em quando vive bem com o monstro, porque tem filhos, por causa de mulheres como as foristas que referi, se deminui, diz para si mesma "a culpa é minha que não passei bem as camisas","a culpa é minha porque...", e de degrau em degrau, desce a escada da auto flagelação, da má opinião de si mesma.

A minha tia-avó Ana (de quem herdei o nome) viveu uma situação semelhante da qual só saiu quando o filho - cansado do que via - espetou uma faca no pai.
A família tratou de "exilar" mãe e filho na Suiça - na altura,os homens eram chefes da família e intocáveis segundo a lei.

Em todo o mundo civilizado foram precisos muitos anos para ir além da piadinha de taberna - gostava tanto do marido que, quando ele morreu, atirava a cadeira ao ar e aparava com as costas...
Really ?
<p>"O auto-convencimento manifesta-se pela falta de cordialidade nas palavras" - Teofrasto</p>
LuMaria
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sexta mar 11, 2011 7:27 pm

aisd, como sempre lê na diagonal. Ninguém defendeu o agressor.
<p> At&eacute; Sempre... A quest&atilde;o n&atilde;o &eacute;, eles pensam? Ou, eles falam? A quest&atilde;o &eacute;, eles sofrem!&nbsp;</p>
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Bingley
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Registado: sexta jan 22, 2010 4:41 pm

sexta mar 11, 2011 7:29 pm

Francamente, choca-me que ainda haja quem tenha este tipo de opiniões sobre as situações de violência doméstica, com tanta informação que há sobre o assunto.
Claro que não defendo que uma vitima de abusos deva matar o seu abusador, mas às vezes a situação acaba por explodir desta maneira.
Netherwing
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Registado: terça fev 22, 2011 8:08 pm

sexta mar 11, 2011 7:36 pm

Este tema é muito triste e muito complexo. Não me sinto capaz de desenvolver nenhum comentário coerente... é uma infelicidade terrivel. Acredito que esta senhora viva dividida entre alívio e culpa... numa luta interna que só terminará quando morrer. Vida triste... pobre alma.
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