nicasxi Escreveu:
O paradoxo chega agora : Deus é " infinitamente bom e omnipotente" dizem os crentes de todos os credos.
Eu pergunto se Deus é infinitamente bom, como permite o mal ?
Porque, sem o Mal, não conheceriamos o Bem. Sem a Doeça não conheceríamos a Saúde, e sem a Tristeza não conheceriamos a Alegria. Vivemos num mundo composto de dualidade e de equilíbrio e interdependência entre os opostos. No "Evangelho Segundo Jesus Cristo", depois de uma conversa entre Jesus, Deus e o Diabo, em que Lúcifer "pede" para voltar à corte celestial (era o anjo favorito de Deus, lembram-se?) Deus conta a Jesus todas as mortes e atrocidades que serão cometidas em Seu nome, e Lúcifer comenta " É preciso ser-se Deus para gostar tanto de sangue". Deus "confessa" que, sem o Mal, a sua existência enquanto oposto - o Bem - não teria qualquer sentido. Era necessário que o Diabo continuasse "cá em baixo" para que as pessoas continuassem a acreditar em Deus e na sua suprema bondade. Bondade essa que apenas surge no Novo Testamento: no antigo, Deus é cruel e vingativo. ´E preciso notar que foram os Judeus que "criaram Deus à imagem e semelhança" do Homem, ou pelo menos, humanizaram o conceito. David, José, Moisés, São João Baptista, a Virgem - todos seriam hoje considerados esquizofrénicos por ouvirem vozes divinas e se encontrarem com anjos! O Renascimento colocou o Homem no centro do Mundo e a Revolução Industrial afastou o divino e o sobrenatural da vida humana. Segundo Aldous Huxley, desde o século XIX que estamos entregues ao Diabo ( O Macaco e a Essência). Mas se formos para as religiões Orientais as coisas não são vistas desta forma, não existe um Deus criador, nem sequer o pecado, o Inferno é aqui (o Samsara) e é habitado tanto por deuses, como homens ou animais (os 3 patamares do meio, em 6). Destes, apenas o ser humano tem a capacidade de transcender os ciclo de existências, libertar-se e/ou libertar outros seres. A reencranação é apenas para os que transcendem a matéria, para os outros existe o renascimento, existência após existência, sem que nos lembremos de nada que nos possa ajudar a "regressar a casa". Buda, como Cristo (que em grego significam a mesma coisa, "o que transcende"), libertaram-se do ciclo... e não deixaram descendência.

Os alquimistas explicam melhor isto, através do princípio "solve et coagula". parece que ainda estamos no processo de dissolução, de dispersão, de expansão; depois "dará a volta" e voltaremos ao princípio, ao Um. A Ouroboros (serpente que engole a própria cauda) representa isto mesmo. Ou aquilo a que os árabes definiram como o zero, o círculo que limita o vazio. Mas o círculo tem um centro que o gera, e, se o vazio está limitado, então o que há para além do vazio?
É preciso ver cada coisa à luz do seu tempo. Quando a Ciência e a Filosofia apenas gatinhavam, era a Religião (ou o que/ quem a representava) que ditava as normas. As religiões, enquanto "re-ligações", apontam caminhos, não a forma de caminhar - esta é a Igreja que impõe. O importante é mesmo compreender as mensagens profundas de cada religião, que dizem todas o mesmo, vestidas de diferentes cores e roupagens.
E bem gostava de saber o que havia ANTES do Big Bang... que afinal é uma teoria, não um teorema ou um dogma e, como tal, passível de ser rebatida.
De qualquer forma... os cães continuam a não ir para o "nosso Céu". Vivem no mundo que lhes damos, Céu ou Inferno, conforme as suas necessidades são ou não satisfeitas.

Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!