Torre dos Tombos

Conversas sobre outras temáticas e o que não se enquadrar em nenhuma outra secção.
MFPJ
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domingo out 17, 2010 3:53 pm

Bondage2010 Escreveu:Belo tópico, eu confesso que se não fosse o corrector automático, espalhava-me ao comprido...adoro que me corrijam, e gosto do modo como estão a explicar o porquê de cada forma...
Existe algum corrector ortográfico para os "quadros" de resposta?
Se sim, como se arranja?

Cumprimentos
LuluB
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domingo out 17, 2010 4:07 pm

MFPJ Escreveu:
Peixazul Escreveu:Outra questão:

O verbo matar no Particípio Passado, varia consoante o verbo auxiliar.

Vejamos as formas correctas:

Ter + matado. Exemplo: Devia ter matado aquele mosquito!

Ser + morto. Ex.: O nosso Rei foi morto por um atrasado mental.

:wink:
Para a primeira proposição, "Devia ter morto aquele mosquito" é considerado errado? :oops:
Sim, é errado. :wink:

Outra questão que ainda ninguém me foi capaz de esclarecer é:

Supondo que vocês(o vós já não é muito utilizado, mas a utilização do vocês é correcto :| ) viram de facto o respectivo telemóvel, e que alguém vos pergunta:
-Viste o meu telemóvel?
ou
-Não viste o meu telemóvel?

Respondendo sob a forma de : sim ou não, qual seria a resposta correcta para cada uma das questões?

Esta dúvida advém do facto de que algumas pessoas costumam fazer perguntas tanto na negativa como na positiva, como se não houvesse qualquer diferença entre ambas.

"Sim, está no ..." e "Não, vi-o, está no ..." são respectivamente as respostas que eu costumo utilizar... :?
Vamos lá a ver se percebi. Ambas as maneiras de fazer a pergunta estão correctas. As respostas que indicou é que estarão erradas.

Para "Viste o meu telemóvel?", a resposta correcta é "Sim, vi, está no...", pois é o verbo que indica a acção, neste caso, a de "ver". Mas responder simplesmente "sim" não é propriamente um erro, corresponde a uma coisa que todos fazemos, que é o abreviar das respostas e das frases. Este reduzir do esforço chama-se Lei do Menor Esforço. No entanto, a forma mais correcta é a que utiliza o verbo: "Vi, está no..."

No caso da pergunta pela negativa, "Não viste o meu telemóvel?" (também ela sofrendo da lei do menor esforço, pois contém uma conclusão implícita que devia ser expressa por um "pois não?", ou "calculo"), a resposta correcta será, mais uma vez, "Vi, sim, está no..."

Mais uma dúvida:

"A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar no dia 17 de Outubro."

Este tipo de afirmações nunca me soou(está correcta a utilização desta palavra neste contexto?) muito bem, está correcto?
"Terá lugar" é um barbarismo que deve ser evitado. Vem do francês "aura lieu". Em português, a forma correcta é "A cerimónia (...) realizar-se-á.
<p>Ol&aacute;, eu sou a Bronkas de outros f&oacute;runs e aqui j&aacute; fui a LucNun. :mrgreen:</p>
<p>&nbsp;</p>
<p><strong>Cada vez me conven&ccedil;o mais que h&aacute; pessoas que t&ecirc;m o intestino ligado &agrave; testa.</strong> - "By" algu&eacute;m que tem ambas as coisas no seu devido lugar. :mrgreen:</p>
BrownEye
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domingo out 17, 2010 4:46 pm

Credo, um tópico de pessoas sábias...pena que não esteja por ordem alfabética.
E podemos fazer perguntas, ninguém goza com as dúvidas?
Hum???


Bom tópico sim senhora!
MFPJ
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domingo out 17, 2010 5:30 pm

No caso da pergunta pela negativa, "Não viste o meu telemóvel?" (também ela sofrendo da lei do menor esforço, pois contém uma conclusão implícita que devia ser expressa por um "pois não?", ou "calculo"), a resposta correcta será, mais uma vez, "Vi, sim, está no..."
Então não é correcto fazer perguntas na negativa quando não há uma conclusão implícita?
(Há quem faça perguntas deste tipo, tanto pela positiva como pela negativa, não estando à espera de receber uma resposta em particular...)

Em relação a "... terá lugar no dia...", bem que isto nunca me convenceu...
(tanto que nunca cheguei a utilizá-lo)

Mas para que saiba, foi uma professora do 12º ano que me disse que isto era correcto, e que era o mais indicado a utilizar numa determinada frase, mesmo após eu lhe dizer que "terá lugar ..." se refere a espaço e não tempo. Se a professora disse que estava correcto... ainda mais insistindo... quem era eu para a contrariar... ainda me arriscava a ela "implicar" comigo e diminuir-me a nota em qualquer coisa...

Mas claro que não devemos aceitar e não duvidar de tudo o que nos dizem... :roll:

Cumprimentos e obrigado pelos exclarecimentos :twisted:
VascoMV
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domingo out 17, 2010 6:22 pm

BrownEye Escreveu:Credo, um tópico de pessoas sábias...pena que não esteja por ordem alfabética.
E podemos fazer perguntas, ninguém goza com as dúvidas?
Hum???
!
Com dúvidas ninguém goza...com as certezas é que sim.
LuluB
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domingo out 17, 2010 6:25 pm

MFPJ Escreveu:
No caso da pergunta pela negativa, "Não viste o meu telemóvel?" (também ela sofrendo da lei do menor esforço, pois contém uma conclusão implícita que devia ser expressa por um "pois não?", ou "calculo"), a resposta correcta será, mais uma vez, "Vi, sim, está no..."
Então não é correcto fazer perguntas na negativa quando não há uma conclusão implícita?(Há quem faça perguntas deste tipo, tanto pela positiva como pela negativa, não estando à espera de receber uma resposta em particular...)
Não, as perguntas pela negativa estão bem, mesmo que incompletas. Preocuparmo-nos em excesso com a correcção gramatical e sintáctica das frases que pronunciamos leva a um preciosismo de linguagem que também é condenado.

Em relação a "... terá lugar no dia...", bem que isto nunca me convenceu...
(tanto que nunca cheguei a utilizá-lo)

Mas para que saiba, foi uma professora do 12º ano que me disse que isto era correcto, e que era o mais indicado a utilizar numa determinada frase, mesmo após eu lhe dizer que "terá lugar ..." se refere a espaço e não tempo. Se a professora disse que estava correcto... ainda mais insistindo... quem era eu para a contrariar... ainda me arriscava a ela "implicar" comigo e diminuir-me a nota em qualquer coisa...

Mas claro que não devemos aceitar e não duvidar de tudo o que nos dizem... :roll:

Cumprimentos e obrigado pelos exclarecimentos :twisted:
:lol: :lol: :lol: Claro que "terá lugar" se refere a espaço, e, torcendo um pouco as coisas, até podemos dizer que estará certo, pois quem faz os acontecimentos que vão realizar-se ocupa algum espaço. :twisted:

O que conta só confirma aquilo que afirmo há já bastantes anos: os professores, tirando as honrosas excepções, andam a ensinar mal porque também eles foram mal ensinados, e como toda a gente tem de comer, agarra-se o primeiro emprego que aparece...
Última edição por LuluB em domingo out 17, 2010 6:26 pm, editado 1 vez no total.
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colette
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domingo out 17, 2010 6:26 pm

Ordem alfabética? O que é?
<p>Au d&eacute;but, Dieu cr&eacute;a l'homme. Mais en le voyant si faible, il lui fit don du chien. (Toussenel)</p>
BrownEye
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domingo out 17, 2010 6:31 pm

é disposto segundo a ordem das letras do alfabeto...
Quer dizer, penso eu que é isso...
Não?
Ganda dúvida...
cockinhas
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domingo out 17, 2010 7:50 pm

Colette Colette! A desestabilizar de novo :lol: .

A propósito, lê-se muitas vezes "destabilizar", suprimindo uma sílaba, o que é incorrecto. Deve escrever-se como acima: Des + estabilizar.
cockinhas
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domingo out 17, 2010 8:07 pm

Ena LuluB! Estou pasma.
Quase não se passa uma semana em que eu não escreva "a cerimónia terá lugar dia 27 de Outubro" ou equivalente. Faço-o porque fico um pouco farta de escrever sempre "realizar-se-á".
Então e se eu escrever: "a cerimónia terá lugar no Jardim do Paço, dia 27 de Outubro", continua a ser erro?

E, já agora, porque é que o acento de realizar-se-á é agudo, existe uma explicação?

Acho que ando a deixar mal o meu prontuário!
LuluB
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domingo out 17, 2010 8:17 pm

Pode sempre usar o "tem lugar", claro, tanto mais que entrou no uso corrente, mas está a cometer um erro de barbarismo. Deixe lá, ninguém nota! :lol:

Mas não lhe perdoo se usar "implementar" em vez de "aplicar", "pôr em prática" ou "em andamento", etc.! :twisted:

O acento é agudo. Os acentos graves desapareceram da nossa escrita depois de uma reforma ortográfica a que se procedeu em 1962, creio. Não estou muito certa desta data, mas foi por essa altura. A partir de então, todos os acentos graves ou desapareceram ou passaram a agudos.

Acentos graves, hoje, só os usamos na contracção do artigo "a" com o pronome "a", ou em outras do mesmo tipo, que são tão poucas que agora não me lembro de nenhuma.

Mas a sua pergunta tem razão de ser, pois antes dessa reforma o acento era grave nessas conjugações e em muitas outras palavras.
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Tassebem
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domingo out 17, 2010 8:29 pm

Eu já uso «ter lugar», «implementar» e coisas do género sem que isso me cause problemas de consciência.

A contaminação entre línguas sempre existiu e hoje em dia, com o enorme contacto que existe entre falantes, é cada vez maior.

Quando as importações não ferem a natureza da nossa língua e passam a ser de uso comum, não há nada a fazer e, nesse aspecto, deixei de lutar contra o inelutável. E, por outro lado, até são um enriquecimento, quando não vêm substituir vocábulos «lusos» que depois se tornam arcaicos.

A propósito, não gosto é nada de ver escrever, por exemplo: «O user anulou o registo.»

Não há «nexessidade»... Então não temos a bela palavrinha «utilizador»?
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
cockinhas
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domingo out 17, 2010 8:44 pm

Obrigada pela explicação :wink: .

Implementar? Ui! Bem vinda à guerra que travo com os meus colegas. É que não consigo convencê-los de maneira nenhuma a não usar essa palavra :evil: .

Mas há outras, muitas entraram na nossa língua por traduções "directas" do inglês, que me deixam de cabelos em pé.

É o caso do paciente, em vez de doente e de realizar em vez de aperceber-se de.

Pois é Tassebem, será uma questão de gosto. Eu embirro com os exemplos que dou acima.
LuluB
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domingo out 17, 2010 9:04 pm

E embirra muito bem, Coquinhas.

Tassebem, o implementar ainda não entrou no uso corrente, a não ser entre uma certa camada profissional, mais enfronhada em questões económicas, que é o sector a que a palavra pertence.

É um axioma linguístico que o povo é que faz a língua. Quando a gente comum adopta e adapta uma palavra estrangeira e passa a usá-la, ela entra de facto na língua-mãe. Por isso é que hoje ninguém estranha o galicismo "massacre" (palavra que eu uso sem rebuços porque a acho muito mais expressiva do que as genuinamente portuguesas), do inglês "teste", do italianismo "baldaquino", e por aí fora.

Quando as apropriações são feitas sobre palavras de línguas latinas, não me choca nada: são línguas irmãs da nossa, com uma raiz e muitas vezes um tronco comum.

Fora isso, as linguagens profissionais estão inçadas de termos estrangeiros, normalmente por incapacidade dos seus falantes em traduzir correctamente. É o caso do "implementar".
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Tassebem
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domingo out 17, 2010 9:07 pm

Pois é, cockinhas, a luta contra o «implementar» é uma batalha perdida. Não é uma questão de gosto, é um anglicismo e pronto, e devia evitar-se. Mas a palavra já está demasiado enraizada e até está bem construída.

Já o «paciente»… não tenho aqui nenhum dicionário de jeito à mão, mas pode ser que essa palavra já tenha significado «doente» em português e agora tenha sido ressuscitada por via do (paciente) inglês.

Quanto ao «realizar», também não suporto ouvir…

Olhe, lá está outra, o «suportar» e o «suporte».

«Este leitor não suporta discos XYZ.»

«suporte técnico»

Então não é mais português dizer «não é compatível com» e «assistência técnica»? Na primeira frase, até parece que o leitor embirra com aquele tipo de discos. :lol:

E, nesta linha das traduções directas do inglês, temos ainda o famigerado «é suposto…», que me encanita:

«Ela era suposta ter ido ao dentista» em vez de «Estava previsto que ela fosse ao dentista» ou «Ela devia ter ido ao dentista».
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
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