Lucci Escreveu:[
aos 18 anos comecei a trabalhar só depois entrei para a faculdade em ensino nocturno, mas sempre a trabalhar.... tive que pagar tudo até ao fim,não tive ajudas, hoje posso encher o peito e dizer : Consegui sozinha!
Estou na mesma situação Lucci.
Comecei a trabalhar cedo para não continuar a sobrecarregar os pais.
Acabei o Curso Complementar dos Liceus e tirei o 12º ano à noite, já trabalhava e tinha a casa a meu cargo - a minha mãe já tinha falecido. Durante a semana conseguia «jantar» por volta das 23h e picos, quando chegava a casa depois das aulas.
Candidatei-me à Faculdade mas por motivo de doença dum familiar próximo que tive de dar assistência e pelo nº de vagas ser mínimo do curso que queria tirar fiquei-me com o 12º.
Desde que estou desempregada estive por duas vezes já colocada em estabelecimentos de ensino, ao abrigo dos famosos programas Ocupacionais ou de Reinserção Social.
Em 2011 estive 11 meses numa secretaria duma escola secundária a dar apoio administrativo, tendo somente a responsabilidade dos Cursos Profissionais e CEF.
Trabalhei e muito e todas as tarefas que me foram dadas foram feitas e ficaram organizadas.
Desde Março de 2012, e com um contrato por um ano, estou num agrupamento de escolas que é composto por: 5 jardins de infância, 7 escolas do 1º ciclo e uma EB 2.3 - 2º e 3º ciclo.
No contrato que assinei diz que teria de dar Apoio à Infância. Desde que entrei sou a responsável pelo SASE do agrupamento.
Anteriormente eram 2 pessoas do quadro que dividiam as tarefas (uma mudou de área e a outra foi tirada por ser incompetente/preguiçosa/irresponsável), e desde Março de 2012 que sou só eu.
Muito trabalho, muito cansaço, muitas dores de cabeça...
Dias em que às 08h da manhã já estava sentada a trabalhar, apesar do meu horário ser entre as 09h 30 e as 17h 30, e ao fim do dia ainda atendia os encarregados de educação às 18h estando o atendimento do SASE fechado a partir das 16h.
Filas que iam corredor fora, discussões dos E.E., gritos, algumas vezes confrontos entre eles - até ao dia que sugeri a entrega de senhas numeradas e o clima acalmou, felizmente.
Penso que é o trabalho mais ingrato e trabalhoso numa secretaria - o SASE.
A meio de Dezembro apareceram 3 funcionárias do quadro que vão ocupar as funções dos 3 desempregados - eu e mais dois.
Estas «colegas» estão há 10 anos a trabalhar em jardins de infância a dar apoio às educadoras, nunca tiveram qualquer experiência do trabalho administrativo, particular ou público, e não gostam de papéis.
Tudo isto para dizer que apesar de todo o trabalho que já fiz para CM Odivelas/Ministério/Governo nunca deixei de estar desempregada, nunca deixei de ter de procurar emprego e guardar pelo menos 5 provas mensais para confirmar no Centro de Emprego que continuo efectivamente à procura de trabalho.
Como me sinto?
Revoltada, cansada, frustada e tenho muita pena que todo o trabalho que fiz no SASE - organizado tanto nas pastas de papel como nos programas no computador assim como no mail; não há nada em atraso; a contabilidade do SASE ficou finalmente toda certa; e de fácil consulta para qualquer colega/elemento da Direcção - vá pelo cano abaixo.
Mas também quem sou eu?
Só mais uma desempregada...