O meu namorado tem um site de fotografia e tinha umas fotos de animais de rua que queria colocar online. Então pediu-me pra escrever um pequeno textinho a acompanhar as fotos.
Ficou assim:
Por Joana Mota
Fotografias de Fábio Teixeira
Neste momento, em Portugal, estão milhares de animais em sofrimento. Não somente os animais que nasceram na rua ou os que foram abandonados pelos donos. São também os animais de companhia vítimas de maus tratos (negligência e abusos), os animais no mundo do entretenimento (em circos, touradas, caça desportiva), os animais usados para vestuário e experimentação, os animais em canis e gatis municipais à espera da adopção que muito provavelmente nunca chegará, entre tantos outros.

Parte da solução para alguns destes problemas passa por um gesto muito simples e altamente eficiente: a esterilização. Este método é a melhor forma de controlar a sobrepopulação de animais de rua. É importante esterilizar, não somente as cadelas e as gatas de rua em idade reprodutiva, como também os nossos animais de casa. Um grande número de animais abandonados na rua é resultado de ninhadas indesejadas. Existem, actualmente, associações e projectos em várias localidades do país a actuar em parceria com a autarquia e clínicas veterinárias por forma a controlar este flagelo. Informe-se na sua zona de residência.

Se encontrar uma colónia de gatos ou cães na sua zona procure saber como esterilizar as fêmeas o mais depressa possível. A maioria das clínicas já possui uma tabela de preços específica para animais de rua, em que as cirurgias ficam a um preço muito mais acessível. No período pós-operatório do animal, mesmo que não tencione ou não tenha possibilidade de o adoptar, pode ser sua FAT (Família de Acolhimento Temporário) ou procurar alguma até encontrar uma família definitiva, ou até que o animal esteja em condições de voltar para a rua. Pode, ainda, ajudar noutros casos, apadrinhando (permanente ou esporadicamente) projectos de esterilização, a partir da doação de pequenas quantias de dinheiro ou noutras modalidades. Lembre-se que, por cada animal que é esterilizado, são milhares que não terão uma vida de sofrimento na rua.

Se tenciona adoptar um animal não o compre. Os animais não são objectos decorativos para a nossa casa; são futuros membros da nossa família. Visite o canil/gatil municipal da sua zona. São vantagens para os dois lados: muitos destes animais já vêm vacinados, desparasitados e, muitas vezes, esterilizados, para além de que estará a salvar o seu novo amigo do provável abate.
No caso de querer adoptar um ou vários animais mas não tiver possibilidade de o ter em casa, também aqui pode colaborar apadrinhando animais em canis/gatis municipais e/ou associativos a partir de donativos em dinheiro ou géneros e de voluntariado.

Se encontrar um animal na rua que lhe pareça perdido de casa (por ter coleira, por estar desorientado como se não estivesse habituado a andar na rua), divulgue. São muitos os casos de sucesso quando tentamos encontrar o dono do animal, que muitas vezes já fez de tudo para o recuperar. Para além disso, a maioria dos cães em Portugal já estão chipados. Se encontrar um cão, leve-o a uma clínica veterinária; acedendo às informações do chip, será mais fácil e rápido devolver o cão à sua família.

Quanto aos animais vítimas de maus tratos, se souber de algum caso, não tenha medo de agir. Denuncie. Os animais de rua não são as únicas vítimas de crueldade. Muitos animais domésticos vivem em grande sofrimento, seja por passarem uma vida inteira numa varanda ou num pátio sujeitos às agressões climatéricas, por mal terem comida, ou porque o único contacto que têm com seres humanos é com os donos que os negligenciam. A GNR tem um departamento, o SEPNA, que actua (com multas para os donos e retirada dos animais) quando há denúncia destes casos. Não fique calado; exponha!

Relativamente aos animais usados para experimentação, saiba que, ao contrário do que ainda é afirmado, já existem variadíssimos métodos que substituem eficazmente esta prática.
Finalmente, oponha-se ao uso de animais para entretenimento ou para vestuário.
A partir da nossa casa e, principalmente, a partir do nosso respeito pelos direitos dos animais e da nossa boa vontade, podemos pôr em prática pequenos gestos que farão a grande diferença para um ou muitos destes lindos seres.

Ligações recomendadas (ordenadas alfabeticamente):
Animais pedem ajuda (Expresso.pt) (anúncios classificados com o objectivo de divulgar animais que se encontram disponíveis para adopção, apadrinhamento, acolhimento temporário, acasalamento ou que estejam perdidos);
Arca de Noé/Viva Pets (comunidade para os amantes de animais de estimação);
Associação ANIMAL (educação do público acerca das características, necessidades, interesses e direitos dos animais não-humanos);
Associação Animais de Rua (esterilização de animais carenciados);
Associação Pelos Animais (sensibilização e informação dos cidadãos para a questão dos direitos dos animais);
Associação Zoófila Portuguesa (prestação de serviços médico-veterinários);
Declaração dos direitos dos animais (proclamada em 15 de Outubro de 1978 e aprovada pela UNESCO e, posteriormente, pela ONU);
Encontra-me.org (divulgação de animais perdidos);
Esteriliza-me.org (pela informação sobre a esterilização e luta contra a sobrepopulação de animais);
Liga Portuguesa dos Direitos do Animal;
Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA).
Originalmente publicado aqui.
Divulguem da maneira que quiserem!
Críticas, correcções, sugestões são bem vindas!
E espero que tenham gostado
