Dum flagelo descontrolado que são os abandonos surge a adopção, quase sempre conotada de forma positiva... mas será assim?
A adopção é um passo muito sério, é o assumir de um compromisso que se espera feliz e duradoiro, é o prazer de proporcional conforto e alegria a quem a vida é simplesmente o sobreviver de mais um dia.
E se é verdade que não há que nos olhe com mais amor e admiração que um animal adoptado (para eles somos super-heróis), também há o reverso da medalha... os medos, a insegurança, traumas váriados, a ângustia do solidão quando os donos se ausentam (tantas vezes acompanhado de comportamentos destrutivos, sinfonias e por vezes auto-mutilações).
Há pois um lado obscuro em cada adopção, especialmente em animais adultos. E quem adopta devia ter plena consciencia do que uma adopção poderá acarretar... Não há nada mais horrivel que criar espectativas de um lar feliz num animal para mais tarde (por este ou por aquele motivo) devolver o animal à sua anterior condição.
Muito frequentemente alguns dos meus inquilinos inesperados encaixam-se na minha vida e quando dou por mim é tarde demais para voltar a trás, já não consigo entrega-los a ninguem. Por isso tento ao máximo ter os meus inquilinos inesperados o menor tempo possivel comigo, só o tempo estrictamente necessário para coloca-los num bom lar.
Pessoalmente só adoptei com consciencia da minha escolha uma cadela adulta, e fui feliz na minha opção.
Talves por não ser capaz de 'devolver um animal' nunca procurei animais para adoptar, prefiro antes esperar que sejam eles a me adoptar. Não sei se seria capaz de, por causa de uma decisão irreflectida, ou de um impluso trazer comigo um animal, e depois devolve-lo. Assombra-me esta ideia... porque ter um animal para mim é sinónimo de prazer e não de castigo.
Não sei se consegui transparecer as minhas preocupações face às adopções
