Um pouco de história

Este é o fórum dedicado exclusivamente à raça Samoiedo! Troque ideias e tire dúvidas sobre esta raça.

Moderador: ElMariachi

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ElMariachi
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quarta mai 28, 2008 7:44 pm

A história do Samoiedo começa quando algumas tribos, acompanhadas pelos seus cães, migraram para o Árctico, tendo acabado por, pelo menos 1000 anos a.C., se distribuírem ao longo de toda a faixa litoral desde o Mar Branco até à península do Taimyr e, para o interior, nas imensas extensões de tundras até ao rio Yenisei.

Fisicamente caracterizadas por serem de baixa estatura (1,45 m nos homens e 1,30 m nas mulheres), terem pele escura amarelada, maçãs do rosto salientes e narizes côncavos, estas tribos acabaram por se tornar conhecidas essencialmente por duas razões: os cães que possuíam e a forma como os tratavam.

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Sendo gente calma, bondosa e muito sociável, mantiveram ao longo de muitas gerações um grande amor pelos seus cães, tratando-os como verdadeiros membros da própria família. Nunca lhes batiam, treinavam-nos exclusivamente através da voz, partilhavam com eles os alimentos, permitiam-lhes que entrassem nas suas casas (chooms) e até nas próprias camas, onde serviam de verdadeiros aquecedores. Utilizavam-nos na caça, no pastoreio e guarda dos rebanhos de renas (caribu), no transporte dos seus haveres puxando os trenós e chegavam mesmo ao ponto de atribuir a cada um dos cães um posto de trabalho de acordo com a sua condição física e idade.

Era assim que aos exemplares adultos de maior porte e em melhores condições físicas estavam destinadas as tarefas mais pesadas, como puxar os trenós e acompanhar os homens na caça, enquanto que aos outros, cabia-lhes ajudar na condução dos rebanhos de renas, que ao que parece foram os primeiros a criar num regime de semicativeiro, exercer a vigilância sobre o acampamento e até brincar e vigiar as crianças que as mães, ocupadas como estavam a curtir as peles, confiavam aos cuidados das anciãs. Por outro lado, respeitadores dos seus cães, dispensavam do trabalho os mais velhos e as cadelas prenhes.

Desta forma estas tribos acabaram por desenvolver nos seus cães, a quem chamavam bjelkier, (leia-se, bielker) e que poderemos traduzir como "cão branco que se reproduz branco", sentimentos tão fortes de admiração, confiança e lealdade para com os seres humanos, que ainda hoje perduram como uma das características mais marcantes da raça.

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No século 18 os russos começaram a explorar a Sibéria e foi então que se deram conta dos atributos dos bjelkiers.
A sua beleza e temperamento depressa cativaram a família do Czar que logo se encarregou de os proteger dos estrangeiros, apenas permitindo que muito excepcionalmente um exemplar fosse oferecido a um membro da nobreza europeia. O bjelkier tinha atingido o estatuto da realeza. No entanto também não demorou muito até se aperceberem da sua utilidade para, na Sibéria, puxarem os trenós dos exploradores e... dos cobradores de impostos.

Cabe aqui referir que todas estas expedições foram brutais para os bjelkiers. Grande parte deles morria desnecessariamente porque os exploradores, ainda pouco familiarizados com a anatomia e fisiologia destes animais, adoptavam procedimentos que punham em perigo as suas vidas. Por exemplo: cortavam-lhes o pêlo das caudas, o que fazia com que na falta da cauda como um filtro para cobrir o nariz enquanto dormiam, os cães morressem de pneumonia em pouco tempo, ou tosquiavam-nos, causando-lhes a morte por congelamento. Também o canibalismo era normalmente utilizado como forma de alimentar os cães. Nansen, em vez de transportar alimento para os cães ou de caçar focas para os alimentar, abatia os mais débeis para alimentar os mais fortes.

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Imagine-se o sofrimento e ao mesmo tempo a nobreza destes animais quando, com as patas cortadas pelo gelo, sangrando, famintos e exaustos, ainda assim continuavam a arrastar os trenós sem nunca vacilarem e até ao limite das suas forças. Então, eram abatidos para servirem de alimento aos outros cães e aos seus donos.

As expedições ao Árctico e Antárctico deram a conhecer os bjelkiers a uma pequena comunidade de aventureiros, mas foi um cientista inglês chamado Ernest Kilburn-Scott, o grande responsável pela divulgação e difusão da raça no mundo ocidental.

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Sendo zoólogo e membro da Royal Zoological Society, Kilburn-Scott teve a oportunidade de fazer uma série de viagens por toda a zona onde originariamente viviam estes cães, convivendo com eles durante largas e frias temporadas, observando e verificando a sua grande funcionalidade na diversidade de trabalhos que executavam.

Numa das suas viagens realizadas em 1889 à zona de Archangel, Kilburn-Scott encontrava-se a cerca de 900 milhas a oeste do rio Olenek, convivendo e aprendendo com os habitantes destas paragens, quando se apaixonou por um cachorro que ia ter uma existência muito curta, pois estava destinado à realização de um sacrifício religioso. Após longas e duras negociações com o chefe da tribo, conseguiu trocá-lo pelo seu trenó e por parte das roupas que levava. Por causa disto, teve de fazer a viagem de regresso a pé, carregando a maior parte do tempo o cachorro sobre os ombros. O cachorro foi baptizado com o nome de Sabarka, que em russo significa "o mais gordo" e foi o primeiro bjelkier a ser levado para Inglaterra.

Nos anos que se seguiram Kilburn-Scott adquiriu mais exemplares, fundou o seu próprio canil (Farningham Kennel) onde deu início à criação selectiva com o fim de estabelecer um padrão da raça, estudou e classificou exemplares, apresentou-os em exposições, escreveu inúmeros artigos (inclusivamente aquele que poderemos considerar como o primeiro estalão da raça) e, em 1909, decide mudar-lhes o nome de bjelkier para "Samoyede", em homenagem ás tribos que desde sempre os tinham criado. Funda então o Samoyede Club.

Em 1912 o Kennel Club aceita finalmente o nome e, "Samoyede", passa a ser a designação oficial dos bjelkiers fora da Sibéria, reconhecendo-os ao mesmo tempo como uma raça distinta. Em 1923 o Kennel Club altera o nome oficial para "Samoyed" retirando o "e" final, designação que ainda hoje se mantém.

Note-se que a pronuncia correcta é sammy-YED, não é sam-OY-ed ou SAM-oyed; isto porque na língua nativa não existe o som "oy". Daqui a razão porque entre os fãs de todo o mundo, são simplesmente conhecidos por "sammy".
Entre nós a palavra aportuguesou-se e deu, Samoiedo.

A selecção levada a cabo nos dois lados do Atlântico perpetuou tipos de cães morfologicamente diferentes, os chamados "tipo urso" e "tipo lobo".

Enquanto os ingleses, que já se encontravam rodeados por uma enorme quantidade de raças adequadas a todas as necessidades, se deixaram seduzir pelo aspecto harmonioso, pelo ar doce e sorridente e pelo temperamento afável destes animais e os converteram, apesar do seu tamanho, em cães de companhia, procurando acentuar algumas das suas características estéticas, com particular ênfase para a textura e quantidade do pêlo, os norte-americanos viram no Samoiedo, antes de mais um cão de trabalho e, só depois, um cão de companhia e de exposições.

São assim maiores os Samoiedos americanos (tipo lobo), com uma estrutura mais atlética e um físico mais potente, um movimento mais harmonioso e o passo mais alargado, a textura do pêlo é mais dura mas tanto o pêlo como o subpêlo estão na quantidade adequada às suas funções, as orelhas mais juntas, o crânio mais estreito, o focinho mais comprido e a cabeça globalmente menos cónica.

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Já os Samoiedos ingleses (tipo urso), que foram sendo seleccionados tendo em vista o show-dog, são mais pequenos, por vezes demasiado compactos, com muito pêlo mas a maior parte das vezes com pouco volume, a cabeça rigorosamente cónica, as orelhas mais pequenas e bem separadas, com movimentos mais contraídos e muitas vezes com falta de características que os façam credíveis como cães de trenó.

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Na minha opinião o Samoiedo sempre foi um cão de trabalho e não um animal de show, como tal sou um amante do Samoiedo do tipo lobo, por preservar as origens do animal. Existem casos que quase chega a ridiculo do exagero de nanismo e compactez de alguns Samoiedos.. Muito sinceramente se lhe pusessem um trenó as costas a esses cães, tenho serias duvidas de que eles pudessem sequer iniciar a marcha, muito menos correr kms..

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Infelizmente em Portugal a moda é a Inglesa, e como tal a maioria dos criadores nacionais preservam o Samoiedo do tipo urso, se bem que ainda se consegue encontrar um ou outro criador de Samoiedos de trabalho..

E pronto esta é a historia resumida do Samoiedo, onde tirei grande parte da informação do site http://www.samoyedosdealamak.web.pt.


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Pedro
dinodane
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domingo jun 08, 2008 5:16 pm

E está excelente, adorei ler a história dos belíssimos Samoiedos. :D

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

Edenvieira
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terça jun 17, 2008 8:03 pm

Em relação aos dois tipos de samoiedos existentes "tipo urso" e "tipo lobo" deixo aqui uma foto do meu Eden para me dizerem de que tipo acham que ele é?!

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<strong>"Eu temo pela minha esp&eacute;cie quando penso que Deus &eacute; justo."</strong>
ElMariachi
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segunda jun 30, 2008 1:41 pm

É algo complicado lhe dar certezas sobre a sua questão apenas com a foto. A partir dela posso-lhe dizer que me "parece" um Samoiedo do tipo lobo, mas longe de ser uma avaliação correcta. Aconselho a falar com o criador do seu animal pois ele é uma das pessoas indicadas para lhe dar informações mais precisas!

Pedro
ElMariachi
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segunda jun 30, 2008 1:52 pm

ElMariachi Escreveu:É algo complicado lhe dar certezas sobre a sua questão apenas com a foto. A partir dela posso-lhe dizer que me "parece" um Samoiedo do tipo lobo, mas longe de ser uma avaliação correcta. Aconselho a falar com o criador do seu animal pois ele é uma das pessoas indicadas para lhe dar informações mais precisas!

Pedro
Continuando o raciocinio só tive agora a opurtunidade de ver as suas fotos que postou noutro tópico (tenho desculpa por ter estado numas merecidas férias ate hoje :lol: ) e é engraçado como na maioria destas fotos o seu Samoiedo já tem alguma tipicidade com os do tipo urso.

Confirma-se então que é impossivel de lhe dar certezas apenas pela foto. O seu cão teria de ser avaliado ao vivo e por alguém que conheça a fundo esta raça e que conheça a descendencia do Eden.

Mas tem um belissimo cão e companheiro e isso é o que interessa!

Pedro
Edenvieira
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terça jul 01, 2008 1:17 am

Boas!

Não tem nada que pedir desculpa por estar de férias!! :roll: Todos temos direito a elas :wink: :wink:

Achei engraçado a diferente opinião quando viu esta foto e depois de ver as outras... Porque com o passar dos anos eu também fui mudando de opinião em relação ao Eden!!! Ou seja, ele na foto postada neste tópico tinha 5/6 anos e aparenta ser do tipo "lobo" já nas fotos do outro tópico ele tem 12 anos e aparenta tipo "urso"!! Daí eu ter pedido a opinião sobre o assunto, mas também foi só por mera curiosidade...

Obrigada pelo elogio ao meu menino :D Ele é realmente um Grande companheiro, o melhor que se pode ter :D :D

Bjos
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