quarta fev 02, 2011 3:24 pm
Não adianta estar a querer-se encontrar culpados ou inocentes. Inocente certamente é a Susie. Não a entreguei de ânimo leve, nesse caso já o teria feito há muito mais tempo, pois pretendentes não lhe faltaram. Daqueles que a aceitavam tal como é, e com as minhas condições. Eu é que os fui eliminando por esta ou aquela razão.
Sempre que dou gatos, embora seja esporadicamente e não todos os dias, procuro entre outras condições que sejam pessoas sem filhos pequenos. Com a Susie também evitei as crianças em que os pais à partida me diziam que são crianças, por isso não poderiam afirmar que não iriam andar a correr atrás da gata ou a fazer traquinices.
No caso da Marta e família e pelo descrito do comportamento do filhote mais crescido, pareceu – me que a criança não seria problema, sendo ele uma criança que gosta mas tem algum receio dos animais e, por consequência não lhes toca, nem lhes faz nada, só fala com eles.
A Susie já tinha estado aqui em casa com crianças e a reacção dela, com a que sabe lidar melhor com animais foi de se deixar acariciar. Com outra que embora adore gatos é um terrorista e em que as brincadeiras com ela era de fazer uma festa e em seguida amandar-lhe bolinhas para cima para ela brincar ou andar a bater os pés atrás dela para a ver fugir, ela não gostava e ia para o esconderijo dela, uma caminha debaixo da secretária do meu filho, mas mesmo assim não bufava, só resmungava fazendo "hum".
A Susie foi muito desejada pela Marta, falámos bastante antes da adopção. De facto quando andavam a escolher um gatinho ao que parece a preferência do marido ia para um outro gatinho. A da Marta para a Susie, penso que até ponderaram ficar com os dois. Segundo a Marta, o problema na relutância do marido em adoptar a Susie, não era pela cor, mas sim por ela ser Fiv+. Embora a gatinha esteja saudável, o receio dele era de que ela adoecesse gravemente e que não pudessem comportar as despesas para a tratar, uma vez que de momento só ele trabalha, nem se tratava de preconceito.
A possibilidade de eles a adoptarem, para mim chegou a estar sem efeito, eu mesma disse à Marta que não pressionasse o marido porque um animal tem que ser desejado por toda a família. Entretanto fui contactada pela Marta, a dizer que toda a família queria a gatinha (só o pequenino me parece que não deve ter tido voto).
Achei que estavam reunidas as condições para a Susie ir para um novo lar. A Susie está bem de saúde, esteve com os filhotes cheios de coriza e ela sem sintomas. Portanto a gatinha poderá fazer uma vidinha normal como qualquer gato, precisando ter só donos atentos a alguma alteração e que lhe dêem uma boa alimentação.
O regresso da Susie foi proposto por mim à Marta por SMS pois estava a trabalhar e sem possibilidades de falar por vós, caso a gatinha continuasse sem comer e sem urinar. A Marta não disse logo que sim, até me quis parecer que ficou ofendida por eu falar em ir buscá-la no dia seguinte, se a situação se mantivesse. Entretanto falámos pelo telefone e ambas concordámos que seria o melhor para a gata. Tinha passado mais uma noite sem urinar e sem comer nada.
Não me deixam dúvidas que os donos tudo fizeram para que a Susie comesse, deram-lhe espaço. Só não conseguiram controlar a ansiedade, o que eu considero normal com pessoas que não tem experiência com felinos e com a agravante de ser uma gatinha com uma maior probabilidade de adoecer devido ao stress, falta de alimentação, urinar etc.
Quando fui buscar a Susie levei o Simão (filhote). Antes de o libertar, cheguei-me a ela, também me fez um pfzzz..
Acariciei-lhe a cabecinha e de seguida abri a transportadora para o Simão sair ou ela entrar. O Simão como bebé que é, foi cuscar a casa toda e a Susie logo atrás dele. Já não bufou à Marta e até se roçou nas pernas dela. Estava feliz com a cria por perto.
Antes de a pôr na transportadora, voltou a ir-se esconder debaixo da cama do bebé, engraçado como ela parece que se sentia protegida pelas crianças. Debaixo do berço ela nem ficava muito escondida…
Na viagem veio sempre calminha, aliás ela é muito sossegada nas viagens, ao contrário do Simão que vai fazendo "mio" o caminho todo. Já em casa, comeu, fez xixi. Passou a noite com o filhote. Hoje tem estado desde as 7h sozinha, o pequeno não quer estar fechado. Está caladinha. Parece estar mais desinibida para sair do quarto. Tem dormido e parece estar tudo normal com ela.
Foi a primeira vez que não deu certo, mas paciência, acima de tudo está o bem-estar do animal. Assim pensamos eu e os adoptantes.
Desejo à Marta e família as maiores felicidades, não se sintam frustrados com o que aconteceu, esforçaram-se, foram sempre sinceros ao pôr-me ao corrente do que se estava a passar com a Susie. Vão encontrar certamente outro gatinho que vos faça felizes e vocês a ele. Se não correr bem nos primeiros dias, há que dar-lhe tempo: dias, semanas e por vezes meses é importante não mostrarem ansiedade porque os animais pressentem. Eu sei que na situação da Susie era difícil não ficar ansioso.
A Susie continua linda, meiga e aguarda por uma família que a aceite a ela como é… e se possível com o seu lindo filhote, cujo problema só precisa de ser controlado, nada de muito complicado. Além de um suplemento alimentar já não faz qualquer tratamento. Só tem que voltar ao oftalmologista daqui a 4 meses…
Agradeço a todas que estão a torcer pela Susie...