não
tem tido nada de folia. Bem pelo contrário...
Fui para casa de uns senhores ainda bebé, mal tinha ainda a percepção
do
que era a vida. Fui tratado como um principezinho, com todas as
mordomias.
Brincavam comigo, levavam-me a passear, davam-me bastantes festinhas e
deixavam-me dormir no seu quarto, na minha caminha...
Fui crescendo e os passeios passaram a ser cada vez mais curtos, deixei
de
poder dormir no quarto e passei directamente para a varanda. Lá era
frio,
mas desde que pudesse ir vendo os meus donos...já me dava por feliz,
com
aquele contentamento típico canino, que basta que o seu dono olhe para
ele
para já ser o cão mais feliz do mundo.
Mas as visitas à varanda passaram a ser raras, só abriam uma réstia da
porta para me atirarem com um qualquer pedaço de comida, os restos que
sobravam do jantar...
Um dia, a porta abriu-se de para em par, pensei que o castigo (não sei
bem
de quê) tivesse sido levantado e que podia voltar à minha vidinha
normal.
Saímos e pensei que fôssemos passear. Quando parámos à porta de um
portão
não percebi muito bem o que se estava a passar e ainda percebi menos
quando vejo o meu dono a ir-se embora. Tentei a quem me agarrava que só
podia ser um engano, que o meu dono se tinha esquecido de mim. Mas o
homem
levou-me para dentro e disse-me que eu agora era propriedade do canil
municipal.
Não altura não percebi o que isso queria dizer, mas quando os cães que
já
cá estavam me contaram as suas histórias, muitas tão semelhantes à
minha,
percebi a triste realidade. Fui abandonado por quem eu mais confiava.
Eu
teria dado a vida pelos meus donos, e eles voltaram-me as costas quando
eu
mais precisei deles.
Todos os dias peço para que ainda haja um amanhã, uma segunda
oportunidade
de ser feliz com uns donos a sério.
Salvem-me por favor e mostrem-me que ainda há uma luz ao fundo do
túnel...
96 796 17 32
96 503 91 02
96 256 6964
