Tassebem Escreveu:
Chamarrita, não sei se o stress está envolvido ou não na mutação do coronavírus que dá origem à PIF, mas o que está de certeza é o número de gatos que estão juntos. (...)
Também já me morreu uma gatinha com PIF, em finais do ano passado, e a partir daí passei a dar muito mais ouvidos à minha veterinária, que sempre me alertara e avisara para essa possibilidade. Até aí, fiei-me naquele pensamento de que «só acontece aos outros». (...)
Penso que a Chamarrita deveria também pensar nisto.
Pelo que sei - e, infelizmente, já tive de saber mais do que queria - o stress é considerado um dos factores de despoletamento da mutação. Nenhum ser é perfeito, todos têm as suas fragilidades, e o mutante ataca justamente os orgãos mais frágeis, "enganando" o sistema imunitário. E o que é mesmo mau, é que, quanto melhor este funciona, mais o vírus se expande, assumindo o "comando".
Nunca me fiei no pensamento de "só acontecer aos outros", o PIF sempre foi o meu maior terror - embora haja coisas piores. O que nos deixa apavorados é saber que não podemos prevenir, é uma roleta russa e estamos completamente impotentes. Acredite que penso nisso, e não só penso, como falo. Melhor faria em estar calada, mas é da minha natureza "abrir o jogo", para que as pessoas possam decidir. Tive o primeiro caso de PIF no fim de 2009, e o mais terrível nesta doença é tratar sem esperança... dar todas as voltas, negar, lutar e por fim, aceitar e apenas não permitir que sofram. E olhar para os outros e pensar qual irá a seguir. Francamente: o melhor é não pensar nisso. Se temos dois, três ou quatro gatos, até podemos testar, mas as titulações também não indicam nada... apenas possibilidades. Sei de casos com titulações altíssimas que estão para as curvas, outros com baixos índices que faleceram.
Segundo me explicou o vet, um elevado número de gatos no mesmo espaço potencia toda e qualquer doença, contagiosa ou não. Mesmo castrados, são animais que, como nós, precisam do seu espaço e são extremamente sensíveis ao stress. Mas, ao contrário dos humanos, os gatos exprimem o stress através de doenças físicas: corizas recorrentes, otites, cistites idiopáticas...
E temos também o factor mais poderoso de todos, a Natureza. Marimbando-se para os nossos desejos, a partir de um certo número de indivíduos, ela decide o equilíbrio. Por isso, quando há babybooms, existem também os surtos de coriza, de panleucopénia... e de PIF.
Um regime de vida semi-livre pode evitar alguns dissabores e trazer outros. A grande vantagem: ar fresco e renovado, espaço para se distanciarem, não há partilha de liteiras - as grandes responsáveis pela disseminação de vírus e bactérias. A desvantagem: trazem doenças da rua, das quais são portadores assintomáticos, mas contra as quais os gatinhos "de casa" não têm defesas. Fechados, rapidamente se contagiam uns aos outros.
Com a morte recente da minha Joaninha - da qual sinto culpa, por a ter "obrigado" a conviver com "forasteiros", ela que vinha de um lugar saudável e sempre tinha sido forte e resistente - e uma conversa com vet, decidi não acolher mais gatos com "hipóteses". Claro que já me surgiram casos de gatos que por aqui apareceram: alimentei, desparasitei, castrei e soltei, sem hipóteses de convivência. Agora limito-me a receber aqueles que, sem cuidados, teriam morte certa e aqui terão ou não. Tratando-se de gatos adultos e "de rua" imponho apenas uma condição: serem negativos a FELV. E ainda recentemente tive de recusar um caso destes - eu, que sempre fui contra testes. mas chega uma altura em que temos mesmo de impôr limites. Nunca, em consciência, aceitaria um gatinho FELV +: o contágio é fácil e, se os "de casa" estão vacinados (mesmo sabendo que a vacina não é tão eficaz como isso), os "da rua" não estão, e não há casos conhecidos de FELV por aqui. Seria inconsciente, da minha parte, sujeitar os meus outros gatos e os da vizinhança, a serem portadores e fontes de contágio desta doença. O FIV preocupa-me muito menos, o contágio é bem mais improvável, sobretudo com gatos castrados, aliás, não me preocupa mesmo. Vacinados e bem cuidados têm uma vida longa e saudável. Já os gatinhos FELV, sobretudo com idade inferior a 2 anos... tenho imensa pena, mas não dá.
Voltando à White Whiskers: é lindíssima e invulgar, muito "cobiçável" e apaixonate. Confesso que gostava de a "ter" para mim - sobretudo porque me lembra imenso o meu Twister, outra vítima do malfadado PIF. Por muitos que se tenham há sempre os "especiais", e o Twister é desse grupo... gatinho uninerónico, burrinho como nunca vi, mas tão doce, tão "amigo da mãe" e de todos os outros, era o relações públicas cá de casa. Sempre enérgico e bem disposto, um latagão de 4 quilos com um ano de idade. Foi horrível vê-lo consumir-se, ficar magrinho e triste, querer brincar e não ter forças... e ele queria tanto viver.
Não exijo, nem tenho condições de exigir o que quer que seja. Apenas quero deixar claro que, se ninguém quiser esta gatinha fantástica, eu posso dar-lhe um lar, mesmo com os motivos mais egoístas.
Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!