Nem sei por onde comece...

talvez pelo princípio, mas a evolução tem sido tão rápida e eu estou tão contente que é complicado.
A Leninha tem estado a tomar muito bem o antibiótico, misturado com o patê de recuperação da RC que ela devora literalmente.
Restava o problema da limpeza e tratamento dos olhinhos com a pomada, para o qual a Leonilde me deu conselhos preciosos. No entanto, eu receava que a Leninha se assustasse com movimentações mais bruscas e intrusivas, e resolvi apostar hoje em trabalhar a confiança; se não pudesse ser, paciência, os olhinhos ficariam para amanhã.
Ao longo do dia fui fazendo várias visitas à casa de banho, umas vezes por razões do meu foro íntimo

, outras para conviver com a Leninha.
Ainda cheguei a pôr a mantinha dentro do lavatório mas, que eu me tenha apercebido, ela não voltou para lá. Duma das vezes estava dentro da transportadora que deixei a servir-lhe de cama, pelo que voltei a colocar a manta lá.
Aos poucos fui começando a fazer-lhe festinhas também no dorso, com ela sempre "metida em tábuas" atrás dos sanitários. Depois fui buscar duas bolinhas com guizos e pus-me a fazê-las deslizar devagar para junto das patinhas dela. Seguia o movimento interessada, mas sem se mexer. Mas, quando eu saía, durante uns minutos ouvia-se cá de fora a Leninha a brincar com as bolinhas...
Agora à meia-noite fui pôr-lhe umas bolinhas de patê com o AB. Deixei a ponta do meu dedo suja de patê e encostei-lha ao focinhito, e ela lambeu-me o dedo...
Encorajada, fiz-lhe mais festas... e foi quando ela avançou uns passitos em direcção a mim e começou a fazer um ronrom parecido com o de um comboio (juro-vos que era fortíssimo), a dar-me marradinhas, a dar aqueles miaditos de gato mimado, a contorcer-se e, eis senão quando, deita-se de costas e dá-me a barriguita...
Claro que imaginam como eu estava, nem queria acreditar que era a mesma gata que, na segunda-feira à tarde, eu tive de apanhar com armadilha cá em casa.
A partir daí, arrastei-a pelo cachaço e pelo chão para campo mais livre, limpei-lhe os olhos com soro e apliquei a pomada.
De seguida, a menina foi comer à minha frente, sempre atenta a qualquer ruído, mas quando eu dizia "Papa, Leninha" ela atirava-se outra vez vorazmente ao patê.
Pronto, que mais dizer... estou muito feliz. Esta menina é, como vocês vaticinaram, um potinho de mel. Oxalá recupere depressa e completamente para depois se poder tratar do que há a tratar e encontrar um dono XPTO para ela.
Acho que a chave aqui foi ela ter estado internada. Deve-me ter ficado eternamente grata por a ter ido lá buscar e agora, pelas demonstrações de afecto que me faz, deve pensar que eu sou a nova mãe dela... um bocado esquisita para mãe gata, mas é o que se pode arranjar.
Estou a ouvir uma bolinha neste preciso (e precioso) momento...

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke