Não é indiscrição nenhuma, Minuxa.
O rapaz apanhou fungos. Uma praga que os desespera com comichão e os deixa sem pelo. Eles ficam em carne viva e o pelo começa a cair, primeiro nas orelhas, depois por outras partes do corpo. Tem a ver com a disseminação provocada por eles próprios.
O Rodolfo foi o último da matilha a apanhar e o que teve mais efeitos nocivos. De um dia para o outro ficou com as orelhas carecas, depois e quase em simultâneo foi a cabeça e o resto do corpo, principalmente as costas. Coçava-se tão desesperadamente que ganhou dermatites bastante graves. Para além das cápsulas adequadas, teve que fazer tratamento com antibiótico. Como as melhoras não foram significativas, uma vez que o prurido continuava, teve-se que aumentar a dose diária, esporadicamente acompanhada de antibiótico. Para o fim, como não via o problema a desaparecer, comecei a dar-lhe banhos com o produto que utilizava apenas para os mais pequenos. E um belo dia, como por encanto, o menino acordou novamente vestido. E até hoje se tem mantido, embora de vez em quando ainda se coce.
Foi um tratamento de cerca de 3 meses com Itraconazol, um medicamento caro. No total tomou 6 cx., fora o resto. Mas ele não se importou nada. As cápsulas eram embrulhadas em folha de queijo e ele estava sempre à espera que a hora chegasse.
Mas nem tudo são tristezas. Pelo menos aprendeu a controlar os impulsos agressivos ao pegar no objecto. Pudera, também com tanto treino! Só que a princípio, com medo de ficar sem dedos, dei comigo a atirar o conjunto para o ar. Claro que muitas vezes deu bronca: o conjunto desintegrava-se, as cápsulas caíam ao chão e ele ia a correr apanhar o queijo. É lógico que depois tinha que refazer tudo e eu própria aprendi a controlar os meus medos. E também foi um modo de ganharmos mais cumplicidade.
Estamos sempre a aprender e eu com este de certeza absoluta que aumentei muito os meus conhecimentos e desenvolvi competências.

Só os animais conseguem conhecer o que o próprio Homem não consegue: o ser humano.