Ora bem, notícias do Juquinha:
Neste momento está deitado aqui no chão, ao pé de mim, a fazer horas para o último passeio do dia.
Tem-se portado muito bem, ou seja: nunca fez nenhuma necessidade a não ser na rua, não ladra, não uiva. Só chora baixinho quando eu o deixo aqui sozinho, mas cala-se quando eu lhe ralho do lado de fora. Portanto, penso que os vizinhos não terão razão para se queixar, muito embora os meus vizinhos de baixo não precisem de razões para isso. No entanto, como os outros vizinhos aqui do prédio sabem do que a casa gasta, até agora tenho contado sempre com o seu apoio.
Faz um grande estardalhaço nas escadas, sobretudo ao subir, e também ao entrar e sair aqui dentro de casa, mas isso é por causa do funil, que bate em todo o lado, sobretudo quando ele está na fase de maluqueira. Ah, sobretudo nos dois primeiros dias, sempre que eu entro no escritório é como se ele não me visse há 15 dias. Ele são saltos para cima de mim, ele são voltas a bater com o funil em todo o lado, ele são tentativas de saltos para cima da secretária, no meio da agitação, enfim…
Mas ao fim de uns três minutos sossega e deita-se no chão, de barriga para o ar, muito meloso, a pedir festinhas... como nas fotografias do hotel.
Na rua porta-se bem. Não puxa muito, só um bocadinho ao princípio do passeio. Tenho-o passeado três vezes por dia, e faz algum sucesso com o seu funil com pegadas cor-de-rosa e porque se mete com as pessoas. A maioria acham graça, outras nem tanto. Vai sempre à trela, claro.
Ontem iniciei-me na arte de apanhar cocós com um saquinho e devo dizer que não me custou tanto como pensava. Aparentemente, a hora do cocó dele é a do passeio nocturno, mas hoje à tarde quebrou a rotina. Aproveitei o passeio para ir à junta de freguesia saber o que é necessário para o caso de ele ficar comigo (registo, licença, etc). Deram-me um saquinho com sacos-luva para eliminação de dejectos caninos, que dentro de um mês ou dois irá também estar disponível nas farmácias da freguesia. Realmente, não há razão para as nossas ruas parecerem autênticos campos minados… Disseram-me também que, a partir de Março, na terceira sexta-feira de cada mês irá estar numa praça central aqui da freguesia uma carrinha onde poderemos chipar os cães, suponho que a preços convidativos.
Agora, o meu maior receio: como já disse, a prova de fogo irá ser a convivência com os gatos. Ontem, quando saímos à noite, passámos pelas caminhas deles, que estão agrupadas à volta do aquecedor no hall de entrada, e eles retraíram-se mas não saíram de lá. De todas as outras vezes, desaparecem ou ficam empoleirados nos degraus da escada a ver o Juca passar. Quando chegamos da rua, nunca se vê um único gato, devido ao barulho que o Juca e o seu funil fazem na escada. Às vezes, quando saio do escritório, estão dois ou três ao pé da porta e ficam a olhar para o Juca, e este para eles. De resto, há uma que lhe sopra e se eriça toda, mas ficamos por aí. Não detecto alterações de comportamento nos gatos, pelo menos para já. Também já estão muito habituados a partilhar o espaço, a adaptar-se à chegada de novos habitantes permanentes e/ou temporários e até a receber de vez em quando visitas caninas, algumas de dimensões consideráveis. Estou desejosa de poder tirar o funil ao Juca para então começar a aproximá-los mais e ver o que acontece.
Há uma coisa que eu não sei: a quantidade de ração que um cão com o porte do Juca (cerca de 20 quilos) deve comer por dia. E quantas refeições?
Tenho duas fotografias que tirei hoje ao Juquinha e que depois hei-de pôr aqui. Agora está na hora do passeio. Está muito frio, mas depois de estar com ele na rua passa-me logo…

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke