Ora aqui vai: a Tiabela, a reex e eu fomos buscar a menina à clínica. Acho que mal nos viu ficou logo desconfiada: Bem, lá vêm estas outra vez... Não pode ser coisa boa, e eu estou a sentir-me aqui tão bem...
E tinha razão. Mas hoje tinha de se iniciar uma nova etapa na vida dela que, esperamos, seja a última transição antes de uma adopção responsável.
Pusemos-lhe uma coleira, um peitoral e duas trelas (se calhar, por alguma parecença com a Jade

), fizemos uma parte das contas com a clínica (disso falarei mais tarde, quando aqui postar a factura), dissemos adeus à dra. Catarina e à Bobbyca, que tão bem trataram da nossa menina, e seguimos viagem, não sem que antes a tia Bobbyca tivesse de ir pôr a Yellow no carro ao colo, pois ela não queria arrancar...
Portou-se muito bem na viagem e desta vez não vomitou.
Chegadas ao hotel, esperámos um bocadinho que chegasse a responsável (RH). Quis ir dar um passeiozinho com a Yellow, para ela fazer um xixi e desentorpecer as pernas, mas só ao colo é que saiu do carro e, posta no chão, recusou-se a dar um passo sequer.
Quando a RH chegou, bem que tentou incentivá-la a acompanhar-nos a pé, mas lá teve de lhe pegar ao colo para entrar...
Ficou hoje numa das boxes para os meninos em recuperação, até se habituar mais ao novo ambiente. De início, muito retraída, mas quando se estendeu no chão a sua famosa mantinha, só queria que vissem como a atitude dela mudou: arrebitou as orelhitas, ficou logo mais mexida, foi cheirar muito a sua mantinha e deitou-se nela. Não a conseguimos interessar por ração nem por água.
Deixámo-la um bocadinho para ir visitar outros meninos e depois, com outras titias que estavam lá no hotel ou apareceram depois, passámos um bom bocado na boxe com ela. E com outra menina cega e com outras maleitas com quem a Yellow vai partilhar hoje a boxe: um doce, uma ternura, mas num estado de partir o coração. Desejo muito que esta menina possa recuperar do restante estado de saúde, pois a visão já não será possível.
A Yellow lá se interessou, muito a medo, de início, por umas bolachas e por um resto de patê que a cadelinha cega comeu. No fim, estava já muito cansada e fechava os olhitos, mas nada de se ir deitar na manta enquanto estivemos dentro da box.
Pensei que ficasse aliviada quando saímos e se fosse deitar, mas ficou a seguir-nos com o olhar enquanto nos afastávamos. É sempre aquela imagem que custa trazer connosco quando nos vimos embora, mas tem de ser.
Falei há pouco com a RH, que me disse já a ter solto um bocadinho cá fora ao fim da tarde, quando há menos cães soltos no terreno, para se ir adaptando mais um bocadinho.
Amanhã ao fim do dia volto a ligar, para saber como foi o dia da Yellow.

«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke