terça jan 26, 2010 1:45 am
Como eu própria não gosto de «suspenses», começo pelo fim: a Leninha já está internada na AZP.
Logo que me informaram da disponibilidade de uma armadilha e de onde estava, fui buscá-la. Amanhã (mais logo) tenho de agradecer a quem me ajudou nisto, mas se por acaso essas pessoas me estiverem a ler, o meu muito obrigada. Nestes casos, se não fosse a rápida solidariedade de quem gosta dos animais, nada seria possível.
Montei a armadilha na salinha lá de cima e dei, no máximo, três horas para apanhar a Leninha. É que de manhã tinha mudado o WC dela e verificado que ainda não o utilizara, e comecei a ficar muito assustada. E se ela se ficava debaixo da estante? Portanto, findo o prazo que tinha dado para a apanhar na armadilha, ia começar a esvaziar a estante e tentar desmontá-la.
Felizmente, uns dez/quinze minutos depois de ter colocado a armadilha, ouvi barulho lá em cima. Fui ver e a Leninha estava lá dentro. A parte complicada foi fazer o transbordo para a transportadora, pois a armadilha era enorme e eu estava sozinha. Fui-a cutucando com uma vareta e empurrando aos poucos para a transportadora, e ela acabou por entrar.
Entretanto, deu para ver que estava com os olhinhos numa lástima.
Saí imediatamente com ela rumo à AZP. Hora de ponta. Cheguei cerca das 19 horas, saí de lá às 11 e meia da noite. Segundo a funcionária, por vezes há enchentes assim às sextas-feiras, mas à segunda não é costume. Quando saí, ainda havia três doentinhos para serem vistos.
Nas quatro horas que estivemos na sala de espera, a Leninha manteve-se encostada a um canto da transportadora, ao meu colo, aparentemente muito calma. Quando eu falava com ela, pestanejava e fechava os olhinhos.
Quando entrámos, fiz o historial conhecido à veterinária. Ela abriu a transportadora sem medo, pegou-lhe pelo cachaço e ainda a conseguiu pesar (1,450 kg), mas aí a Leninha revirou-se, escapou-se, amarinhou e refugiou-se num armário, não sem antes ter mordido e arranhado a doutora. Esta foi buscar umas luvas e tentou agarrá-la, mas a Leninha escapuliu-se para a outra saída, onde estava eu com a transportadora, e entrou lá para dentro. Com a ajuda da assistente e já bem dominada pela corajosa veterinária, a Leninha levou duas injecções e os olhinhos foram lavados e tratados.
Tanto pela sua condição clínica como pela impossibilidade de eu a tratar em casa, ficou internada. Felizmente havia uma vaga nas infecto-contagiosas. A Leninha tem corrimento ocular e nasal purulento, edema do olho esquerdo e também uma coisa na língua de que já não me lembro o nome, para além do quadro respiratório. A doutora não lhe administrou tranquilizante antes do tratamento, pois disse que iria prejudicar a outra medicação. Pela pouca avaliação que pôde fazer da dentição, a doutora disse que a Leninha deve ter entre cinco e seis meses. Quanto à possibilidade de melhoras, vai depender da forma como reagir à medicação.
Dada toda a situação, a doutora disse que não via vantagem numa visita amanhã, pelo que vou ligar para lá à tarde (depois de uma consulta minha) a saber como está a Leninha. Espero ter depois boas notícias para vos dar.
Apesar do tempo de espera (necessário), não posso deixar de louvar a forma como a Leninha foi atendida na AZP. Desde a hora a que cheguei, não houve um intervalo sequer entre os animais que entraram, portanto, veterinária e assistente nunca fizeram uma pausa. Apesar disto e da hora avançada, a veterinária lidou com a Leninha e comigo com simpatia, carinho e coragem. Muito obrigada.
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke