-Pois desta vez nem eu sei por onde ando...
-Mas isto parece-me ser tudo estranho... é melhor ir com cuidado!
-Será uma estação de comboios?
-Não Phil, é o Parque dos Poetas, em Oeiras!
-Parque dos Pátetas?
-Poetas, Phil, Poetas!
-Marmanjos queres tu dizer!
-Com tanta coisa boa, tinham logo que fazer um parque a estes tipos? Porque é que não fazem um para as lagartixas? Ou para os besouros? Era mais interessante!
-Poetas! Isto até cheira a livros velhos!
-"Olha-me práquela" gaja maluca lá atrás... Poeta! Cá para mim é uma depravada qualquer!
-Até eu sei fazer melhor porsia que aquilo... Não sei se sabes mas já ando a engendrar umas quadras, e tal...
-A sério, Phil?
-A Sério, pois! Queres ver?
-Manda!
-"Estava eu meio atascado,
Muito aflito e cheio de pena,
com um cócó meio atravessado,
Solto ao lado do Jorge Sena!"
<Jorge> Ouve lá, ó Cão, e se fosses fazer as necessidades prá...
-"E estando eu a fazer a minha vida
Veio um tosco poeta logo barafustar,
Mandei-o dar uma volta em contrapartida
Pois estava mais interessado em cagar..."
-Ó raios partam o cão!
-"E se muito barafustas, ó já ido Sena
Poeta resoluto de ti não tenho pena,
Levas com um bónus, um extra a salientar
Levando a velha perna, e em tí vou urinar!"
-"E só por muito respeito
Aos que este jardim costumam frequentar,
Não te mijo para os pés, poeta de jeito rarefeito
E nesta árvore vou mictar..."
-Temos cão-poeta, sim senhor!
-Pois sou, SOU! olha um Carneiro! POr falar nisso, o que é a janta?!?
-"Ser poetas é ser..." Ó mas que baboseiras são estas? Florbela Espancada é o que deveria ser o teu nome, ó Poetiza de meia tijela...
"Florbela, Florbela!
Meia dúzia de linhas redigiste tu
Tu que até nem tinhas nada de bela,
Parecias mais as pregas do meu cú!"
-PHIL!!!!!!!!!!! Respeitinho!!!
-"E só me calo por ser avisado,
Pelo meu dono que também não é nada belo
tão interessante como correio registado,
E com uma barrigota em forma de cogumelo..."
-E pronto, agora se querem mais poesia, já vão ter de pagar...
-Pois a minha veia artistica, não é gratis... "Ouvistes"?
-Por falar em artista, quem é aquele estronço?!?
<Fernando> Sou o Pessoa, meu querido cãozinho, o mais conhecido de todos os poetas!
-"Pessoa, pessoazinho,
Já te mandavam calar...
Se fosses um meu vizinho,
Passava-te o dia a rosnar!
E como em nada pareces
Ser astuto ou inteligente
Vou dar de frosques pois mereces
Teres esse bigode tosco e diferente..."
-E agora para onde vou? Arre, estou sempre a sair de cena!
-Olha estes andam a namorar! Não querem antes ir para o "Parque das Osgas"? Deve ser mais interessante!
-Apre! E agora? Falta-me o chão! É melhor nem olhar para baixo...
-Bosta! Ainda dou para aqui um tombo dos valentes!
-Então, a veia poética desapareceu com o medo?
-Nunca te disseram que não é medo, mas sim cagufa?
-Ufa terra firme!
-Olha outro poeta!
-Ups enganei-me! Era uma varejeira...
-Então? Não vens? Tenho que te andar a puxar?!?
-Ó raios a sorte a minha...
-Mas isto cheira-me a cadáveres!
-Eugénio de Andrade... só podia ser!
-"Estava eu a veranear,
Num simples parque da cidade,
Adveio algo quase a nausear
Vi logo que era o Senhor Andrade...
E similar ao tonto do Fernando,
Esse tal Pessoa que d'inteligência não presta,
Escritor manhoso, vil e sempre errando...
Este estulto possui pessoas na testa"
-Bem vou mas é pró carro, pois ainda se juntam estes pseudo-poetas numa matilha, e ainda me dão caça!
-Já dizia o meu paizinho, que Deus o tenha no paraíso dos Cockers, "Filho, mais vale uma pulga de Cacilhas que Poetas organizados em matilhas..."
Não sei o que ele quereria dizer, mas deve ser profundo!
FIM.