SHAMI, RETRATO DE UM ABANDONO, ADOPTADA
Enviado: segunda ago 17, 2009 10:48 pm
"Se bem me recordo, o meu abandono já conta com todas as estações do ano, não posso precisar, mas as minhas rastas espelham o meu abandono.
Fui abandonada, só não sei dizer ao certo em que data, em que estação do ano, não é que interesse saber a data certa, pois no abandono, os meses, semanas, dias, horas, e mesmo segundos, são como um relógio gasto e sem bateria,.vai falhando..mas o que importa? o tempo é ocupado na dura batalha pela sobrevivência.
O Outono...será que foi nesta estação do ano que fui abandonada? Talvez sim, talvez não, apenas sei, senti no meu coração, o frio gélido do abandono, tal como o outono anuncia o inverno
O inverno é daquelas estações que custa muito na rua.. o frio, a fome, e a indiferença de todos aqueles que caminham em passo apressado, que só querem chegar ao conforto dos seus lares e sentirem o calor de uma lareira. Sento-me.. e nem o frio que faz doer os meus ossos me move daquela visão que me aquece, quando o meu coração entra por aquela janela fechada que espreito tão atentamente, e vejo um amiguinho como eu, a ser afagado no seu cobertor bem quentinho até que as luzes se apagam...e aí acordo para a cruel das realidades... volto a caminhar pois já nem a alma posso mais aquecer e..o frio e fome não ajudam nada.
Durmo, no mais escondido dos cantos das ruas, pois nem os sem-abrigo estão livres de sofrerem os perigos da noite mas.. a maior das maldades é a fome, se ao menos não existisse fome, se não fosse preciso comer.
Não tenho petiscos, mas o melhor restaurante aberto a altas horas da noite..o caixote do lixo...
O dia, aquela claridade da indiferença..caminho, bem olho para todas aquelas pessoas apressadas que passam, grito num lamento mudo “olhem para mim, eu estou aqui e prometo ser tua amiga”..mas nada, ninguém, mas ninguém me ouve, apenas eu ouço os passos apressados.
A primavera, bonita estação que sorri a todos, mas ninguém olha para mim, para o meu corpito já magro e cansado de tanto caminhar... ninguém olha para os meus olhos já tão cansados de olhar e ninguém ver...ninguém ouve o meu lamento mudo...e lá continuo a caminhar no vazio da esperança..deixei de acreditar... olhar para os donos dos passos apressados... acreditar na primavera.
A minha pele arde tanto, deve ser do calor ou talvez das mordidelas das pulgas,será por estar tão suja?
Talvez por cheirar tão mal é que ninguém olha para mim..
Verão...perdi o a vontade de caminhar..está tanto calor e custa a respirar,mas o pior é que os caixotes de lixo estão agora sempre ocupados, cada vez somos mais, os abandonados... eu já nem me aproximo, é perigoso...a fome é muita..mais vale caminhar ainda que de barriga vazia custe muito.
A sede obriga-me a caminhar mais devagar, a minha boca seca, tenho tanto calor com tanto pelo...se ao menos alguém olhasse para mim., ninguém olha para mim.
Caminho, mas mais lentamente, se não fosse o calor..mas tenho de caminhar..
Desisto..ninguém olha para mim, todos se afastam de mim..tenho fome e sede, já nem quero olhar para mais nenhuma janela e fazer de conta que comi muito e estou de barriga cheia.
Entrei num local sossegado...encontrei um refúgio, debaixo de um carro..assim ninguém olha para mim e eu não acalento esperança de olhar para ninguém..desisto.
Oferecem-me comida e àgua.. não saio debaixo do carro, estranha oferta..é melhor não sair! sou educada e agradeço..ouvi dizer que sou simpática, pena não ter um lar.
Segui viagem. longa e a meio do caminho entro num segundo carro..e disseram-me que estava em Lisboa.
Chego e entro numa casa, faz-me lembrar uma daquelas que tanto olhava naqueles invernos gelados, só que sempre tinha olhado do lado de fora..mas agora entro mesmo.
Uma mão que me afaga e tenta livar-me do meu casaco de pelo que tanto me sufoca.....as minhas costas já sentem um pouco de ar.
Um dia complicado pois ouço dizer que o meu casaco de “rastas do abandono” esconde muitos problemas
Não sei o que me aconteceu..mas deixei de ver , ouvir e sentir...mas quando acordei senti um alívio tão grande..senti o ar a acariciar a minha pele, a minha pele em chagas vivas..agora já percebia a razão de tanta comichão, de tanta dor no tempo que passei a caminhar na rua, mas até a dor deixei de sentir, e dormi finalmente numa das caminhas que tanto vi do lado de fora da janela....
Sonhei...fossem todas as noites assim, com uma caminha, com uma mão a acariciar até eu adormecer...mas não me lamento pois... finalmente olharam para mim."
Shami
A história da pequena Shami é de abandono.
A Shami, calcula-se que tenha passado longos meses na rua pois as suas rastas assim o traduziram...nem uma tesoura entrava no seu pelo e para ser tosquiada teve de ser sedada, dado estarem a arrepanhar a sua pele de tal forma que um leve movimento seria causa de corte na sua pele..foi tosquiada por profissional.
Nas suas rastas residiam: um bico de um lápis, várias pedras pequenas, carrças enormes já sem vida, pulgas, ervas podres, e o mais grave..inúmeras praganas espetadas na sua pele, algumas podres e completamente enfiadas no seu corpo, razão de chagas enormes infectadas.
A Shami é uma cadelita com cerca de 6 kgs, que aparenta ser uma caniche. A sua pelagem é longa, dos mais belos tons de cinzentos e bejes..há quem afirme que ela poderá ser cruzada de serra d’aires, mas agora não é fácil de perceber pois a Shami teve mesmo que ser toda tosquiada..a pele tem de sarar para dar lugar ao seu pelo maravilhoso e novamente saudável.
Acima de tudo, a pequena Shami, com cerca de 5 anos, é uma cadelinha muito mas muito carente, pois não quer perder o que agora já conseguiu..afecto, atenção, cuidados.
A sua necessidade é tão forte que desespera sozinha..uiva pelo contacto humano, um uivar que arrepia e logo desaparece quando se estende a mão.
A Shami está a recuperar das suas mazelas físicas, mas falta o mais importante..uma mão amiga e leal que não mais a abandone.
Adora passear e com receio de perder a mão amiga, cola-se às pernas e anda lado a lado de trela,,não se afasta mais do que um metro, pois logo pára e olha para trás.
Acima de tudo o que passou, denota uma personalidade fantástica, dá-se com os outros cães e gatos, é uma cadelinha maravilhosa...e só bastou olharem para ela..estenderem uma mão amiga..imaginem o que será se tivesse um lar para toda a sua vida...
A Shami está para adopção e tudo será feito para que se encontre aquela família que ela tanto necessita..que não a abandone!
A Shami encontra-se no distrito de Lisboa e a sua adopção terá essa zona geográfica em preferência.
A visita à Shami bem como a entrevista presencial é obrigatória, (sem compromisso de doação) bem como avaliação de outros reqisitos que se entendam necessários para asseguar o seu bem estar futuro.
Será entregue vacinada, desparasitada e esterilizada e chipada.
A Shami agradece o gesto de algumas pessoas que logo se prontificaram para a ajudar nesta etapa da sua vida.
Responsável pela sua adopção :
Taro : 91 456 38 54 ( não serão respondidas ms por tlm)
[email protected]
(Amanhã serão divulgadas as fotos, desde o dia em que foi resgatada e no momento actual)
Fui abandonada, só não sei dizer ao certo em que data, em que estação do ano, não é que interesse saber a data certa, pois no abandono, os meses, semanas, dias, horas, e mesmo segundos, são como um relógio gasto e sem bateria,.vai falhando..mas o que importa? o tempo é ocupado na dura batalha pela sobrevivência.
O Outono...será que foi nesta estação do ano que fui abandonada? Talvez sim, talvez não, apenas sei, senti no meu coração, o frio gélido do abandono, tal como o outono anuncia o inverno
O inverno é daquelas estações que custa muito na rua.. o frio, a fome, e a indiferença de todos aqueles que caminham em passo apressado, que só querem chegar ao conforto dos seus lares e sentirem o calor de uma lareira. Sento-me.. e nem o frio que faz doer os meus ossos me move daquela visão que me aquece, quando o meu coração entra por aquela janela fechada que espreito tão atentamente, e vejo um amiguinho como eu, a ser afagado no seu cobertor bem quentinho até que as luzes se apagam...e aí acordo para a cruel das realidades... volto a caminhar pois já nem a alma posso mais aquecer e..o frio e fome não ajudam nada.
Durmo, no mais escondido dos cantos das ruas, pois nem os sem-abrigo estão livres de sofrerem os perigos da noite mas.. a maior das maldades é a fome, se ao menos não existisse fome, se não fosse preciso comer.
Não tenho petiscos, mas o melhor restaurante aberto a altas horas da noite..o caixote do lixo...
O dia, aquela claridade da indiferença..caminho, bem olho para todas aquelas pessoas apressadas que passam, grito num lamento mudo “olhem para mim, eu estou aqui e prometo ser tua amiga”..mas nada, ninguém, mas ninguém me ouve, apenas eu ouço os passos apressados.
A primavera, bonita estação que sorri a todos, mas ninguém olha para mim, para o meu corpito já magro e cansado de tanto caminhar... ninguém olha para os meus olhos já tão cansados de olhar e ninguém ver...ninguém ouve o meu lamento mudo...e lá continuo a caminhar no vazio da esperança..deixei de acreditar... olhar para os donos dos passos apressados... acreditar na primavera.
A minha pele arde tanto, deve ser do calor ou talvez das mordidelas das pulgas,será por estar tão suja?
Talvez por cheirar tão mal é que ninguém olha para mim..
Verão...perdi o a vontade de caminhar..está tanto calor e custa a respirar,mas o pior é que os caixotes de lixo estão agora sempre ocupados, cada vez somos mais, os abandonados... eu já nem me aproximo, é perigoso...a fome é muita..mais vale caminhar ainda que de barriga vazia custe muito.
A sede obriga-me a caminhar mais devagar, a minha boca seca, tenho tanto calor com tanto pelo...se ao menos alguém olhasse para mim., ninguém olha para mim.
Caminho, mas mais lentamente, se não fosse o calor..mas tenho de caminhar..
Desisto..ninguém olha para mim, todos se afastam de mim..tenho fome e sede, já nem quero olhar para mais nenhuma janela e fazer de conta que comi muito e estou de barriga cheia.
Entrei num local sossegado...encontrei um refúgio, debaixo de um carro..assim ninguém olha para mim e eu não acalento esperança de olhar para ninguém..desisto.
Oferecem-me comida e àgua.. não saio debaixo do carro, estranha oferta..é melhor não sair! sou educada e agradeço..ouvi dizer que sou simpática, pena não ter um lar.
Segui viagem. longa e a meio do caminho entro num segundo carro..e disseram-me que estava em Lisboa.
Chego e entro numa casa, faz-me lembrar uma daquelas que tanto olhava naqueles invernos gelados, só que sempre tinha olhado do lado de fora..mas agora entro mesmo.
Uma mão que me afaga e tenta livar-me do meu casaco de pelo que tanto me sufoca.....as minhas costas já sentem um pouco de ar.
Um dia complicado pois ouço dizer que o meu casaco de “rastas do abandono” esconde muitos problemas
Não sei o que me aconteceu..mas deixei de ver , ouvir e sentir...mas quando acordei senti um alívio tão grande..senti o ar a acariciar a minha pele, a minha pele em chagas vivas..agora já percebia a razão de tanta comichão, de tanta dor no tempo que passei a caminhar na rua, mas até a dor deixei de sentir, e dormi finalmente numa das caminhas que tanto vi do lado de fora da janela....
Sonhei...fossem todas as noites assim, com uma caminha, com uma mão a acariciar até eu adormecer...mas não me lamento pois... finalmente olharam para mim."
Shami
A história da pequena Shami é de abandono.
A Shami, calcula-se que tenha passado longos meses na rua pois as suas rastas assim o traduziram...nem uma tesoura entrava no seu pelo e para ser tosquiada teve de ser sedada, dado estarem a arrepanhar a sua pele de tal forma que um leve movimento seria causa de corte na sua pele..foi tosquiada por profissional.
Nas suas rastas residiam: um bico de um lápis, várias pedras pequenas, carrças enormes já sem vida, pulgas, ervas podres, e o mais grave..inúmeras praganas espetadas na sua pele, algumas podres e completamente enfiadas no seu corpo, razão de chagas enormes infectadas.
A Shami é uma cadelita com cerca de 6 kgs, que aparenta ser uma caniche. A sua pelagem é longa, dos mais belos tons de cinzentos e bejes..há quem afirme que ela poderá ser cruzada de serra d’aires, mas agora não é fácil de perceber pois a Shami teve mesmo que ser toda tosquiada..a pele tem de sarar para dar lugar ao seu pelo maravilhoso e novamente saudável.
Acima de tudo, a pequena Shami, com cerca de 5 anos, é uma cadelinha muito mas muito carente, pois não quer perder o que agora já conseguiu..afecto, atenção, cuidados.
A sua necessidade é tão forte que desespera sozinha..uiva pelo contacto humano, um uivar que arrepia e logo desaparece quando se estende a mão.
A Shami está a recuperar das suas mazelas físicas, mas falta o mais importante..uma mão amiga e leal que não mais a abandone.
Adora passear e com receio de perder a mão amiga, cola-se às pernas e anda lado a lado de trela,,não se afasta mais do que um metro, pois logo pára e olha para trás.
Acima de tudo o que passou, denota uma personalidade fantástica, dá-se com os outros cães e gatos, é uma cadelinha maravilhosa...e só bastou olharem para ela..estenderem uma mão amiga..imaginem o que será se tivesse um lar para toda a sua vida...
A Shami está para adopção e tudo será feito para que se encontre aquela família que ela tanto necessita..que não a abandone!
A Shami encontra-se no distrito de Lisboa e a sua adopção terá essa zona geográfica em preferência.
A visita à Shami bem como a entrevista presencial é obrigatória, (sem compromisso de doação) bem como avaliação de outros reqisitos que se entendam necessários para asseguar o seu bem estar futuro.
Será entregue vacinada, desparasitada e esterilizada e chipada.
A Shami agradece o gesto de algumas pessoas que logo se prontificaram para a ajudar nesta etapa da sua vida.
Responsável pela sua adopção :
Taro : 91 456 38 54 ( não serão respondidas ms por tlm)
[email protected]
(Amanhã serão divulgadas as fotos, desde o dia em que foi resgatada e no momento actual)