sábado jul 16, 2011 4:08 am
Cada vez que :
Uma familia se lembra tem que se assistir ao milagre da vida com a Patusca,
Uma familia se lembra de comprar um cão por 50Eur. para fazer a vontade às crianças,
Um FDP se lembra de tentar enriquecer à conta da venda de cães sem qualquer respeito pela vida, saude ou dignidade destes,
Que alguém não se quer nem informar de onde vêm os cães que compra e continuam a alimentar as cadeias de "tráfico" de animais.
Alguém se lembra que o cãozinho lá de casa é tão esperto e giro que tem que deixar descendência,
Algum iluminado acha que lhe dá um grande estilo passear com um cão da moda,
Cada vez que em forúns publicos se incentiva à adopção ou compra e não se dá o pior cenário e apenas as coisas maravilhosas dos pets,
Cada vez que uma só cabeça pense que é facil e automático ter um animal em casa.
Este flagelo continuará a esmagar tudo à sua passagem, com patologias ou sem patologias, é uma onda de impossivel de abrandar.
Custa horrores saber que almas inocentes foram apagadas...mas os abates não são o centro dos males, o origem de todos os males vem muito de trás, vem da irresponsabilidade de quem opta por facilitar a reprodução sem sentido,vem da compra de sofá de animais que serão tudo menos uma companhia, vem da falta de fiscalização e regulamentação, vem da falta de legislação, vem da falta de cultura e de sentido de sociedade e respeito pelo que nos rodeia.
Com a mudança dos tempos, vontades, capacidades e informação, aconteceu o contrário do que seria lógico.
Nunca na história existiram tantos pets dentro de casas de familia e nunca aconteceram tantos abandonos e maus tratos.
Os cães que tive para adopção, foram todos "oferecidos" com o pior dos cenários ( " ele vai roer, vai mijar, vai sujar, vai chatear, vai acordar ao domingo às 07 da manhã, vai deprimir ao fim de 8 hrs/dia sozinho em casa, ainda quer um cão?" ) seguido da pior hipotese de despesas veterinárias.
Digamos que os "vendi caros" e com a certeza que a pessoa não se ia abaixo se saisse mesmo o rufia que eu "pintava", mesmo assim pelo menos 2 foram devolvidos e 1 foi parar ao canil sem o meu conhecimento, sendo posteriormente recolocado em minha casa...
Portanto, apesar de toda a boa vontade, não basta a casa ser espaçosa e a pessoa ser simpatica. Há muito mais que se lhe diga. A nossa cultura ainda presente, do cão na corrente, ou fechado no barracão para ser mau, causou um desconhecimento enorme nas gerações seguintes felizmente com alguma viragem de mentalidades e de informação, no entanto temo que ainda vamos demorar algumas gerações para nos tornarmos dignos do que os animais nos oferecem.
Uma vez que a raiz do problema (na minha opinião) não se vai poder alterar de um dia para o outro, tenho um ponto de vista no que diz respeito ao abate que não será o mais aceitável por alguns amantes de animais e por todos os "protectores".
Por muito cruel que pareça e por muito compensador que seja salvar um animal extropiado, doente, sem condições para uma vida minimamente autónoma na sua natureza, deverá sempre ser alvo de profunda reflexão se estaremos a fazer o melhor em manter um animal vivo nas condições que nomei acima, se não há perspectivas de uma vida familiar futura, de uma vida digna, ou se será uma vida salva para passar o resto dos seus dias num hotel ou no mesmo canil ao cuidado de uma associação, mas fechado numa box até ao fim dos seus dias, quando depois vemos animais jovens e saudaveis como os que podemos admirar-nos de ver neste tópico e que ou serão abatidos ou irão também passar o resto da vida mortos na alma por não serem nada, fechados num sitio à espera que os dias passem.
Enquanto as mentalidades não se mudarem naquela que eu acredito ser a raiz de todo o problema, há que haver sangue frio e piedade para com alguns animais em beneficio de outros.
Não me refiro obviamente a animais que tenham de facto uma casa, um lar e uma familia ou um dono que tenta por tudo que este recupere e que ainda pode ter algum tempo de vida em qualidade, mas a todos os outros que depois de recuperações dolorosas para os animais e dispendiosas e morosas para os seus benfeitores, já não lhes resta nem sequer tempo para conhecerem a felicidade do conforto e do amor.
Apesar da situação ser desesperante, a atitude terá que ser cirurgica e não desesperada, sob pena de vermos todos os dias, animais jovens e saudaveis a serem eliminados enquanto meios, tempo e recursos humanos preciosos se perdem por entre peditórios e guerras de benfeitores.
Just my 2 cents.
R.I.P.
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