
E acredite ou não, LuMaria: digo muitas mais vezes Não do que Sim, e só fico MESMO com aqueles que posso, dando sempre preferência aos nascidos e criados na rua. Que eu cá também sou mandriona...

Moderador: mcerqueira
e há lá outra forma de pensar?LuMaria Escreveu:Mas pensando racionalmente
Chama, "tecnicamente"Chamarrita Escreveu:
Jurei, depois do Pluto, que nenhum animal a meu cargo morreria ou viria a sofrer por doenças perfeitamente evitáveis, e a promessa mantém-se cumprida.(:::)
Mais um juramento feito: que nenhum animal meu iria sofrer esperando pela morte.
assim, de unhas espetadas no meu peito, foi comprar uma transportadora em vime na barraquinha ao lado, e levei a Chamarrita para casa. E a minha vida mudou...![]()
Ter animais à minha responsabilidade foi o muro que me impediu de cair, quando encostei "às boxes" no fim de 2009.
Tive de ser capaz, as únicas coisas que me eram exigidas eram tempo e dinheiro, e isso eu tinha.
Sinto-me bem aqui. Completa e feliz, sem necessidades extra a satisfazer. É muito fácil viver apenas com o essencial, e há tão pouca coisa realmente essencial... Não sinto falta de cuidados de manicure, nunca os tive e as unhas de gel passam-me ao lado. Madeixas, são feitas pelo sol, de graça. Um bom perfume não tem de ser caro. O carro, é o mesmo há 16 anos e está para durar. Não me ralo com ostentações de estatutos.
Se adoecem, deixam-se agarrar e tratar, confiam em mim.
Tenho muito poucos gatos com saúde frágil, porque não tenho condições para cuidar de vários: prefiro os casos comportamentais. Sei que o amor não chega, porque já dois gatos me morreram de "desamor" - um que perdeu a dona e foi vencido pela lipidose hepática, outro que foi "empandeirado" aos 10 anos de idade e preferiu deixar-se morrer, indiferente ao meu amor e a todos os cuidados do veterinário.
"ah, mas gastas imenso dinheiro com eles". Pois gasto.
Antes com eles do que comigo, e nunca tive de o pedir a ninguém. Não sei qual é o espanto.
Todos somos responsáveis, não importa que não tenhamos sido "nós" a provocar os estragos; compete-nos repará-los, na medida do possível, ainda que no limiar da sanidade. É claro que não prefiro apanhar um animal moribundo e gastar 20 euros a eutanasiá-lo do que ir jantar fora, mas se tiver de escolher, adivinhem? pois...
São opções. A liberdade possível é poder escolher como nos sentimos melhor. Todos queremos o mesmo: evitar a dor, sentir o prazer. As minhas escolhas levam àquilo a que muitos chamam solidão. Se não gostam de mim por ter pêlos na roupa, pois... que dizer? há tanta gente limpa de quem gostar...![]()
Eu gosto de mim. Tenho 40 anos, sou professora de artes visuais a menos de 5 km de casa, vivo sozinha com os meus cães e os meus gatos. Vivemos em harmonia. Sou gira, sou culta, boa pessoa e vivo bem sem a aprovação de quem nem sequer tenta compreender. Não dou importância a bens materiais, sou cada vez mais desapegada, não passo necessidades, tenho dias tristes, dias contentes, mas considero-me feliz. E o psiquiatra deu-me alta, mesmo sendo, tecnicamente, uma pet hoarder.
E esta foi a tua opção. Para onde não arrastaste ninguem, nem a fizeste com os olhos na ajuda dos outros.São opções. A liberdade possível é poder escolher como nos sentimos melhor
Ora lá está, esses colecionadores compulsivos de lixo e objectos diversos são considerados Hoarders, daí que não é descabido pensar que quem 'colecciona' compulsivamente animais é um Hoarder de animais.LuMaria Escreveu:Terugkeren, para o que se está a falar, no caso da chamarrita por exemplo, há um conceito chamado síndrome de noé. Não está estudado (sempre acho piada a estes estudos, mas pronto) e não é sequer muito falado. De alguma forma está muito equiparado com os coleccionadores de lixo/objectos.
Sindrome de noé, encaixa-se muito mais. Pet-hoarder, é sempre associado a diversas formas de maus tratos e negligências.
E faz muito bem em perguntar. Eu acho que há vários conceitos de liberdade, por isso mencionei a liberdade de escolha como a liberdade possível. Para mim, a liberdade total é não ter de escolher, ou escolher para além das opções apresentadas. E é verdade que me privei, em consciência, de fazer outras escolhas. Umas por coragem, outras por cobardia: para não dar hipóteses, para nem valer a pena pensar "e se...?".Terugkeren3 Escreveu:Chamarrita, já pensou se tem de facto liberdade de escolha? Será que pelo facto de optar sempre pela 'ajuda animal', nas várias situações de 'escolha' que se lhe deparam, se calhar é porque essa liberdade de escolha já lhe foi de alguma forma retirada? Eu nao a coheço, nao faço ideia se é assim, é só uma questão que lhe coloco.
E é muito pertinente o que diz a Lumaria, nós não somos de ferro e a vida dá muitas voltas. É mais facil da a cambalhota com 2 bichos do que com 33!!
(...)
as motivações que levam a pessoa a querer tantos animais, resultam de algo obsessivo e comulsivo, ou não? Mal comparado é como pensarmos que existem pessoas que consomem drogas e praticam crimes diversos para sustentar o vicio. Mas existem outras pessoas que consomem drogas, mas porque têm grande poder económico, não precisam de enverdar pela marginalidade. Em ambos os casos sao pessoas com toxicodependência, mas apenas num dos casos se geram os comportamentos mariginais que associamos ao consumo das drogas.