sábado nov 15, 2008 10:46 pm
Aqui estou eu.
Desculpem a ausência de notícias, mas de facto tenho tido alguma dificuldade em actualizar posts em fóruns, a minha vida não anda fácil.
Como já aqui foi dito, de facto o Miminho teve de ser abatido.
Nas suas últimas horas de vida, apenas vomitava e defecava constantemente, tendo espasmos e ataques que resultavam em saída de sangue pelo nariz e pela boca.
A minha tradução de tudo isto é envenenamento.
Desde ontem que não como nada, e para dormir tenho de me medicar porque se fecho os olhos vejo-o a perguntar-me porque é que não consegui dar-lhe um lar em 5 meses. Vejo-o a pedir com aqueles olhinhos de mel um último miminho, vejo-o abanar a cauda porque ouvia a minha voz mas não conseguia reagir, e todo o resto do corpo ficar hirto para sempre.
Choro até doer porque lhe disse que ia ficar tudo bem, e ele parece que percebeu, mas nunca na vida seria o "ficar bem" que lhe prometera tantas e tantas vezes. Eu enganei-o, eu defraudei-o, eu não consegui, eu não fui capaz.
Juro que se ele falasse, me diria "é agora que vou para um lar que me faça feliz, vasco?". Ele pensou que ia ser salvo.
Mas não era pro lar desejado que ele ia. E dói tanto, tanto, tanto ter-lhe dito que ia ficar tudo bem, e vê-lo suspirar como se percebesse e julgasse que ia ser feliz, mas nunca iria ter essa chance afinal.
A verdade é que me sinto muito culpado e temo pela vida dos outros.
Temo que mais mortes se sigam, temo porque nenhum dos meus apelos funcionou, porque algumas pessoas ligam mas depois desistem, e porque a minha esperança é muito ténue, e vir aqui já não e pedir ajuda, é desabafar, e porque já não acredito que alguém apareça.
O Miminho era dos mais pequenos do grupo, era lindo e tinha muitas hipóteses, pensava eu. O que devo agora achar dos outros, que são de porte grande? Ninguém os quer.
Está a chegar o Inverno e estes meninos estão obviamente muito mais debilitados e estou de mãos atadas para tudo que lhes é vital. Tenho-os num sítio onde não posso, dou-lhes alimento e protecção umas míseras horas por dia, ando exausto e a estragar uma data de relações pessoais porque vivo para os animais e me esqueço de viver a minha vida.
Um dono para eles, uma casa quentinha é tudo que peço por eles há 5 meses, mas nada aparece.
E há 3 dias apareceu outro cãozinho branco de orelhas coloridas, é mais um no grupo.
As ajudas que tentei para o Miminho em particular nunca obtiveram resposta, embora eu tenha enviado vários vezes as mesmas coisas.
Sempre que olho para aquela fotografia do Miminho abraçado ao Raposo, farto-me de chorar, porque aquilo é algo que jamais se repetirá.
É uma fotografia belíssima, e que eu vou eternizar na minha memória como uma das coisas mais fantásticas que meus olhos tiveram oportunidade de ver ao vivo.
A culpa é toda minha, porque eu devia ter podido fazer mais.
Estou de rastos, exaurido, esgotado, e agora só quero agradecer a toda a gente que teve o mínimo gesto para com o Miminho.
A todos, o meu mais sincero obrigado, pelo Miminho e por todos os outros.
Vasco Costa