Cães, na sua maioria de raça indefinida, e respectivos donos, de todas as nacionalidades, juntaram-se em Lagoa para mais uma edição do divertido concurso.
A Ana Filipa Cruz e o «Scooby», um bonito huskie de cinco anos, não cabiam em si de contentes. «Vim aqui na brincadeira, porque uma prima me disse que havia este concurso. Não estava à espera de ganhar nada».
O «Scooby», com o seu belo pêlo e o olhar atento, foi o vencedor da categoria 6, de melhor macho com pedigree, do concurso «Scruffts», que decorreu no domingo passado na Fatacil, em Lagoa.
Mas, além dele, houve muitos outros vencedores e a maior parte deles até eram cães a quem seria difícil descortinar parecenças com alguma raça…
Longe do nervosismo e do espírito de estrita competição dos concursos caninos oficiais, o Scruffts é mais uma «festa para quem gosta de cães», como fez questão de salientar, em declarações ao «barlavento», Salvador Janeiro, juiz internacional com muita experiência.
Tanto mais que este é um tipo de concurso que está mais virado para os cães rafeiros, sem raça definida, só há pouco tempo tendo começado a aceitar também cães de raça pura.
«Mas, mesmo nesses, preferimos que as pessoas concorram com cães com pedigree, mas que tenham sido salvos do abandono ou que lhes tenham sido oferecidos. Esse é que é o verdadeiro espírito do concurso», explicou uma pessoa da organização ao «barlavento».
Para se avaliar o ambiente festivo deste «Scruffts», nada melhor que dar uma olhadela a algumas das 17 categorias a concurso – melhor seis pernas (dono+cão), melhor cauda abanadora, cão salvo mais feliz, melhor olhar, o mais robusto, o favorito dos juízes...
Categorias bem diferentes e bem mais descontraídas que as dos concursos caninos oficiais. E era ver os cães de todas as idades, raças, misturas, cores, pelagens, tamanhos, a mostrar o que valem, levados pela trela pelos seus orgulhosos donos.
A maioria dos donos concorrentes eram estrangeiros residentes no Algarve, mas «cada vez há mais portugueses a concorrer a este nosso concurso».
«Esta é uma festa basicamente dos ingleses, porque eles é que têm esta tradição. É pena que os portugueses só agora comecem a despertar para este tipo de eventos mais de carácter social», salientou Salvador Janeiro.
Os cães com pedigree foram julgados por Salvador Janeiro, enquanto os rafeiros – ou de raças misturadas, como os donos concorrentes preferiam dizer – foram avaliados por Georgie Saffin Costa, juíza do Clube Português de Canicultura e acreditada também pelos clubes de Inglaterra e da Irlanda.
Salvador Janeiro, que já há seis anos vem ao Algarve em representação da empresa patrocinadora do «Scruffts», a Royal Canin, salienta que julgar cães rafeiros é bem difícil.
«Nos cães com pedigree, o juiz tem como referência o estalão da raça. Nos cães sem raça definida, não há esse padrão, e a nossa tendência é tentar ver o que, naquele cão, se parece com esta ou com aquela raça». Por isso, nestes julgamentos acaba por entrar mais «o gosto pessoal».
Além do concurso, houve ainda uma prova de agilidade, com diversos obstáculos simples a ser vencidos pelos cães. Simples? A maior parte dos animais – e dos donos -, sem qualquer treino, não conseguiram cumprir nem metade do percurso.
É que, nestas coisas dos cães, é preciso paciência, perseverança e sobretudo treino – para o cão e para os donos.
No recinto da Fatacil onde decorreu esta que foi a nona edição do «Scruffts», havia ainda bancas onde os interessados podiam comprar rifas ou produtos para ajudar associações de protecção animal.
Havia até um local onde, quem quisesse, podia levar para casa um simpático cãozinho. Com um ar tristonho, eles lá estavam, numa jaula, à espera que alguém se encantasse com os seus olhos vivos e os levasse para casa. Talvez para o ano algum destes cães concorra na categoria de «cão salvo mais feliz»!
(Finalmente um concurso para todos os caes

)