Os cães hoje em dia não podem ficar sozinhos?

[CarlotaM]

Boa tarde,

É a primeira vez que participo neste forum, embora tenha estado a ler com imenso interesse as discussões e os artigos aqui colocados.

Toda a vida tive cães para deixar de os ter quando me casei. Agora decidimos ter um animal de estimação em casa, estamos preparados e organizados para o receber: ambos gostamos muito de cães e o meu filho de 7 anos, estamos certos, também irá adorar. Estamos todos expectantes pela chegada do nosso labrador no dia 5 de Dezembro.
Entretanto, tenho estado o ler matérias sobre cães e deparo-me com a actual grande preocupação com o facto de se deixar um cão em casa sozinho, enquanto se trabalha e se vai à escola o que, penso, a maioria de nós faz : trabalhar ou estudar.
Desde a última vez que tive cães (repito: antes de me casar) o cão era um companheiro ideal que nos esperava todos os dias à chegada da escola para irmos brincar, agora o cão tornou-se um ser "humano" com factores de ansiedade e stress traumático, que não sabe estar sozinho?
Gostaria de saber as vossas opiniões - o que acham ?

Será alguma "tendência" ( na linha da moda actual de antropomorfização dos animais de estimação) ?

Muito obrigada desde já pela partilha.
Cumprimentos.

[sobaka]

IMHO, não é tendência de antropomorfização, antes pelo contrário.
Acontece que agora, graças aos estudos feitos, sabemos muito mais sobre os cães e a sua maneira de viver. Sabemos que são os animais sociais, que precisam de interação constante com os outros (outros cães ou com os outros animais, incluindo donos). Antigamente os cães eram pouco mais do que "ferramentas": de caça, de guarda, de brincadeira. Pouca gente se preocupava se o cão estava ou não estava bem desde que este servisse para o propósito.

Agora tencionamos ser mais... digamos, humildes. Reconhecemos que os cães têm mais necessidades para além de comida e lugar onde viver e tentamos não os privar delas.

[nicasxi]

E se está , desde já, com essa ideia preconcebida, que tudo isto não passa de exageros de quem " humaniza" os cães.... então prepare-se : um cachorro, independentemente da raça, suporta mal o tempo de solidão. Variam é no modo de se entreter para aliviar o tédio que sentem.
E um cachorro de labrador é mesmo o ideal para fazer compreender o quanto está enganada(o) , por achar isso...

[kriativo]

Os cães habituam-se ao tempo que estão sozinho, desde que quando chegue a casa lhes dê a atenção devida.

E que tenha sempre brinquedos disponíveis para se entreter.

O meu pelo menos passa 9h sozinho em casa quando vou trabalhar, quando chego a casa passa uma hora na rua em passeio comigo, chegando a casa sabe que tem 30m de brincadeira com o dono, o restante tempo brinca com os brinquedos dele e deixa o dono mais sossegado.

Sabe que aos sábados as voltas são maiores e que provavelmente vai passar a noite toda de sábado a roncar.

Acho que não deveremos exagerar seja no que for, mas trate o animal como um membro da família e vai ver que serão todos mais felizes!

[unha]

Labrador nunca tive não conhece as características da raça, mas acho que tudo depende da educação que levar! e também se for ajudado com umas lições numa escola de teino seria o ideal....


Boa sorte..
Unha

[Gallaecia]

acredito que cada caso é um caso.... mas não se prende apenas com o nº de horas sozinho mas também ( e essencialmente penso ) com o local onde esse animal vai passar todo o tempo.

se no interior ou exterior, se tem estimulos disponiveis ou não ( brinquedos , outros animais ), depende do temperamento do animal... enfim ... um x numero de factores.

se vai ficar no jardim/patio ou fechado numa varanda qualquer...


num cão adulto podemos aceitar como razoavel e banal a ausencia dos donos durante o expediente... afinal a vida assim o exige.

num cachorro é mais complicado.... tornam-se ansiosos, electricos.
depois é chegar a casa e ver tudo de pantanas... e implorar por soluções milagrosas que não existem.

pode deixá-lo numa crate... tem há disposiçao varias formas de treino... mas, como em todos os mamiferos, a infancia é preponderante para definir toda a personalidade do cão adulto que vai ter no futuro.

boas escolhas e boa sorte.

[kriativo]

Falei do caso do meu que é um Fox Terrier bem energético, que o tenho desde os 2 meses, e vai com 10 meses.

Fica na cozinha e varanda durante o dia, mas tem mais brinquedos que muitas crianças.

E sabe que o dono quando chegar a casa lhe dá atenção!

É uma questão de hábito.

[Gallaecia]

Falei do caso do meu que é um Fox Terrier bem energético, que o tenho desde os 2 meses, e vai com 10 meses.

Fica na cozinha e varanda durante o dia, mas tem mais brinquedos que muitas crianças.

E sabe que o dono quando chegar a casa lhe dá atenção!

É uma questão de hábito.

eu falei na generalidade e para responder a quem vai ter o Lab bebé.

não é questão de hábito... parece-me que é mais uma questão de sorte no seu caso... e ainda bem para si e para o cão.

[kriativo]

Um animal será sempre um animal.

O melhor mesmo é pensar sobre isso, não vá ele ser destruidor e depois não aguentar a pressão...

[drilldown1]

Falei do caso do meu que é um Fox Terrier bem energético, que o tenho desde os 2 meses, e vai com 10 meses.

Fica na cozinha e varanda durante o dia, mas tem mais brinquedos que muitas crianças.

E sabe que o dono quando chegar a casa lhe dá atenção!

É uma questão de hábito.

Não é uma questão da quantidade de brinquedos que tem, nem de saber que o dono quando chegar a casa lhe dá atenção, nem uma questão de hábito.

Varia de cão para cão.
Tenho um, já com quase 8 anos que tem ansiedade de separação. Posso garantir-lhe que nada do que mencionou resulta com ele.

A minorca, já ficou hoje sózinha durante meia hora. Chorou quando me viu saír com o mais velho, mas depois calou-se. Quando cheguei estava calada.

[CarlotaM]

Obrigada pelas vossas respostas.

Gosto imenso de animais, especialmente de cães, e já sinto a falta de os ter lá em casa. Esperámos pelo momento melhor (reunidas as condições) para podermos receber um animal em casa. Neste momento, como disse no meu primeiro post, podemos preencher a lacuna que falta – ter o animal de estimação – em condições para todos, nossas e do cão.

Em nossa casa (dos meus pais) os cães sempre foram tratados com respeito e apreciados pelo que são : cães. Sabemos desde sempre que precisam, realmente, de um tecto, de comida e de carinho.
Tive um labrador em criança, embora tivesse ido para nossa casa já adulto, e sempre se deu muito bem connosco e com a vida que levava (mesmo estando parte do dia a “cirandar” sozinho pelo quintal).
Tive também uma cadela fox terrier, meiguíssima, chamada Shayka.

Sou, em teoria, contra a humanização dos animais de estimação, penso que não é adequado nem sequer digno para o cão ser tratado como pessoa (!), mas claro que sei que os cães são animais de matilha e logo, preferem, estar com a matilha /acompanhados (não gostamos todos?!). Em casa a família é a matilha, o que, não significa necessariamente que ele não tenha capacidade para se “entreter” e ocupar quando não está com a sua família. Todos têm os seus afazeres.

Vou evitar cair no que eu considero um erro – o de tratar o cão como se fosse uma pessoa, - porque acho que não é isso que ele espera de mim. Será tratado como o cão que é e com o respeito que merece (como qualquer criatura de Deus). Vou na linha do que diz o kriativo, o nosso cão terá tudo o que necessita para ser feliz, como cão, inclusivamente o seu próprio espaço e tempo a sós, e não me sinto na necessidade de o “recompensar” pelo tempo que fica em casa entregue a si próprio e aos seus caprichos caninos; o tempo que fica em casa é o momento para ele fazer o que lhe apetece, as suas coisas de “cão” e quando estivermos em casa ficaremos todos juntos e podemos usufruir da companhia e da brincadeira uns com os outros.
Não vejo porque isto há-de parecer minimamente traumatizante para um cão. Na prática, então, se levássemos isto à letra quem poderia ter cão: reformados e restante população inactiva? Não me parece fazer sentido, neste prisma. Por outro lado, noutro prisma, também não me parecer que um cão bem amado e com espaço para se poder movimentar à vontade seja infeliz e sofra horrores por estar sozinho parte do dia, desde que "saiba o seu lugar".

Continuo, repito, a achar que esta questão é fruto duma antropomorfização e talvez, no limite, até uma tendência de marketing de serviços de “pet-sitting” (o que até não vejo com maus olhos – o pet-sitting é um serviço que sou capaz de vir a utilizar quando pontualmente necessário).

Sou contra o crating – isto sim, acho uma abominação. Tenho lido bastantes artigos sobre não deixar um cão sozinho e na mesma frase o crating como opção ideal quando o cão fica sozinho.
Então, se o cão sofre com a solidão, já não sofre com o crating? Leva-me a pensar que, mais uma vez, estamos a adequar a vivência do cão apenas ao que nos dá jeito. Se, como o sobaka diz, antigamente pensava-se que o cão precisava “apenas” de água, comida e de tecto e entretanto, se evoluímos na nossa humildade… agora achamos que ele precisa de um crate?! – ele pode ficar sozinho em casa mas sofre, então pomo-lo num crate, que é simplesmente para não poder estragar a casa e não para se sentir melhor quando está sozinho.
Percebem o que digo? Não me parece que a nossa mentalidade vá ainda de encontro às necessidades do cão, mas antes apenas ás nossas próprias necessidades (o cão não estragar a casa = crating) e "frustrações" (o cão coitadinho não pode ficar sozinho porque é praticamente "gente") e para isso, damos a volta à verdadeira questão : do que precisa o cão de facto.
Não concordam?

[BrownEye]

Concordo em muitos aspectos.

Noutros nem tanto:

"frustrações" (o cão coitadinho não pode ficar sozinho porque é praticamente "gente)

Eu diria que o cão não gosta de ficar sózinho porque é um animal social, sempre foi, mas só há pouco tempo o ser humano consegue ter sensibilidade para entender esse facto.

Se pode ficar sozinho? pode pois! tal como todos nós, mas não fica feliz.


Pode evitar sim tratar o seu cão como uma pessoa, mas não se esqueça de que se trata de um ser vivo...animal...


Felicidades.

Ps- os vasos é que ficam bem nas varandas.

[CarlotaM]

Um animal será sempre um animal.

O melhor mesmo é pensar sobre isso, não vá ele ser destruidor e depois não aguentar a pressão...

kriativo,
Obrigada.
Um animal é meu por toda a vida dele, aguentarei sempre a pressão, até porque ao assumir o compromisso de o ter, é para o bem e para o mal, para sempre.
Cumprimentos,

[kaminaru]

CarlotaM, muitas felicidades com o novo bixinho.

Infelizmente durante algum tempo (muito pouco) tive de usar um crate (quer dizer... nem sei se é um crate... era uma grade grande de metal) para conter a minha cadela enquanto ia para o trabalho. No final de 1 semana telefona a empresa que gere os alarmes na minha antiga casa a dizer que o alarme tinha disparado. Resultado... tinha sido ela a trepar pela grade e andou-se a passear por todo o lado.
Quando cheguei a casa tinha tudo de pantanas, xixi e cócó por todo o lado.
Não sei até que ponto é que ter o animal nestas condições é agressivo. Não gostei muito da solução, mas foi a única coisa temporária que encontrámos para não haver grande "escabeche". Também tínhamos medo de a ter junto do outro cão sem supervisão.

Foram uns tempos extremamente complicados e que não gostaria de repetir, já que fui mal habituada e adoptei um cão já adulto. Nunca tinha tido um cachorro.

[nicasxi]

Um cão é um cão.
E desde o inicio da minha participação aqui na arca , que me tenho " batido" pela consciência que um cão deve ser tratado como tal.
Penso que, neste caso, não se trata de " humanizar" o cão por se tomarem previdências no sentido de minorar as consequências , às vezes desastrosas para ambos, dono e cão, da permanência ao longo do dia sózinho.
Como , muito bem, disse , um cão gosta de viver acompanhado. ( Basta lembrar-mo-nos que raramente nasce só um , numa ninhada ). Gosta de sentir a presença da sua " matilha".
Quando fica sózinho, começa por fazer a " choradeira" ( para alguns novos donos começam aqui os problemas com a vizinhança ). Mas acaba por se habituar.
Depois vem a fase, " que vou fazer para me distrair ? " E aqui começam a aparecer os sapatos , os comandos de televisão e do DVD, os biblots preferidos, os pés das cadeiras e dos móveis roídos, as almofadas esfrangalhadas, o lixo espalhado pelo chão da cozinha e em casos extremos paredes e portas literalmente destruídos.
Seria " humanizar" o cão se lhe fosse dizer que o cão vai fazer isso por vingança , por retaliação por o deixarem sózinho. Isso sim, era " humanizar " , porque seria estar a atribuir sentimentos ao cão que ele é incapaz de ter, por serem exclusivos do ser humano.
Mas pode contar que corre o risco de ter alguns regressos a casa assim, menos agradáveis.