Pessoalmente, em termos de eutanásias, já me aconteceram os dois extremos...
Uma gata que caiu do terceiro andar e partiu a coluna irremediavelmente, qualquer ceguinho via que não havia nada a fazer, e o veterinário deu-me esperanças: "Milagres acontecem"... Pois não aconteceu, e a gata acabou por morrer ao fim de largas horas, que passou em grande sofrimento.
No outro extremo, uma gata com coriza e com diarreia que uma veterinária sugeriu eutanasiar "porque está muito doentinha, é bravinha e ainda por cima é gata... e gatas são difíceis de dar"...
Penso que o veterinário tem o dever de aconselhar a eutanásia nos casos em que o animal não tenha recuperação possível e só esteja a sofrer ou em situações em que, embora não sofrendo, o animal não tenha qualidade de vida. Obviamente, a decisão cabe sempre ao dono do animal, se o houver. É desejável que o dono tenha discernimento para decidir o que é melhor para o animal. Nem sempre tem...
Há casos em que o que é melhor não é muito claro.
Exemplo: há coisa de dois anos, os meus gatos apanharam um fungo que lhes provocou uma forte gastrenterite com sintomas em tudo semelhantes à panleucopénia. Felizmente, nenhum dos meus gatos morreu da doença. Um deles, o que esteve pior, ficou infelizmente com sequelas a nível neurológico (andar desengonçado e aparente falta de equilíbrio). Na altura, uma das minhas vets sugeriu eutanasiá-lo, porque havia a possibilidade de o tal fungo ter formado quistos no cérebro e isso ficar como possível fonte de novo contágio para os outros gatos, no futuro. Claro que não tinha certezas de nada, e decidi que, sem certezas, nada feito. Paguei para ver. E não me arrependi. Não se sabe ainda a causa do andar desengonçado (que continua a ter), mas não voltou a haver contágio e o gato, à parte o andar desengonçado, faz a sua vida normal, corre, brinca, dá tareia nos que não gosta... Só não consegue saltar para sítios muito altos.
Não me aborreci com a veterinária por causa da sugestão que fez, ela fez apenas o que lhe competia: alertar-me para um risco que existia, visto eu ter mais gatos. Eu tomei a decisão que achei melhor.
Fiquem bem
Florinda Lopes
P.S. - A tal gatinha bravinha curou-se, ficou mansa e arranjou dois donos espectaculares.
