sexta ago 26, 2016 7:41 am
Bom dia,
Tenho uma cadela, que veio para mim em condições semelhantes ao seu. Ou seja, eu nem a conseguia arrancar de casa, tudo a ela lhe fazia confusão desde barulhos a presenças. Enfim, não era fácil arranca-la de casa e sim arrancar é o termo certo, acho que dentistas já arrancaram ciso a frio mais facilmente.
Foi a primeira cadela que ensinei e tive aos meus cuidados, portanto experiência 0, mas muita vontade.
Não tenho, nem apliquei uma solução milagrosa. Não houve paninhos quentes mas também não existiu violência nem nada semelhante. Não foi algo que aconteceu da noite para o dia, mas do que me lembro demorou cerca de 3 meses a conseguir que ela saísse à rua pelas suas patas e talvez 6 a 8 meses para andar com mais confiança na rua.
Possivelmente a diferença, é que eu não tinha escolha ou ela não tinha escolha a não ser sair para rua da cidade. Não tenho matas nem muito menos a possibilidade de a levar para uma mata ou o que for longe da cidade. Só Jardins citadinos e isso implica ela cruzar passeios, estradas, movimento de carros e tudo o mais.
O inicio foi chato, muito chato. Basicamente o que fazia era ficar com a porta aberta para ela se habituar a chegar ao pé. Brincava com ela até ela vir para porta, chegava a brincar com ela e sair a correr de casa e ela vinha a correr comigo. Assim que se apercebia voltava para dentro. Era tipo engraçado é um comportamento, que em cães, se espera o contrario. Voltava a repetir o processo varias vezes.
A parte menos boa da minha abordagem, claro que a falta de experiência e sem o devido acompanhamento quando a paciência era menor, empurrava para fora de casa e fechava a porta. Ela ficava toda colada a querer entrar e assustada com o barulho dos carros. Nesse estado não forçava nada deixava a estar. Também não a confortava, deixava a estar e afastava, se ela quisesse vinha ter comigo. No limite sentava uma ou duas portas abaixo, se ela quisesse mais conforto vinha ter comigo, não o negava claro.
Ao longo do tempo, foi o que ela foi fazendo, saindo da porta e indo para perto de mim e a partir daí começou andar e deixar de ter receio da rua. Depois levava para os sítios mais movimentados, com businas de carros, autocarros arrancar, estação de comboios, estação de metro etc. Quanto mais caótico melhor.
Claro que tinha tempo, estamos a falar em ficar por volta de 1h à porta da rua, talvez mais e várias vezes ao dia.
Isto é uma partilha não há nada fundamentado e nem após isto fui pesquisar se agi bem ou mal. O que me interessa é que a cadela é saudável e assim que venceu o medo de sair de casa, conseguiu frequentar jardins onde adora correr, saltar, pular as cercas e fazer tudo o que pode naquele espaço.
O que acho que ajudou mais foi por ser bruto que nem uma porta. Notava mais melhorias quando a forçava a fazer algo que ela não queria e a deixava estar para se habituar, do que quando andava com rodeios de brincadeiras e tudo mais. Nunca achei que o certo fosse confortar, que normalmente é o instinto: Está assustado, vou sentar ao lado fazer festas e num tom paternal dizer que está tudo bem. Esta acção foi a que evitei logo de muito cedo por considerar que o animal assustado não pode ser confortado mas sim quando sair desse estado e para isso dei muito espaço para ela vencer os demónios.