...E se não fosse a intervenão do homens só tinhamos cães e gatos rafeiros...
É de facto um erro pensar-se que todas as raças foram criadas artificialmente, em laboratório ou com a directa intervenção do homem.casadiscaes Escreveu: E mesmo que a intervenção do homem não fosse direccionada pela função, situações de isolamento iriam conduzir obrigatóriamente a raças.
Hoje vivemos num mundo em que as comunicações se fazem com toda a facilidade, mas há uns séculos atrás havia regiões em que as raças criaram-se e desenvolveram-se sem a intervenção do homem, muito simplesmente pelo facto de nessas zonas só existirem cães dessas raças e sem a hipótese de se cruzarem com outras raças.
Isto é, foi NATURALMENTE que muitas raças nasceram e o homem o que fez, e na minha opinião muito bem, foi aperfeiçoar e preservar essas raças.
Bom, mas isto é assim e não tem qualquer discussão.
O que poderá ser discutível, mas isto já é uma questão de pormenor, é se se justifica manter determinadas raças em relação às quais as funções, trabalhos, tarefas, para que foram criadas já não existam. Ou, como foi discutido no início do tópico, se faz sentido que determinadas raças cumpram apenas ou exclusivamente a função de companhia.
Estes aspectos foram aqui discutidos seriamente e com alguma cordialidade e acho que valeu a pena. E não compreendo como algumas pessoas continuam a dizer que isto é discutir o sexo dos anjos ou que só se dizem disparates.
Afinal o que é que querem discutir aqui no fórum? Trivialidades? Coisas comezinhas sobre os cães? Enfim... sem mais comentários.
Algumas pessoas exaltam-se um pouco mais, outras interpretam mal o que se diz, seja por não entenderem a mensagem ou porque a mensagem é ambígua, mas no conjunto, continuo a achar que a discussão é (ou foi) interessante.
O que acho espantoso é ainda haver aqui no fórum a oposição cão de raça / cão SRD, usando-se todos aqueles lugares comuns como “cão é cão seja de raça ou não” ou “o cão de raça não é superior ao rafeiro” e mais uma série de verdades que, realmente, ninguém contraria. Chega-se a pensar que alguns defendem o “extermínio” dos SRDs ... como se fosse possível aqui alguém defender isso.
E também é espantoso que se associe o nazismo à preservação do cão de raça. Já não é a primeira vez que se faz essa ligação.
Muito sinceramente e sem querer manter este tipo de polémicas, e também sem qualquer hipocrisia, acho que a diferença entre um cão de raça e um rafeiro é muito pequena, especialmente quando se trata da relação que se estabelece entre o dono e um cão de companhia. De facto, o factor fundamental é o afecto que se estabelece entre o cão e o dono. Toda a restante funcionalidade do cão é perfeitamente secundária. E neste aspecto, tanto faz que o cão seja de raça ou não. Isto sempre se me afigurou absolutamente óbvio e sem qualquer motivo de discussão.
A diferença entre o cão de raça e o SRD reside noutros aspectos. Para desempenhar uma determinada função, é sabido que determinadas raças são mais aptas ou vocacionadas e, no caso que conheço melhor, tenho a garantia de que se comprar um whippet cachorro ele em adulto terá as características que mais me agradam num cão.
Mas, se por acaso me tivessem oferecido um rafeiro em vez de um whippet, de certeza absoluta que iria ter por ele o mesmo afecto. Digamos que as características do whippet, no meu caso particular, é uma mais valia, mas num grau praticamente insignificante no que respeita à empatia que se cria pelo cão.
Será tão difícil de perceber isto? Pelos vistos é...
Será tão difícil entender que ninguém está aqui a defender o extermínio dos SRDs que neste momento existem?
Mas será tão difícil de entender que se não houver tantos SRDs, não haverá tantos cães abandonados, devendo portanto evitar-se a sua reprodução? (Também há cães de raça abandonados, ok, mas em muito menor número).
Deixem-me aqui fazer um cenário. Vamos supor que não havia o problema dos cães abandonados, como aliás acontecia no passado. Estas questões efectivamente não se levantavam. Não faziam sentido.
O que sempre condenei em relação à adopção do cão de raça em vez do SRD, foi a sua aquisição ter sido motivada por moda, por elitismo parvo, por vaidade, por impulso da criancinha porque sim ou porque o colega também tem, por ser mais bonito ou mais vistoso, por ser um sinal de classe e outras *** próprias de uma classe social imbecil, etc., etc., etc., etc.
De resto, ninguém está a menosprezar ou a demarcar-se dos SRDs e muito menos dos donos. Eu pensava que esta oposição já tinha acabado, mas afinal...
O que me preocupa no meio disto tudo, é que estes problemas são levantados não por quem defende, preserva ou prefere uma determinada raça, mas pelos donos que, por qualquer motivo que não vem para o caso, têm um rafeiro em vez de um cão de raça. Arriscaria dizer que se trata de um complexo de inferioridade ou de qualquer outro complexo que não sei classificar, mas que é perfeitamente ridículo.
Que diabo, deixem de ter a mania da perseguição!!!
Para concluir, aqui sim, acho que esta oposição não faz qualquer sentido. Não será discutir o sexo dos anjos, mas lá que se tem discutido a pureza dos SRDs, ah, lá isso tem !!!
Donos dos RSDs, não menosprezem os vossos cães. Já repararam que ao tentar elegê-los, sem querer e inconscientemente, os estão a denegrir? Eles merecem tanto como os de raça. Não compliquem... please....