Paulo Caetano volta a atacar ... agora em livro! Mais animais perigosos ....
Moderador: mcerqueira
Fiquei espantado quando passei pela FNAC num destes dias e vi, em destaque, um livro da autoria de Paulo Caetano ... o jornalista da FOCUS (melhor dizendo, editor ... foi promovido segundo vi na ficha técnica), que tão bem conhecemos ... Parece que continua especialista em animais perigosos
Fiz uma pesquisa e encontrei esta entrevista. Espreitem a pérola:
http://www.livros.online.pt/novoslivros ... aetano.htm
Ou leiam directamente:
ENTREVISTA
Paulo Caetano
Ainda há vida selvagem Um jornalista e um biólogo juntaram-se e durante dois anos e meio percorreram a Península Ibérica com um objectivo bem definido: fotografar e escrever sobre alguns dos mais raros e ameaçados animais do mundo. O resultado aí está: «Ibéria Selvagem», um livro que “casa” de forma excelente a reportagem com a informação científica. Dos ameaçados ursos e linces aos comuns flamingos e cegonhas, doze espécies são retratadas nos seus habitats naturais. Para conhecermos e aprendermos a preservar – enquanto é tempo de evitar a extinção.
Entrevista de ELSA ANDRADE
Ainda há vida selvagem
Novos Livros – Após dois anos de pesquisa e trabalho de campo é possível concluir que ainda existe uma fauna selvagem significativa, ou as 12 espécies retratadas no livro representam os últimos exemplos?
Paulo Caetano – Depende. Em alguns casos, estamos perante os últimos exemplares de espécies selvagens, com núcleos populacionais muito reduzidos e que enfrentam uma situação de pré-extinção. Os ursos e os linces, por exemplo, podem desaparecer no espaço de uma geração. E o mesmo se passa com certas espécies de morcegos, com as víboras e com alguns anfíbios.
Noutros casos, a situação não é tão dramática. Os garranos, as cegonhas, os flamingos são espécies mais comuns que, apesar das ameaças, têm condições populacionais e de genética que lhes permite enfrentar o perigo de extinção.
Mas até quando? Essa é a interrogação que o livro «Ibéria Selvagem» deixa. Apesar dos esforços de conservação, a maior parte destes animais continua a desaparecer das nossas florestas, vales e estuários.
P – Se a ameaça de extinção não é igual para todas, que critérios presidiram então à escolha destas espécies?
R – Algumas espécies eram incontornáveis. São os animais mais emblemáticos da fauna ibérica e um livro generalista sobre o tema teria de os incluir. É o caso do urso, do lince e do lobo. São super-predadores, muito ameaçadas e perseguidos pelo Homem. A conservação destas espécies acarreta, por outro lado, a defesa de todos os animais e plantas que ocupam o seu ecossistema. Ou seja, ao protegermos o lobo, por exemplo, estamos a defender as suas presas, como os veados, o corço, o javali e o coelho bravo. E a manter os seus locais de caça e abrigo: a floresta, os bosques, os riachos. Por outro lado, quisemos que o livro mostrasse mamíferos – predadores, voadores e herbívoros –, aves de rapina, necrófagas de estuário e de montado, repteis e anfíbios. Porque a natureza faz-se com todos eles, todos são indispensáveis e desempenham papéis únicos e insubstituíveis no equilíbrio do ecossistema.
P – Por que optaram pela Península como território de exploração? Além da unidade geográfica há, também, uma unidade de habitat das espécies?
R – Existe mais do que uma unidade de habitat. A cordilheira dos Pirinéus isola a Península Ibéria do resto da Europa, o que significa que, nestes dois Estados, se desenvolveram ao longo de muitos milénios espécies animais únicas no mundo. É o caso do lince ibérico, que só existe aqui e que é o felino mais ameaçado do globo. A evolução natural funciona na Península de tal forma que mesmo as espécies que existem noutros pontos da Europa têm particularidades únicas. Os ursos e os lobos, que ainda sobrevivem na Europa do Norte, têm um porte muito maior que os ibéricos. Foi essa unidade natural que quisemos retratar no livro. E como para os animais não existem fronteiras... fizemos o impensável: juntámos Portugal e o Estado espanhol.
P – O que sentiram ao estarem na presença de animais que estão em perigo de extinção? Alguma vez vos assaltou a ideia de que poderiam não voltar a ter a possibilidade de fazer um registo deste tipo?
R – Claro que sim. Chegámos mesmo a pensar que nunca os iríamos fotografar e que, por isso, teríamos de escolher outros protagonistas para os capítulos. Felizmente que o apoio das autoridades de Portugal e Espanha permitiu ultrapassar essas dificuldades. O que, aliado a uma dose muito grande de paciência e conhecimento sobre o comportamento das espécies nos possibilitou fazer estas imagens. Um caso que queríamos dar como exemplo é o do urso pardo. É uma espécie muito rara e as autoridades das Astúrias não gostam que os incomodem, pelo que a maior parte dos territórios selvagens ocupados por estes animais são interditos, só pessoas da região ou pessoas devidamente autorizadas podem entrar nestes últimos redutos. Nós esperámos dois anos por essa autorização, que chegou por escrito e nos obrigou a assumir vários compromissos, como o de nunca revelar os locais onde fomos, nem o de lá regressarmos sozinhos. Fomos os primeiros portugueses a receber esta autorização e, antes de nós, a Consejaria de Medio Ambiente das Astúrias só tinha concedido idêntico livre-trânsito a dois fotógrafos espanhóis. Durante vários dias tivemos à nossa disposição um guarda da Patrulha Urso que nos levou aos bosques mais recônditos para termos esse raro privilégio: avistar e fotografar um urso pardo selvagem.
P – Quais os maiores perigos para a preservação destas espécies?
R – Os maiores perigos para a preservação de todas as espécies, incluindo o Homem, é a destruição da natureza. Quando se queimam e cortam florestas de carvalhos, castanheiros, sobre e azinho para se plantar a relva dos campos de golfe, quando se terraplanam montes para erguer auto-estradas e urbanizações de luxo, quando se destroem vales e cursos de água para construir barragens desnecessárias... então estamos a envenenar a água que bebemos, o ar que respiramos e a terra onde nos movemos – e isso tanto mata o Homem, como os animais. Tanto conduz à extinção de espécies selvagens que vivem neste planeta há mais tempo que a espécie humana – e isto é um dado científico, pois o Homem como espécie é muito recente –, como hipoteca o futuro dos nossos filhos e netos que herdarão uma Terra arrasada. Mas além da destruição dos habitats naturais, essenciais para a Vida, existem outras ameaças, como a caça furtiva, a pilhagem de ninhos, o veneno lançado nos montes...
P – De qualquer forma há espécies mais ameaçadas…
R – Claro, os animais do topo, os super-predadores como os linces ibéricos, os ursos e os lobos correm maior risco. Mas também várias espécies de morcegos e anfíbios, várias aves de rapina... De uma forma geral, todos eles estão ameaçados, porque a sobrevivência de uns depende da existência de outros e de um ecossistema equilibrado, o que é coisa rara nos dias que correm.
P – Na realização do livro houve um objectivo de dar a conhecer a fauna ibérica ou de contribuir para a sua preservação?
R – Só defendemos aquilo que amamos. E para amar é preciso conhecer, saber que existe e que pode desaparecer. E que um gesto nosso, por pequeno que seja, ajuda a fazer a diferença, a colocar um grão de areia na engrenagem da destruição. Ao divulgarmos o património natural da Ibéria Selvagem e as espécies raras que ainda sobrevivem esperamos dar um contributo para a sua preservação.
P - O livro pode ser visto como uma viagem a dois mundos em extinção: o dos animais e o das pessoas que (com)vivem com eles?
R - Sim. O desaparecimento do mundo rural – e dos equilíbrios milenares que gerou – causa grandes perturbações nos ecossistemas naturais. Daí também a importância de se defender as espécies selvagens: são um factor de riqueza local e de atracção, numa perspectiva de desenvolvimento sustentado. Sem essa riqueza natural, as regiões rurais ficarão ainda mais pobres. Ao defendermos a natureza, estamos a ajudar a manter e a dar melhores condições de vida às populações rurais.
P – Que comparação pode ser estabelecida entre os parques naturais portugueses e os espanhóis quanto ao trabalho desenvolvido em defesa das espécies?
R – As dificuldades e as ameaças são as mesmas dos dois lados da fronteira. Mas Espanha é um país mais rico, possui mais recursos e tem uma política de defesa do ambiente e de criação de áreas protegidas mais antiga que Portugal. E tem uma opinião pública mais informada e actuante, que costuma funcionar como travão a certas aberrações que se pretendem fazer. Em Portugal ainda nos falta essa consciência e essa massa crítica.
P – Mas a nível estatal, Portugal tem uma verdadeira política de preservação desta fauna?
R – O principal problema é sempre o dinheiro, os meios financeiros nunca são suficientes. Depois, há que integrar políticas de preservação, de ordenamento do território, de defesa do mundo rural... e conseguir gerir todos os interesses antagónicos em jogo. E, finalmente, há que implantar no terreno políticas trasnacionais, porque a fauna não conhece fronteiras. Tudo isto só é eficaz a longo prazo e só é possível com vontade política. A conjugação de todos estes factores é coisa rara... tão rara como o lince ibérico.
P – No início do livro são feitos agradecimentos apenas a organizações e especialistas espanhóis. Houve falta de colaboração por parte das entidades nacionais?
R – Não. Mas decidimos não agradecer a quem “entra” no livro. Essas pessoas e instituições já são referidas no interior da obra e pareceu-nos suficiente. Os agradecimentos vão, neste caso, para os “exteriores”, para aqueles que não entraram no livro mas deram o seu contributo para que ele fosse feito, como é o caso dos três patrocinadores. Os restantes agradecimentos, na maioria dedicado a pessoas ou instituições espanholas, deve-se a esse facto: contribuíram para que pudéssemos fotografar, disponibilizaram-se para nos receber, mesmo sem serem “protagonistas” do livro. E sem essa colaboração Ibéria Selvagem não teria sido possível.
P – Qual o objectivo de “casar” a reportagem no terreno com a informação científica? Tornar o livro mais acessível a um público generalista?
P – Sim, pois queríamos fugir da informação técnica e do interesse dos cientistas. O património natural é de todos e achámos que, com esta linguagem, conseguíamos chegar a mais pessoas e sensibilizá-las melhor. Mas sem descurar o rigor científico.
P – Foi difícil fazer este livro?
R – Muito difícil. Acima de tudo, porque nos propusemos escrever e fotografar alguns dos mais raros e ameaçados animais do mundo. E porque fizemos isso durante as nossas folgas e férias – e os animais são sempre imprevisíveis.
Mas contámos com a colaboração das autoridades que têm como missão proteger estes animais e com o apoio dos biólogos que os estudam todos os dias. Esse facto, aliado ao estudo e ao conhecimento minucioso do comportamento destes bichos, permitiu-nos levar a “bom porto” a nossa missão.
P – Viveram experiências singulares?
R – O mais singular é andarmos num bosque velhíssimo, milenar – certamente povoado por todo o tipo de gnomos e duendes – e sabermos que percorremos o território do maior carnívoro das florestas ibérias: o urso pardo. Infelizmente, esses locais são raros e, em Portugal, já nem sequer existem. E, depois, tivemos o privilégio de conhecer pessoas fantásticas, únicas, tão raras e interessantes como as espécies que procurávamos e que nos ensinaram lendas e mitos antigos, nos quais acreditavam piamente. E ficámos amigos dessas “fadas dos lobos” e desses aldeões que no seu linguajar chamam “irmão” ao lobo, ao lince ou gato cerval. E passámos pelas peripécias inevitáveis: perdemo-nos nas
montanhas, atolámos o jipe em lamaçais, fizemos piqueniques em locais com uma vista de cortar a respiração ....
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Paulo Caetano/Joaquim Pedro Ferreira, Ibéria Selvagem
Fiz uma pesquisa e encontrei esta entrevista. Espreitem a pérola:
http://www.livros.online.pt/novoslivros ... aetano.htm
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ENTREVISTA
Paulo Caetano
Ainda há vida selvagem Um jornalista e um biólogo juntaram-se e durante dois anos e meio percorreram a Península Ibérica com um objectivo bem definido: fotografar e escrever sobre alguns dos mais raros e ameaçados animais do mundo. O resultado aí está: «Ibéria Selvagem», um livro que “casa” de forma excelente a reportagem com a informação científica. Dos ameaçados ursos e linces aos comuns flamingos e cegonhas, doze espécies são retratadas nos seus habitats naturais. Para conhecermos e aprendermos a preservar – enquanto é tempo de evitar a extinção.
Entrevista de ELSA ANDRADE
Ainda há vida selvagem
Novos Livros – Após dois anos de pesquisa e trabalho de campo é possível concluir que ainda existe uma fauna selvagem significativa, ou as 12 espécies retratadas no livro representam os últimos exemplos?
Paulo Caetano – Depende. Em alguns casos, estamos perante os últimos exemplares de espécies selvagens, com núcleos populacionais muito reduzidos e que enfrentam uma situação de pré-extinção. Os ursos e os linces, por exemplo, podem desaparecer no espaço de uma geração. E o mesmo se passa com certas espécies de morcegos, com as víboras e com alguns anfíbios.
Noutros casos, a situação não é tão dramática. Os garranos, as cegonhas, os flamingos são espécies mais comuns que, apesar das ameaças, têm condições populacionais e de genética que lhes permite enfrentar o perigo de extinção.
Mas até quando? Essa é a interrogação que o livro «Ibéria Selvagem» deixa. Apesar dos esforços de conservação, a maior parte destes animais continua a desaparecer das nossas florestas, vales e estuários.
P – Se a ameaça de extinção não é igual para todas, que critérios presidiram então à escolha destas espécies?
R – Algumas espécies eram incontornáveis. São os animais mais emblemáticos da fauna ibérica e um livro generalista sobre o tema teria de os incluir. É o caso do urso, do lince e do lobo. São super-predadores, muito ameaçadas e perseguidos pelo Homem. A conservação destas espécies acarreta, por outro lado, a defesa de todos os animais e plantas que ocupam o seu ecossistema. Ou seja, ao protegermos o lobo, por exemplo, estamos a defender as suas presas, como os veados, o corço, o javali e o coelho bravo. E a manter os seus locais de caça e abrigo: a floresta, os bosques, os riachos. Por outro lado, quisemos que o livro mostrasse mamíferos – predadores, voadores e herbívoros –, aves de rapina, necrófagas de estuário e de montado, repteis e anfíbios. Porque a natureza faz-se com todos eles, todos são indispensáveis e desempenham papéis únicos e insubstituíveis no equilíbrio do ecossistema.
P – Por que optaram pela Península como território de exploração? Além da unidade geográfica há, também, uma unidade de habitat das espécies?
R – Existe mais do que uma unidade de habitat. A cordilheira dos Pirinéus isola a Península Ibéria do resto da Europa, o que significa que, nestes dois Estados, se desenvolveram ao longo de muitos milénios espécies animais únicas no mundo. É o caso do lince ibérico, que só existe aqui e que é o felino mais ameaçado do globo. A evolução natural funciona na Península de tal forma que mesmo as espécies que existem noutros pontos da Europa têm particularidades únicas. Os ursos e os lobos, que ainda sobrevivem na Europa do Norte, têm um porte muito maior que os ibéricos. Foi essa unidade natural que quisemos retratar no livro. E como para os animais não existem fronteiras... fizemos o impensável: juntámos Portugal e o Estado espanhol.
P – O que sentiram ao estarem na presença de animais que estão em perigo de extinção? Alguma vez vos assaltou a ideia de que poderiam não voltar a ter a possibilidade de fazer um registo deste tipo?
R – Claro que sim. Chegámos mesmo a pensar que nunca os iríamos fotografar e que, por isso, teríamos de escolher outros protagonistas para os capítulos. Felizmente que o apoio das autoridades de Portugal e Espanha permitiu ultrapassar essas dificuldades. O que, aliado a uma dose muito grande de paciência e conhecimento sobre o comportamento das espécies nos possibilitou fazer estas imagens. Um caso que queríamos dar como exemplo é o do urso pardo. É uma espécie muito rara e as autoridades das Astúrias não gostam que os incomodem, pelo que a maior parte dos territórios selvagens ocupados por estes animais são interditos, só pessoas da região ou pessoas devidamente autorizadas podem entrar nestes últimos redutos. Nós esperámos dois anos por essa autorização, que chegou por escrito e nos obrigou a assumir vários compromissos, como o de nunca revelar os locais onde fomos, nem o de lá regressarmos sozinhos. Fomos os primeiros portugueses a receber esta autorização e, antes de nós, a Consejaria de Medio Ambiente das Astúrias só tinha concedido idêntico livre-trânsito a dois fotógrafos espanhóis. Durante vários dias tivemos à nossa disposição um guarda da Patrulha Urso que nos levou aos bosques mais recônditos para termos esse raro privilégio: avistar e fotografar um urso pardo selvagem.
P – Quais os maiores perigos para a preservação destas espécies?
R – Os maiores perigos para a preservação de todas as espécies, incluindo o Homem, é a destruição da natureza. Quando se queimam e cortam florestas de carvalhos, castanheiros, sobre e azinho para se plantar a relva dos campos de golfe, quando se terraplanam montes para erguer auto-estradas e urbanizações de luxo, quando se destroem vales e cursos de água para construir barragens desnecessárias... então estamos a envenenar a água que bebemos, o ar que respiramos e a terra onde nos movemos – e isso tanto mata o Homem, como os animais. Tanto conduz à extinção de espécies selvagens que vivem neste planeta há mais tempo que a espécie humana – e isto é um dado científico, pois o Homem como espécie é muito recente –, como hipoteca o futuro dos nossos filhos e netos que herdarão uma Terra arrasada. Mas além da destruição dos habitats naturais, essenciais para a Vida, existem outras ameaças, como a caça furtiva, a pilhagem de ninhos, o veneno lançado nos montes...
P – De qualquer forma há espécies mais ameaçadas…
R – Claro, os animais do topo, os super-predadores como os linces ibéricos, os ursos e os lobos correm maior risco. Mas também várias espécies de morcegos e anfíbios, várias aves de rapina... De uma forma geral, todos eles estão ameaçados, porque a sobrevivência de uns depende da existência de outros e de um ecossistema equilibrado, o que é coisa rara nos dias que correm.
P – Na realização do livro houve um objectivo de dar a conhecer a fauna ibérica ou de contribuir para a sua preservação?
R – Só defendemos aquilo que amamos. E para amar é preciso conhecer, saber que existe e que pode desaparecer. E que um gesto nosso, por pequeno que seja, ajuda a fazer a diferença, a colocar um grão de areia na engrenagem da destruição. Ao divulgarmos o património natural da Ibéria Selvagem e as espécies raras que ainda sobrevivem esperamos dar um contributo para a sua preservação.
P - O livro pode ser visto como uma viagem a dois mundos em extinção: o dos animais e o das pessoas que (com)vivem com eles?
R - Sim. O desaparecimento do mundo rural – e dos equilíbrios milenares que gerou – causa grandes perturbações nos ecossistemas naturais. Daí também a importância de se defender as espécies selvagens: são um factor de riqueza local e de atracção, numa perspectiva de desenvolvimento sustentado. Sem essa riqueza natural, as regiões rurais ficarão ainda mais pobres. Ao defendermos a natureza, estamos a ajudar a manter e a dar melhores condições de vida às populações rurais.
P – Que comparação pode ser estabelecida entre os parques naturais portugueses e os espanhóis quanto ao trabalho desenvolvido em defesa das espécies?
R – As dificuldades e as ameaças são as mesmas dos dois lados da fronteira. Mas Espanha é um país mais rico, possui mais recursos e tem uma política de defesa do ambiente e de criação de áreas protegidas mais antiga que Portugal. E tem uma opinião pública mais informada e actuante, que costuma funcionar como travão a certas aberrações que se pretendem fazer. Em Portugal ainda nos falta essa consciência e essa massa crítica.
P – Mas a nível estatal, Portugal tem uma verdadeira política de preservação desta fauna?
R – O principal problema é sempre o dinheiro, os meios financeiros nunca são suficientes. Depois, há que integrar políticas de preservação, de ordenamento do território, de defesa do mundo rural... e conseguir gerir todos os interesses antagónicos em jogo. E, finalmente, há que implantar no terreno políticas trasnacionais, porque a fauna não conhece fronteiras. Tudo isto só é eficaz a longo prazo e só é possível com vontade política. A conjugação de todos estes factores é coisa rara... tão rara como o lince ibérico.
P – No início do livro são feitos agradecimentos apenas a organizações e especialistas espanhóis. Houve falta de colaboração por parte das entidades nacionais?
R – Não. Mas decidimos não agradecer a quem “entra” no livro. Essas pessoas e instituições já são referidas no interior da obra e pareceu-nos suficiente. Os agradecimentos vão, neste caso, para os “exteriores”, para aqueles que não entraram no livro mas deram o seu contributo para que ele fosse feito, como é o caso dos três patrocinadores. Os restantes agradecimentos, na maioria dedicado a pessoas ou instituições espanholas, deve-se a esse facto: contribuíram para que pudéssemos fotografar, disponibilizaram-se para nos receber, mesmo sem serem “protagonistas” do livro. E sem essa colaboração Ibéria Selvagem não teria sido possível.
P – Qual o objectivo de “casar” a reportagem no terreno com a informação científica? Tornar o livro mais acessível a um público generalista?
P – Sim, pois queríamos fugir da informação técnica e do interesse dos cientistas. O património natural é de todos e achámos que, com esta linguagem, conseguíamos chegar a mais pessoas e sensibilizá-las melhor. Mas sem descurar o rigor científico.
P – Foi difícil fazer este livro?
R – Muito difícil. Acima de tudo, porque nos propusemos escrever e fotografar alguns dos mais raros e ameaçados animais do mundo. E porque fizemos isso durante as nossas folgas e férias – e os animais são sempre imprevisíveis.
Mas contámos com a colaboração das autoridades que têm como missão proteger estes animais e com o apoio dos biólogos que os estudam todos os dias. Esse facto, aliado ao estudo e ao conhecimento minucioso do comportamento destes bichos, permitiu-nos levar a “bom porto” a nossa missão.
P – Viveram experiências singulares?
R – O mais singular é andarmos num bosque velhíssimo, milenar – certamente povoado por todo o tipo de gnomos e duendes – e sabermos que percorremos o território do maior carnívoro das florestas ibérias: o urso pardo. Infelizmente, esses locais são raros e, em Portugal, já nem sequer existem. E, depois, tivemos o privilégio de conhecer pessoas fantásticas, únicas, tão raras e interessantes como as espécies que procurávamos e que nos ensinaram lendas e mitos antigos, nos quais acreditavam piamente. E ficámos amigos dessas “fadas dos lobos” e desses aldeões que no seu linguajar chamam “irmão” ao lobo, ao lince ou gato cerval. E passámos pelas peripécias inevitáveis: perdemo-nos nas
montanhas, atolámos o jipe em lamaçais, fizemos piqueniques em locais com uma vista de cortar a respiração ....
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Paulo Caetano/Joaquim Pedro Ferreira, Ibéria Selvagem
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Não faço a mínima intenção de comprar, pois deve ter a mesma qualidade técnica que os artigos desse senhor na "MARIA".
Penso que deve ser um livro a ignorar.
Penso que deve ser um livro a ignorar.
<p>Gonçalo</p>
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Esse srº Paulo Caetano é que devia de estar em vias de extinção 

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- Registado: segunda jan 01, 2001 12:00 am
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humm....confesso que li a entrevista na diagonal, mas.....o que é que tem a ver com animais perigosos?
Conheço as reportagens deste "$#%"$"# sobre animais perigosos, e com ele aprendi que a estupidez não tem limites, daí que, para mim, tudo o que venha desse senhor é para ignorar!
Quer este livro fale ou não fale sobre animais perigosos, não sou eu de certeza que lhe vou dar o gosto de o ler ou sequer de tecer comentários sobre ele.
Abraços
Paulo C.
Conheço as reportagens deste "$#%"$"# sobre animais perigosos, e com ele aprendi que a estupidez não tem limites, daí que, para mim, tudo o que venha desse senhor é para ignorar!
Quer este livro fale ou não fale sobre animais perigosos, não sou eu de certeza que lhe vou dar o gosto de o ler ou sequer de tecer comentários sobre ele.
Abraços
Paulo C.
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- Registado: quarta abr 10, 2002 12:08 am
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Deu-me vontade de começar a descascar a entrevista, mas achei que isso ia dar um testamento, por isso não me vou chatear. Aquilo que é dito ou escrito por esse senhor (chatice, não dá para por um s ainda mais pequeno) é apenas digno do meu desprezo.
Bolas, não resisto…
Bolas, não resisto…
e então falaram dos mamíferos voadores, que foram o morcego, o morcego e o morcego. Esqueci-me de algum?Por outro lado, quisemos que o livro mostrasse mamíferos – predadores, voadores e herbívoros –, aves de rapina, …
Que situação!
Acho que pelo chorilho de bacoradas que esse senhor escreve deve ser tomado como referência contemporânea de como alguém que não vê um boi à frente sobre o que escreve, manda bitaques.
Mas isso começa a ser normal nos escritores pseudoentendidocatedráticosdamularussa.
eduardo fernandes
Acho que pelo chorilho de bacoradas que esse senhor escreve deve ser tomado como referência contemporânea de como alguém que não vê um boi à frente sobre o que escreve, manda bitaques.
Mas isso começa a ser normal nos escritores pseudoentendidocatedráticosdamularussa.
eduardo fernandes
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- Registado: quinta jul 15, 2004 10:43 am
- Localização: 1 Dogue Alemão 1 Epagnéul Bretão
Assim de repente só me lembro de mais um...o morcegoAragao Escreveu:e então falaram dos mamíferos voadores, que foram o morcego, o morcego e o morcego. Esqueci-me de algum?Por outro lado, quisemos que o livro mostrasse mamíferos – predadores, voadores e herbívoros –, aves de rapina, …

Sinceramente ... antes de criticar, gosto de ler e de me informar. Críticas baratas, preconceituosas ou sem fundamento, não ... estaria ao nível dos outros e prefiro fazer a diferença ... daí ter procurado materiais sobre o livro.
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Sinceramente ... antes de criticar, gosto de ler e de me informar. Críticas baratas, preconceituosas ou sem fundamento, não ... estaria ao nível dos outros e prefiro fazer a diferença ... daí ter procurado materiais sobre o livro.
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Sinceramente ... antes de criticar, gosto de ler e de me informar. Críticas baratas, preconceituosas ou sem fundamento, não ... estaria ao nível dos outros e prefiro fazer a diferença ... daí ter procurado materiais sobre o livro.
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Sinceramente ... antes de criticar, gosto de ler e de me informar. Críticas baratas, preconceituosas ou sem fundamento, não ... estaria ao nível dos outros e prefiro fazer a diferença ... daí ter procurado materiais sobre o livro.
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida: não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
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O que se critica é a postura do autor enquanto jornalista da FOCUS (grupo MARIA), que sempre se pautou por tendenciosismo e mau jornalismo. O que tem sido afirmado aqui é que ninguém acredita na redenção da besta e, que por isso não acredita minimamente na qualidade a prosa pseudo-científica do animal e que portanto não tencionam comprar ou ler o panfeleto.4patas Escreveu: Sinceramente ... antes de criticar, gosto de ler e de me informar. Críticas baratas, preconceituosas ou sem fundamento, não ... estaria ao nível dos outros e prefiro fazer a diferença ... daí ter procurado materiais sobre o livro.
Mas, ao ler os últimos posts, assaltou-me uma dúvida não percebi isso do morcego. Li a entrevista e percebi que o livro tem capítulos sobre várias espécies de animais em perigo de extinção, como o urso, o lince, o lobo, aves de rapina .... e também morcegos. Mas não percebi a "boca" dos morcegos, morcegos, morcegos .... deve ser falha minha ....
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4patas,
Quem vê a entrevista e lê:
Quem vê a entrevista e lê:
dá a ideia de que há mais do que um mamífero voador. A não ser que ele esteja a considerar o cabrito montês quando escorrega ou o esquilo planador que não existe por estes lados, mamífero voador só existe de facto o morcego....quisemos que o livro mostrasse mamíferos – predadores, voadores e herbívoros –...