Em meados de Outubro, estava eu a regressar do trabalho quando um cão se chega ao pé de mim a pedir miminhos. Instintivamente, fiz-lhe umas festas no lombo e no focinhito às quais me pareceu muito agradecido. Até aqui tudo bem, nada de mais, mas mal eu sabia que aquele momento iria mudar a minha vida... Nunca o tinha visto lá na rua e pensei triste, mais um abandonado... meu Deus quando é que isto vai terminar?
No dia seguinte, decidi levar-lhe comida, mas ele não ligou muito, apenas queria os miminhos. Reparei que tinha o pelo muito sujo e decidi escová-lo, para tirar as porcarias que tinha agarradas ao pelo. Foi aí que notei que ele tinha uma ferida no lombo. No dia seguinte a ferida deitava um líquido horrível e tinha um aspecto que nem consigo descrever. Logo ali decidi que tinha de o levar a um veterinário, mas como não tenho carro e trabalho todo o dia a coisa começou a mostrar-se complicada.
Entretanto, o meu marido só me dizia, o que é que foste fazer? Como é que vais resolver este problema? E depois de tratares o cão quem vai ficar com ele? Vais sofrer, dizia ele...
Não quis ouvir, convenci-o a tentarmos levar o cão no carro para um Hospital Veterinário, pois a ferida estava cada vez pior, e eu cada vez mais desesperada. Não conseguimos e o cão fugiu à primeira e segunda tentativas... Percorri a lista telefónica e depois de muitos telefonemas, consegui que a carrinha do Sr. Cão (perdoem-me a publicidade) o fosse lá buscar, pois têm mais experiência nestes casos do que eu (era o meu primeiro). Lá conseguimos e até nem foi muito difícil. O cão foi tratado e a veterinária verificou tratar-se de uma dentada de outro cão que estava infectada. Fez-lhe um exame de rotina e disse que àparte da ferida ele estava bem, apesar dos seus 12 anitos... Fiquei espantada, nunca me pareceu que fosse tão velho, mas estava também alividada, pois a hipótese de ter de o pôr a dormir não me saía da cabeça...
Agora outra questão se colocava, onde ficaria o cão? O meu marido não o queria em casa, pois temos uma cadela e ele achava que não tinhamos condições para ter outro cão, ainda para mais ferido e em tratamento, estando nós fora de casa todo o dia.
Comecei a telefonar e a enviar mails para todos os amigos, conhecidos e instituições e graças a um contacto fornecido pela Associação Projecto Java consegui lugar para o Black (assim lhe tinha chamado) na APCA (Associação de Protecção aos Cães Abandonados). No dia seguinte lá o fomos levar, portou-se lindamente e lá fiquei eu com a lágrima no canto do olho e o coração apertado, pensando, isto não acaba aqui...
Nesse momento decidi ter uma postura mais activa na problemática dos animais abandonados em vez de sofrer passivamente e não fazer nada, como admito ter feito durante muito tempo. Ofereci-me para fazer trabalho voluntário no canil, tirando fotos aos cães e colocando os anúncios na Internet. Desta forma, podia vê-lo todos os fins-de-semana e de alguma forma dar-lhe algum carinho. E assim foi... Na esperança de um dia o poder levar comigo, pois todos os contactos que fiz me disseram que estava louca que ninguém ia querer um cão com 12 anos!
Ontem, o meu marido diz-me: "Vou-me arrepender disto, mas vamos lá buscar o cão!". Nem imaginam a minha alegria, nem cabia em mim de contente! Pensei logo, não posso falhar, tem de correr tudo bem...
É neste sentido que venho aqui pedir-vos ajuda:
1º Como lidar com um cão com esta idade? No sentido que cuidados, precauções devo ter com ele? Que tipo de exames devo pedir ao veterinário para fazer?
2º Que cuidados devo ter na relação entre ele e a minha cadela? Como lidar com situações como por exemplo, dar comida, espaços, mimos, outros que nem faço ideia?
Vou buscá-lo amanhã de manhã e ainda tenho de arranjar um sítio para lhe dar uma banhoca e uma aparadela de pelo, pois não quero que ele chegue lá a casa a cheirar ao canil, pois sempre que eu chego a casa do canil a minha cadela nem se chega ao pé de mim e "amua".
Perdoem-me a mensagem tão comprida, mas achei melhor dar o contexto todo da história para perceberem o meu problema.
Desde já obrigada a todos que tiveram paciência para ler a história até ao fim...

Ana