Vejam esta notícia, publicada hoje no JN.


Henriques da Cunha Foto
..."Casal de cães é usado para desenvolver a auto-estima infantil Criadores do projecto querem desmistificar a imagem negativa associada à raça
Jill, de três anos e meio, foi a primeira cadela a integrar o projecto
TERAPIA ANIMAL
"Eu dou-lhe uma festinha e ela lambe-me toda".
Com a pequena mãozita trémula esticada e encostada à cadela rottweiler, Manuela exemplifica o que acaba de dizer. E ri muito. Um riso que contagia mas que só há pouco tempo se começou a ouvir. Apesar dos seus quatro anos, a vida não lhe tem dado grandes motivos para alegrias. A menina foi retirada aos pais e a uma vida de grandes carências, sobretudo afectivas, e integrada na Fundação Luíza Andaluz, em Santarém. Há um mês conheceu dois cães que, lentamente, procuram devolver-lhe a afectividade perdida.
Esta é uma das principais metas do projecto "Rottweilers de Terapia", criado há cerca de três anos por João Gradiz e Diogo Rato. Desmistificando a imagem de perigosidade que a sociedade tem da raça, João Gradiz sustenta que "um rottweiler só é agressivo como resposta à própria agressividade". Considera mesmo que se trata de "um cão dócil e capaz de grandes feitos". Como auxiliar crianças em situações sociais complicadas.
Instrutor canino há mais de seis anos, foi com a sua cadela, Jill, de três anos e meio, que iniciou o projecto. Jill foi submetida a testes de sociabilidade e passou em todos, com distinção.
João Gradiz começou o trabalho na sua própria casa, com os quatro filhos. A presença da cadela foi ajudando a solucionar pequenas questões de instabilidade emocional ou perda de rendimento escolar. Estendeu então o raio de ajuda a outras crianças, no seu círculo de amizades.
"Os resultados foram sempre muito positivos", conta. Um outro cão, Drako, hoje com pouco mais de um ano, foi associado ao projecto. O casal começou a trabalhar com uma criança de 12 anos, portadora de trissomia 21. Ao fim de quatro meses, surgiram alguns resultados o menino começava a registar melhorias a nível de desenvolvimento motor, enquanto o seu ânimo crescia.
Há um mês, com a aval da psicóloga da instituição, os dois cães começaram a trabalhar com crianças da Fundação Luíza Andaluz. Catarina Marcelino, coordenadora pedagógica da instituição, confessa que, no início, mostrou algumas reservas, sobretudo pela imagem que tinha da raça rottweiler. "Mas a psicóloga da fundação disse-me que ia ser óptimo para as meninas e fiquei convencida", conta.
Uma das crianças tinha fobia a animais. O medo era tal que gritava e tentava fugir sempre que os cães apareciam. Hoje, já consegue aproximar-se dos cães e até tocar-lhes. "Estes cães têm a particularidade de, numa primeira fase e até pelo seu tamanho e porte, imporem respeito. Mas depois, são tão sociáveis e meigos que acabam por conquistar", explica João Gradiz.
Expo Criança
O projecto 'Rottweilers de Terapia' será apresentado, de 15 a 19 de Março, no Centro de Exposições de Santarém, durante a realização da Expo Criança. Vasco Gracias, responsável pela organização do certame, explica que a apresentação surge pelo interesse que o projecto tem no desenvolvimento de crianças. "Desde o seu início que a Expo Criança procura dar relevo a este tipo de projectos, cuja acção é o apoio à criança", explica, sublinhando que "nas anteriores edições (e nesta também) temos tido a apresentação da hipoterapia como forma de ajuda. O caso dos rottweilers parece-nos bastante positivo"..."
in JN - 27-02-2006
http://jn.sapo.pt/2006/02/27/pais/rottw ... ancas.html