domingo jan 19, 2003 12:34 am
Nunca tive de mandar abater nenhum cão, mas já tive dois que os meus pais tiveram de lhes colocar o fim.
O primeiro foi um rafeiro que eu trouxe da rua, era um cão muito esperto e vivo, mas já era velhote e cegou. Não me recordo muito bem quanto tempo ele ficou connosco mas lembro-me de o ver desorientado e a chocar contra tudo. Começou a emagrecer muito e lembro-me que da última vez que estive com ele não o reconheci (eu devia ter 9 anos na altura). Uns dias depois disseram-me que o Patusco tinha morrido. Só anos mais tarde é que soube que o levaram para abate.
O segundo foi mais duro para mim, pois foi o meu primeiro cão. Talvez pareça contraditório, mas é simples. Quando tirei o Patusco da rua já tinha um cão. Era um pastor alemão, chamado Leão. Veio para minha casa quando eu tinha 7 anos. Teve de ser abatido aos 13 anos, porque estava com cancro na próstata. Andou um ano em tratamentos, teve melhoras e teve quebras, no fim já gania quando tinha de fazer as necessidades e praticamente arrastava as patas traseiras. Mas era um cão extraordinário que não deixava de abanar a cauda quando nos via. Soube que ele tinha sido levado para abate quando acordei no dia 5 de Agosto de 1998 e vi a coleira dele em cima da mesa.
Foi complicado lidar com o sentimento egoísta, na altura culpei os meus pais, mas agora sei que fizeram o que era certo e julgo que eu teria a mesma atitude se tal voltar a acontecer com algum dos meus cães.
Assim como sou a favor da eutanásia nos humanos. Mas, como já foi dito, com tudo bem estudado e comprovado.
Tenho um cão rafeiro de pequeno porte que já foi atacado por dois bulldogs e ficou num estado lastimável, de tal forma que o veterinário disse-me que não iria sobreviver... mas, naquele momento não fui capaz de o deixar fazer o que ele queria. Um mês depois do ataque, foi de novo mordido com gravidade por outro cão e, novamente, foi-me dado o mesmo diagnóstico, com a agravante de ele ainda não estar completamente curado do primeiro ataque. Pensei duas vezes, mas decidi tentar curá-lo. Hoje, o Snoopy tem 13 anos e está vivo, com saúde e muita vivacidade.
Tive sorte nas decisões que tomei, mas também podia ter corrido mal e ter provocado mais sofrimento