Telepatia ou imaginação?

[nel]

Olá

Por mais voltas que dêem não vão encontrar uma explicação aceitável, consensual, científica ou definitiva para alguns comportamentos dos animais.
Uma coisa é eles terem a atenção extremamente activa e direccionada para determinados aspectos que lhes interessam. Outra coisa são as situações para as quais não encontramos, de facto, uma teoria a coberto da investigação científica.

Muitos desses fenómenos têm efectivamente um fundamento científico. Mas em relação a outros a ciência ainda não chegou lá. O que acontece é cair-se vulgarmente na explicação fácil, ingénua e cómoda. Ou é telepatia ou é premonição ou é bruxedo. Cientificamente não está provado, mas também não está provado que o deixe de ser. Aliás, é assim que muita gente vive à custa da crendice.
E há um outro factor que constantemente nos inquieta, que é a necessidade que temos de encontrarmos uma justificação e um fundamento científico para tudo. Pertence à nossa natureza e isso até é salutar. Se assim não fosse, não sairíamos da cêpa torta. Mas não conseguimos lidar tranquilamente com fenómenos sobrenaturais. É um desafio e uma afronta. E não damos de barato ao nosso cão, por muito que o amemos, a chance de ele encerrar em si algo que nos escapa intelectualmente.

[nuba]

Na 6ª feira passada fui almoçar a um restaurante com esplanada, onde vagueava um Braco lindíssimo. Perguntámos ao dono se o cão lhe pertencia e ele informou-nos que devia andar abandonado, pois ainda tinha os sinais da coleira no pescoço. Como também podia ser um "fujão", deixámo-lo ficar e pusemos um anúncio numa rádio local.
Qual não foi o meu espanto quando, ontem à tarde, na clínica veterinária onde me encontrava (não longe do restaurante), vi entrar o mesmo cão.
Muito mais magro, com uma ferida na cabeça, a coxer e completamente sujo.
Bom, deu-se-lhe comida, água, tratou-se a ferida...
Entretanto chegou um cliente, que tem um vizinho, que tem um quintal, que gosta de cães... Telefonema, verificação da inexistência de chip e... novo dono a caminho.
O que me leva a contar esta história aqui, foi a mudança completa de atitude do cão quando lhe foi posta uma coleira.
Até aí tinha-se mantido quieto, deixou fazer os tratamentos, e enroscou-se debaixo de uma secretária de onde se recusava a sair.
Mal sentiu a coleira veio para a sala de espera, onde se pos a ladrar aos animais, e a cumprimentar toda a gente.
Recebeu o novo dono aos pulos (mas, bem, ele era amigável com todas as pessoas) e saiu da clinica de olhar brilhante e toco de rabo empinado.
O que uma coleira pode fazer por um animal carente!

[nuba]

Falta acrescentar um pormenor:

A maioria das pessoas que testemunhou esta atitude do cão afirmava, com emoção, que este se tinha apercebido que ia ter um dono. Por mim, penso que foi a re-sensação de sentir a coleira no pescoço.

[jacktw]

Olá a todos(as).

Tenho uma experiência pessoal bastante curiosa a este respeito.
Tenho três cadelas, a Ruka, a Pantufas e a Sammy (esta última com três meses e está lá em casa há quase dois). A Ruka, não sei se por ser a mais velha (e também a mais maternal - chegou ao ponto de amamentar uma gata bebé) sempre que eu chegava a casa fazia um basqueiro tal que acordava todos os cães da vizinhança, independentemente da hora que fosse. Experimentei de tudo, desde deixar o carro bastante mais longe, andar silenciosamente, tirar a chave do porta-chaves para não fazer barulho, bater a porta do carro (coisa que não faço usualmente), inclusivamente entrar acompanhado por outros vizinhos, enfim, tudo o que de algum modo pudesse "desorientar" a percepção da cadela. Garantidamente que nada resultou - dia após dia era sempre a mesma história.
Curiosamente, e isto é o que me deixa mais perplexo, desde que a Sammy está lá em casa, a Ruka "delegou" funções na pequenita (e com sucesso, diga-se). Tentei igualmente tudo o que me lembrei para descortinar um modo de evitar estas demonstrações esfuziantes (e sonoras) de alegria, mas nada. Não tenho qualquer explicação para isto, mas que acontece, acontece... Todos os dias

[mike2002]

Por mim, penso que foi a re-sensação de sentir a coleira no pescoço.

Os cães, bem habituados, são isso mesmo: animais de hábitos, de rotina.
Ao sentir a coleira, poderá ter lembrado velhos habitos e velhas rotinas.
Daí a satisfação dele. Penso eu de que....

Miguel

[Pompina]

Esperando não ser demasiado exaustiva, aqui vão algumas publicações sobre o tema (entre muitas outras existentes), bem como o endereço para os artigos de Sheldrake et al. que se encontram disponiveis online.


Referencias bibliográficas:

Brown, D.J. & Sheldrake, R. (1998). Perceptive pets: a survey in north-west California. Journal of the Society for Psychical Research , 62, 396-406.

Chatzis, C., Breitmen, S. ( ). A Gift animals Do Not Taste. Bio Science (204-380)

Matthews, R. (1994). Animal magic or mysterious sixth sense? The Sunday Telegraph , 24 April.

Munro, K.J., Paul, B. & Cox, C.L. (1997) Normative auditory brainstem response data for bone conduction in the dog. Journal of Small Animal Practice , 38, 353-356.

Radin, D. (1997). The Conscious Universe: The Scientific Truth of Psychic Phenomena. San Francisco: Harper.

Radin, D. (2000). A dog that seems to know when his owner is coming home: effects of geomagnetism and local sideral time. Boundary Institute.

Sheldrake, R. (1994). Seven Experiments that Could Change the World: A Do-It-Yourself Guide to Revolutionary Science. London: Fourth Estate.

Sheldrake, R. (1999a). Dogs that Know When Their Owners Are Coming Home. New York: Crown.

Sheldrake, R. (1999b). Commentary on a paper by Wiseman, Smith and Milton on the "psychic pet" phenomenon. Journal of the Society for Psychical Research 63, 306-311.

Sheldrake, R. (2000). The "psychic pet" phenomenon. Journal of the Society for Psychical Research 64, 126-128.

Sheldrake, R., Lawlor, C. & Turney, J. (1998) Perceptive pets: a survey in London. Biology Forum , 91, 57-74.

Sheldrake, R. & Smart, P. (1997) Psychic pets: a survey in north-west England. Journal of the Society for Psychical Research , 61, 353-364.

Sheldrake, R. & Smart, P. (1998) A dog that seems to know when its owner is returning: preliminary investigations. Journal of the Society for Psychical Research , 62, 220-232.

Wiseman, R., Smith, M. & Milton, J. (1998) Can animals detect when their owners are returning home? An experimental test of the 'psychic pet' phenomenon British Journal of Psychology , 89, 453-462.

Wiseman, R., Smith, M. & Milton, J. (2000) The 'psychic pet' phenomenon: A reply to Rupert Sheldrake Journal of the Society for Psychical Research , 64, 46-49.


Trabalhos de Seldrake disponiveis online:

http://www.sheldrake.org/papers/Animals/index.html

[Charlotte]

Os meus fazem um certo alarido, mas geralmente não é quando ainda estamos muito distantes. É ja preciso uma certa proximidade. E reconhecem o som do carro, se passarmos perto de casa com o carro e não pararmos, eles acordam e correm para o portão mesmo sem nos verem.

Já o pequenote, mesmo estando num andar, mal os meus pais chegam de carro à garagem ele avisa logo.

Sei que há cães que protagonizam cenas realmente sobrenaturais (lol), mas por acaso acho que os meus têm apenas sentidos apurados.

[Pompina]

Entre os cães que já tive, dois perdigueiros, um dogue alemão e um Pastor alemão - os que tenho actualmente não contam pois ainda são muito cachorros para habilidades deste tipo - apenas o pastor alemão, o Pompeu, fazia destas proezas. "Adivinhava" o meu regresso quando eu ainda estava a kilometros de casa, independetemente da hora ou do local em que me encontrava), os outros tinham sentidos muito apurados mas só davam por mim quando eu já estava nas imediações.
Tenho com este cão mais agumas histórias engraçadas que não sei como explicar e outras faceis de compreender mas que não são comuns, mas isso fica para outra oportunidade.
Quando lancei este tópico, imaginei que houvessem muitos donos com experiencias deste tipo mas afinal ou não é uma coisa tão frequente como eu pensava ou estão com receio contar as suas histórias (eu sei como é, a maior parte das pessoas não acredita e remete estes casos para interpretações simplistas ou para antropomorfismos).
Aconselho vivamento a leitura dos trabalhos cientificos de Sheldrake (mesmo para quem não acredita que os cães podem possuir este tipo de capacidades - que se devem não se sabe muito bem a quê).
Saudações para todos

[nynf]

Bem, a Shiva ainda é muito novita para estas coisas.
Mas, tenho carradas de situações passadas com os meus gatos
Se são capacidades extrasensoriais que eles têm, ou não, não sei.

[Miau]

E em relação à morte????? Dizem que sempre que morre alguem os cães uivam. Nunca acreditei muito nisto se não na minha rua todos os dias morre alguem pois há um cão que está sempre, sempre a uivar .

Mas não discordo com os presentimentos dos nossos amigos canideos. O cão dos meus avós tem 17 anos e toda a sua vida foi um cão chato, mesmo muito chato porque está sempre a ladrar. Ladra por tudo e por nada e só se cala quando dorme. No entanto, infelizmente, o meu avô faleceu em Março e quando chegamos a casa o Nico nem um pio. Nessa noite ele não ladrou... e só passado 3 dias voltou a mesma sinfonia!


As minhas cadelas sabem sempre quando os donos chegam a casa. Eu moro no 2º andar e antes de pôr a chave na prota da rua já as oiço a ladrar. Lindas e espertas!

Sentidos apurados?????? Têm que ser apuradissimos.

Miau