Tentar mordiscar as mãos

Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

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estevez
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quinta fev 21, 2013 10:07 pm

lds6 Escreveu:
margoustink Escreveu:
estevez Escreveu:
quanto ao colocar as patas em cima de nós tem sido mais difícil porque ela insiste e insiste e por muito que a tentemos ignorar e/ou enxotá-la ou repreender ela é chata e insistente e torna-se frustrante, mas lá acaba por parar, claro. como não é propriamente grave, apenas aborrecido (vejo tantos donos que deixam e até acham piada a este tipo de comportamento, mas para mim não é muito aceitável) também não tenho perdido muito tempo com isso. (Mas são esses comportamentos permissivos que levam a abusos mais red alert como o facto da cadela rosnar ao seu filho, por exemplo. A posição dela na família deve estar bem clara. A construção do comportamento é total e não segmentada. E muitas vezes, situações simples e aparentemente inofensívas condicionam o "quadro" todo. Permite-lhe que ela se sinta a "cereja no topo do bolo", depois noutra situação volta a lança-la para o lugar dela. Não sei se me entende. Não há consistência.)
Pois, eu já andava a concordar vezes demais com a Margoustink... :P

Ora bem, pergunto: qual é a relação entre um cão pôr as patas em cima de nós e rosnar a uma criança? Não é simplista demais? Por que é que o facto de um cão nos colocar as patas em cima é "abusar"? Se for conforme estou a imaginar, tratar-se-á daqueles casos em que nós chegamos e o cão põe-se em posição quase bípede e coloca as patas dianteiras em cima do dono; é isto, Estevez? É que se for isto, ele está a cumprimentá-lo, como pensei que fosse já senso comum.
Quer isto dizer que devemos ser permissivos perante esse comportamento? Epá, como provavelmente é algo de que não gosta (aliás, já o admitiu), então não seja permissivo, como é óbvio. Trate dessa questão. Mas por amor de deus, não tem nada a ver com posições hierárquicas na família, nem muito menos a ver com qualquer rosnadela que o cão vá dar.

Sobre o rosnar:

vamos, por simplificação, aceitar a ideia preconcebida e sobregeneralizada de uma estrutura hierárquica à qual o nosso cão irá responder. Então, nessa suposição, temos um cão que sabe o seu lugar na família e pia fininho perante todos na família. Um dia, um elemento menos cuidadoso da família (normalmente, uma criança), pisa a cauda ou uma pata; ou então começa a saltar para cima do cão. Logo porque o cão é absolutamente submisso, isso quer dizer que ele tem de aceitar isto? Por muito submisso que ele seja, ele vai rosnar ou oferecer outro sinal de desconforto. Como é óbvio; os únicos cães que não sentem dor são aqueles que por aqui se recomenda a quem quer cães que não larguem pêlo. E com ou sem dor, eles têm o seu espaço vital, sejam mais ou menos submisso.

Quer então dizer que devemos aceitar e ignorar quando o nosso cão nos rosna ou rosna ao nosso filho? Não, como é óbvio. Devemos, antes, tomar muito a sério este aviso e rever o que poderá estar errado. No seu caso concreto, Estevez, em vez de pensar em como corrigir quando o seu cão rosna ao seu filho, eu pensaria em evitar de todo que se chegue ao ponto de o seu cão sequer rosnar. Evitar que o seu filho interaja com o cão? Sejamos realistas, por muito cuidado que tenhamos, a interacção vai sempre acontecer. Deve educar o seu filho a incomodar o mínimo possível o cão, mas não só isso vai acontecer mais tarde ou mais cedo, como acho que não temos de andar em bicos de pés só para não incomodar o cão. Ao invés, habitue o seu cão a ser "incomodado"; mas não simplesmente que ele "tolere"; o objectivo é fazer com que ele GOSTE desses incómodos (que, obviamente, deixarão de ser incómodos). Comece por pequenas massagens inofensivas, e reforce (não só está a reforçar a não reacção, como está associar as massagens às recompensas); depois intensifique progressivamente (e lentamente) a rudeza com que afaga o seu cão, até chegar a tocá-lo de formas relativamente desconfortáveis; se o fizer de forma paulatina e sempre associando a consequências bem positivas; em breve o seu cão vai perder o ímpeto de se resguardar de si e do seu filho. Faça o mesmo com o osso e com outros pertences do cão. Tenha o osso guardado sempre; e apenas lhe dê quando for mesmo para ele roer; dê-lhe o osso e na outra mão tenha algo de que ele goste também (o ideal é um biscoito que ele coma e desapareça, ou seja, não fique ali para "ser guardado"); nas primeiras vezes, mostre o que tem na segunda mão enquanto lhe retira o osso e substitui por esse biscoito; repita muitas vezes. Gradualmente, vá fazendo desaparecer o biscoito, e vai ver que em não muito tempo, o seu cão até vai gostar que lhe tirem o osso. MAs não se esqueça de incluir o seu filho no exercício; faça-o a meio de um exercício começado por si, para que ele já esteja mecanizado e embalado; gradualmente, muito gradualmente, deixe ser o seu filho a iniciar o "tira o osso". Mas com uma diferença: o seu filho deve ter algo muito mais valioso para lhe dar em troca do que aquilo que o Estevez lhe esteve a dar. O objectivo é que o seu cão goste que o Estevez lhe tire o osso, mas que ADORE que o seu filho lhe mexa no osso.

Por fim: as patas em cima de si. Para não alongar muito isto, digo-lhe só: em vez de pensar "não quero que o meu cão ponha as patas em cima de mim", pense "o que é que eu prefiro que o meu cão faça EM VEZ de me pôr as patas em cima?". Assim que chegar a uma resposta, treine o comportamento que está nessa resposta. Simples

Isto são coisas que se aprendem nomeadamente naqueles livros que mencionou no outro tópico; que, aliás, como vê, não servem só para cachorros...
boas,

gostei da resposta. aliás, aqui se vê que a questão em relação a cães não se limita a métodos positivos versus aversivos, porque há também discordância em relação aos motivos que levam os cães a fazer o que fazem. parece-me que os métodos do lds6 e da margoustink não são assim tão diferentes, mas as motivações que atribuem aos cães são e isso acaba por gerar discordância em relação ao que é ou não permitido, ao que é ou não grave/tolerável, etc. mas depois os métodos de ensino ou correcção acabam por ser semelhantes.

no fundo o que é aqui sugerido é o que tenho tentado fazer. é também por concordar com esta resposta que não fiquei em pânico e preocupadíssimo. porque tenho noção que a minha cadela é bastante calma e equilibrada, mas que o meu filho por vezes é bruto e os cães não são objectos e têm, como é óbvio, um limite. educar a cadela não está a ser fácil (também só estamos com ela há mês e meio) mas educar uma criança com pouco menos de 3 anos ainda é mais complicado.

é óbvio que eu sei que ela só quer atenção e nos põe as patas em cima porque está excitada por nos ver, não atribuo dominância a esses comportamentos. mas não os acho correctos, porque ela se alguém lhe dirige atenção na rua faz o mesmo, é logo patas para cima. também se torna incómodo ou porque tem as patas sujas, porque estamos carregados de compras ou o que seja, porque o meu filho é pequeno e pode cair (apesar de ela não o fazer com ele)... enfim, acho que é de boa educação canina manter as 4 patinhas no chão. mas apesar de estar a tentar eliminar esse comportamento, acho que há outros fogos para apagar e o tempo não dá para tudo.

gostei da ideia de ir sendo mais "bruto" no afecto e brincadeiras com ela, faz sentido. acaba por ser uma forma de dessensibilização. o jogo do troca já vi vídeos e já fazemos. atenção que ela normalmente deixa que nós lhe tiremos tudo e mais alguma coisa, o meu filho incluído (e ele não tem esse hábito porque insisti bastante com ele para nunca lhe tirar nada). foram dois incidentes isolados, talvez devido a ele a ter aleijado anteriormente.

apenas um reparo: acho interessante (mas por outro lado considero uma visão muito optimista) que os defensores dos métodos positivos de ensino e que já largaram por completo a teoria da dominância sugiram sempre formas de evitar o comportamento e nunca formas de repreender o comportamento depois de ele acontecer. é que parece-me que com cães adultos, o comportamento não desaparece assim do azul e comportamentos graves não podem ser só ignorados. tem que haver algum tipo de correcção no momento. isto na minha opinião. e é aqui que digo: para um cão é pior levar uma palmada no focinho ou ser fechado na marquise ou na crate ou deixado sozinho?
kitttten
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quinta fev 21, 2013 10:09 pm

zeca2 Escreveu:Bem, kitten. certo, certo é não lhe vou dar as minhas medidas...

Isto dos "ses" - claro que são "ses"... - tem essa característica - é sempre possível ir acrescentando um "se" maior que o anterior... e "se" o cão fosse um leão, ou um elefante? E "se" não fosse UM cão, mas para aí uns 20? E "se" eu na altura tivesse um braço partido?
Pois Zeca, certo, certo é que não me interessam para nada as suas medidas ...

Estávamos a fazer conjecturas e como tal eu coloquei uma questão. Uma coisa é levantar as pernas a um cão pequeno médio, outra é fazer o mesmo a um dogue alemão ou a um S. bernardo! Eu NUNCA o faria de certeza.

O que eu quis dizer é que só à vista da situação é que a pessoa sabe como reagir, eu quando as minhas se desentendem não lhes levanto as patas não e se na rua um cão se atirar aos meus só não os defendo se não puder, agarrar ao colo é dificil logo ...
Quem cala nem sempre consente. Pode ser só preguiça de discutir idiotices.

Nunca discutas com um idiota. Ele arrasta-te até ao nível dele, e depois vence-te em experiência.

http://animalartportugal.blogspot.com/

www.apterrariofilia.org
Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam...
Não é bonito, mas é profundo.

Madalena Marques
lds6
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quinta fev 21, 2013 10:29 pm

zeca2 Escreveu:Estevez, eu não tenho nenhuma discussão com o botas, é apenas uma discordância. Ele está disposto a dar a vida pela cadela dele. É uma posição de princípio e pode-se ou não estar de acordo, o que não se pode é discutir o assunto - é uma opção pessoal: o botas se fosse atacdo nos seus passeios com a cadela por um tigre fugido dum circo, não tinha dúvidas - enfrentava o tigre! Eu não sou tão previdente como ele e nunca imaginei tal imprevisto, logo não sei como reagiria, mas se calhar fugia a sete pés.
Fui eu e não o Estevez quem falou na sua discussão, que afinal não é discussão mas sim discordância. Nisso eu tendo a concordar consigo; mas também há o lado protector que muitas vezes nos leva a tomar medidas despropositadas, mas que por vezes até resultam. O que não significa que por resultarem uma vez irá resultar da próxima.
Quanto ao hábito que referiu de a cadela saltar com as patas ao peito, posso dizer-lhe como faria - deixava que ela saltasse, fingia estar a gostar muito do facto, mas levantava na altura o joelho por forma a ela bater com o peito nele. Normalmente resulta com poucas repetições.

Opção B: deixe a cadela pôr-lhe as patas no peito. Finja que gosta, mantenha uma voz entusiástica, mas agarre-lhe as patas e não as solte, enquanto continua a falar amigavelmente com ela, como se estivesse a gostar muito do "jogo". Ao fim de um certo tempo, quando a cadela começar a dar mostras de ficar aflita, solte-a. O resultado costuma também ser rápido e eficaz.

Base teórica, para os que gostam de teorias: dada a minha atitude de "alegria" e colaboração, a cadela não entendia isto como castigo - no entanto, dado o desagradável da situação, optaria por abandonar o comportamento.
Desculpe Zeca, mas acho que isto não faz sentido nenhum. Se resulta? Epá, dois tiros de caçadeira também faziam com que o cão deixasse de saltar, e depois? Por que é que queremos fingir que gostamos de uma coisa de que não gostamos e que não queremos que o cão faça? Serve para quê? Para que o cão continue a ser nosso amigo? Então afinal até nem discorda tanto do theone; a única diferença é que o Zeca, enquanto daria um pontapé para castigar o rosnar, fingiria que gostava do rosnar, era isso?
Treinar um cão é, sobretudo, fazer com que ele compreenda o que esperamos que ele faça; é traduzir o que nós pensamos e desejamos para uma "linguagem" que ele compreenda. O Zeca está a promover o inverso. Está a querer extinguir um comportamento com base numa completa disfuncionalidade entre cão e dono.
Aliás, a grande crítica (completamente infundada, e baseada num puro desconhecimento de causa) que se faz àqueles que o Zeca chama de positivistas (sendo o Zeca o quê? um balanceado?) é a de quererem subornar os cães. A atitude que está por detrás de um suborno é, normalmente, sustentada numa disfunção entre o que o subornado realmente quer ou queria, e o que o subornado vai efectivamente fazer. A sua estratégia, embora não seja suborno, tem a mesma base.
Mais: como o Zeca sabe, e bem, um aversivo só funciona se for... realmente aversivo. Logo, a sua joelhada tem de ser realmente incómoda para surtir efeito (aliás, terá mesmo de causar um desconforto tal que impeça duas coisas ao mesmo tempo: (i) impedi-lo de fazer uma coisa que o cão gosta e que se habituou - saltar - e (ii) impedi-lo de fazer uma coisa que o próprio dono gosta que ele faça); em que é que a joelhada se difere mesmo da bofetada e do pontapé que tanto criticava ainda há pouco?
kitttten
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quinta fev 21, 2013 10:54 pm

É que quando eu dou a bofetada ralho ao mesmo tempo e o zeca dá a joelhada e elogia o cão enfim ...

Eu faço uma coisa simples enquanto ladrarem e andarem aos saltos nem sequer olho para eles. E isso resulta.
Quem cala nem sempre consente. Pode ser só preguiça de discutir idiotices.

Nunca discutas com um idiota. Ele arrasta-te até ao nível dele, e depois vence-te em experiência.

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Madalena Marques
zeca2
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Registado: quinta nov 26, 2009 4:02 pm

quinta fev 21, 2013 11:09 pm

O seu raciocínio tem lógica, lds6. Tem lógica, partindo dum pressuposto que não é o meu - que è o conceito da relação cão/dono no processo de treino. Quer um quer outro dos métodos que apontei não deteriora em nada essa relação, porque eu mantenho uma atitude de proactividade durante a sequência. É verdade que podemos considerar objectivamente o que recomendo de castigo positivo, mas a minha atitude é de total colaboração e leva a que o cão opte pela extinção do comportamento, sem qualquer quebra de confiança no dono.

Além disso, levantar o joelho não é dar uma joelhada, é apenas criar uma zona de impacto que absorve a força do salto e torna desagradável a experiência para o cão. Quando o comportamento é correcto, há reforço positivo. Afinal é assim que os cães aprendem naturalmente.

Coisa muito diferente era eu dizer um "não" forte e dar uma joelhada no cão. Como vê há uma grande diferença entre isto e a tal cena das palmadas ou do "pontapé nos queixos"...

Deixe-me dizer-lhe que aqui no forum fui eu que introduzi o termo "positivista" num debate, por oposição ao termo usado pela outra parte - "treino tradicional". Significando "treino tradicional", para os meus opositores , o recurso exclusivo a aversivos, devidamente retocados por requintes de malvadez, tais como coleiras de bicos que se enterram no pescoço do cão, estranguladoras que os enforcam, colares eléctricos que os reduzem a carvão e outras acções propagandísticas que tal.

Não sei se sou balanceado ou meio balanceado. Limito-me a aprender dos cães a forma como eles aprendem naturalmente. E aproveito esses tipos de estímulos em meu benefício, sempre no respeito pelo cão e sempre atendendo ao tipo de cão que tenho pela frente.

Mas eu não sou nenhum expert nem treino cães alheios, a minha experiência resume-se apenas aos meus, e considero que sempre mantive com eles uma excelente relação.
nicosa
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quinta fev 21, 2013 11:25 pm

zeca2 Escreveu: Não sei se sou balanceado ou meio balanceado. Limito-me a aprender dos cães a forma como eles aprendem naturalmente. E aproveito esses tipos de estímulos em meu benefício, sempre no respeito pelo cão e sempre atendendo ao tipo de cão que tenho pela frente.
De tudo o que o Zeca diz, retiro este parágrafo.
Básicamente, neste ponto que está a negrito, está o que sempre defendi e sempre tenho dito: nem exclusivamente " positivismo" nem exclusivamente " pontapés nos queixos".Cada cão é um cão tal como cada um de nós reage de maneiras diferentes. Cabe-nos a nós enquanto donos sabermos " ler" o nosso cão e recorrer ao método que melhor se adaptar tanto ao cão como a nós próprios.
Eu aceito perfeitamente que alguns de nós se defendam de determinado cão com um " pontapé nos queixos" assim como tambem aceito que muitos levem " a água ao seu moinho" com outros tipos de cães , apenas com um biscoito.
É a minha opinião . se alguem discordar... epá...
" Grandola Vila Morena.... !
O bom que os cães nos ensinam é isso mesmo, a aceitar o modo de ser de cada um sem julgamentos nem recriminações.
Sofia
lds6
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sexta fev 22, 2013 12:05 am

estevez Escreveu:
boas,

gostei da resposta. aliás, aqui se vê que a questão em relação a cães não se limita a métodos positivos versus aversivos, porque há também discordância em relação aos motivos que levam os cães a fazer o que fazem. parece-me que os métodos do lds6 e da margoustink não são assim tão diferentes, mas as motivações que atribuem aos cães são e isso acaba por gerar discordância em relação ao que é ou não permitido, ao que é ou não grave/tolerável, etc. mas depois os métodos de ensino ou correcção acabam por ser semelhantes.
Hm, as diferenças na leitura da motivação creio que têm repercussões na forma de lidar com os problemas e nos métodos usados. Só a Margoustink poderá confirmar ou desmentir, mas ao dizer que o problema de rosnar à criança pode ser resultado de falta de firmeza noutras situações completamente distintas, e de falta de noção hierárquica do cão, dificilmente a forma de lidar com o problema seria aproximada àquela que eu sugeri.

no fundo o que é aqui sugerido é o que tenho tentado fazer. é também por concordar com esta resposta que não fiquei em pânico e preocupadíssimo.

Não é motivo para pânico, mas também não me parece que seja algo que possa ser simplesmente ignorado. Tal como a Sara Estrelo disse num outro tópico, um rosnar é um sinal de aviso de desconforto; deve levá-lo a sério!
porque tenho noção que a minha cadela é bastante calma e equilibrada, mas que o meu filho por vezes é bruto e os cães não são objectos e têm, como é óbvio, um limite. educar a cadela não está a ser fácil (também só estamos com ela há mês e meio) mas educar uma criança com pouco menos de 3 anos ainda é mais complicado.
Claro!
enfim, acho que é de boa educação canina manter as 4 patinhas no chão. mas apesar de estar a tentar eliminar esse comportamento, acho que há outros fogos para apagar e o tempo não dá para tudo.
Pois, há que estabelecer prioridades. Muitas vezes não chegamos a lado nenhum justamente por estar a querer fazer tudo ao mesmo tempo. No entanto, há coisas que não são incompatíveis, e podem ser tratadas "ao mesmo tempo". E creio que isto do saltar até nem toma assim tanto tempo. A não ser que tenha outras coisas mais urgentes para ensinar ao seu cão, acredite que se praticar uma três vezes ao dia, 3 minutos de cada vez... em uma semana é bem provável que o seu problema esteja, senão resolvido, pelo menos controlado e, sobretudo, no bom caminho. Estamos a falar em perder uns 10 minutos por dia...
gostei da ideia de ir sendo mais "bruto" no afecto e brincadeiras com ela, faz sentido. acaba por ser uma forma de dessensibilização. o jogo do troca já vi vídeos e já fazemos. atenção que ela normalmente deixa que nós lhe tiremos tudo e mais alguma coisa, o meu filho incluído (e ele não tem esse hábito porque insisti bastante com ele para nunca lhe tirar nada). foram dois incidentes isolados, talvez devido a ele a ter aleijado anteriormente.
Certamente que a razão passa muito pelo episódio imediatamente anterior; mesmo assim, há que não ignorar os sinais que o seu cão deu e fazer com que a confiança que ele sempre teve em relação a si e ao seu filho se restabeleça e se fortaleça. Nunca tome um comportamento por adquirido.
apenas um reparo: acho interessante (mas por outro lado considero uma visão muito optimista) que os defensores dos métodos positivos de ensino e que já largaram por completo a teoria da dominância sugiram sempre formas de evitar o comportamento e nunca formas de repreender o comportamento depois de ele acontecer. é que parece-me que com cães adultos, o comportamento não desaparece assim do azul e comportamentos graves não podem ser só ignorados. tem que haver algum tipo de correcção no momento. isto na minha opinião. e é aqui que digo: para um cão é pior levar uma palmada no focinho ou ser fechado na marquise ou na crate ou deixado sozinho?
Ok, vamos por partes:

«abandonaram a teoria da dominância»; ok, correcto, mas atenção que isso não significa que se rejeite pura e simplesmente a ideia de dominância; o que se rejeita é a teoria pela qual a relação cão-dono deve seguir os passos de uma relação de dominância e pela qual grande parte dos problemas comportamentais do cão se devem a querer atingir um certo lugar numa certa hierarquia. Aliás, o link que a Sheep disponibilzou trata do conceito de dominância, e é escrito por um comportamentalista de base "positivista"... (embora ele próprio seja crítico em relação a alguns lugares-comuns que por vezes são lançados por alguns "positivistas").

«sugiram sempre formas de evitar o comportamento e nunca formas de repreender o comportamento depois de ele acontecer». Isto não é verdade, e é possivelmente o maior mito que se gerou em torno dos métodos baseados no reforço positivo. Curiosamente, é um mito alimentado justamente pelos detractores desse tipo de métodos. Não conheço nenhum treinador, comportamentalista ou simples adepto desse tipo de métodos que diga que não se deve repreender ou mesmo castigar o cão. Aliás, e estando certo que o Estevez está familiarizado com os quatro quadrantes da aprendizagem comportamental dos cães, os métodos chamados "positivos" baseam-se fundamentalmente (mas não exclusivamente, embora quase) na acção combinada entre reforço positivo e castigo negativo. Logo, existem castigos nos métodos "positivistas". Então por que é que nunca vejo falarem de castigos?, perguntará o Estevez. Primeiro, porque não procurou bem :) ; segundo, porque, de facto, fala-se muito mais na parte dos reforços do que nos castigos, ou melhor, tal como o Estevez disse, fala-se mais na parte da prevenção do que na reacção. Ora, não é difícil perceber porquê: mais vale prevenir do que remediar; se uma grande parte dos problemas comuns de cães são relativamente previsíveis, porquê apostar na correcção, quando é possível preveni-los? Seja como for, e o Estevez tem toda a razão, também é preciso falar em correcções. Quanto a isso, ou estamos a falar em pequenas asneiritas que o nosso cão faça, e aí qualquer pessoa lhe falará em timeouts, ou interrupção da interacção, coisas do género. Ou então falamos de comportamentos mais sérios e aí entramos no nível do que se convencionou chamar "modificação comportamental". Em relação a isto, não só as coisas não são tão universais quanto, por exemplo, ensinar o cão a sentar ou a deixar de saltar; como também é bem preferível que se deixe esta tarefa para um profissional qualificado. Por estas duas razões é que se vê muito mais vídeos e linhas de texto a falar numa perspectiva do reforço do que na do castigo. Em suma, o castigo não é a base da aprendizagem; ele surge apenas para impedir que o cão seja recompensado pelo mau comportamento (por exemplo, o cão puxa na trela, nós paramos, para que ele não seja reforçado pelo acto de puxar; mas isso é só metade do caminho; depois, há que trabalhar com reforço positivo a forma desejável de andar à trela). Sempre que um cão faz asneira, qualquer treinador "positivista" lhe dirá que DEVE demonstrar que não gostou do que aconteceu, e que deve tornar isso bem claro ao cão. Só que para torná-lo bem claro ao cão não é preciso ser neandertal. Há que fazer uso da vasta gama de comunicabilidade e inteligência com que a nossa espécie está dotada; infelizmente, há quem prefira não fazer uso desses recursos... e depois estes mesmos recursos enferrujam...
lds6
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sexta fev 22, 2013 12:11 am

kitttten Escreveu: Eu faço uma coisa simples enquanto ladrarem e andarem aos saltos nem sequer olho para eles. E isso resulta.
Isso poderá ser um bom dissuasor. Não lhe damos atenção quando estão a fazer asneiras, e isso poderá diminuir a frequência com que eles o fazem. Mas tem de haver a outra parte que diz ao cão o que deve fazer EM VEZ disso. É que se apenas se limita a ignorar, eles podem fazer o inverso de parar com a "palermice" e intensificar a palermice, começando a saltar para cima de si, ou a ter outras formas de chamar a atenção. E aí ignorar já se torna difícil.
lds6
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sexta fev 22, 2013 12:36 am

zeca2 Escreveu:O seu raciocínio tem lógica, lds6. Tem lógica, partindo dum pressuposto que não é o meu - que è o conceito da relação cão/dono no processo de treino.
Mas existe outro? A menos que me traga uma novidade absolutamente bombástica e revolucionária, para mim o treino sempre é e será uma forma de melhorar a relação entre o dono e o seu cão, e, por extensão, melhorar a forma de o cão se relacionar com o seu ambiente.
Quer um quer outro dos métodos que apontei não deteriora em nada essa relação, porque eu mantenho uma atitude de proactividade durante a sequência. É verdade que podemos considerar objectivamente o que recomendo de castigo positivo, mas a minha atitude é de total colaboração e leva a que o cão opte pela extinção do comportamento, sem qualquer quebra de confiança no dono.
Não importa muito se se trata de castigo positivo ou não; isso interessa pouco. O que interessa é que o Zeca está consciente de que um tipo de castigo físico pode deteriorar a relação do cão com o dono e, então, arranjou uma estratégia para "despersonalizar" a reprimenda. Eu não digo que não resulte, do ponto de vista da extinção do problema; mas por que não pensar numa forma que extinga o problema sendo completamente honesto com o nosso cão? Aliás, de tudo o que já aprendi, a melhor forma de castigar um cão é, justamente, dar-lhe a entender que nós não estamos contentes com aquele comportamento, desde que assumamos o compromisso de que lhe dizer o mais rapidamente possível o que é que nós queremos que ele faça em vez daquele primeiro comportamento.
Além disso, levantar o joelho não é dar uma joelhada, é apenas criar uma zona de impacto que absorve a força do salto e torna desagradável a experiência para o cão. Quando o comportamento é correcto, há reforço positivo. Afinal é assim que os cães aprendem naturalmente.
Desculpe, Zeca, mas se for apenas uma zona de impacto que etc, o cão não vai deixar de o fazer. Vou repetir o que lhe disse antes: conforme o Zeca sabe - e sabe melhor do que eu porque recorre mais vezes a aversivos do que eu -, um castigo deste tipo tem realmente de ser aversivo, desagradável, desconfortável; se não o for, não resulta. Logo, essa zona de impacto do joelho e coisa e tal certamente que não faz cócegas; para mim, um impacto do meu joelho numa zona do corpo de outrem que cria desconforto neste outrem é, sem sombra de dúvidas, uma joelhada. Pode ser mais ou menos violenta. Mas é o que é. Claro que não é tão primitivo ou neandertal quanto a biqueirada nos queixos; é uma versão civilizada ou executiva de fazer algo bem parecido.
Se apenas se trata de colocar o joelho à frente e evitar que o cão chegue até nós: (i) não vejo por que razão devemos contrabalançar isso com uma falsa atitude de contentamento; (ii) isso não resulta porque não é suficientemente repulsivo...

Deixe-me dizer-lhe que aqui no forum fui eu que introduzi o termo "positivista" num debate, por oposição ao termo usado pela outra parte - "treino tradicional". Significando "treino tradicional", para os meus opositores , o recurso exclusivo a aversivos, devidamente retocados por requintes de malvadez, tais como coleiras de bicos que se enterram no pescoço do cão, estranguladoras que os enforcam, colares eléctricos que os reduzem a carvão e outras acções propagandísticas que tal.
por muito que condene os métodos mais aversivos dentro do esquema de treino tradicional, nunca consideraria que existem "requintes de malvadez" nos mesmos. Creio que, de uma forma geral (há excepções para tudo) todos os métodos de treino e os seus praticantes não querem mal aos seus cães nem aos cães que treinam; podem é ter mais ou menos paciência, mais ou menos informação e actualização, mais ou menos gosto por uma ou outra postura...
Não sei se sou balanceado ou meio balanceado.
Era apenas uma provocação tendo em conta a forma simplista e usualmente pejorativa com que se diz "os positivistas".
Limito-me a aprender dos cães a forma como eles aprendem naturalmente. E aproveito esses tipos de estímulos em meu benefício, sempre no respeito pelo cão e sempre atendendo ao tipo de cão que tenho pela frente.
Há-de dizer-me onde é que "naturalmente" existe o equivalente a dissuadir fisicamente um cão de um determinado comportamento e, ao mesmo tempo, transmitir-lhe a mensagem de "quem eu? eu não fui... eu gosto tanto de ti"
Normalmente, este tipo de argumentos dá asneira, mas enfim, vou usá-lo: quando uma mãe-cadela tenta disciplinar o seu filhote, ela certamente que monta um esquema para esconder que foi ela quem o disciplinou, pois não?
Mas eu não sou nenhum expert nem treino cães alheios, a minha experiência resume-se apenas aos meus, e considero que sempre mantive com eles uma excelente relação.
Disso ninguém duvida, assim como ninguém duvida que todos aqueles que defenderam as bofetadas e até os pontapés correctivos têm "excelentes relações com os seus cães". Não é isso que está em causa, conforme o Zeca bem sabe.
botas96
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sexta fev 22, 2013 12:49 am

Eu não quis nem quero desvalorizar a parte teórica da coisa, o que eu disse é que nenhuma das metades (teoria/práctica) é preponderante só por si.
Avançar só com uma delas é fazer "bluff", que é fácil de ser desmontado se não for apoiada pela práctica e pode acabar mal.
Daí eu ter dito ao user que fez o tópico se ele não se sentir à vontade com o cão e com a situação, para não se pôr a inventar e procurar ajuda responsável. p.e.

Eu fiz a minha cadela, dei-lhe espaço, sociabilizo-a bastante, proporciono os desafios mentais e exercício que posso, procuro consolidar o que o instinto dela dita,estou contente com o resultado e é um descanso , sirvo de filtro entre ela e o mundo exterior.
O que chama de heroísmo e de medalhas eu chamo de proactividade, ser proactivo no bom e desejável desenvolvimento do nosso cão. E detestaria ver isso tudo danificado ou destruído.

A realidade é que nem toda a gente tem uma compreensão avançada dos cães (p.e. eu). muitos, podem adaptar as diferentes técnicas à sua realidade e como a necessidade é a arte do engenho até recorrer ao improviso.
Última edição por botas96 em sexta fev 22, 2013 1:12 am, editado 1 vez no total.
lds6
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sexta fev 22, 2013 12:54 am

nicosa Escreveu: De tudo o que o Zeca diz, retiro este parágrafo.
Básicamente, neste ponto que está a negrito, está o que sempre defendi e sempre tenho dito: nem exclusivamente " positivismo" nem exclusivamente " pontapés nos queixos".Cada cão é um cão tal como cada um de nós reage de maneiras diferentes. Cabe-nos a nós enquanto donos sabermos " ler" o nosso cão e recorrer ao método que melhor se adaptar tanto ao cão como a nós próprios.
Desculpe-me, Nicosa, mas essa posição é um truísmo puro e duro. É um bocado como dizer que para ultrapassar a crise é preciso baixar as despesas desnecessárias, como se alguém discordasse disso. Nicosa, nunca vai ouvir ninguém dizer que "não não... ler o cão? não, senhor, os cães são todos iguais". É evidente que é preciso ler o cão; ninguém diz o contrário. Mas aceitar um método de treino (independentemente de ser positivo ou aversivo, tradicional ou moderno) não é fazer chapa-4 do nosso cão; cada um dos métodos tem uma variedade de formas de lidar com diferentes questões; cada um dos métodos e dos seus utilizadores tenta ler o cão e aplicar-lhe as melhores formas de lidar com os respectivos problemas. Até posso estar a ser injusto mas, Nicosa, se soubesse minimamente o que é o método positivo (e, de alguma forma, também os métodos tradicionais) saberia que ele não trata os cães da mesma forma nem tem respostas pré-fabricadas para todos os problemas e todos os cães.
Tornando claro o que quero dizer: lá porque se deve ter em atenção que cada cão é um cão, isso não significa que se anda a deambular de um método para o outro. Só acha isso quem não conhece verdadeiramente os métodos de que está a falar.
Mais uma vez, perdoe-me se estiver a ser injusto, mas a frase "é preciso ler o cão" é uma forma arranjadinha de arrumar a discussão sem entrar nela, por nela não querer nem poder entrar.
O bom que os cães nos ensinam é isso mesmo, a aceitar o modo de ser de cada um sem julgamentos nem recriminações.
Nem mais.
Mas a Nicosa não consegue detectar o quanto de incompatível há entre a ideia de "aceitar o modo de ser do cão sem julgamentos nem recriminações" e ideia de ir buscar um pouco de cada método? É que os métodos tradicionais em muito pouco levam em conta a máxima de aceitar e não recriminar o modo de ser de cada cão...
nicosa
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sexta fev 22, 2013 11:32 am

lds6 Escreveu:(...)

Mais uma vez, perdoe-me se estiver a ser injusto, mas a frase "é preciso ler o cão" é uma forma arranjadinha de arrumar a discussão sem entrar nela, por nela não querer nem poder entrar.
O bom que os cães nos ensinam é isso mesmo, a aceitar o modo de ser de cada um sem julgamentos nem recriminações.
Nem mais.
Mas a Nicosa não consegue detectar o quanto de incompatível há entre a ideia de "aceitar o modo de ser do cão sem julgamentos nem recriminações" e ideia de ir buscar um pouco de cada método? É que os métodos tradicionais em muito pouco levam em conta a máxima de aceitar e não recriminar o modo de ser de cada cão...
Antes de mais peço desculpa por apenas ter feito citação dos pontos que, realmente, me interessa responder-lhe.
Quanto á primeira observação, a tal da " forma arranjadinha" , está mesmo um pouco longe. Não usei a expressão " Ler o cão" como modo de encerramento da discussão pelo meu lado. Usei-a porque , queira ou não, goste ou não, este aspecto é o mais essencial no relacionamento com um cão. Seja ele momentaneo ou permanente. Às vezes, quando leio certos " discursos" sobre este tema, fico com a impressão que tanto para uns como para outros isso é o que menos importa. Basta uns " Não! " , uns piparotes no focinho, uns biscoitos ou um encaminhamento para outros interesses e está o problema resolvido.E vejo muitas vezes ser ignorado o facto do cão ter determinadas caracteristicas que o condicionam e predispõem a certos comportamentos.
" Nem tudo é chapa 5 ", diz-se muita vez de ambos os lados, é certo. Mas , logo a seguir ignora-se ou esquece-se isso no discurso posterior.
Quanto ao segundo ponto e respondendo á sua pergunta:
Não! Não vejo essa tão grande incompatibilidade entre o modo de ser de um cão e o recurso a ambos os métodos.
É que eu olho para um cão como tal. Respeito-o enquanto tal e espero dele o que um cão me pode dar. Não lhe exijo mais nem lhe atribuo faculdades que ele não possua.
Já o disse aqui algumas vezes, eu não sou nada teórica, porque , honestamente, a unica teoria que leio sobre este tema , é aqui. Como tal tenho que me orientar pela pratica , pelo que vou vivendo dia a dia com os meus cães. E se com um deles tenho que recorrer algumas vezes a alguma chapadita no focinho, com outra tenho que recorrer quase sempre a métodos de distração e com a outra basta acenar-lhe com o tal biscoito e tenho-a na mão. Mas isto passa-se com os meus , não posso, de modo nenhum, dizer a outras pessoas, mesmo que com cães da mesma raça dos meus, para fazerem igual. Pode funcionar ou não.
" Ah! Mas falamos de pontapés nos queixos e tal..." , diga lá: acredita mesmo que alguem que tem cães , sejam eles de temperamento forte ou não, usa esse método? Não acha que essa expressão não passa de uma provocaçãozinha para animar a discussão? No entanto reafirmo: acredito, muito, na chapada institiva. Claro que com a salvaguarda que não será remédio para tudo. mas acho que isso já entendeu, que ninguem anda aqui a espancar cães para os educar.
Sofia
zeca2
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sexta fev 22, 2013 12:10 pm

Meu caro lds: chegados a este ponto, a discussão começa a ser repetitiva, pelo menos para mim, que já emiti a minha opinião em vários debates e começo a cansar-me e a cansar os foristas por estar sempre a repetir a mesma coisa.

Por isso, vou apenas aportar algumas ideias que me parecem fundamentais sobre o assunto:

1. Eu acho que o processo de treino deve tirar partido da forma natural como os cães aprendem. Isso implica recompensa e castigo.

2. O cão deve aprender com recurso prioritário aos estímulos positivos, para manter a sua motivação. Aprendidos os comportamentos, devem ser consolidados através de aversivos - o cão aprende que se fizer bem é recompensado, mas que se fizer mal algo desagradável acontece. Quanto a mim, o comportamento fica mais consolidado, porque o cão assimila as consequências do comportamento correcto e também as do comportamento incorrecto- Passada esta fase, que é bastante curta se a fase de motivação estiver bem consolidada, o treino passa a ser com base na obrigação (quando eu quero) mas com motivação de novo.

Partimos de conceitos diferentes, muito dificilmente viremos a estar de acordo e encaro isso como absolutamente normal.

Sobre a questão da joelhada (eu diria a elevação do joelho), realmente é apenas uma zona de impacto e a intensidade do estímulo não é grande. Mas resulta, pelo menos com os meus tem resultado, e é eficaz e rápido, Todas as dissertações que o amigo faz sobre isto parecem-me, aqui sim, excessivamente teóricas, já que, estando em desacordo com a técnica, presumo que nunca a tenha utilizado...

Sobre a questão de aderir à brincadeira, mas juntando-lhe um elemento novo (o joelho ou o agarrar das patas) a verdade é que leva o cão a escolher acabar com o comportamento de forma eficaz e rápida. Se haverá outros métodos igualmente eficazes e rápidos? Admito que sim, mas até agora não vi nenhum, por isso continuo com este.

A despersonalização do castigo é importante na medida em que não afecta a relação cão/dono.

Finalmente, eu não me preocupo em mostrar ao cão que comportamentos quero: mostro-lhe as consequências do comportamento que quero e também o que acontece quando ele não assume esse comportamento. A escolha é sempre do cão. E os cães não são burros. Ao fim e ao cabo é assim que eles aprendem .
margoustink
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sexta fev 22, 2013 7:04 pm

lds6 Escreveu:
margoustink Escreveu:
estevez Escreveu:
quanto ao colocar as patas em cima de nós tem sido mais difícil porque ela insiste e insiste e por muito que a tentemos ignorar e/ou enxotá-la ou repreender ela é chata e insistente e torna-se frustrante, mas lá acaba por parar, claro. como não é propriamente grave, apenas aborrecido (vejo tantos donos que deixam e até acham piada a este tipo de comportamento, mas para mim não é muito aceitável) também não tenho perdido muito tempo com isso. (Mas são esses comportamentos permissivos que levam a abusos mais red alert como o facto da cadela rosnar ao seu filho, por exemplo. A posição dela na família deve estar bem clara. A construção do comportamento é total e não segmentada. E muitas vezes, situações simples e aparentemente inofensívas condicionam o "quadro" todo. Permite-lhe que ela se sinta a "cereja no topo do bolo", depois noutra situação volta a lança-la para o lugar dela. Não sei se me entende. Não há consistência.)
Pois, eu já andava a concordar vezes demais com a Margoustink... :P ( Também digo :lol: )

Ora bem, pergunto: qual é a relação entre um cão pôr as patas em cima de nós e rosnar a uma criança? Não é simplista demais? Por que é que o facto de um cão nos colocar as patas em cima é "abusar"? (O dono não gosta e ela insiste isso é mau... a questão não é propriamente o que o cão, mas se o dono não gosta... )Se for conforme estou a imaginar, tratar-se-á daqueles casos em que nós chegamos e o cão põe-se em posição quase bípede e coloca as patas dianteiras em cima do dono; é isto, Estevez? É que se for isto, ele está a cumprimentá-lo, como pensei que fosse já senso comum. (E depois saltos, porque o entusiasmo leva a isso...a cadela é uma matulona, acho difícil gostar muito desse comportamento. )
Quer isto dizer que devemos ser permissivos perante esse comportamento? Epá, como provavelmente é algo de que não gosta (aliás, já o admitiu), então não seja permissivo, como é óbvio. Trate dessa questão. Mas por amor de deus, não tem nada a ver com posições hierárquicas na família (aqui será sempre a questão da hierárquia que os nossos santos não batem.), nem muito menos a ver com qualquer rosnadela que o cão vá dar. (A glória, não devia rosnar, ela avisou a criança a afastar-se, do género, último aviso. Ela não gosta, fez aquilo que faria a um cão que se aproximasse dela, mas nunca o faria se fosse ao alfa, por exemplo.
O comportamento mais aceitável, seria afastar-se da criança; um comportamento que eu ia perceber e trabalhar mas não me preocupava nada a respeito. Extrapolando, não se ofenda estevez: provávelmente a glória noutras alturas afastou-se de alguma forma ou evitou a criança quando comia o osso, mas terá sido ignorado o sinal, a glória passou para o rosnar...É comum isso acontecer. )


[Resumindo: Não se deve aceitar que a glória insista e persista e não desista, de saltar e por as patas nos donos, os donos não querem e ponto. Porque aliás quando algo a incomoda ela rosnou...

É de hierárquia? Aceito que seja, quando permitimos que um cão persista em comportamentos que não queremos estamos a abrir precedentes. Não, é não. Não entramos no campo da negociação.]


Sobre o rosnar:

vamos, por simplificação, aceitar a ideia preconcebida e sobregeneralizada de uma estrutura hierárquica à qual o nosso cão irá responder. Então, nessa suposição, temos um cão que sabe o seu lugar na família e pia fininho perante todos na família. Um dia, um elemento menos cuidadoso da família (normalmente, uma criança), pisa a cauda ou uma pata; ou então começa a saltar para cima do cão. Logo porque o cão é absolutamente submisso, isso quer dizer que ele tem de aceitar isto? (Não é ele que não aceita, são os donos que não o fazem, porque isso é abuso, é maus tratos também. Não precisamos que o cão nos ameaçe que morde para saber que estamos a abusar) Por muito submisso que ele seja, ele vai rosnar ou oferecer outro sinal de desconforto (Como já referi, existem imensos sinais de desconforto que eles dão, mas geralmente passam despercebidos...esses gosto muito deles.). Como é óbvio; os únicos cães que não sentem dor são aqueles que por aqui se recomenda a quem quer cães que não larguem pêlo. E com ou sem dor, eles têm o seu espaço vital, sejam mais ou menos submisso.

Sim, apartir daqui concordo com tudo, era exactamente assim que faria, daqui para cima, já não.

Quer então dizer que devemos aceitar e ignorar quando o nosso cão nos rosna ou rosna ao nosso filho? Não, como é óbvio. Devemos, antes, tomar muito a sério este aviso e rever o que poderá estar errado. No seu caso concreto, Estevez, em vez de pensar em como corrigir quando o seu cão rosna ao seu filho, eu pensaria em evitar de todo que se chegue ao ponto de o seu cão sequer rosnar. Evitar que o seu filho interaja com o cão? Sejamos realistas, por muito cuidado que tenhamos, a interacção vai sempre acontecer. Deve educar o seu filho a incomodar o mínimo possível o cão, mas não só isso vai acontecer mais tarde ou mais cedo, como acho que não temos de andar em bicos de pés só para não incomodar o cão. Ao invés, habitue o seu cão a ser "incomodado"; mas não simplesmente que ele "tolere"; o objectivo é fazer com que ele GOSTE desses incómodos (que, obviamente, deixarão de ser incómodos). Comece por pequenas massagens inofensivas, e reforce (não só está a reforçar a não reacção, como está associar as massagens às recompensas); depois intensifique progressivamente (e lentamente) a rudeza com que afaga o seu cão, até chegar a tocá-lo de formas relativamente desconfortáveis; se o fizer de forma paulatina e sempre associando a consequências bem positivas; em breve o seu cão vai perder o ímpeto de se resguardar de si e do seu filho. Faça o mesmo com o osso e com outros pertences do cão. Tenha o osso guardado sempre; e apenas lhe dê quando for mesmo para ele roer; dê-lhe o osso e na outra mão tenha algo de que ele goste também (o ideal é um biscoito que ele coma e desapareça, ou seja, não fique ali para "ser guardado"); nas primeiras vezes, mostre o que tem na segunda mão enquanto lhe retira o osso e substitui por esse biscoito; repita muitas vezes. Gradualmente, vá fazendo desaparecer o biscoito, e vai ver que em não muito tempo, o seu cão até vai gostar que lhe tirem o osso. MAs não se esqueça de incluir o seu filho no exercício; faça-o a meio de um exercício começado por si, para que ele já esteja mecanizado e embalado; gradualmente, muito gradualmente, deixe ser o seu filho a iniciar o "tira o osso". Mas com uma diferença: o seu filho deve ter algo muito mais valioso para lhe dar em troca do que aquilo que o Estevez lhe esteve a dar. O objectivo é que o seu cão goste que o Estevez lhe tire o osso, mas que ADORE que o seu filho lhe mexa no osso.

Por fim: as patas em cima de si. Para não alongar muito isto, digo-lhe só: em vez de pensar "não quero que o meu cão ponha as patas em cima de mim", pense "o que é que eu prefiro que o meu cão faça EM VEZ de me pôr as patas em cima?". Assim que chegar a uma resposta, treine o comportamento que está nessa resposta. Simples

Isto são coisas que se aprendem nomeadamente naqueles livros que mencionou no outro tópico; que, aliás, como vê, não servem só para cachorros...
margoustink
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sexta fev 22, 2013 7:17 pm

estevez Escreveu:
boas,

gostei da resposta. aliás, aqui se vê que a questão em relação a cães não se limita a métodos positivos versus aversivos, porque há também discordância em relação aos motivos que levam os cães a fazer o que fazem. parece-me que os métodos do lds6 e da margoustink não são assim tão diferentes, mas as motivações que atribuem aos cães são e isso acaba por gerar discordância em relação ao que é ou não permitido, ao que é ou não grave/tolerável, etc. mas depois os métodos de ensino ou correcção acabam por ser semelhantes.

(É isso mesmo, geralmente concordo sempre com o Ids, em como ensinar o cão a... mas depois já não concordo nos motivos, no que é tolerável, etc.)

no fundo o que é aqui sugerido é o que tenho tentado fazer. é também por concordar com esta resposta que não fiquei em pânico e preocupadíssimo. porque tenho noção que a minha cadela é bastante calma e equilibrada, mas que o meu filho por vezes é bruto e os cães não são objectos e têm, como é óbvio, um limite. educar a cadela não está a ser fácil (também só estamos com ela há mês e meio) mas educar uma criança com pouco menos de 3 anos ainda é mais complicado. (Não é fácil, depois existe um tempo que é o da apredizagem também, adaptação, perfeitamente normal.)

é óbvio que eu sei que ela só quer atenção e nos põe as patas em cima porque está excitada por nos ver, não atribuo dominância a esses comportamentos. mas não os acho correctos, porque ela se alguém lhe dirige atenção na rua faz o mesmo, é logo patas para cima. também se torna incómodo ou porque tem as patas sujas, porque estamos carregados de compras ou o que seja, porque o meu filho é pequeno e pode cair (apesar de ela não o fazer com ele)... enfim, acho que é de boa educação canina manter as 4 patinhas no chão. mas apesar de estar a tentar eliminar esse comportamento, acho que há outros fogos para apagar e o tempo não dá para tudo.

gostei da ideia de ir sendo mais "bruto" no afecto e brincadeiras com ela, faz sentido. acaba por ser uma forma de dessensibilização. o jogo do troca já vi vídeos e já fazemos. atenção que ela normalmente deixa que nós lhe tiremos tudo e mais alguma coisa, o meu filho incluído (e ele não tem esse hábito porque insisti bastante com ele para nunca lhe tirar nada). foram dois incidentes isolados, talvez devido a ele a ter aleijado anteriormente.
(Sim, também gostei muito e isso nota-se muito frequentemente em cães que vivem com crianças estar menos sensiveis a brincadeiras mais brutas. )

apenas um reparo: acho interessante (mas por outro lado considero uma visão muito optimista) que os defensores dos métodos positivos de ensino e que já largaram por completo a teoria da dominância sugiram sempre formas de evitar o comportamento e nunca formas de repreender ( Eu repreendo, ainda que por vezes, um rosnar seja melhor retirar a pessoa que possa estar em perigo, por vezes, o que fazia era bater as palmas ou tentar desviar a atenção do cão, desviar a atenção do cão da criança, por exemplo. )o comportamento depois de ele acontecer. é que parece-me que com cães adultos, o comportamento não desaparece assim do azul e comportamentos graves não podem ser só ignorados. tem que haver algum tipo de correcção no momento. isto na minha opinião. e é aqui que digo: para um cão é pior levar uma palmada no focinho ou ser fechado na marquise ou na crate ou deixado sozinho? (Mas o que interessa é o melhor resultado não o que é pior para o cão. Não agravando o problema e garantindo a integridade do cão, tudo vale. )
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